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TEXTO 00 - Apostila do Curso

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3 
 
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
Secretaria Nacional de Segurança Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE CRIMINAL 1 – VERSÃO ATUALIZADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MJ 
BRASÍLIA 
2017 
 
 
 4 
Presidente da República 
Michel Temer 
 
Ministro da Justiça e Segurança Pública 
Torquato Lorena Jardim 
 
Secretário Executivo 
José Levi Mello do Amaral Júnior 
 
Secretário Nacional de Segurança Pública 
Carlos Alberto dos Santos Cruz 
 
Diretor do Departamento de Ensino, Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal 
Rinaldo de Souza 
 
Coordenadora-Geral de Ensino 
Ana Paula Garutti da Silva 
 
Coordenador de Análise de Eventos de Aprendizagem 
Armando Slompo Filho 
 
 
Secretaria Nacional de Segurança Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
Secretaria Nacional de Segurança Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE CRIMINAL 1 – VERSÃO ATUALIZADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MJ 
BRASÍLIA 
2017 
 
 6 
© 2017 Secretaria Nacional de Segurança Pública 
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que seja citada a fonte 
e não seja para venda ou qualquer fim comercial. 
 
Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Palácio da Justiça, Edifício Sede, 5º andar, Brasília-DF, CEP 70.064-900 
 
Disponível também em: http://portal.mj.gov.br 
ISBN: 
 
 
Equipe Responsável 
 
Diretor do Departamento de Ensino, Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal 
Rinaldo de Souza 
 
Coordenadora-Geral de Ensino 
Ana Paula Garutti da Silva 
 
Coordenador de Análise de Eventos de Aprendizagem 
Armando Slompo Filho 
 
Ministério da Justiça 
Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP 
 
Créditos da 1ª versão 
Andrea de Oliveira Macedo – Mestre em Sociologia pela UnB 
Profa. Betânia Totino Peixoto – Professora da UFMG/CEDEPLA 
Prof. Marcelo Ottoni Durante – Professor Adjunto da Universidade de Viçosa 
 
Créditos da atualização (Fundação João Pinheiro) 
Alcendino Rezende Neto (bolsista) 
Betânia Totino Peixoto 
Eduardo Batitucci 
José Dias Neto 
Letícia Godinho de Souza 
 
 
 7 
Câmara Técnica 
Antônio Casado de Farias Neto - SENASP 
Bernadete Cordeiro - Consultora Pedagógica 
Cristiane do Socorro Loureiro Lima 
Elias Milaré Junior - Benner 
Gustavo Camilo Batista 
Rafael Rodrigues de Sousa 
Vinicius Augusto de Mattos L Soares 
 
Roteirização 
Kátia Roseane Cortez dos Santos - Benner 
Vinícius dos Santos Villa - Benner 
 
Ilustração e Design 
Frank Paris - Benner 
Johnny Santos Oliveira - Benner 
 
Programação 
Jhonatan Edi Mervan Carneiro - Benner 
Jorge Ferreira Junior - Benner 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do Ministério da Justiça 
 
 9 
Sumário 
 
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................................................................................... 13 
Objetivos do Curso .................................................................................................................................................................................. 14 
Estrutura do Curso ................................................................................................................................................................................... 14 
 
MÓDULO 1 ........................................................................................................................................................... 16 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 16 
Objetivos do módulo ................................................................................................................................................................................ 16 
Estrutura do módulo ................................................................................................................................................................................. 16 
Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação ......................................................................................................... 16 
1.1 Dimensões do campo de aplicação ........................................................................................................................................ 16 
1.2 Definição ........................................................................................................................................................................................... 17 
Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento ..................................................................... 17 
2.1 Nova perspectiva ............................................................................................................................................................................ 17 
2.2 O trabalho do analista criminal ................................................................................................................................................ 18 
Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos .................................................................................................................. 20 
Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal .................................................................................... 21 
41. A dinâmica de trabalho do analista criminal ....................................................................................................................... 21 
4.2 A focalização das ações ............................................................................................................................................................... 21 
Aula 5 – Vertentes básicas ................................................................................................................................................................... 22 
5.1 Vertentes da produção de conhecimento para segurança pública ............................................................................ 22 
Exercícios ....................................................................................................................................................................................................... 25 
Gabarito ......................................................................................................................................................................................................... 26 
 
