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Textos Controle de Constitucionalidade

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
Profª Me. Ruth Barros Pettersen da Costa DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 1 
TEXTOS PARA ESTUDO: 
AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA, 
DIA 28/11/2019 
VALOR: 1,5 
 
 TEXTO N° 01 
 
“O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS” 
 
SUMÁRIO. I – O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ANTERIORES A 1988. II 
– O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
I – O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
ANTERIORES A 1988 
 
De forma sucinta, será analisado o controle de constitucionalidade nas diversas 
constituições brasileiras. No percurso desse estudo diferentes épocas são transcorridas, alternando-
se Constituições autoritárias (outorgadas) e democráticas (promulgadas), iniciando com a fase da 
Monarquia em 1824, passando pelas Constituições da fase Republicana, inaugurada com a 
Constituição de 1891, indo para a de 1934, na sequência da Revolução de 30, que pôs fim à chamada 
República Velha; a de 1937, que implantou o Estado Novo; a de 1946, que restabeleceu a 
democracia; a de 1967, como reflexo do Golpe Militar de 64 e sua Emenda nº 1, de 1969, sob a 
vigência do Ato Institucional nº 5, cujo conteúdo é um dos mais ditatoriais da história política 
brasileira recente. Por fim, chega-se à Nova República com a Constituição Cidadã de 1988, 
repercutindo na fase de redemocratização do país iniciada em 1985 e que é tratada no próximo 
tópico. 
A – Constituição Imperial de 1824: o Estado inspirava-se marcadamente na doutrina 
francesa de separação rígida de poderes e, dessa forma, a Constituição Imperial outorgava 
competência ao próprio Poder Legislativo para a fiscalização de seus atos e aferição de sua 
compatibilidade com a Constituição, ou seja, a validade das leis era controlada pelo próprio órgão 
encarregado da elaboração normativa. Não existia, portanto, nem mesmo o mais rudimentar modelo 
de controle judicial de constitucionalidade. Ademais, ao Imperador cabia solucionar os conflitos 
envolvendo os Poderes, e não ao Judiciário. 
B – Constituição Republicana de 1891: esta Constituição, profundamente influenciada 
pelo constitucionalismo dos Estados Unidos da América, abandona o sistema estritamente político de 
controle de constitucionalidade e passa a outorgar competência ao Poder Judiciário para afastar a 
aplicação, a um caso concreto, da lei que ele considerasse inconstitucional. Inaugura-se, assim, um 
abrangente sistema de controle judicial difuso no Brasil, atribuindo-se a todos os órgãos do Poder 
Judiciário, federais ou estaduais, a competência para aferir a compatibilidade das normas com a 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS 
Profª Me. Ruth Barros Pettersen da Costa DIREITO CONSTITUCIONAL III 
 2 
Constituição, desde que houvesse provocação nesse sentido. Portanto, a arguição de 
inconstitucionalidade somente era possível na via incidental, diante de um caso concreto, mediante 
provocação dos litigantes diretamente interessados. A declaração de inconstitucionalidade da 
norma, portanto, em nenhuma hipótese a retirava do ordenamento jurídico, mas, tão somente, 
afastava a sua aplicação no caso concreto. 
C – Constituição de 1934: esta Constituição produziu profundas alterações no sistema 
judicial de fiscalização de leis no Brasil, criando novos mecanismos de atuação do Poder Judiciário. 
Com esta Carta, passou a integrar o controle de constitucionalidade a denominada “reserva de 
plenário”, segundo a qual somente a maioria absoluta dos membros dos diversos Tribunais do Poder 
Judiciário dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade das leis e atos normativos do 
Poder Público, fortalecendo sensivelmente o princípio da presunção de constitucionalidade das leis, 
em favor da segurança jurídica. Esta Constituição também atribuiu competência ao Senado Federal 
para suspender a execução de uma lei, com eficácia erga omnes, em face da declaração de sua 
inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário, proferida em um caso concreto. Foi, ainda, criada a 
denominada representação interventiva, ação com a finalidade precípua de fiscalizar o procedimento 
de intervenção da União em ente federativo, nas hipóteses constitucionalmente previstas. 
D – Constituição de 1937: esta Constituição, conhecida como “Polaca”, já que elaborada 
sob a inspiração da Carta ditatorial polonesa de 1935, como se deu em praticamente todos os 
campos, representou um retrocesso no sistema de controle de constitucionalidade no Brasil. Apesar 
de ter preservado o controle judicial difuso, muito o enfraqueceu, uma vez que, na prática, o 
Presidente da República passou a ter poderes para submeter novamente ao Parlamento lei já 
declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário, por força de seu art. 96. Deixou de constar do texto 
constitucional a competência do Senado Federal para suspender a execução de lei declarada 
inconstitucional pelo STF, bem como a representação interventiva. 
E – Constituição de 1946: esta Constituição restaurou as disposições suprimidas pela 
Carta outorgada de 1937. O controle judicial difuso voltou a ser exercido com exclusividade pelo 
Poder Judiciário, sem possibilidade de outro Poder tornar sem efeito as suas decisões. Restabeleceu, 
também, a competência do Senado Federal para suspender a execução da lei declarada 
inconstitucional pelo STF, no controle difuso de controle de constitucionalidade. A representação 
interventiva, para a intervenção federal, foi modificada, condicionando-se a decretação da 
intervenção à manifestação prévia do STF. A legitimação para a representação de 
inconstitucionalidade perante o STF foi confiada ao Procurador-Geral da República. Por outro lado, a 
Emenda Constitucional nº 16/65 introduziu no ordenamento jurídico pátrio o controle abstrato de 
normas. A competência foi atribuída ao STF para julgamento de ação direta de inconstitucionalidade 
(ADI) de normas federais e estaduais em face da Constituição Federal, sendo a legitimação para a 
propositura conferida exclusivamente ao Procurador-Geral da República. Somente a partir dessa 
emenda o sistema jurídico brasileiro passou a admitir a possibilidade de declaração de 
inconstitucionalidade em tese de atos normativos do Poder Público, mediante o controle 
concentrado, pela via direta, e não mais somente diante de casos concretos, pela via incidental. 
F – Constituição de 1967, com sua Emenda nº 1, de 1969: esta Constituição, assim como 
a Emenda Constitucional nº 1/69, manteve o controle judicial, nos critérios concreto e abstrato, tal 
como previsto anteriormente na Constituição de 1946, após a Emenda Constitucional n° 16/65. Não 
houve inovações merecedoras de registro em matéria de jurisdição constitucional. 
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II - O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
A Constituição de 1988 foi elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte convocada 
pela EC nº 26, de 27.11.1985, cujos membros foram os então deputados federais e senadores, tendo 
sido promulgada depois da aprovação de seu texto por maioria absoluta, em dois turnos de 
discussão e votação. 
Da análise do histórico nas Constituições Brasileiras quanto ao controle de 
constitucionalidade, percebe-se que o Brasil inicialmente adotou o sistema norte-americano de 
controle de constitucionalidade (controle judicial difuso), evoluindo aos poucos para um sistema 
misto e peculiar, que combina o modelo difuso (por via incidental), com o critério concentrado (por 
via de ação direta ou abstrata). 
Com efeito, a Constituição Federal de 1988 manteve em sua plenitude o controle 
difuso/via incidental (confere a todos os órgãos do Poder Judiciário competência para, diante deum 
caso concreto, reconhecer a inconstitucionalidade das leis), bem como o controle concentrado/via 
principal ou abstrata (em que é possível, mediante ação direta, a solução de uma controvérsia 
constitucional, em tese, acerca da compatibilidade de uma norma com a Constituição). 
Não se pode descurar, todavia, que também pode ser extraído da atual Carta Magna e 
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal o controle não jurisdicional ou político de 
constitucionalidade, em menor proporção, exercido pelo Poder Legislativo, pelo Poder Executivo e 
pelos Tribunais de Contas. 
Demais disso, impende destacar que o controle de constitucionalidade judicial no Brasil 
é muito rico. Nele, todos os membros do Poder Judiciário exercem a jurisdição constitucional 
(aplicação da Constituição por juízes e tribunais) que, por sua vez, é realizada simultaneamente, de 
forma difusa e concentrada. Ainda, a impugnação das leis e atos normativos pode se dar tanto pela 
via incidental, como questão prejudicial nos casos concretos submetidos à apreciação judicial, 
quanto pela via abstrata, em ações especialmente criadas para esse fim. 
Merece registro, entrementes, que o controle abstrato, na via principal, passou a 
desempenhar papel preeminente no sistema de controle de constitucionalidade brasileiro a partir da 
Carta de 1988. 
Nesse sentido, constata-se que houve uma grande ampliação dos legitimados para a 
instauração do controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal que, com a Emenda 
Constitucional nº 45/2004 (Reforma de Poder Judiciário), passaram a ser os seguintes (CF, art. 103, I 
a IX): 
a) O Presidente da República; 
b) A Mesa do Senado Federal; 
c) A Mesa da Câmara dos Deputados; 
d) A Mesa da Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
e) O Governador do Estado ou do Distrito Federal; 
f) O Procurador-Geral da República; 
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g) O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
h) Partido político com representação no Congresso Nacional; 
i) Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
Ademais, a Carta Federal de 1988 estabeleceu novas ações específicas no âmbito do 
controle abstrato/concentrado, a par das já existentes, como: 
a) a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental): de competência 
do STF (art. 102, § 1° e regulamentada pela Lei n° 9.882/1999); 
b) a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão: utilizada nas hipóteses de 
inércia do legislador ordinário em face de uma exigência constitucional de legislar;1 
c) a Ação Declaratória de Constitucionalidade: foi instituída pela EC nº 3/1993, 
utilizada para a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato normativo 
federal perante o STF, com o fim de colocar termo a controvérsia judicial sobre sua 
validade; 
d) Controle abstrato nos Estados e Distrito Federal: utilizado para controle de lei e atos 
normativos estaduais, municipais ou distritais em face, respectivamente, da 
Constituição Estadual e da Lei Orgânica Distrital (art. 25, § 2º). 
Observando a CF/88, existem as seguintes ações, que compõem o controle abstrato de 
constitucionalidade: 
 
