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Marketing e Comportamento do Consumidor Professor Rodrigo Médici Cândido 2 BLOCO 5. GESTÃO DE VENDAS E DE MARCAS 5.1 Apresentação Nenhuma empresa sobrevive sem vender e, por isso, é fundamental estruturar a empresa para que o gerenciamento da área de vendas aconteça. A atividade de vendas é uma das mais antigas da história da humanidade e uma das mais desafiadoras. Não há um modelo único de atuação ou uma abordagem que se aplica a qualquer tipo de empresa. Cada negócio tem a sua particularidade e o ponto essencial é o entendimento de todas as forças de uma empresa, para que o conjunto se sobressaia e ela consiga criar valor para o cliente. A gestão de vendas é mais do que cuidar de vendedores e engloba a definição de estratégias, metas e premiações. Envolve, ainda, uma visão sistêmica de atuação, em conjunto com as áreas de marketing, administrativa, compras e recursos humanos, por exemplo. Não se pode desprezar o poder de uma marca, tampouco das tecnologias que vêm revolucionando o modelo de atuação das empresas no país e no mundo. 5.2 Administração de vendas Todas as empresas, independentemente de sua área de atuação, setor, porte ou classificação, possuem uma característica em comum: a busca por lucros. O lucro é o oxigênio das empresas, não há como sobreviver sem ele. Diariamente, as empresas estão perseguindo os seus objetivos, atingindo metas e buscando o crescimento, ou, pelo menos, a sua manutenção no mercado. Cada negócio é um negócio e possui as suas particularidades e desafios a serem superados, só obtidos com os seus recursos. Quanto mais bem utilizados os recursos, sejam eles financeiros, estruturais ou humanos, melhor o resultado de uma empresa. Todos os recursos possuem a sua importância e devem ser organizados de forma integrada, mas o destaque deve ser dado aos recursos humanos. As empresas para existirem precisam de pessoas, e só o farão se conseguirem vender a sua produção ou os seus serviços. Logo, percebe-se a importância do departamento de 3 vendas e de toda a equipe que o compõe, bem como a sua gestão. De acordo com Chiavenato (2014), a gestão de vendas engloba planejamento, organização, direção e controle das atividades de vendas, desde o recrutamento, a seleção e o treinamento até a remuneração e a previsão de vendas. Como cada empresa possui uma estrutura organizacional, o conceito e a abrangência da gestão de vendas dependerá do seu tamanho, dos produtos ou serviços oferecidos, do mercado coberto e da organização e cultura interna. A gestão de vendas é um processo e depende de liderança. Nesse sentido, o gestor de vendas assume a posição de colocar os produtos e serviços de sua empresa no mercado, sendo o responsável por entregar o valor desejado pelo cliente. Escrito de outra forma, o gestor de vendas é o intermediário entre a empresa e o cliente, e ocupa posição de destaque. Além de fazer a gestão de sua equipe, o gestor de vendas ainda deve identificar o nível de influências internas e externas que o departamento recebe. Conforme pontua Las Casas (2012), as influências internas estão relacionadas com o composto de marketing, recursos da companhia e atitude da administração. As influências externas são representadas pelo acirramento da concorrência, surgimento de novos produtos ou serviços, intermediários, agências do governo, sindicatos, fornecedores e economia de modo geral (taxa de juros, inflação e renda per capita). A administração de vendas torna-se, então, fundamental para a garantia de bons resultados e interação efetiva com o cliente, ao avaliar as suas necessidades, oferecer informações, sugerir produtos ou serviços adequados e oferecer serviços de pós- venda, com o objetivo de fidelizar o cliente. 5.3 Gestão da equipe de vendas De acordo com Futrell (2014), os profissionais de vendas estão envolvidos em uma carreira respeitável, desafiadora e recompensadora e representam uma força dinâmica no mundo empresarial em nível nacional e global. São altamente orientados à busca por resultados, por atingir metas, superar expectativas, trabalhar em equipe, desempenhar um papel de consultor, além de vendedor. Uma equipe de vendas necessita de planos, estratégias e táticas que permitam que a empresa alcance seus 4 objetivos de vendas. Contudo, de nada adianta ter um direcionamento sem orientação ou ter pessoas desmotivadas e sem propósito nas equipes. Cabe então, ao líder, essa função de organização, orientação, montagem de equipes vencedoras, treinamento e motivação. As equipes de vendas devem se enquadrar na estrutura organizacional, a partir daquela que a administração considera a mais adequada. Um departamento de vendas, de acordo com Las