MÓDULO 2 ................................................................................................................................................................................................... 28 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 28 
Objetivos do módulo ................................................................................................................................................................................ 28 
Estrutura domódulo ................................................................................................................................................................................. 28 
Aula 1 – Métodos de abordagem ..................................................................................................................................................... 29 
1.1 Abordagem e técnicas de análise ............................................................................................................................................ 29 
1.2 Vantagens e limitações das técnicas de análise ................................................................................................................. 29 
1.3 Métodos e técnicas X Aplicações ............................................................................................................................................. 32 
Aula 2 – Contrução de um questionário ...................................................................................................................................... 32 
2.1 Definição e relação com a pesquisa ....................................................................................................................................... 33 
2.2 Elaboração de um questionário ............................................................................................................................................... 33 
2.3 Contexto social da aplicação do questionário .................................................................................................................... 34 
2.4 Estrutura lógica do questionário .............................................................................................................................................. 34 
2.5 A estrutura do questionário ....................................................................................................................................................... 35 
 10 
2.6 As perguntas .................................................................................................................................................................................... 35 
2.7 Aspectos a serem observados ................................................................................................................................................... 36 
2.8 Problemas que devem ser evitados ........................................................................................................................................ 36 
2.9 Escala de respostas ........................................................................................................................................................................ 37 
Aula 3 – Fontes de dados ..................................................................................................................................................................... 38 
3.1 Fontes de dados ............................................................................................................................................................................. 39 
3.2 SINESP – Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública ............................................................................. 40 
3.3 Fontes alternativas de informação .......................................................................................................................................... 41 
Exercícios ....................................................................................................................................................................................................... 44 
Gabarito ......................................................................................................................................................................................................... 45 
 
MÓDULO 3 ........................................................................................................................................................... 46 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 46 
Objetivos do módulo ................................................................................................................................................................................ 46 
Estrutura do módulo ................................................................................................................................................................................. 46 
Aula 1 – Conceitos básicos .................................................................................................................................................................. 47 
1.1 Estatística e análise estatística criminal ................................................................................................................................. 47 
1.2 Conceitos básicos .......................................................................................................................................................................... 47 
1.3 Fluxo de execução da análise estatística ............................................................................................................................... 48 
Aula 2 - Séries estatísticas .................................................................................................................................................................. 48 
2.1 O que é uma série estatística? .................................................................................................................................................. 48 
Aula 3 – Apresentação dos dados.................................................................................................................................................... 51 
3.1 Construção de tabelas .................................................................................................................................................................. 51 
3.2 Construção de gráficos ..................................................................................................................................................................... 52 
Aula 4 – Estatística descritiva ............................................................................................................................................................ 54 
4.1 Parâmetros para descrição dos dados ................................................................................................................................... 54 
Aula 5 – Análise de regressão ............................................................................................................................................................ 65 
5.1 Origem ............................................................................................................................................................................................... 65 
5.2 Objetivos da regressão ................................................................................................................................................................ 66 
Exercícios ....................................................................................................................................................................................................... 67 
Gabarito ......................................................................................................................................................................................................... 69 
 
MÓDULO 4 ...........................................................................................................................................................70 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 70 
Objetivos do módulo ................................................................................................................................................................................ 70 
Estrutura do módulo ................................................................................................................................................................................. 70 
Aula 1 – Estatística espacial: conceitos básicos ....................................................................................................................... 70 
1.1 Geoprocessamento ....................................................................................................................................................................... 70 
1.2 Coleta de dados georeferenciados ......................................................................................................................................... 71 
 11 
1.3 Coordenadas geográficas ........................................................................................................................................................... 71 
Aula 2 – Projeções cartográficas ...................................................................................................................................................... 72 
2.1 Projeções cartográficas ................................................................................................................................................................ 72 
2.2 Tipos de projeções ........................................................................................................................................................................ 72 
Aula 3 – Escala cartográfica ................................................................................................................................................................ 73 
3.1 O que é uma escala cartográfica .............................................................................................................................................. 73 
3.2 Formas de escala cartográfica ................................................................................................................................................... 73 
Aula 4 – Construção de mapas no Sistema de Informação Geográfica (SIG)............................................................ 74 
4.1 Representações de objetos geográficos ............................................................................................................................... 74 
Exercícios ....................................................................................................................................................................................................... 78 
Gabarito ......................................................................................................................................................................................................... 80 
 
MÓDULO 5 ........................................................................................................................................................... 81 
Apresentação ............................................................................................................................................................................................... 81 
Objetivos do módulo ................................................................................................................................................................................ 81 
Estrutura do módulo ................................................................................................................................................................................. 81 
Aula 1 – Contribuições das ciências sociais para a análise criminal ............................................................................. 82 
1.1 Abordagem ecológica do crime ............................................................................................................................................... 82 
1.2. O objetivo da abordagem ecológica do crime ............................................................................................................. 82 
1.3 Correntes teóricas .................................................................................................................................................................... 82 
Aula 2 – Exemplos de gestão de políticas e ações de segurança pública ................................................................... 83 
Aula 3 – Problemas comuns na análise de dados ................................................................................................................... 85 
Aula 4 – Estrutura do relatório de análise criminal ............................................................................................................... 89 
4.1 Definição ..................................................................................................................................................................................... 89 
4.2 A Estrutura do relatório de análise criminal .................................................................................................................. 89 
Exercícios ....................................................................................................................................................................................................... 91 
Gabarito ......................................................................................................................................................................................................... 93 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................................................... 94 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso de Análise Criminal. 
A seguir, veja a apresentação do tema proposto, os objetivos esperados, a importância da análise criminal 
e como ela é fundamental para que se obtenham resultados efetivos no âmbito da segurança pública. 
 