 DE CONSTITUCIONALIDADE (CF, art. 102, I,”a”, parte final) 
 (ADC) 
 
 
- AÇÃO DIRETA 
 POR OMISSÃO (CF, art. 103, § 2°) 
 (ADO) 
 
 DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 (ADI) 
 GENÉRICA (CF, art. 102, I, “a”, parte inicial) 
 (ADI) 
 POR AÇÃO 
 INTERVENTIVA (CF, art. 36, III, parte inicial) 
 (ADI interventiva) 
 
- AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (CF, art. 102, § 1°) 
 (ADPF) 
 
 
1
 O Mandado de Injunção, que também visa sanar omissão legislativa, enquadra-se no controle de 
constitucionalidade na via incidental, ou seja, diante de um caso concreto. 
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 5 
Com efeito, em nosso ordenamento jurídico, no âmbito da Constituição Federal, 
predomina o controle judicial ou jurisdicional de constitucionalidade. Este pode atuar tanto na via 
incidental, diante de um caso concreto em que qualquer juiz ou tribunal proclama a 
inconstitucionalidade da norma, com o fim de afastar sua aplicação ao caso de interesse das partes 
litigantes quanto, também, pode atuar na via abstrata, quando o órgão de cúpula aprecia a 
constitucionalidade, em tese, da norma, com o fim de resguardar a harmonia do ordenamento 
jurídico. Não se pode olvidar, todavia, que há ainda consoante já assinalado, o controle não 
jurisdicional de constitucionalidade (controle político). 
Portanto: 
NO BRASIL O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE QUANTO À NATUREZA DO ÓRGÃO DE 
CONTROLE É MISTO (JUDICIAL + POLÍTICO), COM PREDOMINÂNCIA DO CONTROLE JUDICIAL OU 
JURISDICIONAL. 
O controle não jurisdicional (político), realizado por órgãos não integrantes do Poder 
Judiciário, é exercido no Brasil pelo Poder Legislativo, pelo Poder Executivo e pelos Tribunais de 
Contas, seja de forma preventiva (realizado sobre um projeto de lei e não sobre um ato normativo 
pronto e acabado) ou de forma repressiva (realizado sobre um ato normativo pronto e acabado). 
A principal forma de controle de constitucionalidade preventivo não judicial (político) 
exercido pelo Poder Legislativo dá-se por meio da CCJC – Comissão de Constituição, Justiça e 
Cidadania, quando da tramitação dos projetos de lei. Nessa Comissão, por meio de parecer e 
deliberação, pode concluir-se pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade da matéria 
examinada. 
Portanto, a fiscalização da CCJC consubstancia controle político preventivo de 
constitucionalidade, tendo por objeto evitar que ingresse no ordenamento jurídico espécie 
normativa com algum vício de inconstitucionalidade. 
Quanto ao Poder Executivo, a principal forma de controle de constitucionalidade 
preventivo é o poder de veto com fundamento na inconstitucionalidade (veto jurídico), em que o ato 
obstativo ao projeto de lei evita a formação de uma espécie normativa contrária ao texto 
constitucional, consubstanciando controle político preventivo de constitucionalidade. Entretanto, o 
veto não tem força definitiva, pois ele pode ser superado pelo Poder Legislativo, ou seja, o Congresso 
Nacional poderá rejeitá-lo pelo voto da maioria absoluta de seus membros em sessão conjunta e em 
votação aberta.2 
Em relação ao controle de constitucionalidade repressivo não judicial (político), há a 
possibilidade de inexecução pelo Chefe do Poder Executivo de lei por ele considerada 
inconstitucional. Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, o Chefe do Poder Executivo pode 
determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos 
com força normativa que considere inconstitucionais. Note-se que se for determinada a não 
aplicação da norma, no âmbito administrativo, pela autoridade máxima do Poder Executivo e, 
posteriormente, o Judiciário vier a considerara norma constitucional, aquela autoridade deverá 
restabelecer, de imediato, a sua aplicação. 
 
2
 Antes da EC nº 76/2013, a apreciação do veto pelo Congresso Nacional era feita mediante escrutínio secreto. 
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Também no âmbito do controle político repressivo, ao Poder Legislativo que, no âmbito 
federal trata-se do Congresso Nacional, compete sustar os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa, mediante decreto 
legislativo (CF, art. 49, V). 
Por último, quanto ao controle de constitucionalidade repressivo e político, de acordo 
com a jurisprudência do STF, os tribunais de contas, no desempenho de suas atribuições 
constitucionais, possuem competência para realizar o controle de constitucionalidade das leis e atos 
normativos do Poder Público, podendo afastar a aplicação daqueles que entenderem 
inconstitucionais. Por exemplo: suponha que determinada Corte de Contas esteja apreciando um 
processo de aposentadoria de servidor público e que recentemente tenha sido publicada uma lei que 
incida sobre a questão. Nessa hipótese, caso a Corte entenda que essa lei é inconstitucional, poderá, 
por maioria absoluta de votos (art. 97),3 declará-la inconstitucional, afastando a sua aplicação àquele 
caso concreto. 
Importante registrar que, quanto ao Tribunal de Contas, existe a Súmula 347 do STF, 
com o seguinte teor: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a 
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. Porém, em decisões do STF há 
posicionamentos favoráveis e contrários à aplicação dessa súmula, em que a negativa de aplicação se 
sustenta sobretudo na existência, atualmente, de vários legitimados para propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. Como as decisões dependem de apreciação plenária da Corte, ainda vigora a 
sua aceitação. 
 
 TEXTO N° 02 
 
“O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DIFUSO NA VIA INCIDENTAL” 
 
SUMÁRIO. I – INTRODUÇÃO. II – LEGITIMAÇÃO ATIVA. III 
– ESPÉCIES DE AÇÕES JUDICIAIS. IV – OBJETO. V – 
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO OU REGRA DO 
“FULL BENCH”. VI – PROCEDIMENTO DO INCIDENTE DE 
INCONSTITUCIONALIDADE NOS TRIBUNAIS E NO STF. VII - 
PARÂMETRO DE CONTROLE. VIII – EFEITOS DA DECISÃO. 
IX – RECURSO EXTRAORDINÁRIO, EFEITOS DA DECISÃO E 
ATUAÇÃO DO SENADO FEDERAL. GLOSSÁRIO. 
I - INTRODUÇÃO 
Este controle tem sua origem nos Estados Unidos da América (EUA), sendo, por esse 
motivo, conhecido como sistema americano de controle e foi introduzido no Brasil pela Constituição 
de 1891 (1ª Constituição Republicana). Baseia-se no reconhecimento da inconstitucionalidade de um 
ato normativo por qualquer componente do Poder Judiciário, juiz ou tribunal (controle difuso ou 
aberto), obedecidas as normas de competência processual, em face de um caso concreto submetido 
 
3
 Aplica-se a cláusula de reserva de plenário, que é estudada no Texto nº 02. 
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 7 
à sua apreciação (via incidental). O órgão do Poder Judiciário, declarando a inconstitucionalidade de 
norma concernente ao direito objeto da lide, deixa de aplicá-la ao caso concreto. 
Em suma, ao apreciar a questão constitucional, como antecedente necessário e 
indispensável ao julgamento do mérito do caso em exame, o Juiz ou Tribunal estará realizando o 
denominado controle incidental, de defesa ou exceção. 
Consoante foi estudado: 
O CONTROLE INCIDENTAL É REALIZADO, VIA DE REGRA, NO MODELO DIFUSO. 
 
