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1 - Concurso de pessoas

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1. CONCURSO DE PESSOAS 
 
 O concurso de pessoas abrange a coautoria e a participação. 
 
1.1. Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas: 
a) Monossubjetivos ou de concurso eventual: são aqueles que podem ser cometidos 
por um ou mais agentes. São a maioria dos crimes: furto, roubo, homicídio etc. 
b) Plurissubjetivos ou de concurso necessário: são aqueles que só podem ser 
praticados por uma pluralidade de agentes em concurso. É o caso da associação 
criminosa, da rixa etc. 
b.1. de condutas paralelas: as condutas auxiliam-se mutuamente, visando à produção 
de um resultado comum. Ex.: associação criminosa - art. 288 do CP. 
b.2. de condutas convergentes: as condutas tendem a encontrar-se, e desse encontro 
surge o resultado. Ex.: o revogado crime de adultério - art. 240 do CP. 
b.3. de condutas contrapostas: as condutas são praticadas umas contra as outras. Os 
agentes são, ao mesmo tempo, autores e vítimas. Ex.: rixa - art. 137 do CP. 
 
1.2. Espécies de concurso de pessoas 
a) concurso necessário: refere-se aos crimes plurissubjetivos, os quais exigem o 
concurso de pelo menos duas pessoas. A coautoria é obrigatória, podendo haver ou não 
a participação de terceiros. Ex.: a rixa só pode ser praticada em coautoria por três ou 
mais agentes. Mas, além deles, pode ainda um terceiro concorrer para o crime, na 
qualidade de partícipe, criando intrigas, alimentando inimizades etc. 
b) concurso eventual: refere-se aos crimes monossubjetivos, que podem ser praticados 
por um ou mais agentes. Quando cometidos por duas ou mais pessoas em concurso, 
haverá coautoria ou participação. 
 
1.3. Conceito de autoria 
a) Teoria unitária: todos são considerados autores, não existindo a figura do partícipe 
(arrima-se na teoria da conditio sine qua non). É adotada na Itália. Essa era a posição 
adotada no CP de 1940. No Direito alemão é adotada para os crimes culposos. 
b) Teoria extensiva: também toma por base a teoria da equivalência dos antecedentes 
causais e não faz distinção entre coautores e partícipes. Todos são autores, mas admite 
causas de diminuição de pena, diferenciando graus de autoria. Aceita uma autoria 
mitigada (forma de participação mascarada), que é aquela em que se aplicam as causas 
de redução de pena, em face da menor importância da conduta. Existe a figura do autor 
e a do cúmplice (autor menos relevante). 
c) Teoria restritiva: faz diferença entre autor e partícipe. Para ela, autor será: 
 - Teoria ou critério objetivo-formal: somente é autor aquele que pratica o 
verbo, isto é, o núcleo do tipo legal. É quem realiza a conduta principal, ou seja, aquela 
descrita no tipo penal (o que mata, subtrai, obtém vantagem ilícita, constrange etc). Por 
sua vez, partícipe é aquele que, sem realizar a conduta principal (o verbo), concorre para 
o resultado. Assim, o mandante de um crime não é considerado seu autor, visto que não 
lhe competiram os atos de execução do núcleo do tipo. O "autor intelectual", aquele que 
planeja toda a empreitada delituosa, não é autor, mas partícipe, na medida em que não 
executa materialmente a conduta típica. Logo, se um agente segura a vítima enquanto 
outro com ela mantém conjunção carnal, ambos devem ser considerados autores de 
estupro, já que a figura típica do art. 213 do CP tem como núcleo a conduta 
"constranger" (forçar a vítima a ter conjunção carnal ou a praticar outro ato libidinoso), 
e não a de "manter conjunção carnal". Apesar de haver críticas a tal critério, como o fato 
de um chefe de uma organização criminosa ser considerado apenas partícipe de um 
crime, ele oferece segurança jurídica e está de acordo com a reserva legal.. 
 - Teoria ou critério objetivo-material: autor não é aquele que realiza o verbo 
do tipo, mas a contribuição objetiva mais importante. Causa insegurança jurídica, pois o 
que é "contribuição objetiva mais importante? Não é adotado. 
 - Teoria do domínio do fato: partindo da teoria restritiva, adota um critério 
objetivo-subjetivo, segundo o qual autor é aquele que detém o controle final do fato, 
dominando toda a realização delituosa, com plenos poderes para decidir sobre sua 
prática, interrupção e circunstâncias. Por isso, o mandante embora não realize o núcleo 
da ação típica, deve ser considerado autor, uma vez que detém o controle final do fato 
até a sua consumação, determinando a prática delitiva. O "autor intelectual" de um 
crime é, de fato, considerado seu autor, pois não realiza o verbo do tipo, mas planeja 
toda a ação delituosa, coordena e dirige a atuação dos demais. Assim, autor é quem 
dirige a ação, tendo o completo domínio sobre a produção do resultado, enquanto 
partícipe é um simples concorrente acessório. Do mesmo modo, não deixa de ser autor 
quem se serve de outrem, não imputável, para a prática de fato criminoso, porque é ele 
quem conserva em suas mãos o comando da ação criminosa. 
 A teoria do domínio do fato é adotada por: Damásio, LFG, Luis Regis Prado, 
Cezar Bitencourt, Pierangeli, Alberto Silva Franco etc. Ela não exclui a restritiva, mas é 
um complemento. 
 A base do domínio do fato está no finalismo, na medida em que é autor aquele 
que detém o controle final do fato. Para Jescheck, situa-se entre a extensiva e o critério 
formal-objetivo, pois combina elementos objetivos (prática de uma conduta relevante) 
com subjetivos (vontade de manter o controle da situação até a eclosão do resultado). É, 
por conseguinte, uma teoria objetivo-subjetiva. 
 