Bons estudos! 
Segundo alguns autores há três tipos de mentiras sobre a estatística: as mentiras, as mentiras sérias e as 
estatísticas. Veja algumas delas: 
 
“Os números não mentem, mas os mentirosos forjam os números.” 
 
“Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.” 
 
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatística “como um bêbado utiliza um 
poste de iluminação – para servir de apoio e não para iluminar”. 
 
Quais são as razões para que essa visão persista? 
Por que fazer análise criminal? 
 
Estas são algumas das perguntas que servirão de base para os seus estudos sobre o tema em questão. 
As principais razões para a produção de impressões distorcidas da realidade a partir das estatísticas são: 
 O uso de pequenas amostras. 
 Distorções deliberadas. 
 Perguntas tendenciosas. 
 A elaboração de gráficos enganosos. 
 Pressões políticas. 
 
Este curso tem como propósito a construção de um alicerce que amplie a formação de analistas criminais 
no Brasil. Dessa forma, a perspectiva é contribuir para que novos conteúdos relacionados às modernas técnicas 
de análise sejam agregados em futuro próximo. 
Aqui você estudará os conceitosbásicos da análise estatística que fundamentam o processo de análise 
criminal. 
 
 
 
 14 14 
Objetivos do Curso 
Ao finalizar o curso, você será capaz de: 
 Reconhecer a importância da análise criminal; 
 Descrever os principais conceitos e aplicações da estatística criminal; 
 Identificar as técnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informações; 
 Aplicar os conceitos básicos relacionados à estatística para compreender melhor as técnicas 
utilizadas na análise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os às suas 
informações; Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a ope- 
racionalização da análise criminal. 
 Identificar os diferentes tipos de mapas relacionando às informações que reúnem; 
 Compreender os elementos conceituais e metodológicos necessários para a operacionalização 
da análise criminal. 
 
Estrutura do Curso 
O curso está dividido nos seguintes módulos: 
 Módulo 1 – Por que fazer análise criminal? 
 Módulo 2 – Coleta de informações 
 Módulo 3 – Análise Estatística Criminal 
 Módulo 4 – Sistemas de Informação Geográfica 
 Módulo 5 – Operacionalização da análise criminal 
 
Bom curso! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 16 
 
 
 
 
 
Apresentação 
Seja bem-vindo(a) ao primeiro módulo deste curso! 
Neste módulo, você estudará a importância da análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento 
e a sua contribuição para a gestão das ações de segurança pública. 
 
Objetivos do módulo 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 Definir análise criminal e identificar as contribuições para a gestão da segurança pública; 
 Compreender os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do 
foco nas ações de análise criminal; e 
 Classificar a produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as vertentes 
utilizadas. 
 
Estrutura do módulo 
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: 
 Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação 
 Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de policiamento 
 Aula 3 – Análise criminal X alocação de recursos 
 Aula 4 – Focalização das ações da análise criminal 
 Aula 5 – Vertentes básicas 
 
E, então, você está preparado(a) para iniciar a primeira aula? 
Nesta aula, você aprenderá mais sobre a análise criniminal e o seu campo de aplicação. Vamos lá! 
 
Aula 1 – A análise criminal e seu campo de aplicação 
 
1.1 Dimensões do campo de aplicação 
O campo de aplicação da análise criminal pode ser descrito a partir de duas dimensões principais: 
 Orientar os gestores quanto ao planejamento, execução e redirecionamento das ações do 
sistema de segurança pública, contribuindo para a melhoria na distribuição dos recursos 
materiais e humanos; e 
MÓDULO 
1 
POR QUÊ FAZER ANÁLISE CRIMINAL? 
 
 17 
 Dar conhecimento à população e a outros órgãos governamentais e não-governamentais quanto 
à situação da segurança pública, auxiliando suas participações efetivas na gestão e execução 
das ações. 
 
1.2 Definição 
 A definição de análise criminal abrange muito mais que um simples traçado de gráficos, tabelas 
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de 
segurança pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles tirar 
CONCLUSÕES. 
 A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos, por meio 
dos quais tratam as informações para tentar conhecer as causas que determinam o fenômeno da 
segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais influências cabem a cada uma 
dessas causas. 
 
Você concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir? 
 
Aula 2 – A análise criminal frente à nova perspectiva de 
policiamento 
 
O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de repensar a forma como 
a segurança pública é feita. Os profissionais dessa área devem se questionar sobre os resultados esperados de 
sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa: como fazer mais 
com menos recursos? 
Para responder a questão levantada no slide anterior – como fazer mais com menos recursos? – é preciso 
passar da reação para a ação. Ao invés de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a principal 
estratégia para quebrar esse ciclo é a execução de ações preventivas para a criação de ambientes seguros. 
 
Importante! 
Essa é a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude mais 
comum é o pronto atendimento à vítima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente do 
aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas. 
 