Neste controle, portanto, que mistura o controle incidental com o difuso, quando o 
autor da ação procura a tutela do Poder Judiciário, sua preocupação inicial não é com a 
inconstitucionalidade em si. Seu objetivo é a tutela de um determinado direito concreto, que esteja 
sofrendo lesão ou ameaça de lesão por alguém (a outra parte na ação). A constitucionalidade 
somente é apreciada porque esse direito pretendido envolve a aplicação de uma norma, e essa 
norma é inquinada de inconstitucional pela parte que pretende vê-la afastada. Representa o controle 
de constitucionalidade no “varejo”, caso a caso. 
Qualquer órgão jurisdicional, Juiz ou Tribunal, poderá examinar a constitucionalidade da 
norma e, portanto, declará-la inconstitucional, com o fito de afastar a sua aplicação ao caso concreto 
por ele apreciado. Os juízes de primeiro grau, inclusive aqueles em estágio probatório que não 
adquiriram, ainda, a vitaliciedade, os diversos tribunais do país, ou seja, todos têm aptidão para 
decidir, no âmbito de sua competência, sobre a constitucionalidade das normas no controle difuso. E, 
por meio, sobretudo, do recurso extraordinário, a controvérsia pode ser levada em última instância 
para o Supremo Tribunal Federal (art. 102, III), conforme melhor explicita o item IX.4 
 
II – LEGITIMAÇÃO ATIVA 
Considerando que o controle de constitucionalidade dá-se no curso de uma ação 
submetida à apreciação do Poder Judiciário, todos os intervenientes no procedimento poderão 
provocar o órgão jurisdicional para que declare a inconstitucionalidade da norma no caso concreto. 
Assim, dispõem de legitimação para suscitar o incidente de inconstitucionalidade: 
a) as partes do processo; 
b) terceiros admitidos como intervenientes no processo; 
 
4
 O controle difuso no STF pode ser provocado por meio de recursos, como ocorre no recurso extraordinário ou 
no recurso ordinário constitucional, ou ainda em qualquer hipótese de sua competência originária, ou seja, 
por intermédio de um mandado de segurança ou habeas corpus, dentre outros. 
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c) o representante do Ministério Público que oficie no feito, como fiscal da lei (custos 
legis); 
d) o juiz ou tribunal, de ofício, independentemente de provocação, poderá declarar a 
inconstitucionalidade da norma, afastando a sua aplicação ao caso concreto, já que 
esses têm o poder-dever de defender a Constituição. 
 
III – ESPÉCIES DE AÇÕES JUDICIAIS 
O controle de constitucionalidade incidental pode ser iniciado em toda e qualquer ação 
submetida à apreciação do Poder Judiciário em que haja um interesse concreto em discussão, 
qualquer que seja a sua natureza. Ações de natureza cível, criminal, administrativa, tributária, 
trabalhista, eleitoral etc., todas se prestam à efetivação do controle de constitucionalidade incidental 
ou concreto. 
A jurisprudência do STF firmou o entendimento de que a ação civil pública pode ser 
utilizada como instrumento de controle de constitucionalidade, desde que com feição de controle 
incidental, isto é, desde que tenha como pedido principal certa e concreta pretensão e, apenas como 
fundamento desse pedido, seja suscitada a inconstitucionalidade da lei em que se funda o ato cuja 
anulação é pleiteada. 
O que não se admite é o uso da ação civil pública como sucedâneo ou substituto da ação 
direta de inconstitucionalidade, isto é, tendo por objeto principal a declaração da 
inconstitucionalidade, em tese, de lei ou ato normativo do Poder Público, haja vista que, nessa 
situação, haveria usurpação da competência privativa do STF para realizar a jurisdição abstrata, com 
eficácia geral, em face da Constituição Federal, pois cuida-se de uma ação coletiva. 
 
IV - OBJETO 
O controle incidental poderá ter como objeto toda e qualquer espécie normativa (leis e 
atos administrativos normativos em geral), editada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federalou pelos Municípios. Significa dizer que qualquer Juiz ou Tribunal poderá, respeitada a sua esfera de 
competência, apreciar a validade de quaisquer leis ou atos administrativos federais, estaduais, 
distritais ou municipais. 
 
V – CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO OU REGRA DO “FULL BENCH” 
Consoante estudado, no controle incidental e difuso, qualquer órgão do Poder 
Judiciário, Juiz ou Tribunal, poderá declarar a inconstitucionalidade de uma norma, com o fim de 
afastar a sua aplicação ao caso concreto. 
No primeiro grau, o juiz singular é competente para examinar a questão constitucional 
suscitada no caso concreto a ele submetido. 
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Entretanto, os Tribunais (Tribunais de segundo grau, os Tribunais Superiores e o próprio 
STF) somente poderão declarar a inconstitucionalidade das leis e demais atos do Poder Público pelo 
voto da maioria absoluta dos seus membros ou pela maioria absoluta dos membros do respectivo 
órgão especial5 (CF, art. 97). Essa regra específica para a declaração da inconstitucionalidade pelos 
Tribunais é denominada “reserva de plenário” ou full bench. 
Em algumas situações há a mitigação da cláusula de reserva de plenário, como, por 
exemplo, quanto o tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo. 
Essa exigência de maioria absoluta garante maior segurança, maior estabilidade ao 
ordenamento jurídico, realçando o princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos 
normativos. Sempre que não se logre atingir esse quorum, a norma será tida por constitucional, 
ficando afastada a possibilidade de um ou alguns dos membros do Tribunal decidir, isoladamente, 
que uma lei deva ser considerada inconstitucional. Assim, os órgãos fracionários (turmas, câmaras, 
seções) e monocráticos dos Tribunais estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade das leis. É 
o que dispõe a Súmula Vinculante nº 10 do STF, in verbis: 
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário 
de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de 
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em 
parte. 
 
Note-se, contudo, segundo o STF, por razões de economia e celeridade processuais, 
existindo declaração anterior de inconstitucionalidade promanada do órgão especial ou do plenário 
do Tribunal, ou do plenário do STF, não há necessidade, nos casos futuros, de observância da reserva 
de plenário, podendo os órgãos fracionários aplicar diretamente o precedente às novas lides, 
declarando, eles próprios, a inconstitucionalidade das leis. Esta orientação do STF restou positivada 
no parágrafo único do art. 949 do NCPC, nos seguintes termos: 
 
Art. 949. ................................................................................................................. 
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao 
plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já 
houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal 
sobre a questão. 
 
 
VI – PROCEDIMENTO DO INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE NOS TRIBUNAIS E NO 
STF 
Ao tramitar uma causa qualquer na Câmara ou Turma do Tribunal, uma das pessoas 
legitimadas suscita a inconstitucionalidade de determinada norma ou ato legal. 
 
 
5
 A previsão constitucional pela instituição, pelos Tribunais, de órgão especial encontra-se no art. 93, XI, nos 
seguintes termos: “nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído 
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições 
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas 
por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.” 
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A Câmara ou Turma decidirá se aceita ou não o incidente, já que existem casos em que o 
incidente não ocorrerá (NCPC, art. 948).6 Não sendo aceito o incidente, o processo terá seu curso 
normal. 
Admitido o incidente (NCPC, art. 949),7 os autos são encaminhados a outro órgão (Pleno 
ou Órgão Especial), o qual examinará somente o incidente de decretação de inconstitucionalidade. 
Importante registrar que o Plenário somente pode pronunciar-se sobre o que, efetivamente, foi 
acolhido pelo órgão fracionário, sendo-lhe defeso emitir juízo sobre questão julgada inadmissível ou 
rejeitada pela Turma ou Câmara. 
Do que for decidido via acórdão pelo Pleno ou Órgão Especial no incidente não cabe 
qualquer recurso, salvo os embargos declaratórios. Além disso, essa decisão vincula o órgão 
fracionário do Tribunal – Câmara ou Turma -, compõe o fundamento da questão concreta em curso 
na Câmara ou Turma e não faz coisa julgada por ser o fundamento e não a parte dispositiva do 
julgado. 
Publicado o acórdão do incidente, tem reinício o trâmite do processo na Câmara ou 
Turma, até então suspenso em razão do incidente de inconstitucionalidade. A causa tramitará 
normalmente e serão decididas questões incidentes e principais até o julgamento final. 
Nota-se que, quando julgada a causa, o acórdão é produto de dois órgãos jurisdicionais, 
tratando-se, portanto, de uma decisão subjetivamente complexa. Um órgão (Pleno ou Órgão 
Especial) analisa a inconstitucionalidade incidental, e o outro (órgão fracionário) analisa a questão 
principal e as demais questões incidentes. 
Quanto ao procedimento do incidente de inconstitucionalidade no STF, em razão da 
cláusula de reserva de plenário, somente o Pleno do Pretório Excelso, e não suas Turmas, possui 
competência para julgar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Consoante os arts. 176 a 
178 do Regimento Interno do STF há um procedimento diferenciado. Não ocorrerá a cisão funcional 
de competência, mas a remessa de todo o processo para ser julgado pelo Pleno do STF. A remessa 
não se restringe ao incidente de inconstitucionalidade, mas abrange também toda a causa (questões 
principais, prejudiciais, preliminares, entre outros). Ademais, o incidente é uma decisão 
interlocutória, não ensejando a lavratura de um acórdão, bem como deverá ser ouvido o Procurador-
Geral da República antes da declaração de inconstitucionalidade pelo Pleno. 
 