 Posição do professor Capez: adota a teoria restritiva e dentro dela o critério 
formal-objetivo, ainda que padecendo de certas deficiências, é o que mais respeita o 
princípio da reserva legal. A conduta principal é aquela que o tipo elegeu para descrever 
como crime. Assim, a realização do verbo da conduta típica é, por opção político-
criminal da sociedade, a ação considerada principal. Todas as demais, incluídas aí, a 
autoria intelectual, a do mandante, a do instigador ou indutor etc, por mais importantes 
que se revelem, são acessórias e devem, por isso, ser consideradas modalidades de 
participação. A teoria do domínio do fato não explica satisfatoriamente o concurso de 
agentes no crime culposo, pela prosaica razão de que, neste delito, o agente não quer o 
resultado, logo, não pode ter domínio final sobre algo que não deseja. Assim, será autor 
aquele que realizar o verbo do tipo culposamente, isto é, com imprudência, negligência 
ou imperícia, e partícipe, o que tiver concorrido com culpa, sem, no entanto, realizar o 
verbo do tipo. Ex.: o motorista imprudente atropela e mata um pedestre. Ele é autor, 
pois foi ele quem matou a vítima. O acompanhante que, ao lado, o excitava, instigando-
o a imprimir maior velocidade, é o partícipe. Convém notar que nenhum deles detinha o 
domínio final do fato. 
 
Formas de concurso de pessoas 
a) Coautoria: todos os agentes, em colaboração recíproca e visando ao mesmo fim, 
realizam a conduta principal. Ocorre a coautoria, portanto, quando dois ou mais agentes, 
conjuntamente, realizam o verbo do tipo. "A coautoria é, em última análise, a própria 
autoria. Funda-se ela sobre o princípio da divisão do trabalho; cada autor colabora com 
sua parte no fato, a parte dos demais, na totalidade do delito e, por isso, responde pelo 
todo" (Hans Welzel). A contribuição dos coautores no fato criminoso não necessita, 
contudo, ser materialmente a mesma, podendo haver uma divisão dos atos executivos. 
Ex.: no delito de roubo, um dos coautores emprega violência contra a vítima e o outro 
retira dela um objeto; no estupro, um constrange, enquanto o outro mantém conjunção 
carnal. 
 O coautor que concorre na realização do tipo também responderá pela 
qualificadora ou agravante de caráter objetivo quando tiver consciência desta e aceitá-la 
como possível. 
 Coautoria em crime omissivo próprio: 
 1ª corrente - não cabe, assim se duas pessoas deixarem de prestar socorro a uma 
pessoa ferida, podendo cada uma delas fazê-lo sem risco pessoal, ambas cometerão 
crime de omissão de socorro, isoladamente. Isso porquequem se omite nada faz e, 
portanto, em nada fazendo, não pode realizar a conduta principal. O que ocorre é a 
imputação jurídica do resultado àqueles que, tendo o dever jurídico de agir, se omitiram. 
 2ª corrente - é possível, desde que haja adesão voluntária de uma conduta a 
outra. Ausente o elemento subjetivo, cada agente responderá autonomamente pelo delito 
de omissão de socorro. 
 