2.1 Nova perspectiva 
A nova perspectiva de policiamento requer que: 
 A polícia examine de modo detalhado cada um dos problemas a serem abordados, identifica do 
suas causas; 
 Leve em consideração um conjunto bastante amplo de opções para intervir sobre essas causas; e 
 
 18 18 
 Escolha a opção a ser utilizada com base em uma relação de custo e benefício, pautada no alcance 
de resultados. 
 
Observa-se uma mudança na lógica de gestão, pois o objetivo prioritário deixa de ser apenas a solução 
dos crimes que já ocorreram e passa a ser a manutenção de um ambiente social onde não ocorra nenhum 
crime, as pessoas possam andar nas ruas tranquilamente e a sensação de segurança seja compartilhada por 
todos e todas, independentemente de suas características culturais, econômicas e naturais. 
 
2.2 O trabalho do analista criminal 
Atualmente, o trabalho do analista criminal está limitado à tabulação dos registros sobre os crimes. Em 
poucas situações, observa-se a análise dos padrões de vitimização, tendo como foco principal a identificação 
do perfil de quem deve ser preso e, em situações escassas, essa análise busca identificar fatores urbanos e 
populacionais associados aos padrões de incidência criminal. 
Essa situação fica ainda mais precária quando se questiona o uso das conclusões dessas análises na 
gestão das ações e políticas de segurança pública. Os processos de tomada de decisão baseados na rotina e na 
autoridade, marcados pela indiferença quanto aos resultados a serem alcançados em perspectiva sistêmica, 
ainda prevalecem. 
Uma das explicações para essa situação é a grande falta de analistas criminais bem treinados e 
compromissados com sua atividade. 
 
Importante! 
O bom analista criminal não espera uma demanda de informação para iniciar seu trabalho. 
Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser 
resolvidos, avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de 
efetividade e traça um projeto de execução que sempre parte da diretriz que é preciso aprender com os 
resultados alcançados, quer sejam positivos ou negativos. 
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal é a existência, entre esses 
profissionais, de uma concepção modesta sobre a importância do seu trabalho, visto sempre como um trabalho 
de bastidores. É preciso repensar essa concepção. 
O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos de 
segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim como sobre a 
forma de resolver o problema. 
Mais queuma fonte de informações, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais que 
um técnico especialista em análise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que visa trazer 
as melhores contribuições possíveis da ciência para o aperfeiçoamento do trabalho policial. 
No quadro funcional dos órgãos de segurança pública, o analista criminal é a pessoa com maior 
conhecimento sobre o processo de produção e coleta de informações, a análise de dados e sobre a avaliação 
de resultados. Além disso, é a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de dados e 
 19 
relatórios que podem ser utilizados para dar sustentação e aperfeiçoar as análises a serem empreendidas e as 
conclusões a serem alcançadas. 
A importância do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetividade 
das estratégias de ação policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003. 
Veja na Fgura 1 um quadro de avaliação de resultados de diferentes estratégias de policiamento. As 
estratégias selecionadas pela pesquisa foram distribuídas considerando dois eixos principais: a focalização do 
objeto alvo da ação (eixo horizontal) e a ampliação do conjunto de estratégias de policiamento utilizadas 
(eixo vertical). 
 
 
A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforço da lei foi trocada por uma 
perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximação da polícia com a comunidade, além da realização de 
ações sociais. 
 
 20 20 
Observe que, no contexto da estratégia tradicional, a focalização é baixa e a estratégia envolve apenas 
o reforço da lei (perspectiva jurídica). 
A pesquisa conclui que não existem evidências empíricas de um resultado efetivo das ações em relação 
à redução da incidência criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke & Eck, 
2007), marcado pela focalização da ação e pelo uso de um conjunto diversificado de estratégias orientadas para 
a solução dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidências empíricas de um resultado efetivo 
em relação à redução da incidência criminal. 
 
O policiamento orientado para o problema tem como principal estratégia de intervenção a promoção 
de mudanças nas condições que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande avanço em 
relação à estratégia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que o alcançado 
pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas. 
 
Nesta aula, você viu vários aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente à nova perspectiva de 
policiamento! 
Vamos prosseguir para a próxima aula? 
 
Aula 3 – Análise criminal X Alocação de recursos 
 
O aumento de recursos financeiros investidos é suficiente para o alcance de resultados? 
No âmbito nacional, uma constatação científica de Cerqueira e Lobão (2003) expôs que que a efetiva 
solução dos problemas de segurança pública nunca resultará apenas do aumento dos recursos gastos pelos 
órgãos de segurança pública. Baseados em informações sobre os fatores associados à incidência de homicídios 
em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluíram que o aumento das despesas 
com segurança pública não está relacionado estatisticamente à redução da incidência de homicídios. 
Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o único 
relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios. 
Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurança pública sem separá-los 
e sem analisar as possibilidades de distribuição e aplicação desses recursos efetivos na própria área. 
Para alcançar resultados reais, não basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos. É 
preciso analisar as alternativas de intervenção e investir os recursos conforme as relações entre custo e 
benefício de cada alternativa. 
Essa questão aponta para a importância do analista criminal, que fornece o subsídio tanto para a 
tomada de decisão quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar com 
estratégias de intervenção que ultrapassem o âmbito das ações tradicionais de polícia, pois a melhor perspectiva 
de resultado foi observada quando reunidas todas as estratégias de ação de forma conjunta: 
 Ações policiais; 
 Redução da desigualdade social; e 
 21 
 Aumento da renda per capita. 
 