 
 
6
 NCPC, art. 949: “Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder 
público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara, à 
qual competir o conhecimento do processo.” 
7
 NCPC, art. 949: “Se a arguição for: I – rejeitada, prosseguirá o julgamento; II – acolhida, a questão será 
submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.” 
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 11 
 
VII – PARÂMETRO DE CONTROLE 
Encontra-se fora do controle de constitucionalidade o direito pré-constitucional em face 
da Constituição superveniente. Neste caso, o STF entende que não cabe juízo de constitucionalidade, 
mas sim de recepção ou não recepção (revogação) da norma pré-constitucional pela Constituição 
atual, pois refere-se a matéria de direito intertemporal. 
Ao contrário da via abstrata, que tem sempre como parâmetro de controle a 
Constituição em vigor, o controle incidental pode ser realizado em face de Constituição pretérita já 
revogada, sob cuja vigência tenha sido editada a lei ou o ato normativo controlados. Assim, na via 
incidental é plenamente possível que o Poder Judiciário declare,atualmente, na vigência da 
Constituição de 1988, a inconstitucionalidade de uma lei pré-constitucional, por ofensa à 
Constituição vigente na época da edição dessa lei (por exemplo, uma lei editada em 1975, 
incompatível com a Constituição de 1969). 
 
VIII – EFEITOS DA DECISÃO 
Qualquer que tenha sido o órgão prolator (juízo de primeiro grau ou STF), a decisão no 
controle de constitucionalidade incidental só alcança as partes do processo (eficácia inter partes), 
não extrapolando os limites estabelecidos na lide, não dispõe de efeito vinculante – salvo quando se 
tratar de recurso extraordinário (vide item IX) – e, em regra, produz efeitos retroativos (ex tunc), 
tornando a norma nula de pleno direito. 
A decisão somente alcança as partes do processo porque no controle incidental o 
interessado, no curso de uma ação, requer a declaração de inconstitucionalidade da norma com a 
única pretensão de afastar a sua aplicação ao caso concreto, não retirando a lei do ordenamento 
jurídico, ou seja, não declarando a lei inválida e ineficaz. 
Essa eficácia, em regra, surte efeitos ex tunc, isto é, opera retroativamente em relação 
ao caso que deu motivo à decisão, fulminando, desde o seu nascimento, a relação jurídica fundada 
na lei inconstitucional. 
Registre-se que, embora a regra geral seja que a pronúncia de inconstitucionalidade no 
controle concreto tenha eficácia retroativa (ex tunc), poderá o STF (caso o processo chegue ao STF 
por via do recurso extraordinário, do recurso ordinário constitucional ou em qualquer hipótese de 
sua competência originária), por dois terços de seus membros, em situações excepcionais, tendo em 
vista razões de segurança jurídica ou relevante interesse social, outorgar efeitos meramente 
prospectivos (ex nunc) à sua decisão, ou mesmo fixar um outro momento para o início da eficácia de 
sua decisão, nos termos do art. 27 da Lei nº 9.868/99. 
Por fim, destaque-se que a decisão no controle concreto não dispõe de força vinculante 
em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública, ainda quando proferida 
pelo STF (vide item IX). Significa dizer que a decisão proferida no caso concreto determinado não 
obriga a Administração Pública e os demais órgãos do Poder Judiciário a decidirem outros casos no 
mesmo sentido. Em qualquer caso, a norma declarada inconstitucional no controle concreto 
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 12 
continua a viger, com toda sua força obrigatória, em relação a terceiros que não tenham sido partes 
na ação. 
 
IX - RECURSO EXTRAORDINÁRIO, EFEITOS DA DECISÃO E ATUAÇÃO DO SENADO FEDERAL 
O STF é órgão máximo da Justiça brasileira, cabendo-lhe, especialmente, a guarda da 
Constituição Federal e, nessa missão, atua não somente na jurisdição concentrada, mas também 
como órgão revisor das decisões incidentais proferidas pelos órgãos inferiores do Poder Judiciário 
nos casos concretos, quando a controvérsia é levada ao seu conhecimento por meio do recurso 
ordinário (art. 102, II) ou do recurso extraordinário (art. 102, III), ou, ainda, em qualquer hipótese de 
sua competência originária (art. 102, I). 
O recurso extraordinário é um dos meios idôneos e o mais utilizado para a parte 
interessada, no âmbito do controle difuso de constitucionalidade, levar ao conhecimento do STF 
controvérsia constitucional concreta, suscitada nos juízos inferiores. 
Com efeito, estabelece a Constituição Federal que compete ao STF julgar, mediante 
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida 
(art. 102, III): 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal (dispositivo incluído pela EC 
nº 45/2004). 
A EC nº 45/2004 também passou a exigir que o recorrente demonstre a repercussão 
geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei,8 a fim de que o STF examine 
a admissão do recurso extraordinário. É a seguinte a redação do § 3º do art. 102: 
§ 3° No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão 
geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de 
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros. 
A pronúncia de inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário na via incidental, ainda 
quando proferida pelo STF, somente alcança as partes do processo em que ocorreu (efeito inter 
partes), exceto quanto ao recurso extraordinário. 
Destarte, o Recurso Extraordinário somente será conhecido se a questão nele versada 
tiver a repercussão geral reconhecida (a repercussão geral é requisito de admissibilidade do recurso 
 
8
 A Lei nº 11.418, de 19.12.2006 tratou do exame da repercussão geral para o conhecimento do recurso 
extraordinário. 
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 13 
extraordinário). Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões 
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses 
subjetivos do processo. O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no 
prazo de 1 (um) ano. 
O processamento do recurso extraordinário perante o STF encontra-se previsto nos arts. 
1.034 a 1.041 do CPC. Assim, ao analisar recursos extraordinários representativos da controvérsia, o 
relator, no STF, determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, que 
versem sobre a questão e tramitem no território nacional. 
Reconhecida a repercussão geral, admite-se o seguimento dos recursos extraordinários 
em relação aos processos pendentes se mantido pelo tribunal de origem o acórdão divergente da 
tese firmada, inadmitindo esse seguimento se as decisões dos tribunais de origem estiverem em 
consonância com a tese firmada, ou, se não for reconhecida a repercussão geral (neste caso, a 
decisão fica a cargo do tribunal de origem). 
Portanto, o Supremo Tribunal Federal poderá realizar o controle incidental de 
constitucionalidade tanto em suas ações originárias (CF, art. 102, I, com exceção da alínea ”a” que 
trata da ação direta de inconstitucionalidade) quanto no exercício de sua competência recursal 
ordinária (CF, art. 102, II) e precipuamente via recurso extraordinário (CF, art. 102, III), objeto deste 
tópico. Este último, com a exigência de demonstração de que a questão constitucional suscitada é 
relevante e transcendente ao interesse das partes e a existência de efeito vinculante em relação a 
todas as decisões objeto dos recursos extraordinários, haja ou não a demonstração da repercussão 
geral, passa a produzir efeitos ultra partes e vinculantes. 
Nesse sentido, o controle difuso de constitucionalidade quando ocorre por meio do 
recurso extraordinário no STF, aproxima-se do controle de constitucionalidade abstrato, pois 
analisa o caso em abstrato (a questão constitucional transcende o interesse das partes) e produz 
efeitos ultra partes e vinculantes (em relação aos processos em tramitação no âmbito do Poder 
Judiciário). 
Quanto às demais situações, para evitar que os outros interessados, futuramente, 
tenham de recorrer também ao Judiciário, para obter a mesma decisão, atribuiu-se ao Senado 
Federal a faculdade de suspender o ato declarado inconstitucional pelo STF, conferindo eficácia geral 
(erga omnes) e vinculante à decisão dessa Corte. 
Portanto, declarada definitivamente a inconstitucionalidade da lei pelo STF, no âmbito 
do controle difuso, a decisão é comunicadaao Senado Federal para que este, entendendo 
conveniente, suspenda a execução da lei, conferindo eficácia erga omnes à decisão da Corte 
Suprema, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal. A maioria dos doutrinadores entende 
que a remessa pelo STF ao Senado Federal é discricionária, comunicando a decisão quando e se 
quiser (conveniência e oportunidade). 
Em suma, a função do Senado Federal de suspender a execução de lei julgada 
inconstitucional pelo STF, nada mais é do que estender erga omnes os efeitos de uma decisão judicial 
proferida em um caso concreto, que inicialmente alcançava exclusivamente as partes do processo 
(efeito inter partes). 
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Alguns doutrinadores entendem que o termo “suspensão” induz à noção de que os 
efeitos do ato editado pelo Senado Federal seriam prospectivos, para o futuro, ex nunc. A maioria 
dos doutrinadores, todavia, entende que a eficácia temporal do ato editado pelo Senado Federal é 
retroativa, ex tunc. O argumento que embasa esse entendimento é que como o objetivo dessa 
norma é evitar que todos os possíveis interessados – que tenham sofrido consequências da aplicação 
de uma lei declarada inconstitucional pelo STF, no controle concreto, em ações em que eles não 
foram parte – ajuízem ações visando a obter a mesma decisão, somente conferindo eficácia 
retroativa a essa decisão é que atenderá ao desiderato da norma. Portanto, o entendimento 
majoritário é no sentido de que o ato do Senado, que é uma Resolução, produz efeitos retroativos 
(ex tunc), ou seja, a inconstitucionalidade da lei a atinge desde a sua edição. 
Por outro lado, o Senado não está obrigado a suspender a execução da lei ou norma 
declarada inconstitucional pelo STF, podendo julgar a oportunidade e a conveniência de praticar tal 
ato. Como ato facultativo, discricionário e de natureza política, não há que se falar em prazo certo 
para o Senado Federal se manifestar, tampouco em sanção específica para a hipótese de eventual 
recusa à suspensão da execução do ato. Entretanto, se o fizer, não poderá posteriormente revogar o 
seu ato de suspensão, ou seja, esta decisão é definitiva e irretratável. 
Ademais, o Senado não poderá restringir ou ampliar a extensão do julgado prolatado 
pelo STF, sob pena de invalidade de seu ato. A Casa Legislativa deve ater-se à extensão da declaração 
de inconstitucionalidade proferida pelo Tribunal, não possuindo competência para interpretá-la, 
ampliá-la ou restringi-la. 
Atenção! Importante destacar, contudo, que o STF, em algumas decisões (ADIs nºs 
3.406 e 3.470), admitiu a mutação constitucional9 do art. 52, X, prescrevendo, então, que o papel do 
Senado Federal é apenas para dar publicidade à decisão. O efeito erga omnes e vinculante decorreria 
da própria decisão judicial emanada da Corte Superior. Deve-se esperar, todavia, nas próximas 
decisões do STF no controle de constitucionalidade difuso para confirmar se haverá ou não a 
pronúncia do efeito erga omnes e vinculante. Necessário verificar se haverá a consolidação dessa 
tese. Assim, o STF tem que formalmente deliberar sobre a questão, alcançar o quórum de no mínimo 
6 Ministros (CF, art. 97) e fazer integrar a referida tese na ementa do respectivo acórdão. 
 