b) Participação: partícipe é quem concorre para que o autor ou coautores realizem a 
conduta principal, ou seja, aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre 
de algum modo para a produção do resultado. Assim, o agente que exerce vigilância 
sobre o local para que seus comparsas pratiquem o delito de roubo é considerado 
partícipe. 
 Dois aspectos definem a participação: a) a vontade de cooperar com a conduta 
principal, mesmo que a produção do resultado fique na inteira dependência do autor; b) 
cooperação efetiva, mediante uma atuação concreta acessória da conduta principal. 
 
Síntese: autor é aquele que realiza a ação nuclear do tipo (o verbo), enquanto partícipe é 
quem, sem realizar o núcleo (verbo) do tipo, concorre de alguma maneira para a 
produção do resultado ou para a consumação do crime. 
 
Natureza jurídica do concurso de agentes 
a) Teoria unitária ou monista: todos os que contribuem para a prática do delito 
cometem o mesmo crime, não havendo distinção quanto ao enquadramento típico entre 
autor e partícipe. Todos respondem por um único crime. 
b) Teoria dualista: há dois crimes, um cometido pelos autores e um outro pelo qual 
respondem os partícipes. 
c) Teoria pluralista ou pluralística: cada um dos participantes respondem por delito 
próprio, havendo uma pluralidade de fatos típicos, de modo que cada partícipe será 
punido por um crime diferente. 
 
Teoria adotada quanto à natureza do concurso de pessoas: o CP adotou a teoria 
unitária ou monista, determinando que coautores e partícipes respondam por um único 
delito. Diz o art. 29, caput: "Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade". 
Exceções pluralísticas ou desvio subjetivo de conduta: a teoria pluralista foi adotada, 
como exceção, no §2º do art. 29 do CP, que dispõe: "Se algum dos concorrentes quis 
participar de crimes menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste...". Isso visa evitar a 
responsabilidade objetiva. É o caso do motorista que conduz larápios a uma residência 
para o cometimento de um furto. Enquanto aguarda no carro, os executores ingressam 
no local e, além de furtar, estupram uma pessoa. O partícipe responderá apenas pelo 
furto. Mas, se o resultado mais grave for previsível, a penas poderá ser aumentada até a 
metade (mas o delito continuará o mesmo). 
Outras exceções pluralísticas em que o partícipe responde como autor de crime 
autônomo: o provocador do aborto responde pela figura do art. 126 do CP, ao passo 
que a gestante que consentiu as manobras abortivas, em vez de ser partícipe, responde 
por crime autônomo (art. 124); na hipótese de casamento entre pessoa já casada e outra 
solteira, respondem os agentes, respectivamente, pelas figuras tipificadas no art. 235, 
caput, e §1º, do CP. 
 
Natureza jurídica da participação: de acordo com a teoria da acessoriedade, a 
participação é uma conduta acessória à do autor, tida por principal. Considerando que o 
tipo penal somente contém o núcleo (verbo) e os elementos da conduta principal, os atos 
do partícipe acabam não encontrando qualquer enquadramento. Faz-se necessária uma 
norma de extensão ou ampliação que leve a participação até o tipo incriminador, ou 
seja, para que aja a adequação típica (mediata ou indireta). Trata-se do art. 29 do CP, 
segundo o qual quem concorrer, de qualquer forma, para um crime por ele responderá. 
 O art. 29 é norma de extensão pessoal e espacial. Pessoal porque estende o tipo, 
permitindo que alcance outras pessoas além do autor, especial porque o tipo é ampliado 
no espaço, a fim de alcançar condutas acessórias distintas da realização do núcleo da 
ação típica. 
 
