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INSOLVÊNCIA E CONCURSO DE CREDORES

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INSOLVÊNCIA E CONCURSO
	Uma declarada a insolvência, isto é quando for considerado que os bens e capitais do devedor não conseguirão suprir o montante inadimplido, é preciso averiguar os eventuais credores que o devedor poderá ter. Diante do importe financeiro que poderá ser obtido do empreendimento insolvente, ocasionalmente nem sempre todos aqueles que terão valores a receber serão alcançados. 
Sabe-se que em meios aos credores a corrida pela satisfação individual ocasionaria o término das atividades empresariais do inadimplente, por consequência tanto dos próprios débitos da instituição como também pelos diversas encargos oriundos do procedimento de insolvência. Os prejuízos de tal fato não ficariam restritos ao devedor, mas também alcançariam o objetivo dos próprios credores uma vez que acarretaria na extinção de garantia dos créditos. Portanto, é necessário garantir que o objetivo individual de um credor não esteja em situação sobre os demais.
Importante ainda frisar que caso inexistisse uma relação de prioridades em relação aos cobradores, o insolvente poderia simplesmente promover o pagamento ao seu mero entendimento, podendo inclusive estabelecer situações de contrapartida ou simplesmente adimplir os débitos com aqueles que tivesse relação de afinidade. Logicamente, se mostra um absurdo imaginar que o devedor pudesse ter a faculdade de agir conforme seu discernimento individual, mesmo após reconhecida sua mora em efetuar pagamentos
Conforme explanado a ausência de uma ordem formal de credores teria como deslinde um ambiente favorável a injustiças e fraudes, e violaria principalmente o interesse dos credores. Com intuito de promover a segurança jurídica e a legalidade no procedimento da satisfação de créditos em meio a insolvência, é que se desenvolveu o instituto da execução concursal utilizado na seara falimentar. Consequentemente a norma estabeleceu critérios para quitação dos débitos, eliminando a possibilidade de discricionariedade do insolvente e assegurando a eficiência na satisfação do crédito.
Privilégios e preferências 
Em consonância com o contexto narrado acima, o dispositivo normativo criou a sistemática do privilégio, benefício que só pode ser concedido nos termos da lei. Cumpre destacar que não é uma garantia acerca do patrimônio, mas versa acerca da disposição do crédito relativamente a sua origem. Portanto atribui ao titular a pretensão qualificada prioritária do crédito em detrimento aos demais credores 
O tratamento privilegiado de certos credores, obviamente, não pode basear-se em aspectos pessoais, mas sim em critérios abstratos ligados à natureza dos créditos. Logo a natureza das reivindicações não é alterada devido ao procedimento de falência O que se altera é a maneira de execução do crédito. A alteração de abordagem dos privilégios se faz necessária para promover o equilíbrio das postulações diante do concurso de credores. Isto pois reconhece-se a divergência de interesses e necessidades na obtenção do crédito. Conforme melhores explanado nas próximas seções
Os créditos são elencados em consonância com suas características, ou seja conforme a sequência (privilégio) estabelecida pelo dispositivo normativo. Neste toar, é possível verificar que apenas entre os credores inerente a uma mesma classificação de créditos é que se pode assegurar a isonomia de tratamento integral, uma vez que terão iguais direitos diante da seara falimentar, e fracionamento caso se comprove a impossibilidade de recursos para adimplemento de todos os credores. 
 Portanto, de acordo com o inciso I do art. 83 da lei 11.101/05 faz parte da categoria que possui prioridade acima de todos outros créditos os oriundos da legislação do trabalho desde que decorrentes de fatos ocorridos antes da decretação da falência de até 150 salários mínimos, bem como os derivados por acidente de trabalho. Com efeito, em situações de inexistência de recursos para adimplementos dos créditos da referida categoria, cada credor na seara trabalhista ou por acidente de trabalho concorrerá de forma isonômica e terá direito a divisão de valores de acordo com a quantidade de pessoas que também se enquadrem no referido privilegio (REQUIÃO. 2018, p. 280).
 Créditos trabalhistas 
Conforme elucidado anteriormente, os créditos trabalhistas, só poderão ter prioridade máxima caso não extrapolem o teto de 150 salários mínimos por credor. O montante que ultrapassar o referido valor deverá ser tipificado como quirografário (art. 83, VI, c), ainda que signifique conflito com a norma trabalhista que atribui privilégios em sua integralidade aos créditos derivados de remuneração e indenizações trabalhistas. Admitindo-se o expresso privilégio dos créditos trabalhistas em relação ao seu viés alimentar, deve-se salientar que a limitação a 150 salários mínimos diz respeito a um indício do legislador que montantes além desse parâmetro não possuem tal característica.
Quanto aos créditos trabalhistas, destaca-se ainda que de acordo com o inc. I do art. 83 o crédito trabalhista, diz respeito a época anterior à decretação da falência. O pagamento oriundo da prestação de serviços após a decretação da falência, deverá ser cobrado a massa falida, tipificada como extraconcursal nos termos do art. 84, I da Lei 11.101/05. Ressalta-se que a Justiça do Trabalho é competente para definir o valor do crédito de natureza trabalhista nesses termos (art. 6.º, § 2.º da Consolidação das Leis trabalhistas)

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