GLOSSÁRIO 
CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO OU REGRA DO “FULL BENCH”: O artigo 97 da Constituição Federal de 
1988 estabelece que: “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do 
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
Poder Público.” O art. 93, XI, cuida do “órgão especial”. 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: é um mecanismo consistente em verificar a compatibilidade de uma 
lei ou qualquer ato normativo infraconstitucional, incluindo-se a emenda constitucional, e a Constituição. 
Caracterizado o contraste, o sistema prevê um conjunto de medidas que visam a sua superação, restaurando a 
unidade ameaçada. A declaração de inconstitucionalidade consiste no reconhecimento da invalidade de uma 
 
9
 Mutação constitucional é uma forma de alteração do sentido do Texto Maior, sem, todavia afetar-lhe a 
redação. Trata-se de uma alteração do significado do texto, que é adaptado conforme a nova realidade na 
qual a constituição está inserida. 
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 15 
norma e tem por fim paralisar a sua eficácia. São duas as vias pelas quais poderá ser exercido o controle 
judicial de constitucionalidade das leis: a) a via incidental (controle difuso, ou por via de exceção ou defesa): 
dá-se diante de uma controvérsia concreta, submetida à apreciação do Poder Judiciário (qualquer juiz ou 
tribunal), em que uma das partes requer o reconhecimento da inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de 
afastar a sua aplicação ao caso concreto de seu interesse; b) via principal (controle abstrato/ concentrado, ou 
por via de ação direta): dá-se quando o autor requer, por meio de uma ação judicial especial, uma decisão 
sobre a constitucionalidade, em tese, de uma lei, com o fim de resguardar a harmonia do ordenamento 
jurídico. Cabível ao STF, quanto à lei ou ato normativo federal e estadual frente à CF (CF, art. 102, I, a). Também 
cabível aos Tribunais de Justiça, quanto à lei ou ato normativo estadual ou municipal frente à Constituição 
Estadual (CF, art. 125, § 2º). 
EFEITO ERGA OMNES E VINCULANTE: sendo um controle exercido sobre a própria lei, enquanto norma geral e 
abstrata, a qual todos estão sujeitos, também os efeitos de uma eventual declaração de inconstitucionalidade 
deverá ser observada por todos, e de forma obrigatória. Eis os chamados efeitos erga omnes e vinculante. 
EFEITO EX NUNC: a partir de agora. Efeitos não retroagem, sendo a norma declarada inconstitucional somente 
a partir da publicação da sentença. 
EFEITO EX TUNC: a partir de então. Efeitos retroagem, sendo a norma declarada inconstitucional desde a sua 
edição. 
EFEITO INTER PARTES: se arguida a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, por uma parte 
específica, dentro de um processo determinado, com parte contrária determinada e sobre uma situação de 
vida posta, corolário lógico que a decisão proferida pelo Órgão Julgador produza seus jurídicos e legais efeitos 
somente entre as partes litigantes. É o chamado efeito ou eficácia inter partes ou incidenter tantum. 
EFEITO VINCULANTE: é aquele pelo qual a decisão tomada pelo tribunal em determinado processo passa a 
valer para os demais que discutam questão idêntica, atingindo os demais órgãos do Poder Judiciário e da 
Administração Pública Direta e Indireta. Não há vinculação, contudo, do Poder Legislativo. No STF, a decisão 
tomada em Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de Constitucionalidade ou na Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental possui efeito vinculante, ou seja, deve ser aplicada a todos os casos 
sobre o mesmo tema. As Súmulas Vinculantes aprovadas pela Corte também conferem à decisão o efeito 
vinculante, devendo a Administração Pública atuar conforme o enunciado da súmula, bem como os juízes e 
desembargadores do país. Os demais processos de competência do STF (habeas corpus, mandado de 
segurança, recurso extraordinário e outros) não possuem efeito vinculante, assim a decisão tomada nesses 
processos só tem validade entre as partes. Entretanto, o STF pode conferir esse efeito convertendo o 
entendimento em Súmula Vinculante. Outro caminho é o envio de mensagem ao Senado Federal, a fim de 
informar o resultado do julgamento para que ele retire do ordenamento jurídico a norma tida como 
inconstitucional. 
MANDADO DE INJUNÇÃO: o Constituinte de 1988 criou dois instrumentos para lidar com as omissões 
inconstitucionais:o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Esta última é 
mecanismo institucional de fiscalização abstrata, de competência concentrada do Supremo Tribunal Federal e 
materializada em processo objetivo. Já o mandado de injunção destina-se ao controle incidental da omissão, 
tendo sido concebido para a tutela de direitos subjetivos constitucionais, frustrados pela inércia ilegítima do 
Poder Público. Assim, o pedido é feito para garantir o direito de alguém prejudicado pela omissão (CF, art. 5º, 
LXXI e art. 102, I, q). 
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: representa o procedimento de mudança de sentido interpretativo de algum 
dispositivo da Constituição sem que ocorra mudança do seu texto. Trata-se de uma alteração do significado 
do texto, que é adaptado conforme a nova realidade na qual a constituição está inserida. 
REPERCUSSÃO GERAL: é um instrumento processual inserido na Constituição Federal de 1988, por meio da EC 
n. 45/2004, conhecida como a “Reforma do Judiciário”. O objetivo desta ferramenta é possibilitar que o 
Supremo Tribunal Federal selecione os Recursos Extraordinários que irá analisar, de acordo com critérios de 
relevância jurídica, política, social ou econômica. O uso desse filtro recursal resulta numa diminuição do 
número de processos encaminhados à Suprema Corte. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o 
STF analisa o mérito da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas 
instâncias inferiores, em casos idênticos. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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 TEXTO N° 03 
 
 
“O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO 
NA VIA PRINCIPAL” 
 