Espécies de acessoriedade: 
a) mínima: basta ao partícipe concorrer para um fato típico, mesmo que não seja ilícito; 
assim, quem concorre para um homicídio em legítima defesa, responderá pelo crime; 
b) limitada: o partícipe só responde pelo crime se o fato principal é típico e ilícito; 
c) extremada: o partícipe somente é responsabilizado se o fato principal é típico, ilícito 
e culpável. Não responderá por crime algum se tiver concorrido para a atuação de um 
inimputável; 
d) hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito e culpável, incidindo sobre o 
partícipe todas as agravantes e atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal. 
 
Teoria adotada: Capez e Flávio Augusto Monteiro de Barros entendem que se aplica a 
teoria da acessoriedade extremada ou máxima. Assim, se o fato for apenas típico e 
antijurídico, mas o agente não tiver culpabilidade, não ocorre participação, 
contrariamente ao que sustenta a acessoriedade limitada: existe é autoria mediata. A 
participação necessita da culpabilidade do sujeito ativo, pois do contrário, haverá 
autoria (mediata) e não a figura do partícipe. 
Exs: quem induz uma criança a saltar de um edifício realiza indiretamente o verbo do 
tipo "matar", servindo-se do desforço da própria vítima; quem instiga um louco ou um 
menor inimputável a executar uma ação típica não é partícipe, mas autor direto e 
imediato (realiza o verbo por meio de outrem). 
 O autor mediato não é partícipe: é também autor principal, pois pratica a conduta 
principal, realiza o verbo do tipo, só que não diretamente, mas pelas mãos de outra 
pessoa, seu instrumento. É o "sujeito de trás". O "sujeito de frente" é um longa manus 
do autor mediato. 
 
Autoria mediata: autor mediato é aquele que se serve de pessoa sem condições de 
discernimento para realizar por ele a conduta típica. Ela é usada como um mero 
instrumento de atuação, como se fosse uma arma ou um animal irracional. O executar 
atua sem vontade ou consciência, considerando-se que a conduta principal foi realizada 
pelo autor mediato. Ocorre a adequação típica imediata (direta), pois foi o próprio autor 
mediato quem realizou o núcleo da ação típica, ainda que pelas mãos de outra pessoa. 
 A autoria mediata distingue-se da intelectual, pois o autor intelectual é mero 
partícipe. Ex.: quem manda um pistoleiro matar, não mata, logo, não realiza o núcleo do 
tipo e não pode ser considerado autor, respondendo como partícipe; mas, se o agente 
manda um louco realizar a conduta, aí sim será autor (mediato), porque o insano foi 
usado como seu instrumento (longa manus). 
 
Exemplos de autoria mediata: 
a) médico que, dolosa e insidiosamente, entrega uma injeção de morfina, em dose 
demasiadamente forte, para a enfermeira, que, sem desconfiar de nada, a aplica em um 
enfermo, matando-o. O médico é autor mediato. A enfermeira não será partícipe, 
respondendo por crime culposo se agiu com negligência ou imprudência, ou, por crime 
algum, se o erro tiver sido inevitável; 
b) "A" obriga "B", mediante grave ameaça, a ingerir substância abortiva. "A" é autor 
mediato de aborto, ao passo que "B" terá a sua culpabilidade excluída pela 
inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível); 
c) o agente desmoraliza e ameaça a vítima, levando-a dolosamente a uma situação de 
desespero em que esta se suicida. Responde por autor mediato de homicídio, e não por 
indução ou instigamento ao suicídio; 
d) "A", desejando a morte de um enfermo mental, incita-o a atacar "B", exímio atirador, 
que mata o demente em legítima defesa. "A" é autor mediato de homicídio doloso, pois 
usou "B" como extensão de seu corpo, para agredir a vítima. 
 
 A autoria mediata pode resultar de: 
 a) ausência de capacidade penal da pessoa da qual o autor mediato se serve. 
Exemplo: induzir um inimputável a praticar crime; 
 b) coação moral irresistível: se ação for física, haverá autoria imediata; 
 c) provocação de erro de tipoescusável: ex. o autor mediato induz o agente a 
matar um inocente, fazendo-o crer que estava em legítima defesa; 
 d) obediência hierárquica: o autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas se 
aproveita do desconhecimento de seu subordinado. 
 