Casas (2012), pode ser estruturado por território, por clientes, por produtos ou por um misto dessas formas. Na organização de vendas por território, leva-se em consideração a divisão geográfica. As unidades são determinadas considerando uma cidade, uma região, um estado ou qualquer outra forma de divisão territorial. Em geral, a divisão territorial envolve controles de vendas realizados por um gerente regional. Aos vendedores, são atribuídos territórios específicos, com responsabilidade pelo desempenho local. A forma de organização por clientes é mais indicada quando uma empresa atua em ambiente onde os clientes apresentam diferenças em suas necessidades de consumo. Nesse caso, atribui-se um certo número de clientes aos vendedores, que ficam responsáveis por seu atendimento e venda. As empresas que comercializam muitos produtos costumam organizar sua equipe de vendas por produto. Com essa forma de administração, são indicados alguns administradores e vendedores para cada linha de produtos, devido às suas diferenças técnicas. Isso poderá exigir atendimentos e conhecimentos específicos, o que fará com que os vendedores e administradores tornem-se especialistas. Independentemente da forma pela qual a equipe seja estruturada, os administradores não podem deixar de acompanhar o trabalho realizado e, por vezes, proceder com alterações, se necessário, para adequar-se à realidade apresentada no momento. O controle é fundamental para o sucesso e perenidade de equipes de vendas e, consequentemente, para as organizações. SAIBA MAIS Os vendedores são cobrados frequentemente e constantemente, devendo reportar seu desempenho à gestão. Ao mesmo tempo que a atividade de vendas é desafiadora, 5 respeitável e recompensadora, também pode se tornar muito estressante, em parte por culpa do gestor, que pode estipular metas elevadas e inatingíveis ou remunerações sem critério, em parte por culpa do próprio vendedor, suscetível às suas emoções. No artigo disponibilizado, um professor-consultor compartilha a sua experiência e seus estudos, demonstrando como um sistema de remuneração e de metas justo pode reter e atrair talentos. Artigo: Como motivar de verdade seus vendedores Disponível em: http://hbrbr.uol.com.br/como-motivar-de-verdade-seus-vendedores/ (Publicado em: 6 maio 2015. Acesso em: 21 set. 2018) 5.4 Gestão de indicadores comerciais Todas as organizações precisam controlar e avaliar os seus resultados. O controle só pode ser realizado se houver um planejamento, para que as comparações entre planejado e realizado possam acontecer. Nesse sentido, a medição de desempenho, mais do que uma mera formalidade, constitui-se uma rica fonte de informação de orientação estratégica, pois permitirá à organização entender o que está ocorrendo e, na sequência, dar origem às ações de gerenciamento compatíveis. Tudo o que foi planejado é possível de ser avaliado. Cada área da empresa pode possuir uma série de indicadores. Para o gestor de vendas, o indicador mais importante é aquele que se refere à análise de vendas. Nesse sentido,é possível avaliar os resultados gerais, por vendedores, por equipes, por regiões, por produtos, por tipo de clientes, pedidos não atendidos, margem bruta, índice de visitação, fechamento de vendas, concentração de vendas e descontos médios praticados, entre outros. Ao analisar as vendas, o gestor pode e deve comparar os resultados atuais com os resultados esperados. Para Futrell (2014), a avaliação de desempenho “é essencial para que a empresa permaneça no negócio e o profissional de vendas atinja suas metas pessoais” (Futrell, 2014). Nesse sentido, a avaliação de desempenho, além de servir para avaliar o desempenho passado, serve para desenvolver um plano de vendas a fim de aumentar suas vendas futuras e para motivar os vendedores a melhorar seu desempenho. 6 5.5 E-commerce O e-commerce, termo em inglês que significa comércio eletrônico, é um tipo de comércio que consiste na realização de transações por intermédio dos meios eletrônicos. Esse tipo de comércio é muito representativo e o desenvolvimento da internet fez com que esse setor fosse visto como um terreno fértil a ser explorado pelo setor corporativo. No Brasil, o comércio eletrônico cresce a cada ano e, de acordo com Turchi (2018), em análise da 35a. edição do Relatório Webshoppers, divulgado pelo Ebit 2017, o setor faturou R$ 44,4 bilhões em 2016, o que coloca o país como líder do e- commerce na América Latina, em termos de faturamento. Contudo, o setor no país ainda tem muito a crescer, principalmente pela contínua entrada de consumidores das classes chamadas de “baixa renda”. Não à toa, muitas empresas que ainda não atuam no e-commerce, atentas ao mercado e ao ambiente