SUMÁRIO. I. INTRODUÇÃO. II. CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO NA VIA PRINCIPAL, 
ABSTRATA OU AÇÃO DIRETA: Controle Abstrato. 2.1. A Figura do 
“Amicus Curiae”. 2.2. Controle de Constitucionalidade Concentrado 
na Via Principal, Abstrata ou Ação Direta nos Estados. 2.3. Ação 
Direta de Inconstitucionalidade. 2.3.1 Conceito. 2.3.2 Legitimação 
Ativa. 2.3.3 Objeto. 2.3.3.1 Simultaneidade de Ações Diretas de 
Inconstitucionalidade em relação às Leis Estaduais – Simultaneus 
processus. 2.3.4 O Papel do Procurador-Geral da República. 2.3.5 O 
Papel do Advogado-Geral da União. 2.3.6 Medida Cautelar. 2.3.7 
Decisão de Mérito. 2.4. Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
Omissão. 2.4.1 Noções Gerais. 2.5. Ação Declaratória de 
Constitucionalidade. 2.5.1 Noções Gerais. 2.6. Representação 
Interventiva. 2.6.1 Noções Gerais. 2.7. Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental. 2.7.1 Noções Gerais. 
GLOSSÁRIO. 
 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
O controle concentrado, no âmbito do qual um órgão ou número limitado de órgãos do 
Poder Judiciário participa do controle de constitucionalidade, dá-se, como regra geral, pela via 
principal, abstrata ou ação direta. Esse modelo de controle de constitucionalidade foi introduzido no 
Direito brasileiro pela EC nº 16/1965, sob a vigência da Constituição Federal de 1946, apesar da 
existência da representação interventiva desde a Constituição de 1934, e tem como finalidade última 
a defesa da Constituição contra as leis ou atos normativos com ela incompatíveis. 
O controle abstrato, expressão cunhada preferencialmente pela doutrina pátria, teve 
origem na Europa, na Constituição da Áustria de 1920, cuja elaboração se deve basicamente a Hans 
Kelsen, que foi o teorizador do primeiro Tribunal dedicado ao exercício específico da jurisdição 
constitucional (Corte Constitucional austríaca). 
Esse sistema, conhecido como europeu continental, é hoje prioritariamente adotado no 
mundo, sobretudo após o término da Segunda Guerra Mundial. E não é diferente em relação à 
Constituição Federal de 1988, no âmbito da qual predomina o controle de constitucionalidade 
concentrado na via principal. Representa o controle de constitucionalidade no “atacado”. 
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 17 
 
II - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO NA VIA PRINCIPAL, ABSTRATA 
OU AÇÃO DIRETA: Controle Abstrato 
Diferentemente do modelo de controle de constitucionalidade difuso/incidental, de 
origem norte-americana, que se limita, em um caso concreto, a subtrair alguém dos efeitos de uma 
lei ou ato normativo (a questão da inconstitucionalidade é incidental ou acessória, representando a 
“causa de pedir”), o controle concentrado/ via principal é efetivado em tese, sem vinculação a uma 
situação concreta, com o objetivo de expelir do sistema normativo a lei ou o ato normativo 
inconstitucionais (a questão da inconstitucionalidade é principal, representando o próprio 
“pedido”), a fim de garantir-se a segurança das relações jurídicas, que não podem ser baseadas em 
normas inconstitucionais. 
No modelo de controle de constitucionalidade concentrado/via principal, para a 
instauração do processo, o autor da ação judicial não alega a existência de lesão a direito próprio, 
pessoal, porém atua como representante do interesse público, na defesa da Constituição e da higidez 
do ordenamento jurídico. Por isso, a doutrina e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal têm 
afirmado que o processo instaurado para a efetivação desse modelo de controle de normas possui a 
natureza de processo objetivo, que não conhece partes, destinando-se, fundamentalmente, à defesa 
da Constituição. 
O controle concentrado na via principal é de competência originária (não recursal) do 
Supremo Tribunal Federal, quando visa à aferição da constitucionalidade de leis federais e estaduais 
em face da Constituição Federal, ou do Tribunal de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e 
Territórios, quando o confronto é arguido entre as leis locais (leis estaduais e municipais) e a 
Constituição Estadual ou, no caso do Distrito Federal, da Lei Orgânica Distrital,10 tendo como objeto 
as leis e atos normativos editados pelo Distrito Federal. 
Esse modelo de controle de constitucionalidade em face da Constituição Federal é 
exercido exclusivamente perante o Supremo Tribunal Federal por meio das seguintes ações: 
a) Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica – ADI; 
b) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO; 
c) Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC; 
d) Representação Interventiva (RI) ou Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Interventiva; 
e) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF. 
Para melhor compreensão do tema, o seguinte esquema pode ser reapresentado: 
 
10
 O controle concentrado na via principal ou abstrata das leis e atos normativos do Distrito Federal em face da 
sua Lei Orgânica está disciplinado na Lei federal nº 11.697/2008. 
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 DE CONSTITUCIONALIDADE (CF, art. 102, I,”a”, parte final) 
 (ADC) 
 
- AÇÃO DIRETA 
 POR OMISSÃO (CF, art. 103, § 2°) 
 (ADO) 
 DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 (ADI) 
 GENÉRICA (CF, art. 102, I, “a”, parte inicial) 
 (ADI)POR AÇÃO 
 INTERVENTIVA (CF, art. 36, III, parte inicial) 
 (ADI interventiva) 
 
- ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (CF, art. 102, § 1°) 
 (ADPF) 
 
Por oportuno, registre-se que a Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, dispõe sobre 
o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de 
constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. A Lei nº 12.063/2009 acrescentou à Lei nº 
9.868/1999 a disciplina do procedimento da ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
perante o Supremo Tribunal Federal. 
Quanto à representação interventiva tratava a Lei nº 4.337, de 1º de junho de 1964. 
Atualmente cuida da matéria a Lei nº 12.562/2011. 
De seu turno, a Lei nº 9.882, de 3 de dezembro de 1999, dispõe sobre o processo e 
julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1º do art. 102 
da Constituição Federal. 
Nos próximos itens, são estudados, além da figura do amicus curiae e o controle 
concentrado na via principal nos Estados, as questões mais relevantes em relação à ação direta de 
inconstitucionalidade, eis que ela é a ação na via principal ou abstrata por excelência, sendo a mais 
manejada de todas as ações desse modelo perante o STF. 
 
2.1 A Figura do “Amicus Curiae” 
Importante destacar a figura do amicus curiae (“amigo da corte”) no processo objetivo 
do controle concentrado de constitucionalidade, cuja previsão se encontra no art. 7º, § 2º, da Lei nº 
9.868/99, nos seguintes termos: “o relator, considerando a relevância da matéria e a 
representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo 
fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades”. 
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Os requisitos essenciais para admissão do amicus curiae são, assim, a relevância da 
matéria e a representatividade dos postulantes. Trata-se da possibilidade de ser admitida no 
processo manifestação formal de órgãos ou entidades que efetivamente representem interesses 
passíveis de serem afetados pelo resultado do julgamento das ações do controle concentrado de 
constitucionalidade. 
O amicus curiae, como auxiliar da instrução processual, não só garantirá maior 
efetividade e atribuirá maior legitimidade às decisões, mas ainda valorizará o sentido essencialmente 
democrático dessa participação processual. É ele considerado por alguns doutrinadores como uma 
espécie sui generis de intervenção de terceiros. 
 
2.2 Controle de Constitucionalidade na Via Principal, Abstrata ou Ação Direta nos 
Estados 
Conforme já estudado, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário dispõe de 
competência para realizar o controle de constitucionalidade difuso, com o fim de afastar a aplicação 
das leis e atos normativos inconstitucionais aos casos concretos que lhes são submetidos. Nessa 
tarefa, os juízes e tribunais dos Estados apreciam a validade das diferentes leis e atos do Poder 
Público, confrontando-os ora com a Constituição Estadual, ora com a Constituição Federal. 
Além desse controle difuso de constitucionalidade, realizado no curso dos processos 
concretos, os Tribunais de Justiça dispõem de competência para realizar o controle concentrado na 
via principal de leis e atos normativos estaduais e municipais, sempre em face da Constituição 
Estadual. 
Ressalte-se, por oportuno, conforme atual jurisprudência do STF (RE nº 650.898), é 
possível a propositura de ADI no TJ local, tendo por objeto lei ou ato normativo estadual ou 
municipal, confrontados em face de três hipóteses de parâmetros: 
a) Norma de reprodução obrigatória da CF expressamente copiada na Constituição 
Estadual (CE), cabendo Recurso Extraordinário (RE) para o STF; 
 
b) Norma de reprodução obrigatória da CF mesmo que não tenha sido expressamente 
reproduzida na CE. Nesse caso, o TJ poderá exercer o controle abstrato de 
constitucionalidade de leis estaduais ou mesmo municipais utilizando como 
parâmetro as referidas normas da CF de reprodução obrigatória pelos Estados, 
estando ou não textualmente escritas na CE. Contra o acórdão do TJ também caberá 
a interposição de RE para o STF; 
 