SAIBA MAIS... 
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: “A análise criminal contribuindo para mudanças 
na política nacional.”, que está nos anexos do curso. 
 
Nota: Há na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para o 
próximo ciclo, caso ainda não tenha cursado. 
 
Nesta aula, você estudou sobre a Análise criminal e a Alocação de recursos. 
Vamos prosseguir? 
 
Aula 4 – Focalização das ações e o trabalho da análise criminal 
 
41. A dinâmica de trabalho do analista criminal 
Em relação à dinâmica de trabalho do analista criminal, pode-se, didaticamente, dividi-la em quatro 
etapas: 
 Sistematização e análise dos dados de segurança pública, buscando identificar padrões de 
incidentes; 
 Submissão desses padrões a uma profunda análise buscando identificar suas causas; 
 Identificação de formas de intervenção nas relações causais encontradas para cessar a ocorrência 
dos incidentes; e 
 Avaliação do impacto das intervenções e, caso haja ausência de impacto, reinício do processo. 
 
No contexto do policiamento orientado a problemas, as formas de intervenção devem ser concebidas 
de maneira ampla, não se restringindo apenas às ações tradicionais de polícia. Por outro lado, o fluxo de 
trabalho de análise envolve a contínua coleta e sistematização de novos dados que podem resultar em 
mudanças radicais nas ações que já vêm sendo executadas. 
 
4.2 A focalização das ações 
Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas expostas anteriormente precisam ser aplicadas 
a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se discute a questão da focalização das 
ações: 
 A valorização de uma perspectiva local de ação; e 
 A focalização de tipos criminais específicos para intervenção. 
 
 
 
 
 22 22 
4.2.1 A valorização de uma perspectiva local de ação 
Ao focalizar uma perspectiva mais local, o analista criminal faz com que sua instituição seja mais bem 
informada, eficiente e capaz de usar seus recursos para reduzir o crime. 
A perspectiva local atribui ao analista criminal maior capacidade para investigar e identificar as causas 
do problema abordado. 
Essa orientação do trabalho numa perspectiva local propõe que o analista: 
Converse com os policiais sobre como eles concebem seu trabalho; participe diretamente de atividades 
desenvolvidas pelos órgãos de segurança pública; troque informações com profissionais das empresas de 
segurança privada; crie uma rede com analistas criminais das regiões vizinhas; colete informações diretamente 
com agressores e vítimas; e busque contribuir para aprimorar os processos de coleta de informação. 
 
4.2.2 A focalização de tipos criminais específicos para intervenção 
A focalização nos tipos criminais permite ao analista especificar as causas particulares, os atores e as 
dinâmicas de cada tipo de crime, permitindo uma análise mais apurada do fenômeno criminal. 
Caso essa focalização não seja realizada e uma categoria criminal ampla (roubo, por exemplo) seja 
considerada como problema, torna-se difícil identificar as causas do problema. Cada tipo de roubo – em 
estabelecimento comercial, residência, transporte coletivo, de carga, dentre outros – possui suas causasespecíficas, resulta de diferentes motivações e envolve atores distintos em termos de conhecimento, habilidade 
e organização. 
 
Importante! 
Cada tipo criminal específico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenções sejam 
focalizadas em cada um deles separadamente. 
 
Parabéns, você está quase no fim deste módulo! Vamos prosseguir para a última aula? 
 
 
Aula 5 – Vertentes básicas 
 
5.1 Vertentes da produção de conhecimento para segurança pública 
Magalhães (2007) destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de produção de conhecimento 
voltadas para a gestão em segurança pública: 
 
 Análise criminal estratégica; 
 Análise criminal tática; e 
 Análise criminal administrativa. 
 
Veja a seguir cada uma delas. 
 23 
 
5.1.1 Análise criminal estratégica (ACE) 
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas 
influências a longo prazo. Entre seus principais focos estão: 
 Formulação de políticas públicas; 
 Produção de conhecimento para redução da criminalidade; 
 Planejamento e desenvolvimento de soluções; 
 Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública; 
 Direcionamento de investimentos; 
 Formulação do plano orçamentário; 
 Controle e acompanhamento de ações e projetos; e 
 Formulação de indicadores de desempenho. 
 
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação das tendências da criminalidade. 
 
Exemplificando... 
Se o analista identifica que o fenômeno criminal apresenta uma tendência ascendente, essa informação 
será utilizada para formular e determinar prioridades das ações dos operadores do sistema de segurança pública. 
 