Obs.: não há autoria mediata nos crimes de mão própria, nem nos delitos culposos. E 
inexiste concurso de agente entre autor mediato e o executor usado. 
 
Requisitos do concurso de pessoa 
a) pluralidade de condutas: no mínimo duas, sejam duas realizadas pelos autores 
(coautoria), ou uma principal e uma acessória (autor e partícipe). 
b) relevância causal de todas elas: se não contribuiu em nada para a eclosão do 
resultado, não pode ser considerada como integrante do concurso de pessoas. A conduta 
praticada após a consumação do delito não é considerada para o concurso de pessoas. 
c) liame subjetivo ou concurso de vontades: é imprescindível a unidade de desígnios, 
ou seja, a vontade de todos de contribuir para a produção do resultado. Sem isso, haverá 
a chamada autoria colateral. É necessária a homogeneidade de elemento subjetivo, não 
se admitindo participação dolosa em crime culposo e vice-versa. No caso de um pai 
desalmado que coloca o filho menor no meio de uma auto-estrada, propiciando, com 
isso, que ele seja atropelado e morto, será considerado autor mediato de homicídio 
doloso e não partícipe de homicídio culposo, pois se serviu do condutor do automóvel 
como instrumento de sua atuação. 
 Não se exige acordo prévio, bastando apenas que uma vontade adira à outra. Ex.: 
babá abandona criança em área de intensa criminalidade, objetivando que seja morto. 
Será partícipe do homicídio, sem que o assassino saiba que foi ajudado. 
d) identidade de infração para todos: tendo sido adotada a teoria unitária ou monista, 
em regra, todos, coautores e partícipes, devem responder pelo mesmo crime, ressalvadas 
apenas as exceções pluralísticas. 
 
Participação em crime culposo: há duas posições. 
1ª posição - não cabe. Tratando-se de tipo aberto, em que não existe descrição da 
conduta principal, mas tão somente previsão genérica ("Se o crime é culposo ..."), não 
há que se falar em participação, que é acessória. Toda concorrência culposa para o 
resultado constituirá crime autônomo. Ex.: motorista imprudente é instigado, por seu 
acompanhante, a desenvolver velocidade incompatível com o local, vindo a atropelar e 
matar uma pessoa. Ambos serão autores de homicídio culposo, não havendo que se falar 
em participação, uma vez que, dada a natureza do tipo legal, fica impossível detectar-se 
qual foi a conduta principal. 
2ª posição - é cabível. Mesmo no tipo culposo, que é aberto, é possível definir qual a 
conduta principal. No caso do homicídio culposo, por exemplo, a descrição típica é 
"matar alguém culposamente"; logo, quem matou é o autor e quem o auxiliou, instigou 
ou induziu à conduta culposa é partícipe. É possível mencionar também o exemplo dos 
dois pedreiros que arremessam juntos uma tábua, mas calculam mal a distância e atinge 
um pedestre. Ambos são coautores. Se o mestre de obras deu a ordem para arremessar 
daquela distância, seria um partícipe. 
 
Obs.: a teoria do domínio do fato tem dificuldade para explicar a autoria e o concurso 
de agentes no crime culposo. Pois, se o agente não quer o resultado, como poderá ter 
domínio final sobre o mesmo? 
 
Formas de participação 
a) moral: instigação e induzimento. Instigar é reforçar uma ideia pré-existente. Induzir 
é fazer brotar a ideia no agente. 
b) material: é o auxílio. É a forma de participação que corresponde à antiga 
cumplicidade. São auxiliares da preparação do delito os que proporcionam informações 
que facilitem a execução, ou os que fornecem armas ou outros objetos úteis ou 
necessários à realização do projeto criminoso; e da execução, aqueles que, sem realizar 
os respectivos atos materiais, nela tomam parte pela prestação de qualquer ajuda útil. 
Ex.: vigilância externa durante a execução de um crime; emprestar a arma; conduzir 
ladrões, em qualquer veículo, ao local do crime. 
 
Cumplicidade: o Código Penal anterior ao de 1940 classificava os agentes do crime em 
autores e cúmplices. Ao lado da coautoria (participação primária), existia a 
cumplicidade (participação secundária). No vigente CP há apenas duas formas de 
concurso de agentes: coautoria e a participação nas suas diversas modalidades. O 
auxílio, como forma de participação, nada mais é do que a antiga cumplicidade. 
 