c) Normas de imitação, hipótese em que não caberá RE para o STF, devendo a decidão 
ficar “confinada” no TJ local. 
Diante do exposto, como regra geral, da decisão do TJ local em controle abstrato (ADI) 
de lei estadual ou municipal diante da CE não cabe recurso para o STF, já que este é o intérprete 
máximo de lei federal, estadual ou distrital de natureza estadual perante a CF, e não perante a CE. 
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 20 
Excepcionalmente, contudo, conforme visto, pode surgir situação em que o parâmetro 
da CE nada mais seja que uma norma de observância obrigatória ou compulsória pelos Estados 
(norma de reprodução obrigatória), ou conforme estabelecido pelo STF, a possibilidade de se admitir, 
no âmbito do TJ local, o exercício do controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais (ou 
estaduais, acrescente-se) utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que de 
reprodução obrigatória pelos Estados. 
Neste caso, se a lei estadual, ou mesmo municipal, viola a CE ou as normas da CF de 
reprodução obrigatória, o que se terá, em essência, será a violação da CF. Como o TJ não tem essa 
atribuição de análise, objetivando evitar a situação de o TJ usurpar a competência do STF (o 
intérprete máximo da Constituição) abre-se a possibilidade de interpor recurso extraordinário contra 
o acórdão do TJ em controle abstrato estadual para que o STF diga, então, qual a interpretação da lei 
estadual ou municipal perante a CF. 
O recurso extraordinário será um simples mecanismo de levar ao STF a análise da 
matéria. Assim, a decisão do STF nesse específico RE produzirá os mesmos efeitos da ADI, ou seja, 
por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo o STF, nos termos do art. 27 da Lei n. 9.868/99, 
modular os efeitos da decisão. Portando, não se aplicará a regra do art. 52, X, não tendo o Senado 
Federal qualquer participação. 
Trata-se, pois, de utilização de recurso típico do controle difuso (pela via incidental) no 
controle concentrado estadual em abstrato. 
A diferença entre normas de reprodução e de imitação é que, no primeiro caso, as 
normas decorrem do caráter compulsório da norma constitucional superior. Na última situação, as 
normas exprimem cópia de técnicas ou de institutos, por influência ou sugestão exercida pelo 
modelo superior, traduzindo uma adesão voluntária do constituinte a uma determinada disposição 
constitucional. 
Horta (2010, p. 254), em sua obra Direito Constitucional, distingue Constituição Total da 
Constituição Federal: aquela é segmento desta última e aglutina as normas centrais que devem ser 
observadas pelas Constituições Estaduais. Essas normas centrais podem ser definidas como normas 
de reprodução obrigatória ou compulsória pelos Estados e foram assim exemplificadas pelo autor: 
a) Normas dos direitos e garantias fundamentais; 
 
b) Normas de repartição de competências; 
 
c) Normas dos direitos políticos; 
 
d) Normas de preordenação dos poderes dos Estados; 
 
e) Normas dos princípios constitucionais enumerados, previstos no art. 34, VII, “a-e”; 
 
f) Normas da administração pública; 
 
g) Normas de garantias do Poder Judiciário e do Ministério Público; 
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 21 
 
h) Normas estabelecidas como “princípios gerais do direito tributário” e as de 
“limitação e instituição do poder tributário”; 
 
i) Normas contidas no capítulo sobre os “princípios gerais da atividade econômica”; 
 
j) Normas da Ordem Social. 
De outra parte, a previsão expressa para que os Estados-membros instituam o controle 
nesse modelo consta do art. 125, § 2º da Constituição Federal, nos seguintes termos: 
Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis 
ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, 
vedada a atribuição da legitimação para a agir a um único órgão.
11
 
 
É importante destacar que embora o Texto Constitucional tenha expressamente 
autorizado tão somente a criação pelos Estados de Ação Direta de Inconstitucionalidade e previsto a 
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva, nos termos do art. 35, inciso IV, a doutrina 
majoritária manifesta no sentido de que poderão eles instituir, também, as demais ações no modelo 
concentrado/via principal de controle de constitucionalidade, ou seja, a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) e a 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), em homenagem ao princípio da 
simetria, que vigora na Federação brasileira. 
 
2.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
2.3.1 Conceito 
A ação direta de inconstitucionalidade – ADI é a ação típica do modelo brasileiro de 
controle concentrado na via principal, tendo por escopo a defesa da ordem jurídica, mediante a 
apreciação, na esfera federal, da constitucionalidade, em tese, de lei ou ato normativo federal ou 
estadual em face da Constituição Federal. Nos termos do art. 102, I, “a”, da Constituição Federal: 
Compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, 
originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal ou estadual em face da Constituição Federal. 
 
 
11
 A Constituição do Estado de Goiás prevê os seguintes instrumentos para o controle de constitucionalidade: 
a) quanto ao controle concentrado, na via principal: ação direta de inconstitucionalidade e ação 
declaratória de constitucionalidade (art. 60, caput, e art. 46, VIII, “a”); ação direta de inconstitucionalidade 
por omissão (art. 60, § 2º); e representação interventiva (art. 46, VIII, “b”); b) quanto ao controle difuso, na 
via incidental: art. 11, XXIV, cuja redação é a seguinte: “compete exclusivamente à Assembleia Legislativa: 
[...] suspender, no todo ou em parte, a execução de leis estaduais e municipais declaradas inconstitucionais 
por decisão definitiva do Tribunal de Justiça”; e mandado de injunção (art. 46, VIII, “l”). 
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 22 
Nesta ação, a inconstitucionalidade da lei é declarada em tese, vale dizer, sem que esteja 
sob apreciação qualquer caso concreto, já que o objeto da ação é justamente o exame da validade da 
lei ou ato normativo em si. 
A função precípua da ação direta de inconstitucionalidade é a defesa da ordem 
constitucional, possibilitando a retirada da lei ou ato normativo inconstitucional do sistema 
normativo. Desta feita, o autor da ADI não atua na qualidade de alguém que postula interesse 
próprio, pessoal, mas, sim, na condição de defensor do interesse coletivo, traduzido na preservação 
da higidez do ordenamento jurídico. 
Em suma: 
A ADI TRATA DE AÇÃO INSERIDA NO CONTROLE CONCENTRADO/VIA PRINCIPAL DE NORMAS, CUJA 
FINALIDADE É A DEFESA DA CONSTITUIÇÃO, DA HARMONIA DO SISTEMA JURÍDICO, COM O FIM DE 
EXPELIR DO ORDENAMENTO JURÍDICO AS LEIS OU ATOS NORMATIVOS INCOMPATÍVEIS COM A 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
 
2.3.2 Legitimação Ativa 
Ao contrário do modelo incidental, em que qualquer interessado pode suscitar a 
controvérsia constitucional relacionada a um caso concreto discutido em juízo, no controle via ação 
direta o direito de propositura é limitado aos órgãos ou entidades constitucionalmente legitimados. 
O legislador constituinte de 1988 substituiu o sistema anterior, que confiava o direito de 
propositura de ADI exclusivamente ao Procurador-Geral da República, por um sistema de grande 
legitimação, outorgando o direito de propositura a diferentes órgãos do Poder Público e da 
sociedade. 
Nos termos do art. 103, são legitimados para propor ADI (e também para a ação direta 
de inconstitucionalidade por omissão, para a ação declaratória de constitucionalidade e para a 
arguição de descumprimento de preceito fundamental) perante o Supremo Tribunal Federal: 
I – o Presidente da República; 
II – a Mesa do Senado Federal; 
III – a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI – o Procurador-Geral da República; 
VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII – o partido político com representação no Congresso Nacional; 
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 23 
IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.12 
Registre-se, inicialmente, que somente o partido político com representação no 
Congresso Nacional (inciso VIII) e Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional 
(inciso IX) necessitam de advogado para a propositura das ações do controle abstrato. Os demais 
legitimados podem propor diretamente as ações sem nenhuma representação, podendo praticar 
todos os atos ordinariamente privativos de advogados, ou seja, possuem capacidade processual 
plena e capacidade postulatória. 
Nada impede, entretanto, que um legitimado opte pela propositura da ação mediante 
representação advocatícia própria (o Presidente da República poderá fazê-lo por intermédio do 
Advogado-Geral da União; o Governador, por intermédio do Procurador-Geral do Estado). Contudo, 
nesse caso, o Supremo Tribunal Federal exige a outorga de procuração específica, isto é, uma nova 
procuração a cada ação proposta, autorizando a impugnação dos dispositivos especificados. 
Para o partido político ter legitimidade ativa para instauração da ADI perante o STF, 
basta que tenha um representante em uma das Casas do Congresso Nacional. Consoante a 
jurisprudência do STF, a aferição da legitimidade deve ser feita no momento da propositura da ação 
e a perda superveniente de representação do partido político no Congresso Nacional não prejudicará 
a apreciação da ADI. Ademais, é suficiente a decisão do Presidente do partido, não havendo 
necessidade de manifestação do diretório partidário. 
Atualmente, ao contrário da jurisprudência anterior da Corte Suprema, associações de 
âmbito nacional que congregam exclusivamente pessoas jurídicas, as denominadas “associações de 
associações”, têm legitimidade ativa para instaurar a ADI perante o STF, como entidades de classe. 
Somente a confederação sindical tem legitimidade para propor a ADI, não alcançando os 
sindicatos, as federações e as centrais sindicais. 
Em razão da ampliação dos seus legitimados, provocando um aumento significativo de 
ADI’s perante o STF, esse órgão passou, em relação a certos legitimados, a estabelecer algumas 
restrições ao direito de propositura dessa ação, exigindo a demonstração de interesse de agir, isto é, 
a demonstração da denominada “pertinência temática”. Significa dizer, deve haver pertinência 
temática entre o conteúdo do ato normativo impugnado e as funções ou atividades do legitimado. 
Assim, a jurisprudência do STF diferenciou dois grupos distintos de legitimados: 
a) Legitimados universais: são aqueles que podem impugnar em ADI qualquer matéria,sem necessidade de demonstrar qualquer interesse específico. São eles: Presidente 
da República, as Mesas da Câmara e do Senado, o Procurador-Geral da República, o 
Conselho Federal da OAB e os partidos políticos com representação no Congresso 
Nacional; 
b) Legitimados especiais: são aqueles que somente poderão impugnar em ADI matérias 
em relação às quais seja comprovado o seu interesse de agir, isto é, a relação de 
 