5.1.2 Análise criminal tática (ACT) 
Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas 
influências em médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal visando fornecer subsídios para os 
operadores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado 
pelas polícias ostensivas e investigativas. 
No caso da Análise Criminal Tática, a produção de conhecimento serve para: 
 Orientar as atividades de policiamento ostensivo nas atividades preventivas e repressivas. 
Exemplo: Identificação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e 
 Subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente na busca 
da autoria e materialidade dos delitos. 
 
Seu principal objetivo é: Trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais. 
 
5.1.3 Análise criminal administrativa (ACA) 
Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público-alvo. A atividade nessa vertente 
se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. 
Entre seus principais focos estão: 
 Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores 
públicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais etc.; 
 Elaboração de estatísticas descritivas; 
 
 24 24 
 Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais; 
 Comparações com períodos similares passados; e 
 Comparações com outras cidades similares. 
 
Seu principal objetivo é: Trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva. 
 
Finalizando... 
Parabéns! Você finalizou este módulo! 
 
Aqui, você aprendeu que: 
 A realização da análise criminal envolve, principalmente, o uso de métodos estatísticos. Por meio 
deles, as informações são tratadas para que se possa conhecer as causas que determinam o 
fenômeno da segurança pública, buscando identificar, no resultado final, quais as melhores ações 
para cada uma dessas causas; 
 O modelo atual de alocação eficiente dos gastos públicos cria a necessidade de pensar melhor a 
forma de como se faz segurança pública; 
 O analista criminal tem importância fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos órgãos 
de segurança pública, pois tem influência direta sobre o processo de tomada de decisão, assim 
como sobre a forma de resolver o problema. 
 Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobão (2003), a redução da desigualdade social foi o 
único relacionado diretamente à redução da incidência de homicídios; 
 Para a análise criminal ser mais eficiente, as quatro etapas da dinâmica de trabalho do analista 
precisam ser aplicadas a um problema focalizado. Dois pontos merecem destaque quando se 
discute a questão da focalização das ações: a valorização de uma perspectiva local de ação e a 
focalização de tipos criminais específicos para intervenção. 
 
Agora, para fixar o conteúdo é importante que você realize os exercícios propostos a seguir. 
No próximo módulo você aprenderá sobre: 
 A descrição dos métodos de abordagem; 
 A enumeração dos aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e 
 A identificação das fontes de dados e informações de segurança pública. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 25 
 
Exercícios 
Com base nos conhecimentos adquiridos no módulo 1, realize as atividades propostas a seguir. 
 
1. Podemos definir segurança pública como: 
a) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para planejar ações e políticas de segurança 
pública, obter dados, organizá-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões. 
b) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para traçar gráficos, tabelas e mapas. 
c) É constituída pelo uso de uma coleção de métodos para executar ações e políticas de segurança 
pública. 
d) É constituída de ferramentas para levantar informações. 
 
2. A análise criminal se enquadra na perspectiva da segurança pública: 
a) Reativa 
b) Preventiva 
c) Passiva 
d) Proativa 
 
3. A produção do conhecimento de gestão em segurança pública pode ser classificada segundo três 
vertentes. Considerando estas vertentes, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª: 
(1) Análise criminal estratégica (ACE) 
(2) Análise criminal tática (ACT) 
(3) Análise criminal administrativa (ACA) 
 
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o estudo dos fenômenos e suas 
influências em médio prazo. 
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público-alvo. 
( ) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas 
influências no longo prazo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 26 
Gabarito 
 
Resposta correta da atividade 1: alternativa “a”. 
Resposta correta da atividade 2: alternativa: “b”. 
Resposta correta da atividade 3: sequência: (2); (3); (1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 28 
 
 
 
 
 
Apresentação 
 
Olá! Seja bem-vindo(a) ao módulo Coleta de Informações. 
Antes de iniciar o conteúdo desse módulo, que tal relembrar o que você estudou no anterior? 
 Você viu a definição de análise criminal e identificou suas contribuições para a gestão da 
segurança pública; 
 Compreendeu os aspectos relacionados à nova perspectiva de policiamento e a importância do 
foco nas ações de análise criminal; e 
 Viu a classificação da produção de conhecimento em segurança pública de acordo com as 
vertentes utilizadas. 
 
Neste módulo, você estudará alguns dos métodos de abordagem dos fenômenossociais que podem ser 
utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação da segurança pública e monitoramento de 
resultados das ações e políticas. 
Cabe destacar que um método não exclui o outro. Muitas vezes é preciso combiná-los, pois cada um 
possui vantagens e limitações; a combinação possibilita que se complementem. 
 
Objetivos do módulo 
Ao final do módulo, você deverá ser capaz de: 
 Descrever os métodos de abordagem; 
 Enumerar os aspectos que devem ser observados na construção de um questionário; e 
 Identificar as fontes de dados e informações de segurança pública. 
 