Participação posterior à consumação: o fato que constitui coautoria ou a participação 
deve ser realizado antes ou durante o delito, nunca depois da consumação. Se posterior, 
não será considerado concurso de pessoas, mas crime autônomo. Ex.: no delito de furto 
de veículo automotor com a finalidade de transporte para outro país, o agente que, sem 
tomar parte na subtração, recebe o veículo apenas com esse objetivo não será partícipe 
de furto qualificado (CP, art. 155, §5º, c/c art. 29), mas autor de receptação, pois sua 
atuação deu-se após a produção do resultado consumativo. 
 
Conceitos finais: 
a) autoria colateral: mais de um agente realiza a conduta, sem que exista liame 
subjetivo entre eles. Ex.: "A" e "B" disparam simultaneamente na vítima, sem que um 
conheça a conduta do outro. Ante a falta de unidade de desígnios, cada um responderá 
pelo crime que cometeu, ou seja, um será autor de homicídio consumado e o outro, de 
homicídio tentado, sendo inaplicável a teoria unitária ou monista. 
b) autoria incerta: ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem foi o causador 
do resultado. Sabe-se quem realizou a conduta, mas não quem deu causa ao resultado (é 
certo que A e B atiraram, mas, se as armas têm o mesmo calibre, como saber qual o 
projétil causador da morte?). Nesse caso, aplicando-se o princípio do in dubio pro reo, 
ambos devem responder por homicídio tentado. 
 Outro exemplo aplicável seria o caso de dois garçons que ministram veneno ao 
cliente, com dolo de matar, mas não é possível determinar qual foi o veneno que causou 
a morte. Mas, se as doses fossem, por si sós, insuficientes para causar a morte, haveria 
crime impossível para os dois garçons, pois o que vale é o comportamento de cada um, 
isoladamente considerado, sendo irrelevante que a soma dos venenos tenha atingido a 
quantidade letal, pois não se pode responsabilizá-los objetivamente. Como um não sabia 
da conduta do outro, não pode por ela responder. 
c) autoria desconhecida ou ignorada: não se consegue apurar sequer quem foi o 
realizador da conduta. 
d) participação de participação: quando ocorre uma conduta acessória de outra 
conduta acessória. É o auxílio do auxílio, o induzimento ao instigador etc. 
e) participação sucessiva: ocorre quando o mesmo partícipe concorre para a conduta 
principal de mais de uma forma. Assim, em primeiro lugar auxilia ou induz, em seguida 
instiga e assim por diante. 
f) conivência ou participação negativa ("crimen silenti"): ocorre quando o sujeito, 
sem ter o dever jurídico de agir, omite-se durante a execução do crime, quando tinha 
condições de impedi-lo. A conivência não se insere no nexo causal, como forma de 
participação, não sendo punida, salvo se constituir crime autônomo. Assim, a tão só 
ciência de que outrem está para cometer ou comete um crime, sem a existência do dever 
jurídico de agir (CP, art. 13§2º), não configura participação por omissão. A simples 
presença no ato de consumação ou a não denúncia à autoridade competente de um fato 
delituoso de que se tem conhecimento não pode constituir participação punível. 
g) participação por omissão: dá-se quando o sujeito tem o dever jurídico de agir para 
evitar o resultado (CP, art. 13, §2º) e omite-se intencionalmente, desejando que ocorra a 
consumação. Ex.: empregado que tem o dever de fechar a porta do estabelecimento, mas 
a deixa aberta para que terceiro pratique furto; policial que deixa de agir enquanto 
pessoa é espancada até a morte - ele tinha o dever legal de agir (CP, art. 13, §2º, a). 
 A participaçãopor omissão exige dolo, dada a necessidade de liame subjetivo, 
não sendo admissível participação culposa em crime doloso (o partícipe tem de se 
omitir, querendo ou aceitando o risco de o resultado ocorrer). Assim, se houve culpa, o 
policial responderá por homicídio culposo, e não por participação no homicídio doloso. 
Ex.: o militar se distrai comendo pipoca e, quando percebe a gravidade da situação, já é 
tarde demais. Atuou com negligência, logo, não pode responder pelo mesmo crime 
daqueles que, intencionalmente, mataram a vítima. 
h) participação em crime omissivo (próprio ou impróprio): é possível concorrer por 
omissão em crime comissivo, como se pode concorrer por ação em crime omissivo 
próprio ou impróprio (Aníbal Bruno). Ex.: se o agente instiga outrem a não efetuar o 
pagamento de sua prestação alimentícia, responderá pelo participação no crime de 
abandono material. E também, o paciente que convence o médico a não comunicar à 
autoridade competente a moléstia de que é portador e cuja notificação é compulsória. 
i) coautoria parcial ou funcional: conceito adotado na teoria do domínio do fato. Os 
atos executórios são distribuídos entre os diversos autores, de modo que cada um é 
responsável por um elo da cadeia causal, desde a execução até a consumação. Ex.: no 
roubo, são divididas as ações de apoderamento do dinheiro, constrangimento dos 
sujeitos passivos mediante ameaça, vigilância e direção do veículo. Não se confunde 
com coautoria direta (todos realizam o verbo do tipo). Capez entende que, como o CP 
adotou isoladamente a teoria restritiva, não há lugar para a coautoria funcional, na qual 
os coautores não passam de partícipes. 
j) multidão delinquente: é o caso de linchamentos ou crimes praticados sob influência 
de multidão em tumulto. Os agentes responderão pelo crime em concurso, tendo, no 
entanto, direito à atenuante genérica (CP, art. 65, III, e). 
k) participação impunível: ocorre quando o fato principal não chega a ingressar em 
sua fase executória. (CP, art. 31). 
 
