Prévia do material em texto
MATERIAL DIDÁTICO PRÁTICA PEDAGÓGICA I CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004 0800 283 8380 www.portalprominas.com.br Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 – DA ESCOLA À AULA ........................................................................................................... 5 1.1 ESCOLA COMO LÓCUS DA PRÁXIS PEDAGÓGICA ......................................................................................... 6 1.2 A AULA – ESPAÇO DE CONHECIMENTO, LUGAR DE CULTURA ...................................................................... 8 UNIDADE 2 – COMEÇO DE CONVERSA – A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR .....................10 2.1 SABERES NECESSÁRIOS PARA A PRÁTICA DOCENTE ..................................................................................13 2.2 O PROFESSOR ENQUANTO SUJEITO DO CONHECIMENTO ............................................................................16 2.3 AS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR NO SÉCULO XXI .................................................................................19 UNIDADE 3 – CONCEPÇÕES TEÓRICO-EPISTEMOLÓGICAS: UMA BREVE REVISÃO ................29 UNIDADE 4 – OS PARÂMETROS E AS ORIENTAÇÕES CURICULARES NACIONAIS (PCN E OCN) .......................................................................................................................................................................37 4.1 OS PARÂMETRO CURRICULARES NACIONAIS (PCN) PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ................................37 4.2 AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS (OCN) PARA O ENSINO MÉDIO..........................................40 UNIDADE 5 – INTERDISCIPLINARIDADE E OS PROJETOS DE TRABALHO...................................44 5.1 O CURRÍCULO ........................................................................................................................................45 5.2 A INTERDISCIPLINARIDADE .....................................................................................................................49 5.3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS ...................................................................................................................53 5.3.1 A PEDAGOGIA DE PROJETOS – FOCO NO ENSINO MÉDIO ....................................................................60 UNIDADE 6 – A AULA EXPOSITIVA ........................................................................................................63 6.1 A AULA EXPOSITIVA TRADICIONAL .......................................................................................................63 6.2 A AULA EXPOSITIVA DIALÓGICA ...........................................................................................................66 UNIDADE 7 – O ESTUDO DIRIGIDO ........................................................................................................71 7.1 OBJETIVOS DO ESTUDO DIRIGIDO ........................................................................................................74 7.2 COMO PREPARAR O ESTUDO DIRIGIDO ....................................................................................................74 7.3 APLICAÇÃO DO ESTUDO DIRIGIDO .......................................................................................................76 UNIDADE 8 – O SEMINÁRIO .....................................................................................................................77 8.1 ETIMOLOGIA DO SEMINÁRIO ................................................................................................................78 8.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SEMINÁRIO ...........................................................................................78 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................82 Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 3 INTRODUÇÃO Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-BRASIL, 1997), encontramos uma fala sobre a prática educativa que justifica por si só sua importância na esteira do processo de ensino-aprendizagem e que merece ser o carro chefe do módulo. A prática educativa é bastante complexa, pois o contexto de sala de aula traz questões de ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e de relação pessoal. A dinâmica dos acontecimentos em uma sala de aula é tal que mesmo uma aula planejada, detalhada e consistente dificilmente ocorre conforme o imaginado: olhares, tons de voz, manifestações de afeto ou desafeto e diversas outras variáveis interferem diretamente na dinâmica prevista (BRASIL, 1997). A formação do professor que envolve saberes, competências, habilidades; teorias que vieram contribuindo para o processo de aprendizagem; métodos e técnicas de ensino; escola – local da práxis educativa; sala de aula, espaço de conhecimento e cultura – estes são algumas das questões a serem estudadas, analisadas e refletidas ao longo desse módulo. Ao longo de décadas de estudos e análises relacionadas ao campo da educação, principalmente por estudiosos como Piaget, Vigotsky e outros, ficou constatado que a construção do conhecimento se dá a partir da interação do sujeito com o mundo a sua volta. Neste contexto, o currículo escolar se apresenta como o agente principal na construção do saber e na liberdade a ser alcançada através do conhecimento. Na pedagogia tradicional, ele é conteudista e fragmentado, aprisionando o aluno em aspectos unilaterais de uma realidade que, na contramão, é multifacetada. Ou seja, na educação tradicional seguem-se normas, padronizações, o saber fica aprisionado e o aluno sai da escola, formado, é verdade, mas de uma forma pré-estabelecida pelo currículo. Essa educação tira das pessoas a capacidade de pensar, de formar suas próprias opiniões, de criticar o que lhe foi imposto pelas “normas”. Por outro lado, e felizmente, a chamada pedagogia de projetos vem conquistando seu espaço. Ela tem como objetivo trabalhar a interdisciplinaridade, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 4 oportunizando olhar o mundo com outros e bons olhos. A diversidade cultural, a crítica e a problematização são características positivas que vem à tona junto com a pedagogia de projetos. Também é fato que a dinâmica dos conhecimentos imposta pelo século XXI exige a necessidade de construirmos uma escola nova, participativa, que traga como frutos a formação de um sujeito que saiba articular saber, conhecimento e vivência. Estas preocupações do contexto escolar na atualidade que envolvem as relações professor/aluno e teoria/prática, nos levarão a refletir sobre as práticas interdisciplinares e o trabalho com projetos. Quanto à interdisciplinaridade, esta nada maisé do que integrar as várias disciplinas que compõem o currículo escolar, mostrando ao aluno que não existe fronteira entre as disciplinas, ou seja, que uma perpassa a outra, complementando- a. Valem duas observações antes de iniciarmos nossas reflexões: Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 5 UNIDADE 1 – DA ESCOLA À AULA A escola é local da práxis pedagógica e a aula em si, é espaço e lugar de conhecimento e cultura. Verdade! Mas o que vem a ser práxis? Teria o mesmo significado de prática? Pois bem, antes de tecermos alguns comentários sobre a práxis pedagógica e sobre a aula: espaço/lugar onde os conhecimentos e a cultura se fazem renascer, vamos entender a diferença entre elas para que nosso caminhar fique bem claro, uma vez que nosso costume é usar práxis e prática com a mesma conotação. Num viés marxista, práxis e prática são conceitos diferentes. Práxis consta no dicionário marxista como “atividade livre, universal, criativa e autocriativa, por meio do qual o homem cria (faz, produz) e transforma seu mundo humano e histórico em si mesmo”. Já o conceito de prática se refere a uma dimensão da práxis: a atividade de caráter utilitário-pragmático, vinculadas às necessidades imediatas. Vazquez (1977, p. 10) nos explica que “a consciência comum pensa os atos práticos, mas não faz da práxis – como atividade social transformadora – seu objeto; não produz – nem pode produzir, como veremos uma teoria da práxis”. Compreendida então como atividade social transformadora, também é Vazquez (1977, p. 185) quem afirma que “toda práxis é atividade, mas nem toda atividade é práxis”. Nesse sentido, a práxis é uma atividade conscientemente orientada, o que implica não apenas as dimensões objetivas, mas também subjetivas da atividade. Dizendo de outro modo, a práxis não é apenas atividade social transformadora, no sentido da transformação da natureza, da criação de objetos, de instrumentos, de tecnologias; é atividade transformadora também com relação ao próprio homem que, na mesma medida em que atua sob a natureza, transformando-a, produz e transforma a si mesmo. Em síntese, a relação entre teoria prática implica um constante vaivém entre esses dois planos – teórico e prático. A atividade prática se sujeita, conforma-se à teoria, do mesmo modo que a teoria se modifica em função das exigências e Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 6 necessidades do próprio real. Esse constante “vaivém” entre teoria e prática só pode ocorrer “se a consciência se mostrar ativa ao longo de todo processo prático. Resulta daí que é certo que a atividade prática, sobretudo como práxis individual, é inseparável dos fins que a consciência traça, estes fins não se apresentam como produtos acabados, mas sim num processo que só termina quando a finalidade ou resultado ideal, depois de sofrer as mudanças impostas pelo processo prático. Já é um produto real (VAZQUEZ, 1977, p. 243). Feitas essas considerações iniciais, vamos o lócus da práxis pedagógica? 1.1 Escola como lócus da práxis pedagógica Tomando como base os quatro pilares da educação propostos por Delors (1998) – aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser –, podemos dizer que a escola é o espaço que tem como objetivos, promover o desenvolvimento humano, levar o aluno a adquirir competências e habilidades, colocando esse aluno no papel de verdadeiro protagonista da aprendizagem, utilizando para isso a pedagogia de projetos. Já para Sacristán e Goméz (2000, p. 14), a escola deve prover os indivíduos “não só, nem principalmente, de conhecimentos, ideias, habilidades e capacidades formais, mas também, de disposições, atitudes, interesses e pautas de comportamento”. Assim, a escola tem como objetivo básico, socializar o aluno para prepará-los para sua incorporação no mundo do trabalho, ou seja, ser produtivo e se incorporar à vida adulta e pública, tornando-se cidadão do mundo. A escola também tem algumas funções básicas que são: 1. Função reprodutora ou de socialização do indivíduo: garantir a reprodução social e cultural como requisito para sobrevivência na sociedade. 2. Função educativa em termos de compreensão: utilizar o conhecimento para compreender as origens das influências, seus mecanismos, intenções e consequências, e, oferecer para debate público e aberto, as características e efeitos para o indivíduo e a sociedade desse tipo de processo de reprodução. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 7 3. Função compensatória: atenuar, em parte, os efeitos da desigualdade e preparar cada indivíduo para lutar e se defender nas melhores condições possíveis, no cenário social. 4. Função educativa transformadora: provocar e facilitar a reconstrução de conhecimentos, atitudes e formas de conduta que os(as) alunos(as) assimilam direta e acriticamente nas práticas sociais de sua vida anterior e paralela à escola (SACRISTÁN; GOMÉZ, 2000, p. 14-22). Numa conceituação mais simples, Saviani (1999) entende que a educação escolar deveria ser apenas uma entre outras práticas que promovem o desenvolvimento e a socialização de seus membros além de garantir o funcionamento de um dos mecanismos essenciais da herança cultural. Se analisada sob o ponto de vista de sua existência formal, Mauá Junior (2005 apud COSTA, 2006), ressalta que a escola sempre teve como foco principal a educação sistematizada, em especial a escola pública básica, que atende as camadas populares preparando-as para o mercado de trabalho. A expressão da produção de seus resultados centra-se na aprendizagem medida por meio de avaliações somativas, como produto do esforço pessoal. Nesta perspectiva, ser cidadão é transforma-se em ser político, capaz de questionar, criticar, reivindicar, participar, ser militante e engajado, contribuindo para a transformação de uma ordem social injusta e excludente. Por esse lado histórico e político, podemos interpretar a escola como campo de lutas onde as camadas popularesdevam conscientizar-se dos mecanismos de dominação e poder da sociedade capitalista, uma vez que ela tem como função social formar o cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante crítico, ético e participativo. Como ela pode exercer essas funções? Pimenta (2002) diz que é preciso abdicar dessa construção arcaica que perpetua a situação de dominação e democratizar, ampliando as oportunidades de aprendizagem, melhorando as condições de participação das camadas sociais menos favorecidas. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 8 Costa (2006), por sua vez, pondera que a difusão dos conteúdos, sua reelaboração de forma crítica e o aprimoramento da prática educativa escolar contribuem para elevar cultural e cientificamente as camadas populares, ou seja, para melhorar a qualidade de vida das pessoas e sua inserção num projeto coletivo de mudança de sociedade. A escola, enquanto lócus da práxis educativa, pode ser entendida como uma instituição especializada da sociedade com o fim de oferecer oportunidade educacional que garanta a educação básica de qualidade para todos. Nesse sentido, a prática educativa escolar apresenta a função de contribuir para que cada cidadão que nela adentre, amplie seu conhecimento e capacidade de descobrir, criar, questionar e transformar a realidade. Além de tornar maior sua sensibilidade para encontrar sentido na realidade, nas relações e nas situações, contribuindo para a construção de uma nova sociedade, fundada em relações sociais de colaboração e solidariedade (NAVARRO, 2004 apud COSTA, 2006). 1.2 A aula – espaço de conhecimento, lugar de cultura Para a epistemologia1, os conhecimentos válidos podem ser de dois tipos. Um referente àqueles formulados com base no método científico, organizando um corpo de conceitos, proposições e teorias bem definidos. O outro tipo de conhecimento válido refere-se a conjuntos de saberes que, mesmo não atendendo integralmente aos critérios científicos, mas não dispensando os critérios racionais, formulam enunciações contendo figuras epistemológicas que os possibilitam ser considerados dentro dos parâmetros da epistemologia (FOUCAULT, 1969 apud PENIN, 1994). Estamos falando do conhecimento organizado por diferentes disciplinas no campo das humanidades, das artes, por exemplo. Mas também temos os conhecimentos ou saberes que não alcançam esses limites científicos e firmam-se pela positividade. São saberes que as pessoas 1 Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações (FERREIRA, 2004). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 9 identificam no seu dia-a-dia, procedendo não do conhecimento sistematizado, mas de práticas discursivas presentes na prática social. Não que esses conhecimentos e saberes não sejam válidos, longe de pensarmos assim, todavia, o que nos interessa nesse momento é mostrar que o professor que também é um pesquisador precisa colocar-se numa dupla situação: de um lado tentar epistemologizar os saberes disponíveis; por outro, abrir caminho no sentido oposto, desconfiando do “já posto” e perseguido, como a utilização do pensamento crítico, imagens, práticas e outros indícios presentes na vivência. Explicando de outra maneira, na escola, o professor é envolvido por uma cultura geral, além do que a própria escola cria, produz e reproduz, o saber científico, ele convive com os conhecimentos/saberes que vem das comunidades no seu entorno, do tipo de vivência dos seus alunos. Assim, no exercício de sua função social, o professor vai construindo um conhecimento sobre o ensino, ao mesmo tempo em que pretende compartilhar com os alunos de suas vivências. Desse modo, a construção do conhecimento do professor se realiza no espaço de suas representações, constituído por concepções de várias ordens e por sua vivência. É nesse espaço onde acontecem os embates, as contradições, os conflitos e o mal-estar, em que se dão as relações com o outro, ausente ou presente e também em que acontecem os esforços e as buscas, que o professor precisa saber lidar com as diversas concepções que conheceu teoricamente. É aqui que ele vai reconstruir processos cotidianos para que sua práxis pedagógica, ora espontânea, ora reflexiva. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 10 UNIDADE 2 – COMEÇO DE CONVERSA – A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR Ninguém facilita o desenvolvimento daquilo que não teve oportunidade de aprimorar em si mesmo. Ninguém promove a aprendizagem daquilo que não domina, a constituição de significados que não compreende e nem a autonomia que não pôde construir (MELLO, 2000). Essa premissa é nosso mote para as reflexões que se seguem sobre a necessidade de mudanças na formação inicial e continuada de professores para que tenhamos um novo desenho da educação nesse século XXI, embora concordemos com Mello (2000), que a formação inicial é apenas um componente de uma estratégia mais ampla de profissionalização do professor, indispensável para implementar uma política de melhoria da educação básica. Vamos centrar nossas reflexões em três tópicos que consideramos basilares para a prática docente que são os saberes necessários para essa prática; os conhecimentos do professor e as competências necessárias para ensinar no século XXI. O embasamento teórico vem de estudiosos como Tardif, Gimeno Sacristán e Pérez Gomes, Garcia e Phillipe Perrenoud. De antemão, sugerimos uma leitura minuciosa das obras de Perrenoud, um convite para uma viagem e para debate, a partir de uma simples, mas grande constatação: pensar é uma atividade permanente e espontânea do ser humano, que acontece mesmo durante o sono. Já a prática reflexiva normalmente é instigada pelo aparecimento de um problema, e requer um certo método. O pensamento acompanha a ação; a reflexão pode interrompê-la, precedê-la, segui-la ou suspendê-la. E assim, um professor, para que tenha uma ação reflexiva; interagindo positivamente e no momento real com seu aluno, precisa, antes de tudo, ser portador de competências que lhe tornem um mestre verdadeiro na arte da educação e ao mesmo tempo, o educando também precisa desenvolver suas habilidade e competências para acompanhar o mundo globalizado de hoje. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizadaseja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 11 Segundo Santiago (2002), atuar no processo de formação de professores é uma faceta da prática docente gratificante e angustiante. Gratificante, porque permite ao docente, com experiência acumulada, proceder a um intercâmbio com os licenciandos: ensinamos e somos, sempre, inevitavelmente, aprendizes de novas abordagens, de novas matérias teóricas, de novas alternativas metodológicas. Se damos aos estagiários das Práticas de Ensino uma orientação pautada no estudo acumulado, nos erros e acertos práticos de nossos percursos; por outro lado, somos, sempre, renovados pelas propostas “nunca antes imaginadas” que nossos alunos nos trazem. Sem dúvida, a tarefa é, também, angustiante. Por experiência própria, diz Santiago (2002), todos nós, docentes atuantes nas Práticas de Ensino, sabemos que a formação profissional de qualidade é processo e, portanto, atuamos na fase inicial de um caminho, de uma história, única, pois só pode ser vivida pelo indivíduo, dia-a-dia, no desempenho da sala de aula, cercado, na maioria das vezes, por crianças e adolescentes em ebulição. Neste sentido, só podemos, no máximo, apresentar caminhos e opções, dar algumas diretrizes, pois caberá ao próprio licenciando, após sua graduação, com o exercício profissional autônomo complementar sua formação. A angústia aumenta, mais ainda, quando temos a dimensão que esta formação é um processo infinito, no qual, sempre, estaremos buscando o novo no saber, na ação pedagógica e na construção de relações afetivas. Esta percepção de um percurso histórico para a formação dos perfis profissionais não impede, contudo, que possamos aprimorar os elementos que estão disponíveis para o licenciando no início de sua jornada docente. Uma vez que nas práticas de ensino pode acontecer o primeiro contato de um futuro profissional com o papel de professor, torna-se importante, sempre, repensar os saberes necessários à formação docente, e, em particular, os saberes necessários à prática no Ensino Fundamental. A formação básica (Ensino Fundamental e Médio) deve construir competências, habilidades e disposição de condutas. Não deve se preocupar, portanto, com quantidades de informação. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 12 Paralelamente, ao conhecimento da produção acadêmica, o profissional que ingressa no magistério precisa se engajar no mundo profissional no qual está se inserindo. Nesse sentido, o conhecimento da disciplina e de seu ensino é crucial. É sabido, também, que as recentes transformações do capitalismo incentivaram um movimento internacional que propunha mudanças nos sistemas de ensino. Em contraposição ao saber técnico-científico especializado e individualizado, cresceu a necessidade de, sem abandonar a face técnica do conhecimento, formar indivíduos polivalentes, integrados ao trabalho de equipe, capacitados para comparar, ajuizar, escolher, decidir e, até mesmo, transgredir as regras e o saber institucionalizado. Tudo isso em prol das ágeis mudanças no mundo produtivo para atender a “qualidade total”. A formação do trabalhador precisou ser “humanizada”, processo equilibrado com uma massiva propaganda neoliberal/ globalizada (SANTIAGO, 2002). Falando em competências, em uma entrevista de Perrenoud à Revista Nova Escola, ele disse que seria inútil exigir esforços sobre-humanos dos professores se o sistema educativo apenas adota a linguagem das competências, sem mudar nada de fundamental. O melhor indício de uma mudança profunda é a diminuição do peso dos conteúdos disciplinares e uma avaliação formativa e certificativa, orientada claramente para as competências. As competências não dão as costas para os saberes, mas não se pode pretender desenvolvê-las sem dedicar o tempo necessário para colocá-las em prática. Não basta juntar uma situação de transferência no final de cada capítulo de um curso convencional. Para o sistema mudar, é preciso reformular seus programas em termos de desenvolvimento de competências verdadeiras, liberar disciplinas, introduzir os ciclos de aprendizagem plurianuais ao longo do curso, chamar para a cooperação profissional e convidar o professor para uma pedagogia diferenciada, mudando, então, sua representação e sua prática (PERRENOUD, 2000). Ele também ressalta que para modificar sua prática, para desenvolver competências, é preciso, antes de tudo, trabalhar por resolução de problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da profissão. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 13 Ensinar, hoje, deveria ser conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos construtivistas. Para os adeptos dessa visão interativa da aprendizagem, trabalhar no desenvolvimento de competências não é uma ruptura. O obstáculo está mais em cima: como levar os professores, habituados a cumprir rotinas, a repensar sua profissão? Eles não desenvolverão competências se não se perceberem como organizadores de situações didáticas e de atividades que tenham sentido para os alunos, envolvendo-os e, ao mesmo tempo, gerando aprendizagens fundamentais (PERRENOUD, 2000, p.19-31). 2.1 Saberes necessários para a prática docente Enquanto grupo social e em virtude das próprias funções que exercem, os professores ocupam uma posição estratégica no interior das relações complexas que unem as sociedades contemporâneas aos saberes que elas produzem e mobilizam com diversos fins. Segundo Tardif (2002), essa posição estratégica leva os professores a pertencerem a dois grupos cada vez mais distintos. De um lado, os educadores pesquisadores da comunidade acadêmica destinados a tarefas especializadas de transmissão e de produção dos saberes, ou seja, pesquisa! E de outro lado, nos outros níveis do sistema escolar, professores que parecem residir unicamente na competência técnica e pedagógica, para transmitir saberes já elaborados por outros grupos. Mesmo não concordando essa divisão, mas entendendo que ela realmente existe, esse segundo grupo é que propomos focar nesse momento. De qualquer modo, todo saber, o novo ou o velho, o descoberto ou aquele já elaborado se insere numa duração temporal que remete à história de sua formação e de sua aquisição. Todo saber implica um processo de aprendizagem e de formação, e, quanto mais desenvolvido, formalizado e sistematizado é um saber, como acontece com as ciências e os saberes contemporâneos, mais longo e complexo se torna o processo Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhumaparte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 14 de aprendizagem, o qual por sua vez, exige uma formalização e uma sistematização adequada (TARDIF, 2002). Em relação à formação inicial do professor, Gimeno Sacristán e Pérez Gómes (1998, p. 91) oferecem como contribuição para esse estudo, doze elementos fundamentais do conteúdo do currículo de formação de professores que vale a pena enumerar: 1. Nível de conhecimentos suficientes. 2. Sensibilização para a psicologia da criança. 3. Capacitação nas diversas metodologias. 4. Compreensão e gestão das relações interpessoais na aula e no centro escolar. 5. Programa a curto, a médio e longo prazo da tarefa docente. 6. Conexão dos conteúdos com a psicologia do aluno e as peculiaridades do meio. 7. Seleção, capacidade de utilização e realização de meios técnicos apropriados para o ensino. 8. Capacidade de diagnóstico e avaliação do aluno, da sua aprendizagem e das variáveis que condicionam essa aprendizagem. 9. Capacidade para integrar a escola no meio extraescolar. 10. Organização da aula e do centro das áreas de sua competência. 11. Desenvolvimento no âmbito das tarefas administrativas. 12. Atenção especial às aprendizagens instrumentais e seus problemas. Esses elementos do conteúdo curricular da formação de professores enfatizam especialmente os aspectos pisco-socio-didáticos que são os que tornam os professores capazes de tomar decisões de um modo racional. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 15 A formação inicial precisa dotar os professores de um saber-fazer prático que conduza ao desenvolvimento de esquemas de ação, adquiridos de forma racional e fundamentada, permitindo desenvolverem-se e agirem em situações complexas de ensino (GIMENO SACRISTÁN, 1993). Voltando a Tardif (2000), para ele, os saberes da prática, envolvem um conjunto de saberes utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano no momento de realização das tarefas de sala de aula. Porém, para a concretização do trabalho docente, esses saberes são insuficientes, pois, nessa concepção, os professores se apoiam nos seguintes saberes: curricular, provenientes de programas e dos manuais escolares; disciplinar, que constitui o conteúdo das matérias ensinadas na escola; formação profissional, adquirido por ocasião da formação inicial ou contínua; experiencial, oriundo da prática das profissões e o saber cultural, herdado da trajetória de vida e da cultura particular que os professores partilham em maior ou menor grau com os alunos. Por essa perspectiva os saberes docentes realmente são heterogêneos ao que Tardif e Gauthier (2001) denominam de repertório geral de conhecimentos do professor. Na visão de Ramos (2001), as dimensões dos saberes da docência são: saber-aprender, saber-pensar, saber-fazer, saber-conviver e saber-ser. Essas dimensões são construções resultantes dos processos formativos e das necessidades da vida diária do trabalho docente que exige o enfrentamento de situações desafiadoras com as quais se tem que dialogar. Elas são expressões cognitivas, afetivas e sociais que se tornam visíveis em práticas e ações exercidas sobre o conhecimento, sobre o outro e sobre a realidade. Na classificação de Pimenta (1999), os saberes da docência são: os saberes da experiência; o saber teórico e os saberes pedagógicos. Por fim, Altet (2008) propõe a seguinte tipologia de saberes (teóricos e práticos) necessários ao professor em sua prática: Saberes teóricos: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 16 saberes teóricos a serem ensinados, compreendendo os disciplinares, os constituídos pelas ciências e os tornados didáticos, a fim de permitir aos alunos a aquisição de saberes constituídos e exteriores; os saberes para ensinar, incluindo os pedagógicos sobre a gestão interativa em sala de aula, os didáticos nas diferentes disciplinas e os saberes da cultura que os está transmitindo. Saberes práticos: saberes práticos oriundos das experiências cotidianas da profissão, contextualizados e adquiridos em situação de trabalho, são também chamados de saberes empíricos ou da experiência. Eles podem ser sobre a prática e dá prática; os saberes sobre a prática, isto é, os saberes procedimentais sobre o “como fazer” ou formalizados; os saberes da prática, aqueles oriundos da experiência, produto da ação que teve êxito, da práxis e, ainda os saberes condicionais (quando e onde); os saberes de ação muitas vezes implícitos, situa-se neste nível o saber do professor profissional que permite distinguir o novato do especialista (ALTET, 2008, p. 30). 2.2 O professor enquanto sujeito do conhecimento Garcia (1999) utiliza o termo conhecimento para referir não só às áreas do saber pedagógico (conhecimentos teóricos e conceituais), mas também a áreas do saber-fazer (esquemas práticos de ensino), assim como de saber porquê (justificação da prática). Como a intenção é seguir o seu pensamento, falar-se-á, ao longo do tópico, em conhecimento. A aquisição pelos professores em formação do conhecimento profissional tem sido alvo da atenção dos professores em saber qual é a real contribuição dos programas de formação na aquisição de conhecimentos pelos professores. Garcia (1999) identificou quatro componentes do conhecimento profissional dos professores que são: conhecimento geral da matéria, conhecimento do Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 17 conteúdo, princípios gerais de ensino-aprendizagem ou conhecimento didático do conteúdo e conhecimento do contexto. O conhecimento geral da matéria se relaciona com o ensino, com a aprendizagem, com os alunos, assim como com os princípios gerais de ensino, tempo de aprendizagem acadêmico, ensino em pequenos grupos e gestão da sala de aula. O conhecimento do conteúdo seria conjuntamente com o conhecimento pedagógico, os conhecimentos que os professores têm de possuir sobre a matéria que ensinam, pois quando se conhece algo, torna-se muito mais fácil ensinar em profundidade, porque acredita-se que esse conhecimento estará organizado mentalmente e mais bem preparado para ser ensinado de maneira geral. Garcia (1999) infere ainda que quando o professor não possui conhecimentos adequados sobre a estrutura da disciplina que está ensinando, o seu ensino pode apresentar o conteúdo erradamente aos alunos, ou seja, o conhecimento que o professor tem da matéria influencia o que e como ensinam aos alunos. Outro pontonegativo: quando o professor não conhece a disciplina que ensina, afeta quanto ao tipo de perguntas que formulará e o modo como os professores criticarão e utilizarão os livros didáticos. O conhecimento do conteúdo inclui diferentes componentes, dentre eles o conhecimento substantivo e o conhecimento sintático. O conhecimento substantivo inclui a informação, ideias e tópicos a conhecer, ou seja, o corpo de conhecimentos gerais de uma matéria, os conceitos específicos, definições, convenções e procedimentos. No entendimento de Garcia (1999), esse conhecimento é importante na medida em que determina o que os professores vão ensinar e a partir de que perspectiva. Por exemplo, no caso da Língua Portuguesa, quais as justificativas que usaria para explicar as mudanças que vieram com o novo acordo ortográfico dos países de língua portuguesa. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 18 O conhecimento sintático do conteúdo completa o conhecimento substantivo e tem a ver com o domínio que o professor tem dos paradigmas de investigação em cada disciplina, o conhecimento em relação a questões como validade, tendências, perspectivas, no campo de especialidade, assim como da investigação. Quanto ao conhecimento didático do conteúdo que representa a combinação adequada entre o conhecimento da matéria a ensinar e o conhecimento pedagógico e didático de como ensinar, vários autores afirmam a necessidade de que os professores em formação adquiram um conhecimento especializado do conteúdo a ensinar, para que possam desenvolver um ensino que propicie a compreensão dos alunos (GARCIA, 1999; TARDIF, 2002; PERRENOUD, 2002; ALTET, 2008). As investigações sobre o conhecimento didático do conteúdo tem representado, segundo Garcia (1999), uma das contribuições mais importantes da investigação sobre o conhecimento do professor para a formação de professores. A quarta componente dos conhecimentos que os professores têm de adquirir diz respeito ao local onde se ensina, assim como a quem se ensina, que chamou-se de conhecimento do contexto. Não há dúvidas que os professores têm de adaptar o seu conhecimento geral da matéria às condições particulares da escola e dos alunos que a frequentam. Segundo Garcia (1999, p. 91) O professor tem que sensibilizar-se para conhecer as características socioeconômicas e culturais do bairro, as oportunidades que oferece para serem integradas no currículo, as expectativas dos alunos, etc. Fala esta que vem corroborar com as reflexões que fizemos sobre a escola e a aula serem lócus de conhecimento e de cultura. Por fim, é preciso que o professor conheça os seus alunos, a sua procedência, os níveis de rendimento, a sua história de vida e vale relembrar que este conhecimento não se adquire somente lendo relatórios, é preciso estar em contato com os alunos, pois assim sua prática de ensino terá muito mais chances de sucesso. Essa é uma condição que precisa ser cultivada nos professores em formação. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 19 Falou-se até o momento sobre saberes e conhecimentos necessários ao professor, no entanto, ele também deve possuir competências e habilidades, tanto de conduta como cognitivas. Perrenoud e Thurler (2002) destacam: desenvolver a integridade intelectual na escolha, utilização e avaliação de uma variedade de evidências como base para o desenvolvimento de juízos; desenvolver a competência visual, linguística, estética e imaginativa como base para o diálogo e o discurso intra e interculturas diferentes; animar o desenvolvimento da capacidade de análise política global e de competências práticas, tais como a comunicação, resolução de problemas, solução de conflitos; reforçar e expandir as competências básicas de aprendizagem e desenvolver a organização e funcionamento cognitivo avançado; reforçar o desenvolvimento de valores e atitudes clarificados e reflexivos e suas aplicações como critério para tomar decisões equilibradas e sensíveis. Enfim, o reconhecimento de uma competência não passa apenas pela identificação de situações a serem controladas, de problemas a serem resolvidos, de decisões a serem tomadas, mas também pela explicitação dos saberes, das capacidades, dos esquemas de pensamento e das orientações éticas necessárias (PERRENOUD, 2002, p. 19). Vejamos então as competências para ensinar no século XXI. 2.3 As competências para ensinar no século XXI Perrenoud é um dos educadores mais conhecidos por sua obra e por suas ideias pioneiras e vanguardistas sobre a avaliação em sala de aula, a pedagogia diferenciada e sobre a formação e profissionalização do professor, sendo referência essencial para educadores no Brasil e, ainda, por ser fonte única para todos pesquisadores em educação e assessores em políticas educacionais, estando na base, inclusive, dos Novos Parâmetros Curriculares Nacionais e do Programa de Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 20 Formação e Professores Alfabetizadores do MEC (PROFA), estabelecidos pelo MEC. O principal motivo do seu sucesso se deve ao fato de ele discorrer, de forma clara e explicativa, sobre temas complexos e atuais, como formação, avaliação, pedagogia diferenciada e, principalmente, o desenvolvimento de competências. O modelo educacional proposto por Perrenoud é baseado num ciclo de avaliação de três anos, ou seja, em vez de um ano, a criança tem três para desenvolver as competências estabelecidas para aquela faixa etária. Assim, segundo o sociólogo o aluno tem muito mais chances de não ser reprovado se não adquirir uma determinada habilidade em um ano, já que tem mais tempo para amadurecer e aprender. Apesar disso, ter tempo não é esperar! Não podemos deixar que uma criança repita um ciclo de três anos (PERRENOUD, Revista Nova Escola, 2002), Para isso, afirma ele: é necessário um modelo de avaliação mais eficiente realmente capaz de identificar as dificuldades do aprendizado, e que tenha mais tempo para agir e corrigir. E por isso, os professores devem ter uma formação mais sólida, além da imprescindível cooperação dos pais. Mas o que são competências? As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, assim como a nova organização do trabalho, influenciaram, sobremaneira, a disseminação de variadas noções de competências propícias para cada período histórico. Tanto no âmbito empresarial como nos demais segmentos da sociedade o termo competência sempre esteve atrelado às necessidades de acomodação e acumulação do capital nas sociedades capitalistas. Com isso, os saberes necessários aos trabalhadores foram sempre aqueles voltados para a praticidade no desenvolvimento de suas atividades de forma a garantir mais produtividade.Para Stroobants (1997, p.135), esta organização do trabalho pode ser entendida também como uma forma de codificar os conhecimentos, separando o saber e o fazer. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 21 Para os educadores, o termo competência tem sido objeto de estudo principalmente porque, na atualidade, acentuam-se as mudanças que vão exigir do profissional da educação novas competências para ensinar. Tais exigências são a condição básica de enfrentamento da “crescente heterogeneidade dos efetivos escolares e a evolução dos programas” (PERRENOUD, 2000, p. 14). Precisamos compreender de que forma esta nova exigência, tão propagada, de aquisição de novas competências para ensinar, tem se materializado nas políticas de formação de professores, na redefinição dos conteúdos de ensino e nas políticas educacionais de modo mais amplo. Antes, porém, seria oportuno descrever, mesmo que de forma sucinta, quais noções de competência se fazem presentes na atualidade, partindo do pressuposto de que as novas capacidades que o indivíduo deve ter para se inserir no mercado de trabalho estão pautadas na ideia de um mundo, cuja a internacionalização do capital define o que concebemos hoje por globalização da economia. Economia esta que leva a mudanças no mundo do trabalho, nos processos de produção, de organização e de formação profissional. Em busca da compreensão da atual crise do capitalismo poderíamos tentar justificar porque a noção de competência está sendo tão discutida no meio educacional na contemporaneidade. Uma explicação pode ser a seguinte: Como o mundo do trabalho apropriou-se da noção de competência, a escola estaria seguindo seus passos, sob o pretexto de modernizar-se e de inserir-se na corrente dos valores da economia de mercado, como gestão dos recursos humanos, busca da qualidade total, valorização da excelência, exigência de uma maior mobilidade dos trabalhadores e da organização do trabalho (PERRENOUD, 1999, p. 12). Estas mudanças no mundo do trabalho levam a mudanças também de paradigmas daquilo que entendemos que deve conter a educação. Por isso, em muitos países, a relação conhecimento-competência está no centro das reformas curriculares onde podemos destacar os cursos de formação de professores, os quais têm buscado a criação de novas formas e expectativas para o novo direcionamento desta formação. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 22 No Brasil, a formação dos professores orienta-se por estes novos referenciais manifestados principalmente no Parecer 009/2001 que aponta o novo encaminhamento que deve ser dado aos cursos que formam estes profissionais, destacando sobremaneira as novas competências que deve ter este profissional (MACEDO, 2002). As novas competências necessárias ao professor devem servir de suporte para cultivar nos alunos, desde o ensino fundamental, um novo comportamento exigido pelas mudanças ocorridas principalmente a partir dos anos de 1970, que exigem do indivíduo a tomada de uma nova postura. Postura esta que deve facilitar seu acompanhamento na evolução do mundo onde as fronteiras são cada vez mais extintas e o avanço da tecnologia requer, segundo Perrenoud (1999), novos estilos de vida levando em conta a flexibilidade e a criatividade imprescindíveis, segundo o capital, a qualquer ser humano. Aponta ainda (MEC/ CNE, 2001, p. 4), que os novos tempos exigem novas características para os professores das quais se destacam: orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos; comprometer-se com o sucesso da aprendizagem dos alunos; assumir e saber lidar com a diversidade existente entre os alunos; incentivar atividades de enriquecimento cultural; desenvolver práticas investigativas; elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos curriculares; utilizar novas metodologias, estratégias e materiais de apoio; desenvolver hábitos de colaboração e trabalho de equipe. Todas essas necessidades presentes nas diretrizes de formação do professor parecem contribuir para o ideário neoliberal de que os hábitos necessários à formação dos educandos devem ser construídos desde a educação básica, que passa a ser responsável pela qualificação para o trabalho na nova forma de acumulação do capital. Daí se origina todo o empenho em reformular o currículo dos Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 23 cursos de formação dos professores, buscando novos espaços de formação tendo o paradigma das competências como referência principal para a organização/ reorganização técnica destes cursos afirmando-se, desta forma, as novas “tarefas” dos professores (MACEDO, 2002). Nesse documento do MEC/CNE (2001, p. 28), a noção de competência atribuída ao professor se refere, não só ao domínio dos conhecimentos específicos em torno dos quais deverá agir, mas, também, compreensão das questões envolvidas em seu trabalho, sua identificação e resolução, autonomia para tomar decisões, responsabilidade pelas opções feitas. Requer ainda, que o professor saiba avaliar criticamente a própria atuação e o contexto em que atua e que saiba, também, interagir cooperativamente com a comunidade profissional a que pertence e com a sociedade. A competência, então, pode ser definida como uma faculdade genérica, potencialidade da mente humana. É a capacidade de improvisar e inventar, sem uma lista preestabelecida. Ela é uma característica da espécie humana, é a capacidade de criar respostas sem tirá-las de um repertório. A potencialidade do sujeito se transforma em competências efetivas por meio de aprendizagens que não intervêm espontaneamente. Segundo Perrenoud (2000, p.19-31), competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, entre outros) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Três exemplos: saber orientar-se em uma cidade desconhecida mobiliza as capacidades de ler um mapa, localizar-se, pedir informações ou conselhos; e os seguintes saberes: ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas; saber curar uma criança doente mobiliza as capacidades de observar sinais fisiológicos, medir a temperatura, administrar um medicamento; e os seguintes saberes: identificar patologias e sintomas, primeiros socorros, terapias, os riscos, os remédios, os serviços médicos e farmacêuticos; Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados– sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 24 saber votar de acordo com seus interesses mobiliza as capacidades de saber se informar, preencher a cédula; e os seguintes saberes: instituições políticas, processo de eleição, candidatos, partidos, programas políticos, políticas democráticas, entre outros. Esses são exemplos bem simples, diga-se de passagem. Outras competências estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todos, as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo. A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras não. Ainda em entrevista à revista Nova Escola (2000, p.19-31), Perrenoud discorre que a abordagem por competências é uma maneira de levar a sério um problema antigo, o de transferir conhecimentos. Em geral, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências e menos em colocá-las em sinergia nas situações complexas. Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, escrever, contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais. Assimilam-se conhecimentos disciplinares, como Matemática, História, Ciências, Geografia, entre outras. Mas a escola não tem a preocupação de ligar esses recursos a situações da vida. Quando se pergunta por que se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da sequência do curso: ensina-se a contar para resolver problemas; aprende-se gramática para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global: aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da saúde. A transferência e a mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem do céu. É preciso trabalhá-las e treiná-las, e isso exige tempo, etapas didáticas e situações apropriadas, que hoje não existem. Ao título que demos ao tópico, se faz jus reconhecer então, os dez domínios de competências reconhecidas como prioritárias na formação contínua dos professores do ensino fundamental, a saber: 1) Organizar e dirigir situações de aprendizagem: conhecer para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem; trabalhar a partir das representações dos alunos; trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem; Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 25 construir e planejar dispositivos e sequências didáticas; envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento. 2) Administrar a progressão das aprendizagens: conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos; adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino; estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem; observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa; fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão. 3) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação: administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma; abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto; fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades; desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo. 4) Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho: suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de autoavaliação; instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou escola) e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos; oferecer atividades opcionais de formação, à la carte; favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno. 5) Trabalhar em equipe: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 26 elaborar um projeto de equipe, representações comuns; dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões; formar e renovar uma equipe pedagógica; enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais; administrar crises ou conflitos interpessoais. 6) Participar da administração da escola: elaborar, negociar um projeto da instituição; administrar os recursos da escola; coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros (serviços para- escolares, bairro, associações de pais, professores de língua e cultura de origem); organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos. 7) Informar e envolver os pais: dirigir reuniões de informação e de debates; fazer entrevistas; envolver os pais na construção dos saberes. 8) Utilizar novas tecnologias: utilizar editores de textos; explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino; comunicar-se a distância por meio da telemática; utilizar as ferramentas multimídia no ensino. 9) Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão: prevenir a violência na escola e fora dela; Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 27 lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais; participar da criação de regras de vida comum, referentes à disciplina da escola, às sanções e à apreciação da conduta; analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em aula; desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça. 10) Administrar sua própria formação contínua: saber explicar as próprias práticas; estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua; negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede); envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo; acolher a formação dos colegas e participar dela. Assim, não se podem dissociar as competências da relação com a profissão. Para formar professores mais competentes, aliando uma postura reflexiva e uma forte implicação crítica para o desenvolvimento da sociedade, é necessário desenvolver a profissionalização do professor (PERRENOUD, 2001, p.8-12). Por fim, em relação às qualidades profissionais que o professor deve ter para ajudar seu aluno a desenvolver competências, Perrenoud (2000, p.19-31) ressalta que antes de ter competências técnicas, ele deveria ser capaz de identificar e de valorizar suas próprias competências, dentro de sua profissãoe de outras práticas sociais. Isso exige um trabalho sobre sua relação com o saber. Muitas vezes, o professor é alguém que ama o saber pelo saber, que é bem-sucedido na escola, que tem uma identidade disciplinar forte desde o Ensino Médio. Ora, os alunos não são e não querem ser como ele. O professor deve, então, se colocar no lugar desses alunos. Aí ele começará a procurar meios de interessar sua turma pelo saber — não como algo em si mesmo, mas como ferramentas para compreender o mundo e agir sobre ele. O principal recurso do professor é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com os outros, com os alunos, com a experiência. Mas, com certeza, existem capacidades mais precisas. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 28 Embora os professores hesitem em assumir a parcela de autonomia e responsabilidade que está ligada ao exercício de sua profissão e as autoridades queiram conservar seu controle sobre os mesmos e os estabelecimentos, é importante gerar a transição desta décima primeira família de competência, da qual dependerão as outras. Vale guardar... Durante a sua prática pedagógica o professor adquire saberes que são essenciais para sua formação docente: “Os saberes docentes são plurais, nos quais se dividem em saberes profissionais, disciplinares, curriculares e experienciais”, é plural em função da diversidade de saberes dos quais se originam, é heterogêneo na medida que reúne saberes de várias naturezas distintas (TARDIF, 2002, p. 36). “Os saberes dos docentes são relacionais, isto é, são frutos das interações produzidas pelo docente no seu trabalho e em decorrência da sua atividade profissional” (BORGES, 2004, p. 86). Os saberes docentes se edificam com o tempo; são temporais porque passam por transformações vinculadas às etapas da carreira docente, caracterizando diferentes fases na vida e prática dos docentes (TARDIF, 2002). O professor deve ser um pesquisador de sua própria prática e mobilizar diferentes saberes (experiencial, pedagógico e conhecimento específico). Está claro que ele adquire esses saberes desde a época que foi aluno, no cotidiano escolar, nas formações inicial e continuada. Por outro lado, para o docente melhorar sua prática, necessita-se que este tenha experiência e consciência de que precisa de uma formação contínua, no sentido de aperfeiçoar sua ação pedagógica (SOARES; MENDES SOBRINHO, 2006). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 29 UNIDADE 3 – CONCEPÇÕES TEÓRICO- EPISTEMOLÓGICAS: UMA BREVE REVISÃO Várias teorias foram e ainda são elaboradas com o objetivo de reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vista, as condições de produção da representação do mundo e de suas vinculações com as visões de mundo e de homens dominantes em cada momento histórico da sociedade. Dentre as várias teorias que focaram o desenvolvimento e a aprendizagem, escolhemos algumas, não somente de estudiosos renomados e estudados exaustivamente nos cursos voltados para a educação, mas de outros menos conhecidos que também contribuíram sobremaneira. Entendemos que cada uma delas, a seu tempo e seu modo veem colaborando com o entendimento do desenvolvimento humano. Dentre as concepções que norteiam as práticas pedagógicas, temos a inatista, a empirista, a ambientalista, a associacionista, a racionalista, a apriorista, a construtivista, a interacionista e outras. Como é conteúdo geralmente estudado nos cursos de graduação, não vamos nos alongar, mas dar algumas pinceladas sobre essas concepções, a título de lembrança e de complemento para aqueles que pouco contato tiveram com tais concepções. Começando por Platão (427-347 a.C.), é lá na antiguidade que encontramos nos filósofos as primeiras dúvidas em saber se as pessoas possuíam saberes inatos ou se era possível ensinar alguma coisa a alguém. Platão, discípulo de Sócrates, defendia a tese de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Para ele conhecer é relembrar, pois a pessoa já domina determinados conceitos desde que nasce. Pois bem, a perspectiva do inatismo sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões, habilidades, conceitos, conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária. Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita que o educador deve interferir o mínimo possível, apenas trazendo o saber à Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 30 consciência e organizando-o. No resumo de Becker, “o estudante aprende por si mesmo”, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no livro Educação e Construção do Conhecimento (REVISTA NOVA ESCOLA, nº 237, nov. 2010). Na educação, segundo Becker (2001, p. 19), o professor que tem uma concepção apriorista ou inatista entende que o aluno traz um saber e que ele apenas precisa trazer à consciência, organizar, ou ainda rechear de conteúdo. O professor e a escola são facilitadores dessa ação. Todos já nascem sabendo, cabendo à ação pedagógica apenas desencadear um processo de descoberta daquilo que o aluno possui a priori. Dessa forma, podemos dizer que aprioristas são todos aqueles que pensam que as condições de possibilidade do conhecimento são dadas na bagagem hereditária: de forma inata ou submetidas ao processo maturacional, ou seja, de qualquer forma predeterminada a priori. Segundo Becker (1998, p. 15), “a postura apriorista opõe-se à empirista na medida em que relativiza a experiência, absolutizando o sujeito”. O autor coloca um exemplo para entendermos melhor como os aprioristas entendem o conhecimento: “supõe-se que nosso cérebro, mediante nosso olhar (ou mediante a estrutura perceptiva) jogasse um fluido sobre um objeto qualquer e dele retirasse um holograma, ao sugar de volta esse fluido, pela percepção”. Assim, toda a atividade de conhecimento é exclusiva do sujeito; o meio não participa dela. Portanto, a relação epistemológica básica do apriorismo é: SO. Na perspectiva apriorista, o professor é um auxiliar do aluno, um facilitador, conforme coloca Carl Rogers. O professor acredita que o aluno não precisa tanto de sua mediação, pois a aprendizagem depende de um processo maturacional, ou seja, o aluno já vem com o conhecimento, ou pelo menos depende fundamentalmente da iniciativa do aluno. O professor interfere o mínimo possível. Trata-se de um professor não-diretivo, que acredita que o aluno aprende por si mesmo, podendo ele, no máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno. É o regime laissez-faire: deixe fazer que o aluno encontrará seu caminho (ALBERTI; CIGOLINI; FRANCO, 2009). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordocom a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 31 O Empirismo parte do princípio de que o homem é uma tábula rasa, um ser absolutamente passivo, uma folha em branco, e o professor, no caso, representa a transmissão do conhecimento e do saber. Ou seja, o aluno, nada sabendo, só consegue “adquirir” conhecimento através de aulas ministradas pelos mestres. Encontra em Locke, Hume, Pavlov, Skinner e Mager seus representantes. Os adeptos dessa corrente acreditam que o conhecimento processa-se por força dos sentidos, supervalorizando, desta forma, o papel da experiência sensorial (percepção), que inscreveria, direta ou indiretamente, os conteúdos da vida mental sobre um indivíduo, visto como um ser extremamente plástico ou uma folha em branco ou um balde vazio, para citar algumas figuras metafóricas comumente usadas. Dessa forma, o conhecimento humano reduz-se ao sentir dos sentidos, fossem eles externos: a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar; fossem eles sentidos internos: a fantasia, a imaginação sensível, a memória sensível, a atenção. Os sentidos produziriam o dado a ser conhecido, constituindo-se a fonte e a explicação última do fenômeno do conhecimento. O ponto alto do empirismo é o teste da experiência: nada aceitar que não tenha passado pelo crivo da experiência. Em relação à concepção ambientalista, ela encontra seus pressupostos na epistemologia empirista e positivista: admite, quanto à origem do conhecimento, que este provenha unicamente da experiência, ou seja, negando a existência de princípios puramente racionais; privilegia a ação da cultura e os meio como fatores exclusivos da formação da conduta humana; foi significativa a influência destes postulados para a Psicologia. Uma série de pesquisas e estudos foram elaboradas a partir destes pressupostos; o behaviorismo, paradigma predominante na Psicologia durante a primeira metade do século passado, insere-se justamente nesta tradição epistemológica. São características da concepção ambientalista, também chamada behaviorista ou comportamentalista: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 32 atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas, privilegiando a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamento; preocupa-se em explicar os comportamentos observáveis do educando, desprezando a análise de outros aspectos da conduta humana tais como: o raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos, a fantasia, entre outros; defende a necessidade de medir, comparar, testar, experimentar e controlar o comportamento e desenvolvimento do educando e sua aprendizagem, objetivando com isso, controlar o comportamento do educando. Na concepção associacionista ou empirista-associanista, a aprendizagem se dá através de conexões progressivas de estímulo (E) resposta (R). Tais conexões se produzem a partir de uma cadeia de estímulos que, partindo do mais simples, vai progressivamente atingindo níveis de complexidade cada vez maiores. Isso explica a forma de organização das cartilhas. O principal representante do Associacionismo é Edward L. Thorndike, tendo sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. Sua produção de conhecimento pautava-se por uma visão de utilidade deste conhecimento, muito mais do que por questões filosóficas que perpassam a Psicologia. Vejam no quadro a seguir algumas características das concepções inatistas e empiristas: Inatismo Empirismo Conhecimento O conhecimento é pré-formado, e as estruturas mentais se atualizam na medida que o ser humano amadurece, vai reorganizando sua inteligência pelas percepções que tem da realidade, vai se tornando apto a realizar aprendizagens cada vez mais complexas. A fonte do conhecimento está na experiência. O conhecimento vem de fora, através dos sentidos. O conhecimento evolui à medida que o sujeito adquire novas experiências. Aprendizado A aprendizagem consiste no armazenamento das informações prontas, acabadas, através da Mudança de comportamento, resultante do treino e da experiência. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 33 memória. Ensino O ensino consiste na transmissão do conhecimento, através da exposição de conteúdos organizados de acordo com a lógica do professor, ainda que sem significado para os alunos. Ensinar é modificar o ambiente, controlar as estratégias de trabalho para operar as mudanças desejadas nas respostas dos alunos. Avaliação A avaliação consiste em medir o quanto das informações passadas foram retidas na memória pelos alunos. O grau de aprendizagem mede-se pelo estoque de informações acumuladas. Avaliar é: medir a quantidade de respostas modificadas; medir a quantidade da mudança operada no comportamento do aluno; medir a quantidade de respostas aprendidas. Na concepção racionalista, a aprendizagem é fruto da capacidade interna do aluno. Ele é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz uma capacidade inata para aprender. Em linhas gerais, quando não aprende, é considerado incapaz, se aprende, diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual (Q.I.). Nesta concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em consideração a idade do indivíduo. Uma das teorias mais importantes na educação, a Teoria Construtivista, surgiu no século XX, a partir das experiências do biólogo, filósofo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), o qual observando crianças desde o nascimento até a adolescência – como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento de sua individualidade frente ao mundo que o cerca indo até a idade de adolescentes, onde já se tem o início de operações de raciocínio mais complexas – percebeu que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o meio em que ele vive. Para este autor, o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto, estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do objeto, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do InstitutoProminas. 34 uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas (PIAGET, 2007, p.1). Segundo Becker (1994), o construtivismo não é uma prática nem um método, e sim uma teoria que permite conceber o conhecimento como algo que não é dado e sim construído e constituído pelo sujeito através de sua ação e da interação com o meio. Assim, o sentido do construtivismo na educação diferencia-se da escola como transmissora de conhecimento, que insiste em ensinar algo já pronto através de inúmeras repetições como forma de aprendizagem. Na concepção construtivista, a educação é concebida, segundo Becker (1994, p. 89), como um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído. Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento (BECKER, 1994). Por fim vamos explanar algumas linhas sobre o sociointeracionismo, teoria proposta por Vigotsky. Para ele, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor – ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Para ele, o que interessa é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa. Outro conceito-chave da teoria de Vigotsky é a mediação. Segundo a teoria Vigotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 35 Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante – para quem cabe a escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo próprio aluno. Segundo Vygotsky, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ser a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente. O ensino deve se antecipar ao que aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre o aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, a zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância real de uma criação e aquilo que ela tem o potencial de aprender. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue aprender sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha (RODRIGUES, 2005). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 36 A seguir, temos um quadro comparativo das concepções construtivista e interacionista, as quais fazem parte do cotidiano pedagógico. Construtivismo Interacionismo Conhecimento A fonte do conhecimento se dá nas trocas entre o organismo e o meio, ou seja, na ação recíproca entre ambos, sujeito-objeto e sujeito-meio físico e social. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. O desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. O conhecimento é considerado como construção histórica e social dinâmica, fruto de uma construção coletiva, que necessita de contexto para ser entendido e interpretado. Conhecimento é uma construção coletiva e uma assimilação pessoal. Aprendizado A aprendizagem, longe de ser uma acumulação de informações para formação de um estoque, é o próprio processo de produzir conhecimento. A aprendizagem, na perspectiva construtivista, caracteriza-se por desencadear processos mentais que ampliam a capacidade intelectual e de compreensão do indivíduo. A aprendizagem está relacionada a esse desenvolvimento. Na troca com outros sujeitos e consigo próprio é que se dá a aprendizagem, é que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a constituição de conhecimento e da própria consciência. Ensino O ensino precisa ser desafiador das estruturas do aluno, para que ele se desenvolva na construção de estruturas superiores e produção de novos conhecimentos. O bom professor é aquele que valoriza o trabalho em grupo, é aquele que cria conflitos cognitivos para que novos conhecimentos sejam produzidos. O ensino precisa valorizar as interações entre indivíduos e entre grupos e destes com os diferentes segmentos da comunidade. Avaliação A avaliação deverá centrar-se no processo de desenvolvimento do aluno, diagnosticar suas dificuldades, identificando os erros como parte do processo de aprendizagem, explorar as possibilidades e valorizar o esforço dos alunos. A avaliação deverá centrar-se na dinâmica das relações que se estabelecem no espaço da comunidade, da escola e da sala de aula. O bom aluno é aquele que participa, desafia, investiga, contribui com os diversos grupos, soma com o outro, critica, toma decisões, desenvolve comportamentos democráticos. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 37 UNIDADE 4 – OS PARÂMETROS E AS ORIENTAÇÕES CURICULARES NACIONAIS (PCN E OCN) 4.1 Os Parâmetro Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, quese sobreporia à competência político-executiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas (BRASIL, 1997). Os Parâmetros Curriculares Nacionais, referenciais para a renovação e reelaboração da proposta curricular, reforçam a importância de que cada escola formule seu projeto educacional, compartilhado por toda a equipe, para que a melhoria da qualidade da educação resulte da corresponsabilidade entre todos os educadores. A forma mais eficaz de elaboração e desenvolvimento de projetos educacionais envolve o debate em grupo e no local de trabalho. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao reconhecerem a complexidade da prática educativa, buscam auxiliar o professor na sua tarefa de assumir, como profissional, o lugar que lhe cabe pela responsabilidade e importância no processo de formação do povo brasileiro (BRASIL, 1997). A orientação proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais reconhece a importância da participação construtiva do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 38 do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias à formação do indivíduo. Ao contrário de uma concepção de ensino e aprendizagem como um processo que se desenvolve por etapas, em que a cada uma delas o conhecimento é “acabado”, o que se propõe é uma visão da complexidade e da provisoriedade do conhecimento. De um lado, porque o objeto de conhecimento é “complexo” de fato e reduzi-lo seria falsificá-lo; de outro, porque o processo cognitivo não acontece por justaposição, senão por reorganização do conhecimento. É também “provisório”, uma vez que não é possível chegar de imediato ao conhecimento correto, mas somente por aproximações sucessivas que permitem sua reconstrução. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, tanto nos objetivos educacionais que propõem quanto na conceitualização do significado das áreas de ensino e dos temas da vida social contemporânea que devem permeá-las, adotam como eixo o desenvolvimento de capacidades do aluno, processo em que os conteúdos curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como meios para a aquisição e desenvolvimento dessas capacidades. Nesse sentido, o que se tem em vista é que o aluno possa ser sujeito de sua própria formação, em um complexo processo interativo em que também o professor se veja como sujeito de conhecimento. Na introdução, falamos da complexidade da prática pedagógica, uma vez que o contexto de sala de aula traz questões de ordem afetiva, emocional, cognitiva, física e de relação pessoal. Pois bem, os PCNs oferecem tópicos em didática considerados essenciais pela maioria dos profissionais em educação: autonomia; diversidade; interação e cooperação; disponibilidade para a aprendizagem; organização do tempo; organização do espaço; e seleção de material. Na verdade, esses tópicos são diretrizes para que os objetivos propostos para o Ensino Fundamental sejam atingidos, os quais irão depender, evidentemente, da prática educativa. Ou seja, as orientações didáticas servem de subsídio para a reflexão sobre o como ensinar. No módulo de Práticas Pedagógicas II, embarcamos numa segunda etapa dessa viagem, oferecendo exemplos direcionados para as diversas áreas de Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 39 conhecimento, seja, para Ensino fundamental, seja para Ensino Médio e baseado muitas vezes na Pedagogia de Projetos. Lembramos que cada aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é o mediador na interação dos alunos com os objetos de conhecimento e o processo de aprendizagem compreende a interação dos alunos entre si, essencial à socialização. Assim sendo, as orientações didáticas apresentadas enfocam fundamentalmente a intervenção do professor na criação de situações de aprendizagem coerentes com essa concepção. Para cada tema e área de conhecimento corresponde um conjunto de orientações didáticas de caráter mais abrangente — orientações didáticas gerais — que indicam como a concepção de ensino proposta se estabelece no tratamento da área. Para cada bloco de conteúdo correspondem orientações didáticas específicas, que expressam como determinados conteúdos podem ser tratados (BRASIL, 1997). De maneira geral, os PCNs têm como um dos objetivos, levar o docente a refletir e a repensar sua prática pedagógica. Para tanto, ele é estimulado a rever sua postura, focando, sobretudo, nos seus objetivos, nos conteúdos a serem abordados/ trabalhados, no enfoque/ tratamento dado a esses conteúdos, na forma como ele avalia a construção do conhecimento do aluno, entre outros. Por fim, os PCNs preconizam uma abordagem transversal e, principalmente, de cunho interdisciplinar. Com isso, eles pretendem extinguir a visão de desarticulação e separação entre os componentes curriculares do processo de escolarização, estabelecendo, assim, a articulação e o contato entre tais componentes. O que, por sua vez, contribui para a construção conjunta do conhecimento. Entretanto, essa perspectiva interdisciplinar não se limita à junção de disciplinas de um dado sistema formal de ensino, mas, sobretudo, abrange a utilização dos saberes provenientes dessa junção nas práticas corriqueiras do dia a dia (SILVA, 2013). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 40 4.2 As Orientações Curriculares Nacionais (OCN) para o Ensino Médio A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional explicita que o Ensino Médio é a “etapa final da educação básica” (Art. 36), o que concorre para a construção de sua identidade. O Ensino Médio passa a ter a característica da terminalidade, o que significa: assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos “fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos” (Art.35, incisos I a IV). O Ensino Médio, portanto, é a etapa final de uma educação de caráter geral, afinada com a contemporaneidade, com a construção de competências básicas, que situem o educando como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do trabalho, e com o desenvolvimento da pessoa, como “sujeito em situação” – cidadão. Nessa concepção, a Lei nº 9.394/96 muda no cerne a identidade estabelecida para o Ensino Médio, contida na referênciaanterior, a Lei nº 5.692/71, cujo 2º grau se caracterizava por uma dupla função: preparar para o prosseguimento de estudos e habilitar para o exercício de uma profissão técnica. Na perspectiva da nova Lei, o Ensino Médio, como parte da educação escolar, “deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social” (Art.1º § 2º da Lei nº 9.394/96). Essa vinculação é orgânica e deve contaminar toda a prática educativa escolar. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 41 Em suma, a Lei estabelece uma perspectiva para esse nível de ensino que integra, numa mesma e única modalidade, finalidades até então dissociadas, para oferecer, de forma articulada, uma educação equilibrada, com funções equivalentes para todos os educandos: a formação da pessoa, de maneira a desenvolver valores e competências necessárias à integração de seu projeto individual ao projeto da sociedade em que se situa; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; a preparação e orientação básica para a sua integração ao mundo do trabalho, com as competências que garantam seu aprimoramento profissional e permitam acompanhar as mudanças que caracterizam a produção no nosso tempo; o desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de forma autônoma e crítica, em níveis mais complexos de estudos. A reforma curricular do Ensino Médio estabeleceu a divisão do conhecimento escolar em áreas, uma vez que entende os conhecimentos cada vez mais imbricados aos conhecedores, seja no campo técnico-científico, seja no âmbito do cotidiano da vida social. A organização em três áreas – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias – tem como base a reunião daqueles conhecimentos que compartilham objetos de estudo e, portanto, mais facilmente se comunicam, criando condições para que a prática escolar se desenvolva numa perspectiva de interdisciplinaridade. A estruturação por área de conhecimento justifica-se por assegurar uma educação de base científica e tecnológica, na qual conceito, aplicação e solução de problemas concretos são combinados com uma revisão dos componentes socioculturais orientados por uma visão epistemológica que concilie humanismo e tecnologia ou humanismo numa sociedade tecnológica. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 42 O desenvolvimento pessoal permeia a concepção dos componentes científicos, tecnológicos, socioculturais e de linguagens. O conceito de ciências está presente nos demais componentes, bem como a concepção de que a produção do conhecimento é situada sócio, cultural, econômica e politicamente, num espaço e num tempo. Cabe aqui reconhecer a historicidade do processo de produção do conhecimento. Enfim, preconiza-se que a concepção curricular seja transdiciplinar e matricial, de forma que as marcas das linguagens, das ciências, das tecnologias e, ainda, dos conhecimentos históricos, sociológicos e filosóficos, como conhecimentos que permitem uma leitura crítica do mundo, estejam presentes em todos os momentos da prática escolar. Então, como veremos adiante e nas Práticas Pedagógicas II, a interdisciplinaridade nos levará utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Ela tem assim uma função instrumental, ou seja, de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos. Na prática escolar, ela propõe que sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência e divergência. Como diz Mello (1998, p. 76), o conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, de iluminação de aspectos não distinguidos. Para que os objetivos e as propostas de trabalho sejam atingidos, é preciso, claro, que os professores se apropriem não só dos princípios legais, políticos, filosóficos e pedagógicos que fundamentam o currículo proposto, de âmbito nacional, mas da própria proposta pedagógica da escola. Isso quer dizer uma formação sólida em conhecimentos, humanística, criativa, o desenvolvimento de competências, ou seja, saber o quê e como ensinar. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 43 Enfim, a democratização e universalização da escola, a construção de práticas e políticas democráticas nos levará a romper com a lógica da repetência e da exclusão e estaremos dando nossa contribuição para que nossos jovens possam participar dessa sociedade, cada vez mais complexa, de maneira autônoma, criativa, crítica, pois ajudamos a acrescentar em suas bagagens muito mais do que conhecimentos concreto. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 44 UNIDADE 5 – INTERDISCIPLINARIDADE E OS PROJETOS DE TRABALHO O desenvolvimento pessoal do aluno, tornando-o capaz de tomar decisões ao longo de sua vida, intervir na sociedade, ser um sujeito crítico e capaz de solucionar problemas, enfim, enfrentar os desafios que a vida oferece diuturnamente são metas e objetivo da educação que serão alcançados por meio de uma aprendizagem que lhe desenvolve competências. Se o jovem aprende a enfrentar desafios através da mobilização de competências frente a problemas significativos para ele, logo, terão significado para o aluno os problemas referentes ao seu contexto. Contextualizar faz parte do trabalho dos professores, o que passa por ampliar os saberes, os conhecimentos e competências de cada aluno, lembrando que contextualizar não é simplesmente dar exemplos. Contextualizar é um princípio e não uma estratégia. A contextualização acontece também em rede, ou seja, conceitos e conhecimentos de determinada disciplina são contextualizados no tempo, no espaço e no próprio universo do conhecimento. É a interdisciplinaridade sendo aplicada. Podemos afirmar, então, que a interdisciplinaridade como prática pedagógica é uma forma de contextualizar o conhecimento. Por princípio, a interdisciplinaridade articulaas disciplinas na busca de superar a fragmentação, que dificulta a compreensão da complexidade dos mundos físico e social. Um currículo construído de forma interdisciplinar aponta a necessidade de reconstrução do homem como ser integral, através da interação de conhecimentos específicos. E o processo de interdisciplinaridade se dá através da negação, da superação, da complementação e da ampliação de conceitos, em permanente questionamento. Uma das metodologias mais pertinentes ao desenvolvimento do currículo por competências, elaborado interdisciplinarmente através de contextos significativos para o aluno, que contemplem cada vez mais aspectos da cultura juvenil, é a de Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 45 projetos. Além de propiciar que tais concepções e práticas sejam aplicadas, sua construção se dá no coletivo, proporcionando a reflexão e o incentivo a práticas de valores, como o respeito às diferenças e a solidariedade. Sem falar no processo de avaliação contínua que é inerente a tal metodologia, promovendo a avaliação diferenciada e a autoavaliação (Breves considerações sobre a aprendizagem por competências. In: SEMINÁRIO, 2000, Brasília. ANAIS ELETRÔNICO. Seminário “Escola Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio”. Brasília: MEC, 2000. Disponível em: http://www.mec.gov.br/semtec/ensmed/artigosensaios.shtm). Essa unidade falares justamente sobre esse tripé: currículo, interdisciplinaridade e pedagogia de projetos, esperando que seja um norte para o trabalho de vocês. 