Estrutura do módulo 
 
O conteúdo deste módulo está dividido nas seguintes aulas: 
 Aula 1 – Métodos de abordagem 
 Aula 2 – Construção de um questionário 
 Aula 3 – Fontes de dados e informações de segurança pública 
 
 
 
MÓDULO 
2 
COLETA DE INFORMAÇÕES 
 
 29 
 
Aula 1 – Métodos de abordagem 
 
1.1 Abordagem e técnicas de análise 
A compreensão dos fenômenos sociais pode ser feita a partir de três abordagens. Para cada uma 
das abordagens há técnicas de análise específicas, veja a seguir: 
 
1. Observação do comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real. 
 Análise de conteúdo. 
 Estudo de caso. 
 Análise de dados secundários. 
 
2. Criação de situações artificiais e observação do comportamento antes das tarefas definidas para 
as situações. 
 Avaliação de impacto (laboratório). 
 
3. Realização de perguntas às pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram). 
 Survey. 
 Estudo de caso. 
 
1.2 Vantagens e limitações das técnicas de análise 
 Análise de conteúdo. 
 Estudo de caso. 
 Análise de dados secundários. 
 Avaliação de impacto. 
 Survey. 
 
Análise de conteúdo 
Alguns tópicos de pesquisa são suscetíveis ao exame sistemático de documentos, como romances, 
poemas, publicações governamentais, músicas, boletins de ocorrências etc. As informações trazidas pelos 
documentos são sistematizadas, buscando a existência de semelhanças. 
As principais desvantagens desta técnica são: 
 O tipo de documento selecionado para o exame pode não ser a medida mais apropriada da 
questão ou fenômeno a ser estudado. 
 A análise dos documentos sempre envolve um espaço de arbitrariedade. 
 
 
 
 
 30 30 
Estudo de caso 
O estudo de caso envolve a descrição e explicação abrangente dos muitos componentes de uma 
determinada situação social. 
Num estudo de caso, você busca coletar e examinar o máximo de informações possíveis sobre o tema. 
Se o estudo é sobre a comunidade, você aborda a sua história, seus aspectos religiosos, políticos, econômicos, 
geográficos, sua composição racial etc. 
Em resumo, você procura a descrição mais abrangente e tenta determinar as inter-relações lógicas 
dos seus vários componentes. 
Enquanto a maioria das pesquisas busca diretamente o conhecimento generalizado, o estudo de caso 
busca o conhecimento abrangente de um só caso. Dessa forma, o conhecimento produzido não é 
necessariamente generalizável. 
Se o estudo de caso é realizado pelo pesquisador que é participante no evento ou grupo social estudado, 
este é denominado de Estudo de Caso com Observação Participante. 
Na prática, como observador participante, o pesquisador pode ou não se revelar como tal. Essa decisão 
tem importantes implicações metodológicas e éticas. O pesquisador que admitir que esteja realizando um 
estudo pode afetar diretamente o fenômeno que pretende estudar. 
Por outro lado, a não identificação do pesquisador pode ter implicações éticas relativas ao engano. Como 
estudo de caso, a observação participante busca colher informações muito detalhadas. 
A grande desvantagem desse método é que o pesquisador dificilmente consegue manter 
procedimentos sistemáticos de pesquisa. 
 
Análise de dados secundários 
A realização de pesquisas científicas não envolve, necessariamente, a coleta e análise de dados originais 
(pesquisa de campo). Alguns tópicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados já coletados e 
compilados. 
A análise dos dados secundários tem a grande vantagem da economia. O pesquisador não precisa arcar 
com os custos de amostragens, entrevistas, codificações, recrutamento de sujeitos experimentais etc. 
A principal desvantagem do método é que o pesquisador fica limitado a dados já coletados e 
compilados por outros, que podem não representar adequadamente a questão que lhe interessa. 
 
Avaliação de impacto 
A avaliação de impacto procura determinar os resultados das ações e políticas. Para mensurar esses 
resultados, não basta olhar o objeto de análise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicação da política. 
Para garantir que as mudanças observadas são resultantes da política empreendida, é preciso comparar 
o grupo em que ela foi implementada – chamado de tratado – com um grupo similar que não a experimentou 
– chamado de controle. 
 
 
 31 
TRATADO: Grupo em que foi implementada a política. 
CONTROLE: Grupo similar em que não foi implementada a política. 
 
Quando se está trabalhando com experimento aleatório, também chamado de experimento puro, é 
bastante simples medir o impacto. 
Os experimentos aleatórios são aqueles em que os “tratados” e “controles” são escolhidos de forma 
aleatória na população. Esse tipo de estudo é muito usado na medicina para testes de remédios. 
Das pessoas inscritas para o teste são selecionados dois grupos de forma aleatória, por sorteio. 
Para um grupo é distribuído o placebo (grupo controle) e para o outro grupo é dado o remédio (grupo 
tratado). Depois do tratamento, compara-se a condição de saúde dos dois grupos. 
Se o grupo tratado apresenta melhor condição de saúde de que o grupo controle, o remédio tem 
resultado positivo. Caso contrário, o remédio não tem resultado. 
 