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E 
CIRCUNSTÂNCIAS 
Art. 30 do CP: "Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime". 
 
1. Circunstâncias: são dados acessórios, não fundamentais para a existência da figura 
típica, que ficam a ela agregados, com a função de influenciar na pena. A sua exclusão 
não interfere na existência da infração penal, mas apenas a torna mais ou menos grave. 
Encontram-se na Parte Geral ou na Parte Especial, situando-se, neste último caso, nos 
parágrafos dos tipos incriminadores (tipos derivados). Ex.: se o furto é praticado 
durante o repouso noturno, incide uma causa de aumento de pena de 1/3 (CP, art. 155, 
§1º); se o homicídio é cometido sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a 
injusta provocação do ofendido, a pena será reduzida de 1/6 e 1/3 (CP, art. 121, §1º). 
 Em todos os casos acima, retirada a circunstância, o crime continua existindo. 
 
Espécies de circunstâncias 
a) subjetivas ou de caráter pessoal: dizem respeito ao agente não ao fato. São elas: os 
antecedentes, a personalidade, a conduta social, os motivos do crime, a menoridade 
relativa, a maioridade senil (maior de setenta anos na data do julgamento), a 
reincidência, o parentesco do autor com o ofendido (cônjuge, ascendente, descendente, 
irmão ...) etc. 
b) objetivas: relacionam-se ao fato e não ao agente. Ex.: tempo do crime (se cometido à 
noite, de manhã etc); lugar do crime (local público, ermo, de grande circulação etc); 
modo de execução (emboscada, traição, dissimulação etc); meios empregados (arma, 
veneno, fogo etc); qualidade da coisa (pequeno valor, bem público etc); qualidade da 
vítima (mulher grávida, criança etc). 
 
2. Elementares: são todos os dados fundamentais para a existência da figura típica, sem 
os quais esta desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma em outra (atipicidade 
relativa). Ex.: o consentimento do ofendido exclui uma elementar e torna atípica a 
conduta típica de furtar; se a subtração não se dá com a finalidade de assenhoreamento 
definitivo (para si ou para outrem), mas apenas para uso, também faltará uma elementar, 
do mesmo modo se a res furtiva não for coisa alheia móvel. Assim, são elementares do 
furto: subtrair + coisa alheia móvel + para si ou para outrem. 
 As elementares se encontram no caput dos tipos incriminadores, que, por essa 
razão, são chamados tipos fundamentais. 
Espécies de elementares: podem ser objetivas (dizem respeito ao fato) ou subjetivas 
(dizem respeito ao autor). 
 