5.1 O currículo O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar (CEAE, 2007). O CEAE (2007) apresenta duas grandes vertentes do campo do currículo neste século: a primeira, cuja preocupação central é a construção de modelos de desenvolvimento curricular; e a segunda, na qual a ênfase recai na compreensão do currículo escolar como espaço conflitivo de interesses e culturas diversos. O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, e não como um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar. É preciso dispensar a ideia de que as decisões já vêm prontas. Desde as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação, entre outros, tudo isso é dinâmico e muda de acordo com cada realidade. Forquin (1996) citado pelo CEAE (2007) conceitua currículo como o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma ordem de Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 46 progressão determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é, assim, um programa de estudos ou um programa de formação, mas considerado em sua globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade temporal, isto é, de acordo com a organização sequencial das situações e das atividades de aprendizagem às quais dá lugar. O currículo representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos seletos de estudantes sobre outros grupos, com frequência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero (MCLAREN, 1977, p. 216, apud CEAE, 2007). Ferreira (2000 apud Costa, 2006, p.82), ao tratar o currículo, afirma que este tornou-se ponto chave para ser contemplado com conteúdos e práticas voltadas à solidariedade, representatividade social e formação da cidadania. O currículo passa a considerar como finalidade o planejamento de cursos, de disciplinas, de planos de estudo, do elenco disciplinar e seus respectivos conteúdos, sobre a atividade de professores e alunos, ambientes de aprendizagem, recursos humanos, físicos, financeiros, os tipos e modos de avaliação além do tempo para sua realização. Também considera a participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, delegando aos sistemas de ensino a definição das normas de gestão democrática. Em se tratando da gestão da escola pública, todos esses princípios implicam uma nova escola, onde novos processos de participação devem ser implementados, envolvendo comunidade, professores, coordenadores, supervisores, orientadores educacionais, pais e alunos na definição das políticas e na orientação para a gestão do sistema com autonomia para a escola (DOURADO; AGUIAR, 2002, p.153). Pode-se dizer, em termos genéricos, que um currículo é um plano pedagógico e institucional para orientar a aprendizagem dos alunos de forma sistemática. Mas, é importante observar que esta ampla definição pode adotar Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 47 variados matizes e as mais variadas formas de acordo com as diferentes concepções de aprendizagem que orientam o currículo. Melhor dizendo: segundo o que se entenda por aprender e ensinar, o conceito de currículo varia, como também varia a estrutura sob a qual é organizado (DAVINI, 1989). Para Sacristán (2000, p. 15-6), o currículo é uma práxis antes que um objeto estático emanado de um modelo coerente de pensar a educação ou as aprendizagens necessárias das crianças e dos jovens, que tampouco se esgota na parte explícita do projeto de socialização cultural nas escolas. É uma prática, expressão, da função socializadora e cultural que determinada instituição tem, que reagrupa em torno dele uma série de subsistemas ou práticas diversas, entre as quais se encontra a prática pedagógica desenvolvida em instituições escolares que comumente chamamos de ensino. O currículo é uma prática na qual se estabelece diálogo, por assim dizer, entre agentes sociais, elementos técnicos, alunos que reagem frente a ele, professores que o modelam. Vejamos alguns tipos de currículo! Dentre as características que definem um currículo formal temos a transmissão de conhecimentos uma vez que estes tenham sido parcelados em disciplinas; estudo isolado dos problemas e processos concretos do contexto social em que se dão; aprendizagem por acumulação de informações obtidas em livros ou processadaspor outros; o convencionalismo e a rigidez (DAVINI, 1983). É útil destacar aqui que a estrutura interna do currículo tradicional é do tipo teórico-dedutiva. Isto implica que se parta das premissas gerais da ciência, formalizadas em disciplinas (nível abstrato) para depois abordar as situações práticas (nível concreto) como casos enquadrados nas primeiras. Supõe-se que os alunos informados da teoria realizarão uma aplicação automática e adequada diante de casos concretos. Um passo importante para superar o currículo formal foi dado pelas experiências do currículo por assuntos ou problemas. Neste, parte-se da identificação e da definição de problemas ou objetos da realidade (por exemplo: a alimentação, as condições de saneamento básico, entre outros) elaborando-se unidades de ensino-aprendizagem em torno destes assuntos (DAVINI, 1993). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 48 A estrutura interna deste currículo é indutivo-teórica, implicando na seleção e ordenação de objetos ou assuntos extraídos da realidade, próprias da prática social de uma determinada profissão. A partir daí, procuram-se os dados e teorias, contendo tanto componentes científicos quanto técnicos, pertinentes ao contexto social onde acontecem tais problemas. O que se estimula nos alunos não é a memorização passiva de dados e sim a investigação e compreensão dos problemas, melhor dizendo, a construção de seu próprio conhecimento através da participação ativa neste processo. Por sua vez, o currículo integrado pode ser definido como um plano pedagógico e sua correspondente organização institucional que articula dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade. As relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suas hipóteses de solução devem ter sempre, como pano de fundo, as características socioculturais do meio em que este processo se desenvolve. Este Currículo Integrado é uma opção educativa que permite: uma efetiva integração entre ensino e prática profissional; a real integração entre prática e teoria e o imediato teste da prática; um avanço na construção de teorias a partir do anterior; a busca de soluções específicas e originais para diferentes situações; a integração ensino-trabalho-comunidade, implicando uma imediata contribuição para esta última; a integração professor–aluno na investigação e busca de esclarecimentos e propostas; a adaptação a cada realidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social. Se a intenção é aderir a uma pedagogia que pretende preparar o aluno como sujeito ativo, reflexivo, criativo e solidário, os processos de memorização de informações e a execução mecânica de certos comportamentos deverão ser Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 49 deixados de lado. O que importará será a criação de condições para que o aluno possa construir ativamente o seu próprio conhecimento. Assim, a aprendizagem se dará como resultado da assimilação ativa a partir da própria prática do sujeito e das sucessivas mudanças provocadas pela informação gradativamente assimilada. Tem-se o currículo transdisciplinar quando há coordenação de todas as disciplinas num sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo de saber para outro (ANDRADE, 2007). Na transdisciplinaridade, a cooperação entre as várias matérias é tanta, que não dá mais para separá-las: acaba surgindo uma nova “macrodisciplina”. Um exemplo de transdisciplinaridade são as grandes teorias explicativas do funcionamento das sociedades. Esse é o estágio de cooperação entre as disciplinas, mais difícil de ser aplicado na escola, pois há sempre a possibilidade de uma disciplina “imperialista” sobrepor-se às outras (ABUD, 1999). Na prática transdisciplinar, bastante utópica, haveria uma proposta de sistema sem fronteiras entre as disciplinas, sendo impossível distinguir onde uma começa e outra termina. Para Fazenda (1995), este nível de abrangência negaria a possibilidade do diálogo, condição sine qua non para o exercício efetivo da interdisciplinaridade. Entretanto, Hernández (1998) percebe que a prática da pesquisa nas ciências e na tecnologia leva a efeito cada vez mais a transdisciplinaridade, no momento de organizar grupos e projetos de pesquisa; ele argumenta que essa realidade vem acontecendo na área biomédica, na ecologia, na paleontologia, mas reconhece a dificuldade de exercê-la adequadamente no contexto escolar, sem que se efetivem mudanças estruturais nas escolas e nos cursos de licenciatura. 5.2 A interdisciplinaridade Para Andrade (2007), a interdisciplinaridade é entendida como uma nova concepção de divisão do saber, frisando a interdependência, a interação, a comunicação existente entre as disciplinas e buscando a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo; as informações, as percepções e Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 50 os conceitos compõem uma totalidade de significação completa e o mundo já não é visto como um quebra-cabeça desmontado. Para Abud (1999), o ensino baseado na interdisciplinaridade proporciona uma aprendizagem muito mais estruturada e rica, pois os conceitos estão organizados em torno de unidades mais globais, de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas. Neste caso, a tônica é o trabalho de integração das diferentes áreas do conhecimento, um fazer pedagógico de cooperação e troca, aberto ao diálogo e ao planejamento. As diferentes disciplinas não aparecem de forma fragmentada e compartimentada, pois a problemática em questão levará à unificação. Na interdisciplinaridade, existe uma coordenação (individual ou coletiva) que realiza as necessárias conexões (FLECK, 2007). Deliza (2006) citando Bochiniak (2000, p. 68), define em poucas palavras o que é interdisciplinaridade: “atitude de superação de toda e qualquer visão fragmentada e ou dicotômica que ainda mantemos de nós mesmos, do mundo e da realidade”, e ainda sobre como escolher conteúdos, a mesma autora aborda que o que se pretende destacar é o alerta da Pedagogia da Pesquisa para o fato de que nessa medida perde e ganha importância o processo de seleção de conteúdos a ser repensado pela escola, porque nessa perspectiva interdisciplinar, o enfoque estabelecido para a escolha dos conteúdos desloca-se para a efetiva função maior que eles tenham na escola, qual seja, a de constituírem em meros pretextos sobre os quais desenvolver as atividades (DELIZA, 2006). O início do movimento pela interdisciplinaridade surgiu na Europa, principalmente na França e Itália, em meados de 1960, bem como surgiu nessa época, reivindicações por parte de professorese alunos para a criação de um novo estatuto de universidade e de escola, que acabasse com o conhecimento fragmentado e desconectado do cotidiano. Foi o começo do questionamento sobre as barreiras entre as disciplinas, suas fronteiras e limitações, enfim, indagava-se sobre o saber tradicional que subdivide as áreas do conhecimento no currículo. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 51 No trabalho de Siqueira (2001) encontra-se que, no caso do Brasil, em meados da década de 1970, Japiassú foi um dos primeiros autores a refletir sobre o termo interdisciplinaridade em seu livro “Interdisciplinaridade e Patologia do Saber”. Para Ivani Fazenda (1995, p.39) a interdisciplinaridade “é uma relação de reciprocidade, de mutualidade, um regime de copropriedade que iria possibilitar o diálogo entre os interessados”. Heloísa Luck (1994) é outra autora, citada por Siqueira (2001), que reflete sobre o assunto e, segundo ela, a interdisciplinaridade pressupõe mais que a interação entre duas ou mais disciplinas, a interdisciplinaridade pretende superar a fragmentação do conhecimento e para tanto necessita de uma visão de conjunto para que se estabeleça coerência na articulação dos conhecimentos. Essa noção de conjunto se dá no engajamento de educadores das diferentes áreas do conhecimento entre si, a fim de tornar possível o diálogo e uma aproximação dos conteúdos estudados sistematicamente com o cotidiano. Um trabalho que se constitua interdisciplinar necessita de uma equipe engajada que possa dialogar e contribuir com informações acerca dos diferentes conteúdos das disciplinas e presume uma reciprocidade entre seus participantes, dependendo basicamente de uma atitude ou de várias atitudes (SIQUEIRA, 2001). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, do MEC, encontramos a interdisciplinaridade com o nome de Temas Transversais (BRASIL, 1998). Sua origem está na afirmação da incapacidade do sistema tradicional de ensino – baseado em aulas de diferentes matérias, cada uma com programas específicos predefinidos – em despertar o interesse e em formar o verdadeiro espírito científico, que é curioso, observador, analítico e crítico. A interdisciplinaridade requer uma visão diferenciada de ensino e currículo, que se baseia na interdependência entre os diversos ramos do conhecimento. Para tanto, faz-se necessário rever o currículo da instituição de ensino, no sentido de adequá-lo a nova proposta e poder, assim, processar as mudanças. Para Andrade (2007), a proposta da interdisciplinaridade toma como fundamento o construtivismo, por acreditar ser este o modelo que melhor Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 52 corresponde às mudanças que vem se processando na sociedade neste final de século. Como vimos, segundo o construtivismo, o ser humano nasce com potencial para aprender. Mas esse potencial – essa capacidade – só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. No construtivismo, a aprendizagem se organiza, se estrutura num processo dialético de interlocução. A metodologia para trabalhar interdisciplinaridade requer a integração de conteúdos, precisa passar de uma concepção fragmentária para unitária do conhecimento; superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências e, por fim, que o ensino- aprendizagem seja centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida. A implantação desse novo modelo possibilita à comunidade escolar uma visão nova, em relação à escola, tornando-a criativa, ousada e com uma nova concepção de divisão do saber, garantido a sua integração num todo organizado (BEZERRA, 2007). Segundo Prado (1999), no trabalho com a interdisciplinaridade, todos só têm a ganhar, desde o aluno, passando pelos professores e inclusive a escola. Os alunos ganham porque aprendem a trabalhar em grupo, do início ao fim de um projeto (uma vez que a interdisciplinaridade trabalha por projetos), vivenciam a experiência de trabalhar em conjunto, melhorando inclusive o relacionamento com os colegas. Os professores, evidentemente, também ganham, pois sendo forçados pelos questionamentos dos próprios alunos, a ampliar seus conhecimentos em outras áreas, acabam por melhorar a sua formação. As mudanças no planejamento das aulas e execução durante o ano o torna dinâmico, tirando-o do tédio dos planejamentos rígidos e também melhorando o relacionamento com os colegas. E, por fim, a escola ganha, porque além de cumprir seu programa de maneira ágil e eficiente, observa os alunos quando comentam sobre as experiências vivenciadas e, com certeza, os problemas com disciplina tendem a diminuir em função dos trabalhos em grupo. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 53 5.3 A Pedagogia de Projetos Enfim, chegamos à pedagogia de projetos que nos acompanhará por um bom tempo ao longo deste e do módulo de Prática Pedagógicas II. De imediato, sublinhamos que trabalhar com projetos implica romper com paradigmas educacionais que colocam o foco no processo de ensino e não no de aprendizagem; implica desafiar a linearidade e a fragmentação de currículos disciplinares e disciplinados, engessados por programas ditados pelos livros didáticos e comissões de vestibulares; e demanda a reorganização de tempos e espaços escolares, tradicionalmente cristalizados pelas grades curriculares (O trabalho com projetos: a construção coletiva do conhecimento. In: SEMINÁRIO, 2000, Brasília. ANAIS ELETRÔNICO. Seminário “Escola Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio”. Brasília: MEC, 2000. Disponível em: http://www.mec.gov.br/semtec/ensmed/artigosensaios.shtm). Segundo Amaral (2007), o “Método de Projetos” tornou-se conhecido no Brasil, a partir da divulgação do movimento conhecido como “Escola Nova”, contrapondo-se aos princípios e métodos da escola tradicional, a qual reforçava o sistema de produção em série de Taylor, cuja filosofia de trabalho concentrava o capital, o poder e o saber nas mãos de poucos. Signorelli (2007) traduz o entendimento de Santomé (1998) a respeito dos métodos tradicionais: “algumas pessoas passam a ser aquelas que pensam e decidem e outras que obedecem”. Por essa ótica, o trabalho era repetitivo e se negava ao trabalhador a responsabilidade para intervir em questões importantes e humanas como, por exemplo: por quê, para quê, como e quando. Essa lógica da era fordista fez explodir a indústria americana e o consumismo; alastrando pelos países periféricos, transformando-os em fiéis compradores de produtos, em grande parte, produtos estranhos, mas rapidamente incorporados a sua cultura, por uma carga avassaladorade recursos midiáticos sobre populações de baixo nível de alfabetização, compreensão crítica e autoestima. Esses acontecimentos não se deram no vazio, ao contrário, foi sustentado no interior dos sistemas educacionais. Igualmente, aos trabalhadores que não Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 54 podiam participar dos processos de produção, somente executar, aos professores e estudantes, era negada a possibilidade de interagir na construção dos saberes. Cabia aos professores repassar os conteúdos que haviam aprendido, e aos alunos repetir e decorar os conceitos já consolidados pela cultura dominante, abstrata e descontextualizada (SIGNORELLI, 2007). Enfim, nos primeiros anos da década de 1990, ganhou grande destaque a ideia de que, na maioria das atividades profissionais, o trabalho pode ser organizado de duas formas diferentes e que se complementam. De um lado, encontram-se as atividades funcionais cotidianas, aquelas que estão relacionadas a uma rotina associada ao funcionamento da instituição em que se trabalha; de outro lado, encontram-se os projetos, que são atividades criadas e planejadas com um propósito bem determinado (o projeto em si ou seus objetivos) e que têm sempre uma duração temporal fixa, ou seja, uma vez atingidos os objetivos, o projeto termina (SIGNORELLI, 2007). Esse movimento foi fruto das pesquisas de grandes educadores europeus como Montessori, Decroly, Claparède, Ferrière e outros, e teve, na América do Norte, dois grandes representantes: John Dewey e seu discípulo, William Kilpatrick, os quais foram os criadores do método. No Brasil, a introdução e divulgação das ideias do método de projetos e suas propostas pedagógicas ficou por conta de Anísio Teixeira e Lourenço Filho. Segundo Hernández e Ventura (1998, p.61), a função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) O tratamento da informação. E, 2) A relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio. A prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos é uma forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os recursos disponíveis, Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 55 inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem. Este ambiente é criado para promover a interação entre todos os seus elementos, propiciar o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio da busca de informações significativas para a compreensão, representação e resolução de uma situação-problema. Fundamenta-se nas ideias piagetianas sobre desenvolvimento e aprendizagem, inter-relacionadas com outros pensadores dentre os quais destacamos Dewey, Freire e Vygotsky (ALMEIDA, 2007). A mesma autora discorre que é uma nova cultura do aprendizado que não se fará por reformas ou novos métodos e conteúdos definidos por especialistas que pretendam impor melhorias ao sistema educacional vigente, mas sim, uma mudança radical, que deve tornar a escola capaz de, entre outras atitudes, atender às demandas da sociedade; considerar as expectativas, potencialidades e necessidades dos alunos; criar espaço para que professores e alunos tenham autonomia para desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade responsável; desenvolver as capacidades de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações contextuais; desenvolver a habilidade de aprender a aprender, de forma que cada um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidades segundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores e, por fim, incorporar às novas tecnologias não apenas para expandir o acesso à informação atualizada, mas principalmente para promover uma nova cultura do aprendizado por meio da criação de ambientes que privilegiem a construção do conhecimento e a comunicação. Deste modo, trabalhar com projetos significa lidar com ambiguidades, soluções provisórias, variáveis e conteúdos não identificáveis a priori e emergentes no processo, que estarão no seu plano inicial, no seu esboço, o qual deve ser plástico, flexível e aberto ao imprevisível, sempre com possibilidades de revisões e de re-elaborações durante a execução. Quanto ao plano, este é a espinha dorsal das ações e vai se completando durante a execução, na qual evidencia-se uma atividade que rompe com as barreiras disciplinares, torna permeável as suas fronteiras e caminha em direção a Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 56 uma postura interdisciplinar para compreender e transformar a realidade em prol da melhoria da qualidade de vida pessoal, grupal e global (ALMEIDA, 2007). O desenvolvimento de um projeto envolve um processo de construção, participação, cooperação e articulação, que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante da ciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória perpassada pelas noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, que caracteriza o paradigma educacional emergente (MORAES, 1997 apud ALMEIDA, 2007). Já no tocante ao professor que trabalha com projetos de aprendizagem, este deve respeitar os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento. Almeida (2007) pondera que o professor é o consultor, articulador, mediador, orientador, especialista e facilitador do processo em desenvolvimento pelo aluno, devendo criar um ambiente de confiança e respeito às diferenças e reciprocidade, encorajando o aluno a reconhecer os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros. E na contramão, não terá igualmente inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento que caracteriza a postura interdisciplinar. Então, para transformar o sistema educacional, é preciso que essa reciprocidade extrapole os limites da sala de aula e envolva todos que constituem a comunidade escolar: dirigentes, funcionários administrativos,pais, alunos, professores e a comunidade na qual a escola encontra-se inserida (ALMEIDA, 2007). Voltando a Hernández e Ventura (1998), os projetos de trabalho aparecem como um veículo para melhorar o ensino e como distintivo de uma escola que opta pela atualização de seus conteúdos e pela adequação às necessidades dos alunos e dos setores da sociedade aos quais cada instituição se vincula. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 57 Entretanto, um projeto de trabalho não pode ser considerado apenas como um método de ensino, mas como uma postura que reflete uma concepção do conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam, dando significado a aprendizagens construídas. Os Projetos de trabalho são uma resposta – nem perfeita, nem definitiva, nem única – para a evolução dos professores que se permitem refletir sobre sua própria prática e melhorá-la. Definitivamente, a organização dos Projetos de trabalho se baseia fundamentalmente numa concepção da globalização entendida como um processo muito mais interno do que externo, no qual as relações entre conteúdos e áreas de conhecimento têm lugar em função das necessidades que traz consigo o fato de resolver uma série de problemas que subjazem na aprendizagem. Esta seria a ideia fundamental dos Projetos (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998). Os projetos são desenvolvidos através de etapas ou fases que não devem ser rígidas e devem depender do desenrolar dos trabalhos. E como todo trabalho pedagógico, o projeto deve ser planejado. Fleck (2007) fala em três grandes etapas de ampla utilidade para nortear a sua realização e finalização. 1. A problematização que é o seu momento gerador. É quando surge a grande questão ou as questões que serão trabalhadas pelo grupo. Essas questões deverão ser bastante significativas e, sempre que possível, ligá-las a experiências prévias dos alunos (o que já se sabe sobre o assunto). Sempre levando em consideração a opinião do aluno. 2. O desenvolvimento ou a consequência natural da problematização. Surge a necessidade de se planejarem as estratégias mais adequadas para se atingirem os objetivos propostos, buscando as respostas para as questões propostas pelo grupo. Também nesta fase a participação plena dos alunos é fundamental, tanto no planejamento quanto na execução das atividades. Podem ser planejadas e desenvolvidas diferentes estratégias: excursões, entrevistas, debates, pesquisas bibliográficas, pesquisas de campo, entre outras. É a oportunidade para o Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 58 desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos e, sobretudo, de muitas habilidades: intelectuais, sociais, artísticas, psicomotoras, entre outras. Podem ser desenvolvidas, entre outras, habilidades de: entrevistar pessoas; falar em público; calcular distâncias e/ou índices; ler mapas; desenhar plantas; colecionar espécimes de plantas e/ou pedras e/ou insetos. É também a oportunidade de ampliação e ressignificação do espaço de ensino/aprendizagem que pode se estender à vizinhança, às ruas, aos parques, às praças, às fábricas, aos museus, enfim, à amplitude da comunidade. É muito importante que o professor tenha em mente o desenvolvimento das habilidades de observação e registro por parte dos alunos. 3. A síntese/conclusão é o fechamento do projeto e não começa exatamente ao final dele: é prevista e preparada desde o planejamento e prossegue ao longo do desenvolvimento com a previsão, organização e sumarização das informações coletadas. Neste momento, particularmente, tudo é submetido a uma síntese das avaliações realizadas durante o processo. Avaliam-se os conhecimentos adquiridos, os procedimentos utilizados, as atitudes incorporadas. Avalia-se, sobretudo, se as questões levantadas inicialmente foram resolvidas e em que nível. Dependendo da natureza do projeto, nesta fase tornam-se possíveis: a realização de exposições dos materiais coletados, confecção de painéis, dramatizações, ou simples comemorações ou inaugurações festivas (inauguração de uma biblioteca da classe, por exemplo). As questões levantadas inicialmente são analisadas e, muitas vezes, constata-se a necessidade de se ir adiante a partir do levantamento de novos problemas. O papel do professor é de fundamental importância no trabalho com projetos: a ele cabe orientar todas as fases do projeto, esclarecendo dúvidas, sugerindo melhores estratégias, procurando a participação de todos, realizando sínteses integradoras, igualmente, o papel do supervisor, como co-orientador em todo o processo. Enfim, o trabalho com projetos é altamente enriquecedor para toda a escola (AMARAL, 2007). Existem alguns traços no trabalho interdisciplinar através de projetos que merecem atenção. Vejamos: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 59 ele rompe com o esquema tradicional de ensino por disciplinas: o recurso da divisão do saber em compartimentos passou a se revelar como insuficiente ou desapropriado para enfrentar os desafios impostos hoje à construção do conhecimento, quer em âmbito geral, coletivo do desenvolvimento científico e tecnológico, quer no individual de cada aluno, em seu processo de formação através do sistema de escolarização; possibilita reunir o que já foi aprendido pelo aluno e o que pode vir a sê-lo nos vários campos do conhecimento: os projetos envolvem os saberes já acumulados pelos alunos e todo o potencial possível de novos conhecimentos a serem adquiridos. As possibilidades de abertura são ilimitadas, levando a escola a se projetar além de suas fronteiras, multiplicando os alvos de sua ação; leva à construção de conhecimento pela investigação própria dos alunos: se o professor se preocupar em desenvolver nos alunos uma atitude permanente de indagação, com perguntas a respeito de problemas significativos e se eles forem estimulados a buscarem respostas, já teremos uma boa iniciação aos passos introdutórios de uma verdadeira pesquisa; articula o trabalho individual e coletivo e valoriza atitudes e comportamentos sociais: diferentemente da ótica individualista, que supõe o sucesso de cada um, isoladamente, a partir do domínio dos conhecimentos previstos e avaliados de forma tradicional, o trabalho por projetos privilegia a evolução de todo grupo, sem desconsiderar também o crescimento de cada um dos participantes. Todos aproveitam do alcance dos objetivos e do processo de atingi-los, em busca de aprendizagens significativas; combina o trabalho escolar e o de várias outras instituições e agências: trabalhando com projetos, a escola multiplica as fontes de informação e de interação, seja na própria instituição comofora dela, na comunidade local, nacional e mundial, sem esquecer da mobilização possível e necessária das famílias, cuja contribuição tem ficado muito restrita à busca das notas, conceitos ou pareceres, especialmente quando os alunos apresentam problemas de aprendizagem e/ou de conduta. Além das famílias, são importantes nesse contexto as igrejas, os clubes, as associações Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 60 profissionais, as empresas, as ONGs, as bibliotecas, jornais, rádios, TVs, a informática e as múltiplas linguagens que fazem parte do nosso contexto (LUDKE, 2003, p. 5 apud FLECK, 2007, p.4). Hernández (1998) frisa que há muitas maneiras de garantir a aprendizagem. Os projetos são apenas uma delas. É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações. Enfim, o trabalho por projetos tem como objetivo promover a interação do aluno no processo de construção do conhecimento, viabilizando a aprendizagem real, significativa, ativa e interessante, trabalhando o conteúdo conceitual de forma procedimental e atitudinal e, por fim, proporcionar ao aluno uma visão globalizada da realidade e um desejo contínuo da aprendizagem (FREITAS, 2003). 5.3.1 A pedagogia de projetos – foco no Ensino Médio A articulação entre conhecimentos das diferentes áreas é inerente ao trabalho por projetos e, por isto, representam ótimos espaços para que a interdisciplinaridade aconteça de modo efetivo. A investigação, a pesquisa, a troca, o registro do processo, característicos das atividades de um projeto, ajudam a promover a autonomia e a tomada de decisões por parte do aluno, favorecendo o exercício da cidadania. Podem-se reconstituir situações próximas daquelas do mundo de trabalho e da vida fora da escola. O novo Ensino Médio pretende preparar o aluno para a vida e esta não propõe, como alerta Perrenoud (2000), situações sob medida, nem faz um contexto didático que dose as dificuldades. Daí a importância da construção de competências, oportunizada em várias situações de aprendizagem diferenciadas. O exercício necessário para a construção destas competências não é o de repetição de atividades, mas sim de diferentes atividades, com diferentes recursos. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 61 Se por um lado o projeto não deve engessar o trabalho pedagógico, mas ter flexibilidade em relação a estratégias e utilização dos tempos e espaços escolares, por outro, ele deve conter em sua espinha dorsal alguns elementos que favorecerão sua inserção curricular. Vejamos alguns desses elementos: problematização de contextos significativos para o aluno — é fundamental partir de questões que estejam ligadas à vida dos jovens. Questões que os intriguem, preocupem, excitem, emocionem. A organização do projeto deve considerar o que o aluno detém de conhecimento, crenças e dúvidas em relação à questão levantada; pesquisa e seleção de fontes de informação, múltiplas em suas formas e áreas de conhecimentos; relação da problemática levantada com outras, aproximando saberes das diferentes disciplinas; a vivência de atividades que favoreçam a cooperação, o trabalho em equipe, que aceitem e valorizem a heterogeneidade; o registro do percurso feito, com diferentes recursos técnicos e linguagens. A memória do projeto servirá de subsídio para outros trabalhos. É bom lembrar que cada aprendizagem fornece recursos cognitivos para outras que virão; a avaliação deve ser processual, por competências. Não deve se deter no conteúdo programático desenvolvido ou no “trabalho final”, que caracterize a culminância do projeto. A autoavaliação dos alunos deve ser incentivada; as propostas de intervenção e o levantamento de novas questões a partir do conhecimento construído. Enfim, não se trata de estabelecer etapas ou conferir linearidade ao projeto, mas de se traçarem os objetivos a serem atingidos, permitindo, assim, a seleção de recursos e estratégias adequadas. Dentre estas metas está novamente a construção de competências, que deve ser vista como a mais importante delas. Esta construção não se dá ancorada no vazio e por isto a mobilização de conteúdos disciplinares é fundamental. A mobilização se dará no enfrentamento das situações-problema Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 62 levantadas e deve ocorrer de modo articulado. O trabalho por projetos, portanto, favorece a abordagem interdisciplinar e contextualizada (trabalho com projetos: a construção coletiva do conhecimento. In: SEMINÁRIO, 2000, Brasília. ANAIS ELETRÔNICO. Seminário “Escola Jovem: um novo olhar sobre o ensino médio”. Brasília: MEC, 2000. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/semtec/ensmed/artigosensaios.shtm). Ao aceitar o desafio de trabalhar com projetos, escolas, educadores, alunos, funcionários, pais e comunidade, engajam-se em um movimento complexo, carregado de conflitos, ambiguidades e inquietações, no qual o aprender e a razão, o individual e o grupal, o local e o global, podem unir-se ao prazer, à imaginação, à utopia, ao sonho, às artes e à tecnologia (ALMEIDA, 2001). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 63 UNIDADE 6 – A AULA EXPOSITIVA Relembramos de imediato que no módulo de Práticas II teremos muitas práticas de trabalho, mas se faz mister discorrer um pouco sobre algumas elas, frisando que as técnicas de ensino são meios que operacionalizam o fazer pedagógico (AZAMBUJA, SOUZA, 1991). A função do uso das técnicas, no âmbito da aprendizagem, é exatamente a coleta e a sistematização de informações. Em outras palavras, as técnicas nos ajudam a organizar o mundo real e dar-lhe mais exatidão, reduzindo as subjetividades, o que é necessário para que o conhecimento seja compreendido e compartilhado, isto é, mediam a relação do sujeito com o objeto, que é sempre um fato da realidade (VENTURI, 2012). 6.1 A aula expositiva tradicional Em geral, a literatura didática conceitua aula expositiva como uma comunicação verbal estruturada, utilizada pelos professores com o objetivo de transmitir determinados conteúdos aos alunos. Vejamos como definem alguns autores citados por Lopes (1996). É o procedimento de ensino por meio do qual o professor apresenta um assunto definindo-o, analisando-o e explicando-o(MATOS, 1976). É a apresentação oral de um tema logicamente estruturado (NÉRICI, 1981). Carvalho (1974) e Oliveira (1986) não apresentam uma conceituação da técnica, entretanto, se detêm em especificar suas características para clarificar o seu significado. Nessa caracterização, observam-se duas posições dos autores: uma é a ênfase na linguagem oral como recurso principal da aula expositiva; outra é a observação de que a técnica é recomendável apenas para transmissão de assuntos predominantemente teóricos. Na especificação de quando se deve utilizar a aula expositiva, é consenso entre os autores que a técnica se mostre mais eficiente à medida que são atendidos Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 64 os objetivos a que se propõe. Para Carvalho (1974 apud LOPES, 1996), esses objetivos são: introduzir um novo assunto do programa de ensino; permitir uma visão global e sintética de um assunto; apresentar e esclarecer conceitos básicos de determinada unidade de estudo; concluir estudos. Para Matos (1976 apud LOPES, 1996), o objetivo da aula expositiva é somente conseguir que os alunos adquiram uma compreensão inicial, indispensável para a aprendizagem de um novo assunto. Isso significa que uma aprendizagem total não pode ser alcançada numa aula expositiva, mas apenas uma primeira compreensão de informações essenciais. Nérici (1981 apud LOPES, 1996) enfatiza que a aula expositiva objetiva economizar tempo quando há urgência em se apresentar um assunto, bem como possibilitar a transmissão de informações e experiências que ainda não tenham sido publicadas. Ramos e Rocha (1981 apud LOPES, 1996) acrescentam que a aula expositiva objetiva ainda retomar aspectos importantes do conteúdo, seja na conclusão de uma unidade de estudo ou no fechamento de assuntos estudados em grupo. Como características da aula expositiva bem organizada os autores concordam em que: é necessário o domínio do conteúdo por parte do professor; três etapas devem ser observadas na sua aplicação: introdução, desenvolvimento e conclusão; a aula deve ser ilustrada com recursos didáticos que estimulem a atenção dos alunos. Ainda na caracterização da aula expositiva, os autores consultados apontam uma série de vantagens para a técnica. A economia de tempo, por exemplo, é bastante ressaltada. Isso significa que determinado assunto poderá ser sintetizado de tal forma por uma exposição que, previsto para ser estudado em quatro horas, por exemplo, poderá ser apresentado em apenas uma hora. Outra vantagem citada é que esta técnica supre a falta de bibliografia para o aluno em duas situações: quando determinado assunto não foi ainda amplamente divulgado e quando há dificuldade de acesso às publicações existentes. Uma terceira vantagem atribuída à Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 65 aula expositiva é que a técnica ajuda na compreensão de assuntos considerados complexos (LOPES, 1996). Nesse caso, cabe ao professor traduzir em linguagem mais simples os assuntos considerados áridos, fazendo uso de ilustrações e exemplificações que facilitem o entendimento por parte dos alunos. Para Ramos e Rocha (1981 apud LOPES, 1996), quando a aula expositiva suscita perguntas, ela estimula o pensamento criador do aluno, sendo esta outra vantagem destacada na literatura. Vale ressaltar que· a ocorrência de perguntas na aula expositiva utilizada de forma mecânica é sempre muito limitada, tanto que nessa condição o professor cultiva uma relação autoritária na sala de aula, onde os conteúdos estudados são recebidos como conhecimentos acabados. Nessa situação, os alunos agem apenas como meros receptores, mostrando-se passivos e desmotivados para a reelaboração dos conhecimentos aprendidos. Dessa forma, o pensamento criador e a capacidade crítica dos alunos não têm oportunidade de serem estimulados. Os autores consultados por Lopes também chegam a apontar algumas limitações da aula expositiva. Uma delas é a ênfase na comunicação verbal, ou seja, o professor tende a falar por mais tempo do que deveria, restringindo assim a participação do aluno. Esse desvio, por sua vez, acaba por provocar comodismo ou passividade dos alunos que se limitam a absorver tudo o que o professor fala. Essa falha, no entanto, poderá ser eliminada se forem observados certos indicadores considerados como elementos-chave para uma aula expositiva bem sucedida: planejamento criterioso da aula, determinando seu objetivo, traçando o esquema essencial do assunto, calculando bem o tempo previsto; uso de linguagem clara e precisa; utilização de recursos didáticos que mantenham o interesse do aluno; ao final da aula, fazer uma síntese do assunto estudado. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 66 Embora as recomendações acima possam efetivamente melhorar a dinâmica da aula expositiva, sua adoção de forma mecânica resultará na mesma relação autoritária do professor que age como condutor exclusivo do processo de ensino. Isso significa que seguir apenas as orientações práticas, sem uma análise crítica da técnica, não garante o sucesso da aula expositiva, nem a tornam uma técnica estimuladora do pensamento criador do aluno. 6.2 A aula expositiva dialógica Freire e Guimarães (1982) citam a aula dialógica como alternativa para transformar a aula expositiva em técnica de ensino capaz de estimular o pensamento crítico do aluno. Essa forma de aula expositiva utiliza o diálogo entre professor e alunos para estabelecer uma relação de intercâmbio de conhecimentos e experiências. O diálogo, entretanto, deve ser considerado não apenas como uma conversação, mas sim como uma busca recíproca do saber. De acordo com Freire e Shor (1986), o ensino dialógico se contrapõe ao ensino autoritário, transformando a sala de aula em ambiente propício à reelaboração e produção de conhecimentos. Na aula expositiva dialógica, o professor toma como ponto de partida a experiência dos alunos relacionada com o assunto em estudo. Os conhecimentos apresentados pelo professor são questionados e redescobertos pelos alunos a partir do confronto com a realidade conhecida. Ao contrário do que ocorre na aula expositiva tradicional, a aula expositiva dialógica valoriza a vivência dos alunos, seu conhecimento do concreto, e busca relacionar esses conhecimentos prévios com o assunto a ser estudado. O fundamento dessa nova dimensão da técnica é que somente partindo-se do concreto é possível chegar a uma compreensão rigorosa da realidade (FREIRE; SHOR, 1986). Ouvindo cada aluno falar sobre sua realidade, suas experiências de vida no contexto em estudo, o professor caminha com eles na busca de uma compreensão crítica, e ao mesmo tempocientífica, da realidade global. Essa pesquisa da vivência dos alunos transporta-os para além dos limites do conteúdo restrito da aula e até do currículo do curso. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 67 Paralelamente, os alunos são despertados para observar melhor a realidade à sua volta e para estarem atentos aos acontecimentos fora dos limites da instituição de ensino. Nesse sentido, tornam-se pesquisadores ativos do conteúdo junto com o professor, embora não tenham recebido roteiro preestabelecido para isso. Considerando-se a dimensão instrumental da aula expositiva dialógica, é possível especificar alguns elementos desencadeadores do processo dialógico entre professor e alunos. Um desses elementos é a problematização. Problematizar significa questionar determinadas situações, fatos, fenômenos e ideias, a partir de alternativas que levem à compreensão do problema em si, de suas implicações e de caminhos para sua solução. Estimular os alunos a levantar problemas e identificar as respectivas alternativas de solução é uma atitude docente transformadora, pois esse tipo de exercício conjunto na sala de aula leva à reelaboração e produção de conhecimentos (LOPES, 1996). Diferentemente do que ocorre na relação pedagógica tradicional, com a problematização, o conteúdo apresentado pelo professor pode ser contestado e redescoberto pelos alunos. Segundo Freire e Shor (1986), a problematização é gerada pela curiosidade do aluno, a qual, por sua vez, leva a uma percepção crítica da realidade. Dessa forma, utilizar-se da problematização na aula expositiva significa eliminar a passividade e a simples memorização por parte dos alunos, e ainda o verbalismo por parte do professor, presentes na aula expositiva tradicional. Outro elemento dinamizador na aula expositiva dialógica é a pergunta. De acordo com Freire e Faundez (1985), a produção e reelaboração de conhecimentos começa a partir de uma indagação, o que significa dizer que é a partir da vontade em querer saber algo que o conhecimento passa a ser produzido. Em geral, na aula expositiva tradicional, o professor apresenta respostas sem que os alunos tenham lhe perguntado algo. Isso ocorre porque o autoritarismo da Pedagogia Tradicional dá ao professor a diretividade do processo de ensino, resultando em bloqueio das experiências dos alunos e inibindo, quando não reprime, a capacidade de questionar os conhecimentos aprendidos. É importante ressaltar que na aula expositiva dialógica o intercâmbio de experiências não se explicita na simples fórmula de perguntas e respostas. Vai mais Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 68 além, proporcionando uma troca de conhecimentos onde professor e alunos reaprendem por intermédio da descoberta coletiva de novas interpretações do saber sistematizado. Segundo Freire e Faundez (1985), somente a partir da pergunta é que se deve buscar respostas e não o contrário. Estabelecer respostas não provoca curiosidade nem produção do conhecimento; apenas reprodução. Contudo, o que se observa na prática é que o professor que adota a Pedagogia Tradicional como fundamento de seu trabalho vê a natureza desafiadora da pergunta como um desrespeito à sua autoridade na sala de aula. O professor que adota a Pedagogia Crítica, ao contrário, por meio da pergunta busca incentivar a curiosidade dos alunos e desenvolver nos mesmos, uma atitude científica. De outra parte, para esse professor não podem existir perguntas sem sentido ou fora de propósito. O professor que não quer bloquear a curiosidade de seus alunos, mas sim incentivar a produção do conhecimento, jamais desconsidera uma pergunta em aula, mesmo que ela possa lhe parecer ingênua ou despropositada. Ao perceber uma pergunta mal formulada o papel do professor é ajudar o aluno a refazer a pergunta, pois essa atitude educa o aluno para o aprender a perguntar (LOPES, 1996). Considerando a relação professor-aluno, o caráter de dialogicidade presente no enfoque da aula expositiva dialógica não significa que a diretividade do professor seja totalmente eliminada na sala de aula, caindo-se numa permissividade. Para Freire e Shor (1986), nessa relação, o professor também entra com o saber, mas ao mesmo tempo participa de um processo de reaprender. Na aula expositiva tradicional, o professor se coloca como uma autoridade que transfere conhecimentos aos alunos; na aula dialógica, embora permaneça como o sujeito que domina o saber, o professor dá ao conteúdo um caráter democrático uma vez que a forma de apresentar o saber é compartilhada com os alunos. Em termos instrumentais, a prática rotineira do professor fazer um resumo no final da aula expositiva tradicional também poderá ser adotada na aula dialógica. Entretanto, nessa modalidade os alunos são estimulados a participar da organização do resumo, exercitando assim seu pensamento criador. Em síntese: Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 69 uma aula expositiva dialógica se opõe a uma aula expositiva tradicional porque por intermédio do diálogo, os alunos são estimulados a compartilhar da reelaboração dos conhecimentos e incentivados a produzir novos conhecimentos a partir dos conteúdos aprendidos; a dimensão dialógica da aula expositiva tem o propósito de transformar essa técnica de ensino em uma atividade geradora tanto da reelaboração de conhecimentos quanto de sua produção. Adotando-a na sala de aula, o professor estará efetivamente praticando uma educação transformadora. Considerando-se que: a aula dialógica favorece a compreensão dos determinantes sociais da educação porque permite o questionamento; ao mesmo tempo em que proporciona a aquisição de conhecimentos, favorece sua análise crítica, resultando na produção de novos conhecimentos; elimina a relação pedagógica autoritária; valoriza a experiência e conhecimentos prévios dos alunos; estimula o pensamento crítico dos alunos por meios de questionamentos e problematizações. Dessa forma, adotar técnicas de ensino transformadoras é uma decisão sábia por parte do professor interessado em poucos espaços que o professor possui para contribuir no esforço coletivo dos educadores críticos em busca de uma educação capaz de diminuir as desigualdades sociais. Adotando uma metodologia de ensino crítica, o professor poderá originar transformações substanciais na educação, visto que uma instituição de ensino acaba por se configurar na forma como os professores se organizam e como pensam e agem. E na perspectiva de querer contribuir para a formação de educandos, que vejam a realidade com espírito crítico, é que o professor deve avaliar permanentemente sua atuação e buscar alternativas transformadoras para aperfeiçoá-la.Em todos os sentidos de seu trabalho educativo, deve atuar para transformar e não para conservar os fatores negativos que interferem no processo de ensino (LOPES, 1996). Concluindo, no que se refere à adoção de técnicas de ensino, o professor preocupado com a aprendizagem de seus alunos deve estar sempre empenhado em utilizar procedimentos que se mostrem eficientes nesse propósito. Tais Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 70 procedimentos situar-se-ão para além das classificações teóricas, importando apenas que se mostrem facilitadoras da integração entre o conteúdo em estudo e as experiências e conhecimentos prévios dos alunos (LOPES, 1996). A aula expositiva, estruturada a partir da Pedagogia Tradicional, tem sido criticada pela forma como vem sendo adotada pela grande maioria dos professores, a saber, de modo mecânico e desvinculado da prática social, produzindo uma postura autoritária do professor e inibição da participação do aluno. Entretanto, nem todas as aulas expositivas podem ser consideradas com essas características. Adotando uma atitude dialógica, um professor poderá ser muito dinâmico e transformador por intermédio de suas aulas expositivas. A questão não está em se rotular essa técnica como tradicional e rejeitá-la como meio de ensino. Ocorre que professores com atitudes tradicionais tornarão uma aula autoritária, monótona e desinteressante, seja ela expositiva ou não, enquanto que professores com atitude crítica mostram-se capazes de levar seus alunos a reelaborar ou produzir conhecimentos por meio de aulas expositivas. Numa perspectiva geral, é importante ressaltar que a aula expositiva é uma técnica de ensino semelhante às demais, apresentando vantagens e limitações, exigindo determinadas condições para ser bem sucedida. Numa perspectiva crítica, a aula expositiva pode se transformar numa técnica que estimula a atividade e a iniciativa dos alunos sem prescindir da iniciativa do professor; favorece o diálogo entre professor e alunos, e dos alunos entre si, sem cair numa prática permissiva; e considera os interesses e experiências dos alunos sem desviar-se da sistematização lógica dos conteúdos previstos nos programas de ensino (LOPES, 1996). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 71 UNIDADE 7 – O ESTUDO DIRIGIDO Embora, etimologicamente, Estudo Dirigido signifique o ato de estudar sob a orientação do professor, na verdade é muito mais do que isso. Orientar o aluno em seu ato de estudar é apenas uma das tarefas do professor e restringir a ela a técnica do Estudo Dirigido equivaleria a reduzir a sua concepção. O Estudo Dirigido não é então o estudo vigiado (VEIGA, 1996, p. 80). De acordo com Nérici (1992), o estudo dirigido é um primeiro método ou técnica de ensino para tornar o educando independente do professor, orientando-o para estudos futuros e participação na sociedade. Os outros métodos para esta independência são o estudo supervisionado, onde há menor interferência do professor em relação ao estudo dirigido e às tarefas dirigidas, que constitui em terapêutica para eliminar ou atenuar deficiências ou suprir insuficiências constatadas na escolaridade do educando, e o estudo livre, em que o aluno trabalha completamente livre. O estudo dirigido apresenta duas funções principais: a primeira é de consolidação dos conhecimentos por meio de uma combinação da explicação do professor com exercícios. A segunda, é a busca da solução dos problemas por meio de questões que os alunos possam resolver criativamente e de forma independente (LIBÂNEO, 1994). O Estudo Dirigido é uma estratégia de ensino que, no entendimento de Libâneo, procura: desenvolver habilidades e hábitos de trabalho de forma independente e criativo; sistematizar e consolidar conhecimentos, habilidades e hábitos; possibilitar, a cada aluno, individualmente, resolver problemas, vencer dificuldades e desenvolver métodos próprios de aprendizagem; possibilitar aos alunos o desenvolvimento da capacidade de trabalhar, de forma livre e criativa, com os conhecimentos adquiridos, aplicando-os a Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 72 situações novas, referentes a problemas cotidianos da sua vivência e a problemas mais amplos da vida social; possibilitar ao professor a observação de cada aluno em suas dificuldades e progressos, bem como a verificação da eficácia do seu próprio trabalho na condução do ensino. Cada aluno necessita de função distinta a ser desenvolvida no estudo dirigido, sendo o professor aquele que investiga as características desse aluno, sugerindo ações de acordo com elas e com o potencial de cada um. Nessa direção, o estudo dirigido fornece “balizamento didático” para o educando efetivar a sua aprendizagem, ao mesmo tempo em que vai conferindo técnicas e consciência de como estudar (NÉRICI, 1992). Neste método, o professor serve de orientador e facilitador da aprendizagem para que cada aluno resolva de modo relativamente independente e criador a tarefa determinada, assim, tanto o professor quanto o aluno precisam obedecer condições prévias de estudo, planejamento e organização para participar do estudo dirigido (LIBÂNEO, 1994). A técnica do Estudo Dirigido implica outras ações que não se restringem ao instrumental e aos recursos do professor para orientar seus alunos. O Estudo Dirigido pressupõe a diretividade por parte do professor, se fundamenta na atividade do aluno e se efetiva na situação socioindividualizada em sala de aula ou fora dela, mas, sempre sob a direção do professor, que exerce um papel insubstituível na condução do processo de ensino do qual os estudantes participam (VEIGA, 1996). De qualquer forma, como toda técnica, o Estudo Dirigido pode ser uma boa ou má técnica, dependendo de para que se prepara e de como se prepara. Logo, a qualidade do Estudo Dirigido depende muito do sucesso de sua preparação. Mas o sucesso da preparação depende, também, da maneira pela qual se encara a atividade de preparar o emprego da técnica de Estudo Dirigido. Isso implica afirmar que ao se escolher uma técnica de ensino é necessário considerar “as Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 73 determinações sociais que incorporam as metodologias didáticas, para que o professor não faça uma escolha empírica, a fim de evitar a seleção de técnicas isoladas e neutras para alcançar os objetivospropostos” (MARTINS, 1989, p. 45). Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 74 7.1 Objetivos do Estudo Dirigido Veiga (1996) elenca como objetivos do Estudo Dirigido: a) Provocar os alunos criticamente a respeito do que a realidade indica, buscando na leitura os fundamentos necessários à explicação e compreensão das questões levantadas. b) Aprofundar o conteúdo do texto didático para além das informações superficiais e da mera opinião. c) Buscar a conexão entre o texto didático e seu contexto, vinculando também ao contexto do autor e do leitor, ou seja, propiciar a leitura polissêmica (“processo de significação, lugar de sentidos”) (ORLANDI, 1983, p. 80). d) Desenvolver no aluno a reflexão, a criticidade e a criatividade. e) Capacitar os alunos à leitura de textos ou livros didáticos necessários à sua instrumentalização, ou seja, apropriação das ferramentas de caráter histórico, matemático, científico, literário, artístico, tecnológico, entre outros. 7.2 Como preparar o Estudo Dirigido Ainda encontramos no livro didático, o eixo em torno do qual gira o processo ensino-aprendizagem. É o principal recurso utilizado pelo professor, constituindo-se no guia de sua ação docente. No entanto, o material escrito que chega às mãos dos alunos se compõe essencialmente de textos didáticos, que, de certa forma, “apresenta para eles um interesse imediato, na medida em que possibilita, em princípio, melhorar seu desempenho” (PERINI, 1988, p. 81). Assim, a organização do roteiro de estudo abrange desde a indicação das fontes de estudo, a definição de instruções claras, a determinação de tarefas até a seleção adequada do material de leitura, a fim de não empobrecer e nem fragmentar o conteúdo curricular. Como o Estudo Dirigido implica seleção de um texto ou livro didático, únicos tipos de materiais escritos com o qual os alunos têm oportunidade de conviver, Veiga (1996) acredita na importância de se considerar alguns princípios que Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 75 norteiam a preparação do roteiro de estudo, principalmente na etapa da escolha do referido material. O primeiro princípio se refere à complexidade do texto ou livro didático. A não-observância desse princípio pode acarretar na incapacidade de o aluno compreender o que lê. Tal fato pode levá-lo a concluir que não é importante recorrer aos textos e livros didáticos como fonte de informações. O segundo princípio diz respeito à qualidade do material escrito para que possam ser usado com competência. Ao selecionar texto e livros didáticos, o professor deve considerar as duas principais finalidades da leitura que são: ser fonte de informação, e, meio de apropriação das ferramentas culturais, tendo em vista: “alterar qualitativamente a prática de seus alunos enquanto agentes sociais” (SAVIANI, 1983, p. 83) e ao mesmo tempo iniciar os educandos no convívio com o material escrito. Um terceiro princípio, que se articula com o anterior, é o princípio da adequação à clientela, ou seja, os materiais de leitura devem ser potencialmente significativos para os alunos. O quarto princípio é o da atualização. Ao selecionar materiais escritos como apoio à instrumentalização cultural dos alunos, é preciso evitar textos ou livros didáticos já ultrapassados e fora do contexto atual da escola e do aluno, a não ser em casos excepcionais quando se procura aprofundar um determinado tema pela leitura de obras clássicas. Selecionado o material escrito, o professor passa à etapa de elaboração do roteiro propriamente dito. Neste roteiro, ele especifica as orientações gerais e flexíveis para que os alunos possam realizar as atividades propostas, efetivando assim o seu diálogo com o texto. O roteiro deve compreender um momento individualizado e um momento socializado. As atividades do primeiro momento giram em torno da leitura global e atenta do material escrito, quando são solicitadas ao aluno atividades que propiciam a apreensão do texto. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 76 No segundo momento, o socializado, procura-se tirar partido da interação entre os alunos, unidos pela busca de um objetivo comum, por meio de atividades que aprofundem as discussões (VEIGA, 1996). 7.3 Aplicação do Estudo Dirigido O Estudo Dirigido pode ser realizado em situação socioindividualizada. É aplicável nos momentos de apresentação e desenvolvimento do conteúdo curricular em substituição à exposição feita pelo professor. Ele se torna indispensável tanto na fase de fixação e integração dos conteúdos quanto na fase de acompanhamento e recuperação da aprendizagem. Embora aplicadas a todos os alunos, as tarefas propostas no roteiro de estudo, principalmente as relativas ao momento individualizado, podem ser realizadas fora da sala de aula, tendo em vista o tempo previsto para o desenvolvimento da aula, geralmente com duração de cinquenta minutos. Quando o horário escolar é definido por aulas conjugadas, ou seja, duas salas seguidas de uma mesma disciplina, é possível realizar os dois momentos do Estudo Dirigido durante a aula (VEIGA, 1996). O professor, ao empregar a técnica do Estudo Dirigido na sala de aula, não deve assumir um papel autoritário e nem deve ser espontaneista. A ele compete ser democrático, responsável, e diretivo. Como dirigente do processo de ensino, o professor não deve esquecer que a regra fundamental é a atividade do aluno, para o aluno e com o aluno. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 77 UNIDADE 8 – O SEMINÁRIO Também nos baseamos em Veiga (1996) para falar da técnica do seminário, que são chamadas técnicas de ensino socializado ou de grupos, as quais já há alguns anos, vêm sendo largamente utilizadas por professores em substituição às aulas expositivas, muito criticadas pela pouca participação do aluno no processo de ensino-aprendizagem. O ensino socializado na sala de aula teve sua origem no movimento da Escola Nova e, mais especificamente, a partir dos estudos feitos pelos psicólogos sociais, que criaram um ramo de estudo mais conhecido por Dinâmica de Grupo. A dinâmica de grupo é inspirada na Psicologia da Gestalt e na teoria de Kurt Lewin, que visa a analisar a natureza dos grupos, as inter-relações de seus membros, as alterações que se processam em seu âmago, geradas por forças internas e externas. A aplicação do trabalhoem grupo às atividades escolares foi fundamentada nas técnicas propostas e sistematizadas pela dinâmica de grupo. Grupos de cochicho, Phillips 66, painéis, entrevista, dramatização, workshop, conferências, brainstorming e os seminários propriamente ditos são algumas das variantes de trabalho em grupo. Como explica Veiga (1996), no campo da Didática, sob o enfoque crítico, o ensino socializado é centralizado na ação intelectual do aluno sobre o objeto da aprendizagem por meio da cooperação entre os grupos de trabalho, da diretividade do professor, não só com a finalidade de facilitar a aprendizagem, mas, também, para tornar o ensino mais crítico (explicitação das contradições) e criativo (expressão elaborada). Nesse sentido, tanto o professor quanto o aluno deixam de ser sujeitos passivos para se transformar em sujeitos ativos, capazes de propor ações coerentes que propiciem a superação das dificuldades detectadas. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 78 8.1 Etimologia do Seminário Etimologicamente, Seminário vem da palavra latina seminariu, que significa viveiro de plantas onde se fazem as sementeiras. Sementeira indica a ideia de proliferação daquilo que se semeia, local onde se coloca a semente. Isso significa que o seminário deve ser a ocasião de semear ideias ou de favorecer sua germinação (FERREIRA, 2004). No sentido amplo, seminário significa um congresso científico, cultural ou tecnológico, isto é, um grupo relativamente numeroso de pessoas (educadores, especialistas, técnicos e alunos), com o propósito de estudar um tema ou questões de uma determinada área sob a coordenação de uma comissão de educadores, especialistas ou autoridades no assunto. No sentido restrito, o seminário visto como técnica de ensino é o grupo de estudos em que se discute e se debate um ou mais temas apresentados por um ou vários alunos, sob a direção do professor responsável pela disciplina ou curso. 8.2 Características gerais do seminário Basicamente, o seminário é uma técnica de ensino socializado, na qual os alunos se reúnem em grupo com o objetivo de estudar, investigar, um ou mais temas, sob a direção do professor. Uma das características essenciais do seminário é a oportunidade que este cria para os alunos se desenvolverem no que diz respeito à investigação, à crítica e à independência intelectual. O conhecimento a ser assimilado, reelaborado e até mesmo produzido não é “transmitido pelo professor”, mas é estudado e investigado pelo próprio aluno, pois este é visto como sujeito de seu processo de aprender. Uma outra característica do seminário é que a participação do professor não é mais predominante. O professor é o que orienta, conduz e dirige o processo de ensino. Nesse sentido, o professor assume o papel de coordenador do seminário. A coordenação deve estar presente nas diferentes etapas do seminário. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 79 Vale lembrar que a técnica está sujeita ao fracasso quando o professor não desempenha adequadamente sua função e quando os alunos não assumem com responsabilidade seus encargos (VEIGA, 1996). O seminário tem por objetivos: investigar um problema, um ou mais temas sob diferentes perspectivas, tendo em vista alcançar profundidade de compreensão; analisar criticamente fenômenos observados, ou as ideias do(s) autor(es) estudado(s); propor alternativas para resolver as questões levantadas; trabalhar em sala de aula de forma cooperativa; instaurar o diálogo crítico sobre um ou mais temas, tentando desvendá-los, ver as razões pelas quais eles são como são, o contexto político e histórico em que se inserem. O emprego do seminário como técnica de ensino implica três etapas. A primeira é a preparação que envolve encargos, tanto para o professor como para os alunos. Vejam no quadro abaixo: Providências do professor: Competências do aluno: explicitar os objetivos claramente; sugerir temas adequados aos alunos, justificando a importância dos mesmos; ajudar os alunos a selecionar subtemas; recomendar bibliografia (mínima e complementar) a ser estudada por todos os participantes do seminário; orientar os alunos na busca e localização de fontes de consulta: livros, relatórios de pesquisa, textos, autores, pessoas, instituições e bibliotecas; dar orientações escritas sobre pontos essenciais do tema, sugerir categorias de análise, formular questões para serem escolher o tema ou subtema; obter as informações, dados, ideias, por intermédio de pesquisas, experimentações, levantamentos, leituras, entrevistas, que os capacitem a participar ativamente do seminário; ler a bibliografia sugerida e estudar previamente o tema escolhido com profundidade, individualmente ou em grupo, quando o seminário está sob a responsabilidade de uma equipe de alunos; escolher os relatores e Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 80 analisadas e discutidas; preparar o calendário prevendo o tempo necessário à efetivação da(s) leitura(s) indicada(s) e para a apresentação dos trabalhos pelos alunos; prever o arranjo físico da sala de aula que favoreça o debate, a discussão, enfim, o diálogo. comentaristas; providenciar os materiais e recursos de ensino necessários à realização do seminário. A segunda etapa é a apresentação do tema e discussão dos mesmos por meio das técnicas da exposição oral, do debate e da discussão. Nessa etapa, o papel do professor é o de direcionar o processo, no qual os estudantes estão juntos. Ao dirigir o seminário, o professor deve ser exigente e não permissivo, exigindo que os alunos pensem sobre as questões levantadas, questionando suas afirmações, sintetizando as ideias principais, estabelecendo relações do conteúdo com outras áreas do conhecimento, exemplificando, utilizando resultados de pesquisa, estimulando-os às conclusões finais, para finalmente consolidá-las. O importante é que o professor instale o diálogo crítico, procurando coletivizar as questões suscitadas em sala de aula, usando a indagação como forma de conduzir o seminário. Nessa etapa, os participantes do seminário não devem se colocar na condição de meros ouvintes. Todos têm uma parcela de contribuição no decorrer do mesmo. As atividades básicas, tanto dos alunos responsáveis pelo seminário como dos demais participantes, são as seguintes: apresentação do trabalho por escrito (relatório ou síntese), com cópias para cada participante do seminário; exposição do tema com objetividade; formulação de questões críticas – escrevendo sobre elas, discutindo-as seriamente;Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 81 solicitação de esclarecimentos para sanar dúvidas, definir posturas, argumentar e contra-argumentar, buscar respostas às questões levantadas, estabelecer confrontos, encaminhar conclusões, registrando-as. Considera-se como terceira etapa a apreciação final sobre o trabalho realizado, tanto por parte dos responsáveis pelo seminário e demais participantes quanto do professor, que tece comentários gerais, sugerindo novos estudos a respeito do tema, quando for o caso. É aconselhável que o trabalho escrito ou síntese sejam revistos a partir das discussões desencadeadas ao longo do seminário (VEIGA, 1996). A apreciação do seminário pode ter efeito de atribuição de nota ou menção. O seminário é de grande valia quando se pretende apresentar um tema novo ou aprofundar um assunto mais polêmico. Trata-se de uma técnica mais adequada às classes de ensino médio e aos alunos de graduação e pós-graduação. A sua validade se deve ao fato de ser uma excelente técnica para estimular a produção do conhecimento. Comparando os pontos positivos com os equívocos e restrições feitas para o emprego adequado do seminário, verifica-se que as limitações apontadas encaminham-se para os aspectos técnicos e que não são inerentes ao processo e sim a quem deles participa. Nesse sentido, o sucesso do seminário vai depender em parte do professor e em parte do aluno. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 82 REFERÊNCIAS ABUD, Kátia Maria. O mundo não é um quebra-cabeças. Revista Nova Escola. Ed. agosto de 1999. ALBERTI, Taís Fim; CIGOLINI, Monique Presse; FRANCO, Sérgio Roberto Kieling. Conivência de duas correntes epistemológicas nas concepções de aprendizagem na EaD (2009). Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2604_1915.pdf ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Desafios à educação: o trabalho com projetos. In: Educação, projetos, tecnologia e conhecimento. São Paulo: PROEM, 2001. p. 47– 63. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Projeto: uma nova cultura de aprendizagem (2001). Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/educ30.htm> ALTET, Marguerite. As competências do professor profissional: entre conhecimentos, esquemas de ação e adaptação, saber analisar. In: PAQUAY, Léopold; PERRENOUD, Philippe; ALTET, Marguerite; CHARLIER, Évelyne. Formando professores profissionais: quais estratégias? Quais competências?. Porto Alegre: Artmed, 2008. AMARAL, Ana Lúcia. Conflito conteúdo/forma em pedagogias inovadoras: a pedagogia de projetos na implantação da escola plural (2007). Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/0403t.pdf> ANDRADE, Rosamaria Calaes de. INTERDISCIPLINARIDADE - Um novo paradigma curricular (2007). Disponível em: <http://www.suigeneris.pro.br/edvariedade_interdisciplin1.htm> AZAMBUJA, Jorcelina Queiroz de; SOUZA, Maria Letícia Rocha de. O estudo de texto como técnica de ensino. In: : VEIGA , Ilma Passos Alencastro (org.). Técnicas de ensino: por quê não? Campinas: Papirus, 1996. BECKER, Fernando. A Epistemologia do Professor: o cotidiano da escola. 7.ed. Petrópolis, Vozes, 1998. BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: ARTMED, 2004. BECKER, Fernando. O que é o construtivismo?. Ideias, n. 20. São Paulo: FDE, 1994. p. 87-93. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf>. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 83 BEZERRA, Francisco Maximiano. INTERDISCIPLINARIDADE: uma nova forma de ver o ensino (2007). Disponível em: <http://www.natal.rn.gov.br/sempla/paginas/File/interdisciplinaridade.pdf> BORGES, Cecília Maria Ferreira. O professor da educação básica e seus saberes profissionais. 1.ed. Araraquara: JM, 2004. BOTTOMORE, T. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1997. BRASIL. Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa – 1o e 2o ciclos do ensino fundamental. vol 2, Brasília, 1998. BRASIL. MEC/CNE. Parecer 009/2001: Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores para a educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Distrito Federal: 2001. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 1997. BRASIL. PCN + Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. BRASIL. PCN+ Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. BRASIL. PCN+ Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. COSTA, Vilze Vidotte. A SUPERVISÃO ESCOLAR NO PROCESSO EDUCATIVO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: busca de re-significação para sua prática no Estado do Paraná. Marília: Universidade Estadual Paulista, 2006, encadernado. DAVINI, Maria Cristina. Currículo integrado (1983). Disponível em: http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20Co ntinuada/Curr%C3%ADculo/pub04U2T8.pdf DAVINI, Maria Cristina. Do Processo de aprender ao de ensinar. In: BRASIL. Ministério da Saúde et al. Brasil, Capacitação Pedagógica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1989. DELIZA, Giselda Maria Zuntini. INTERDISCIPLINARIDADE: alguns caminhos, algumas possibilidades, construindo projetos. Grupo de Pesquisa em Psicologia e Educação Superior. ETD – Educação Temática Digital, Campinas. SP, v.7, n. esp., Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 84 jun. 2006. Disponível em: <http://143.106.58.55/revista/include/getdoc.php?id=339&article=87&mode=pdf DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortezo, 1998. DOURADO, Luiz F.; AGUIAR, M. A. A Gestão Democrática e a Construção de processos Coletivos de Participação e Decisão na Escola. In: AGUIAR, M. A; FERREIRA, N. S. C. (Org.) Para onde vão a Orientação e a Supervisão educacional. Campinas: São Paulo, Papirus, 2002. FAZENDA, Ivani C. A. A Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 3. Ed. São Paulo: Loyola, 1995. FERNANDES, Claudia de Oliveira et al.Indagações sobre currículo: currículo e avaliação. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3 ed. Editora Positivo, 2004. CDRom. FLECK, Maria Luiza Steiner. Pedagogia de Projetos (2007). Disponível em: <http://ww1.unilasalle.edu.br/cursos/graduacao/documentos/letras/pedagogiadeproje tosprofmarialuiza.pdf FREIRE, Paulo: FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. Sobre educação (diálogos). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. FREITAS, Kátia Siqueira de. (Coord). Pedagogia de projetos. GERIR, Salvador, v.9, n.29, p.17-37, jan./fev.2003. GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores – para uma mudança educativa. Trad. Isabel Narciso. Porto: Porto editora, 1999. GIMENO SACRISTÁN, J. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional de professores. Barcelona: ICE, 1993. GIMENO SACRISTÁN, J.; PÉREZ GOMES, A. Compreender e transformar a educação. Madri: Morata, 1992. HERNÁNDEZ, Fernando, VENTURA, Montserrat. Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares. In: A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Trad. Jussara Haubert Rodrigues Porto Alegre. Artes Médicas, 1998. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 85 HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho; trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. LOPES, Antonia Osima. Aula expositiva: superando o tradicional. In: VEIGA , Ilma Passos Alencastro (org.). Técnicas de ensino: por quê não? Campinas: Papirus, 1996. MACEDO, Jussara Marques de. Reestruturação produtiva e políticas de formação de novas competências para o trabalho docente (2002). 25 ANPED, GT 08 - Formação de Professores. MACHADO, Virginia. Definições de prática pedagógica e a didática sistêmica: considerações em espiral. Revista Didática Sistêmica Volume: 1 Trimestre: Outubro-dezembro de 2005. MARTINS, Pura Lucia O. Didática teórica, Didática prática: para além do confronto. São Paulo: Loyola, 1989. MEC/CNE. Parecer 009/2001: Diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores para a educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Distrito Federal: 2001. MELLO, Guiomar Namo de. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Processo: 230001.000309/97-46 Parecer CEB nº 15/98 MELLO, Guiomar Namo de. Formação inicial de professores para a educação básica: uma (re)visão radical. Revista São Paulo em Perspectiva, vol. 14, n. 1. São Paulo: SEADE, jan/mar. 20002000 Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/Formacao_inicial_professores.pdf Mod 2. CEAE (2007). Disponível em: <http://www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/> NÉRICI, Imídio G. Didática geral dinâmica. 11ª ed. São Paulo: Atlas; 1992 NIEMANN, Flávia de Andrade; BRANDOLI, Fernanda. Jean Piaget: um aporte teórico para o construtivismo e suas contribuições para o processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática. IX ANPED SUL. Seminário de pesquisa em educação da região sul, 2012. ORLANDI, Eni Pulcinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Brasiliense, 1983. PENIN, Sonia T. de Sousa. A aula: espaço de conhecimento, lugar de cultura. Campinas: Papirus, 1994. PERINI, Mário. A leitura funcional e a dupla função do texto didático. In: ZILBERMAN, Regina; SILVA, Teodoro (orgs.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1988. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 86 PERRENOUD, P. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. PERRENOUD, P. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 2000. PERRENOUD, Philippe. “Construir competências é virar as costas aos saberes?” Revista pedagógica, Porto Alegre: novembro 1999. PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI. In: PERRENOUD, Philippe; THURLER, Monica Gather (orgs). As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002. PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. PERRENOUD, Philippe; THURLER, Monica Gather (orgs). As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002. PERRENOUD, Philippe; THURLER, Mônica Gather, MACEDO, Lino de; MACHADO Nilson José e ALLESSANDRINI, Cristina Dias. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação; trad. Cláudia Schilling e Fátima Murad. – Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. PIMENTA, S. G. Formação de professores: saberes e identidade. In: PIMENTA, S. G. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999. PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública: uma proposta de atuação a partir da análise crítica da Orientação Educacional. São Paulo: Loyola, 2002. PRADO, Ricardo. Um trem bão chamado interdisciplinaridade. Revista Nova Escola. Edição maio de 1999. RAMOS, M. N. Da qualificação à competência: deslocamento conceitual na relação trabalho educação. Tese de doutorado. Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2001. RODRIGUES, Fernando. Teoria sócio-interacionista – LEV VYGOTSKY. Revista Nova Escola - Grandes Pensadores. Edição Especial de N° 19, Editora Abril, 2005. SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMÉZ, A. I. Peréz. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experiência. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ARTMED, 2000. Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 87 SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMÉZ, A. I. Peréz. Compreender e transformar o ensino. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. SANTIAGO, Ana Maria de A. Saberes necessários à formação docente: uma reflexão sobre a história-disciplina e seu ensino na educação básica. Caderno de Graduação Ensino e formação de professores na perspectiva das licenciaturas em Ciências Humanas. Rio de Janeiro: UERJ, Departamento de Ensino de Graduação, 2002, v.4. Disponível em: http://www.lppe.uerj.br/artigos/saberes_necessarios.pdf SANTOMAURO, Beatriz. Inatismo, empirismo e construtivismo: três ideias sobre a aprendizagem. Revista Nova Escola, n. 237, nov. 2010. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/inatismo-empirismo- construtivismo-tres-ideias-aprendizagem-608085.shtmlSAVIANI, Demerval. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à profissão pela mediação da ideia. In: FERREIRA, Naura S. C. (Org.). Supervisão educacional para uma Escola de Qualidade. São Paulo: Cortez,1999. SAVIANI, Demerval. Tendências e correntes da educação brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. SIGNORELLI, Vinicius. Cardápio de projetos (2007). Disponível em: <http://www.tvescola.com.br SILVA, Silvio Profirio da.Didática e Prática de Ensino: o que dizem os PCNs sobre a Prática Docente de Língua Portuguesa? 2013. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4367964 SIQUEIRA, Alexsandra. PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO BÁSICA: uma revisão bibliográfica. ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.3, n.1, p.90-97, dez. 2001. SOARES, Maria de Fátima Cardoso; MENDES SOBRINHO, José Augusto de Carvalho. Docência nas séries iniciais do ensino fundamental: reflexões sobre a mobilização do saber experiencial (2006). Disponível em: www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/.../GT3_2006_01.PDF STROOBANTS, M. A Visibilidade das Competências. In: ROPÉ, F. & TANGUY, L. (ORGS.). Saberes e Competências: o uso de tais noções na escola e na empresa. 2ª Edição. Campinas (SP): Papirus, 1997. TARDIF, M.; GAUTHIER, C. O professor como ator racional: que racionalidade, que saber, que julgamento? In: PERRENOUD, Philippe. Formando Professores Profissionais: quais estratégias? Quais competências? 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. 2000 Todos os direitos reservados ao Instituto Prominas de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Instituto Prominas. 88 TARDIF, Maurice. Saberes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. VAZQUEZ, A. S. Filosofia da Práxis. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1977. VEIGA, Ilma P. A. e RESENDE, Lúcia M. G. de (Org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 1998. VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Novas tramas para as técnicas de ensino e estudo. Campinas, SP: Papirus, 2013. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. O seminário como técnica de ensino socializado. In: VEIGA , Ilma Passos Alencastro (org.). Técnicas de ensino: por quê não? Campinas: Papirus, 1996. VENTURI, Luis Antonio Bittar. O uso de técnicas e práticas no ensino aprendizagem e suas contribuições no processo de formação Entre-Lugar, Dourados, MS, ano 3, n.6, p 141 - 152, 2º semestre de 2012. Disponível em: http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/entre-lugar/article/view/2451/1402 Revistas: Como trabalhar por competências. Nova Escola, ano XVII, ago / 2002. Construindo competências. Nova escola, ano XVII, nº 154 ago / 2002. Profissionalização do professor e desenvolvimento de Ciclos de Alfabetização. Cadernos de Pesquisa, nº 106, nov/ 99. Dez novas competências para uma nova profissão. Pátio, Revista Pedagógica. Porto Alegre, nº 17, mai/ jul. Os novos pensadores da educação. Nova Escola, ano XVII, ago/ 2002, n.154.