geral, estão destinando elevados investimentos para a atuação nesse tipo de comércio, que vêm se desenvolvendo com novos aplicativos e tecnologias. As empresas que já atuam continuam a destinar recursos para esse canal de venda, captando as tendências do setor e a mudança das necessidades do consumidor. SAIBA MAIS A opção de atuar no comércio eletrônico não é simples. O planejamento e a adequação estrutural são fundamentais para que a empresa consiga alcançar clientes e para que não caia em descrédito, no caso de alguma falha. A Netshoes, gigante mundial do comércio eletrônico, iniciou suas atividades físicas no ano 2000. Apenas dois anos depois iniciou as suas vendas no e-commerce e enfrentou muitas dificuldades. Durante dois meses, a empresa não conseguiu efetuar nenhuma venda. Apesar disso, os sócios não desanimaram e, em 2012, o faturamento da empresa ultrapassou R$ 1,2 bilhões. Confira uma entrevista com Bruno Couto, head de Marketing e Comunicação da Netshoes, no vídeo disponibilizado a seguir. Vídeo: Netshoes: a gigante do e-commerce [CT Entrevista] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oa6xW0MWYxM (Publicado em: 3 out. 2016. Acesso em: 21 set. 2018) 7 5.6 Estratégias de marca De acordo com Aaker (2011), a competição em mercados existentes pode ocorrer a partir da conquista de preferência de marca ou pelo fato de tornar os concorrentes irrelevantes. A primeira opção é a maneira mais utilizada pelas empresas, que enfocam na geração de preferência de marca entre as escolhas de marca consideradas pelos clientes. A conquista de preferência de marca não ocorre de uma hora para outra e é preciso muito esforço da administração para fidelizar os consumidores. Esse esforço pode ser traduzido por inovações constantes em linhas de produtos e serviços, inovações nas estratégias de marketing, que podem estar relacionadas a preço, promoção ou distribuição. O segredo está na melhoria contínua e no oferecimento de produtos ou serviços de acordo com as necessidades dos clientes. Mais do que satisfazer necessidades, é preciso encantar os clientes, criar valor efetivamente, diferenciando-se da concorrência. Diante de um cenário cada vez mais competitivo e global, as empresas que não estabelecerem estratégias de diferenciação enfrentarão sérios problemas. Passa a ser pressuposto básico criar um vínculo com o consumidor, estabelecer uma relação emocional que se traduza em vantagem competitiva e maiores lucros. Investir na marca não é desperdício: pessoas se apaixonam pelas marcas, confiam nelas e na sua superioridade. Conforme demonstra Wheeler (2012), “uma marca possui várias pontos de contato com o cliente e cada ponto é uma oportunidade para aumentar a consciência de marca e promover a fidelidade do cliente” (WHEELER, 2012). O momento da venda é apenas um desses pontos e possuir uma equipe altamente capacitada e motivada, ciente de seu propósito, não é condição única diferenciadora de marca. Também constituem pontos de contato: propaganda, experiências, site, newsletters, sinalização, embalagens, cartão de visita, exposições, publicações, boca a boca, feiras de negócios, mídias sociais, palestras, entre outros. A marca precisa ter identidade, que seja tangível e apele para os sentidos. Ela amplia o reconhecimento, a diferenciação e faz parte da gestão de marcas. A gestão de marcas 8 desenvolve a conscientização e amplia a fidelidade do cliente e os responsáveis devem aproveitar todas as oportunidades para expressar por que as pessoas deveriam escolher uma marca e não outra (WHEELER, 2012). Conclusão O desafio das empresas em se manterem no mercado é grande. Com a densidade concorrencial e heterogeneidade de estratégias, estabelecer planos de diferenciação é condição necessária para o sucesso de qualquer estratégia de marketing. A diferenciação pode vir da força de uma marca, dos seus canais de distribuição ou de sua força de vendas, que requer líderes, mais do que chefes, que saibam lidar com pessoas e desafios. Referências AAKER, D. A. Relevância de marca: como deixar seus concorrentes para trás. Porto Alegre: Bookman, 2011. CHIAVENATO, I. Gestão de vendas: uma abordagem introdutória: transformando o profissional de vendas em um gestor de vendas. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. FUTRELL, C. M. Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. LAS CASAS, A. L. Administração de vendas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. TURCHI, S. R. Estratégias de marketing digital e e-commerce. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. WHEELER, A. Design de identidade da marca: guia essencial para toda a equipe de gestão de marcas. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.