3. Circunstâncias elementares (Nelson Hungria e Alberto Silva Franco): são as 
qualificadoras. Não são elementares, porque o crime existe mesmo sem elas (passaria a 
ser simples, em vez de qualificado), mas não são circunstâncias comuns, na medida em 
que fixam novos limites de pena (ex.: homicídio passa de 6 a 20 para 12 a 30 anos), 
funcionando quase como um novo tipo. Para esta corrente doutrinária, elas recebem o 
mesmo tratamento das elementares e os parágrafos em que se situam são chamados de 
tipos derivados autônomos ou independentes. 
 Fernando Capez entende que elas não existem, pois ou são elementares ou são 
circunstâncias. 
 
4. Regra do art. 30 do CP 
a) as circunstâncias subjetivas (caráter pessoal) jamais se comunicam, sendo 
irrelevantes se o coautor ou partícipe delas tinha conhecimento. Ex.: reincidência. 
b) as circunstâncias objetivas comunicam-se, mas desde que o coautor ou partícipe 
delas tenha conhecimentos. Assim, por exemplo, se o crime for cometido por asfixia, o 
terceiro que dele participava somente responderá pela circunstância se tiver 
conhecimento dela. 
c) as elementares objetivas ou subjetivas se comunicam, desde que o coautor ou 
partícipe delas tenha conhecimento. Ex.: a condição de funcionário público é essencial 
para o delito do art. 312 do CP (peculato), portanto é elementar. Assim, o particular que, 
conscientemente, participa de um peculato responde por esse crime, ante o disposto no 
art. 30 do CP. 
 
5. Concurso de pessoas no infanticídio 
 São elementares do crime de infanticídio (art. 123 do CP): ser mãe (crime 
próprio); matar; o próprio filho; durante o parto ou logo após; sob influência do estado 
puerperal. Excluído algum das elementares, a figura típica deixará de existir como tal, 
passando a ser outro crime (atipicidade relativa). Assim, em regra, comunicam-se ao 
coautor ou partícipe, salvo se ele desconhecia a sua existência, evitando-se a 
responsabilidade objetiva. Diferentes, porém, poderão ser as consequências, conforme 
o terceiro seja autor, coautor ou partícipe. 
a) a mãe mata o próprio filho, com o auxílio de terceiro: a mãe é autora de 
infanticídio e o partícipe também responderá por ele (o estado puerperal é circunstância 
de caráter pessoal). Caso o terceiro desconhecesse tal elementar, responderia por 
homicídio. 
b) o terceiro mata o recém-nascido, contando com a participação da mãe: ele 
responderá por homicídio consumado, pois foi autor da conduta principal; ela 
responderia como partícipe no homicídio. Mas, como haveria um contra-senso, porque 
se a mãe matasse a criança, responderia apenas por infanticídio, ela responderá por 
infantícidio. 
c) mãe e terceiro executam em coautoria a conduta principal, matando a vítima: a 
mãe será autora de infanticídio, e o terceiro, por força da teoria unitária ou monista, 
responderá pelo mesmo crime (CP, art. 29, caput). 
 
Obs. 1: alguns autores, como José Frederico Marques, distinguem circunstâncias 
pessoais das personalíssimas, concluindo que em relação a estas não há 
comunicabilidade. Assim, o estado puerperal não se comunicaria ao partícipe, apesar de 
elementar, que responderia por homicídio, evitando-se que se beneficiasse de um 
privilégio imerecido. Capez entende que não há amparo legal para tal entendimento. 
Obs. 2: pai desesperado, que deseja eliminar perigoso marginal que estuprou e matou 
sua filha, contrata pistoleiro profissional, o qual comete o homicídiosem saber dos 
motivos de seu contratante, apenas pela promessa de paga - o pai responderá por 
homicídio privilegiado (partícipe) e o executor, por crime qualificado (autor). 
 
Participação impunível: são atípicos o auxílio, a instigação e o induzimento de fato 
que fica na fase preparatória, sem que haja início de execução (CP, art. 31). Ex.: um 
sujeito pede a um chaveiro uma chave falsa para cometer um furto e é atendido pelo 
irresponsável profissional; no entanto, comete o furto por escalada. O auxílio não 
chegou a ingressar na fase de execução, sendo impunível (conduta atípica).

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