12
 Entidade de classe deve ser entendida como categoria profissional. 
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 24 
pertinência entre o ato impugnado e as funções exercidas pelo órgão ou entidade. 
São eles: as confederações sindicais, as entidades de classe de âmbito nacional, as 
Mesas das Assembleias Legislativas dos Estados ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal e os Governadores dos Estados e do Distrito Federal. 
Assim, os legitimados ativos podem ser esquematizados – conforme quadro abaixo –, 
lembrando que toda autoridade federal será legitimada ativa universal e toda autoridade estadual 
será legitimada ativa especial: 
 PODER 
EXECUTIVO 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
PODER 
LEGISLATIVO 
OUTROS 
 
LEGITIMADOS 
UNIVERSAIS 
 
Presidente da 
República 
 
PGR 
Mesa da Câmara 
dos Deputados e do 
Senado Federal 
Partido Político 
com representação 
no CN; Conselho 
Federal da OAB. 
 
LEGITIMADOS 
ESPECIAIS 
 
Governador de 
Estado e do DF 
 
- x - 
Mesa da Assembleia 
Legislativa e da 
Câmara Legislativa 
(DF) 
Confederação 
Sindical; Entidade 
de Classe de âmbito 
Nacional. 
 O Vice-Presidente da República ou o Vice-Governador só possuirão legitimidade se 
estiverem no exercício do cargo de titular. 
 A Mesa do Congresso Nacional não possui legitimidade ativa. 
 
2.3.3 Objeto 
Somente podem ser objeto de ADI perante o STF leis e atos normativos federais, 
estaduais ou do Distrito Federal, neste último caso, desde que editados no desempenho de sua 
competência estadual. 
O direito municipal (Lei Orgânica e atos normativos municipais) não pode ser impugnado 
em sede de ADI. O direito municipal somente poderá ser declarado inconstitucional pelo STF no 
âmbito do controle difuso/via incidental, quando uma controvérsia concreta chega ao Tribunal por 
meio do Recurso Extraordinário, ou, excepcionalmente, por meio de ADPF – arguição de 
descumprimento de preceito fundamental.13 
Consoante jurisprudência do STF, para que uma norma possa ser objeto de ADI, deverá 
satisfazer, cumulativamente, aos seguintes requisitos: 
a) Ter sido editada na vigência da atual Constituição; 
b) Ser dotada de abstração, generalidade ou normatividade; 
 
13
 Remete-se à importância da leitura do item 2.2 deste texto acerca das leis municipais. 
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 25 
c) Possuir natureza autônoma (não meramente regulamentar); e 
d) Estar em vigor. 
Nos parágrafos seguintes, são comentados, de forma mais detalhada, os requisitos 
supratranscritos. 
Normas editadas sob a vigência da CF/88: o STF não admite a impugnação do direito 
pré- constitucional, editado sob a égide de Constituições pretéritas, mediante a ADI. O direito pré-
constitucional pode ter a sua validade aferida frente a CF/88, para o fim do reconhecimento de sua 
recepção ou revogação por esta, somente no âmbito do controle difuso, diante de casos concretos, 
ou mediante controle concentrado/via principal, em sede de ADPF, mas não em ADI. 
Atos que possuam normatividade: somente podem ser impugnados mediante ADI 
perante o STF atos normativos que se caracterizam por generalidade e abstração (aplicam-se a um 
número indefinido de pessoas e de casos, todos quantos se enquadrem na situação hipotética 
abstratamente descrita no ato normativo. Assim, a generalidade relaciona-se com “pessoas” e a 
abstração refere-se a “situações”). Logo, se os atos são de efeitos individuais e concretos, não 
poderão ser impugnados mediante ADI. 
Atos que possuam natureza autônoma: somente podem ser impugnados mediante ADI 
as leis e atos normativos que possuem caráter autônomo, que desrespeitem diretamente a CF. Não 
se admite a impugnação em ADI de normas que afrontem a Constituição de modo indireto, reflexo, 
isto é, dos denominados “atos regulamentares”, pois aí ocorrerá conflito de legalidade. Entretanto, 
se é editado um decreto de natureza autônoma, para disciplinar indevidamente matéria reservada à 
lei, este decreto poderá ser impugnado em ADI, haja vista tratar-se, na realidade, de norma 
materialmente primária. 
Normas devem estar em vigor: somente podem ser objeto de ADI leis e atos normativos 
que integrem o ordenamento jurídico, ainda que durante o prazo de vacatio legis (prazo entre a 
publicação da lei e sua entrada em vigor). Quando se propõe uma ADI contra ato já revogado ou que 
já tenha esgotado os seus efeitos, a ação não é conhecida, por ausência de objeto. Por outro lado, 
se a ação é proposta com o ato em vigor, mas antes do julgamento ocorre a sua revogação ou o 
esgotamento de seus efeitos, a ação direta, embora conhecida, é prejudicada (encerramento do 
processo sem julgamento do mérito), por perda do objeto. Neste último caso, admite-se uma única 
ressalva, ou seja, a revogação da lei impugnada quando já em pauta para julgamento a ADI não 
subtrai à Corte a competência para examinar a constitucionalidade da norma até então vigente. 
Em resumo, as seguintes normas podem ser impugnadas em ADI perante o STF: a) 
emendas à CF; b) constituição dos Estados (normas originárias ou derivadas); c) tratados e 
convenções internacionais incorporados no direito brasileiro; d) demais normas primárias federais, 
estaduais e distritais (somente se editadas no desempenho de sua competência estadual); e) 
medidas provisórias (antes de sua apreciação pelo Poder Legislativo, ou seja, antes de sua conversão 
ou não em lei); f) decretos autônomos; g) regimentos internos (normas elaboradas, com fundamento 
em autorização constitucional); h) resoluções do CNJ e do CNMP. 
Sobre lei ou ato normativo municipal que contrariar a CF não incide controle 
concentrado por meio de ADI genérica a ser julgada pelo STF, só mediante o controle de 
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 26 
constitucionalidade difuso. Conforme será visto, há a possibilidade de ajuizamento da ADPF tendo 
por objeto lei municipal confrontada perante a CF e sendo julgada originariamente pelo STF.14 
 
2.3.3.1 Simultaneidade de Ações Diretas de Inconstitucionalidade em relação às Leis 
Estaduais – Simultaneus processus 
As leis estaduais, em se tratando de controle concentrado na via principal, conforme 
estudado, sofrem dupla fiscalização, tanto por meio de ADI no TJ, e tendo como parâmetro a CE (ou a 
própria CF, nas hipóteses de normas de reprodução obrigatória), como perante o STF, tendo como 
parâmetro a CF. 
Isso significa que a mesma lei estadual poderá ser objeto de controle concentrado no TJ 
e no STF. Se isso acontecer, estar-se-á diante do fenômeno da simultaneidade de ações diretas de 
inconstitucionalidade, também denominado simultaneus processus. 
Nesta situação, em sendo o mesmo objeto, ou seja, a mesma lei estadual, assim como o 
parâmetro estadual de confronto, norma de reprodução obrigatória prevista na CF, o controle 
estadual deverá ficar suspenso, em razão da causa de suspensão prejudicial do referido processo, 
aguardando o resultado do controle federal, já que o STF é o intérprete máximo da Constituição. 
Verificado o presente fenômeno, as seguintes hipóteses poderão surgir a partir da

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