Entretanto, na prática, é quase impossível implementar experimentos aleatórios no caso de políticas 
públicas, pois existe um problema ético e moral. 
 
PARA REFLETIR... 
Sendo o objetivo fazer uma política de prevenção à criminalidade em áreas de alta periculosidade da 
cidade, como escolher uma área que não vai receber essa política? 
 
Isto é justo com a população desse local? 
 
Normalmente, as ações e políticas têm desenhos não aleatórios e as avaliações devem buscar desenhos 
não experimentais, denominados por avaliações de estudos observacionais ou quase-experimentais. 
A implicação do desenho não experimental para a avaliação do impacto é que o “controle” não pode ser 
comparado diretamente com o “tratado”, pois os atributos de ambos não são, necessariamente, equivalentes. 
Para fazer essa comparação é necessário que se apliquem técnicas estatísticas que tornam o “controle” 
equivalente ao tratado. 
Existem várias técnicas para isso, as mais usadas são “pareamento com escore de propensão” e 
“diferenças em diferenças”. Neste curso não serão tratadas essas técnicas, pois exigem um conhecimento 
avançado em estatística. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998). 
 
Survey 
Um survey é realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma população, isto é, descobrir 
a distribuição de certos traços e atributos, avaliar o impacto de alguma política ou ação etc. 
Para que seja viável, em termos técnicos e econômicos, a pesquisa é realizada em uma amostra 
cientificamente selecionada da população, de forma a representá-la. Essa seleção científica da amostra 
permite a extrapolação dos resultados encontrados para a população, ou seja, se a amostra é composta por 50% 
de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa população é composta de 50% de homens. 
 
 32 32 
A coleta de informaçõesenvolve sempre a aplicação de um questionário, que deve priorizar a construção 
de questões com respostas fechadas, retirando ao máximo a possibilidade de respostas abertas em formato de 
texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informação favorecem o uso de técnicas quantitativas para análise 
dos dados. 
 
1.3 Métodos e técnicas X Aplicações 
Os vários métodos de abordagem dos fenômenos sociais têm aplicações distintas quanto ao tipo de 
pesquisa que se pretende realizar e tipo de informações a ser coletada. Eles também podem ser utilizados de 
forma complementar quando necessário. 
Veja abaixo alguns exemplos: 
 Quando se precisa de informações representativas da situação de grandes grupos sociais com 
menor gasto de recursos e maior rapidez, são utilizados surveys e informações secundárias, 
sistematizadas continuamente por órgãos de estatística oficial. 
Essas informações se agregam no conjunto denominado de informações quantitativas e se 
caracterizam por buscar mensurar a questão estudada em números ou categorias. A grande 
limitação dos dados quantitativos na realização de pesquisas é que eles reduzem a realidade a 
algumas categorias, deixando de lado muita informação que seria útil para uma melhor 
compreensão do fenômeno estudado. 
 Pesquisas com informações mais detalhadas: Quando se verifica a necessidade de trabalhar com 
informações mais detalhadas, partimos para outro conjunto de informações denominado por 
informações qualitativas. As pesquisas envolvendo a coleta dessas informações – análise de 
conteúdo e estudo de caso – são normalmente mais difíceis e mais caras de serem realizadas. Ao 
mesmo tempo em que se conhece a realidade de modo mais detalhado, perde-se capacidade de 
generalização dos conhecimentos produzidos. 
 Pesquisas na área de segurança pública: Como exemplo de pesquisas na área de segurança 
pública, é possível citar: 
Pesquisas na área de segurança pública Técnicas de análise 
Pesquisa que analisam informações trazidas de 
bases de ocorrências registradas pelas polícias. 
Análises de dados secundários. 
Pesquisas de vitimização. Survey 
Pesquisas que buscam avaliar de forma mais 
detalhada a criminalidade, envolvendo 
entrevistas com moradores. 
Estudo de caso. 
Pesquisa mais detalhada realizada por alguém 
que convive com a comunidade. 
Estudo de caso ou, especificamente, pesquisa 
etnográfica. 
 
Aula 2 – Contrução de um questionário 
 
 33 
Olá! 
Na aula anterior você conheceu os três métodos de abordagem dos fenômenos sociais e também 
estudou sobre as várias técnicas de análise de tais fenômenos. 
Dando sequência ao conteúdo deste módulo, agora você aprenderá a construir um questionário. 
Preparado(a)? 
Vamos lá! 
 
O que é um questionário? 
Um questionário pode ser definido como um: 
 
conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, 
mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personali- dade e informação biográfica. 
(YAREMKO et al., 1986). 
 
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionário e a maneira da sua aplicação por meio 
dos conceitos e da população-alvo. 
 
2.1 Definição e relação com a pesquisa 
É possível verificar as seguintes interdependências entre a elaboração de um instrumento e a estratégia 
de sua aplicação: 
 O grau de complexidade dos conceitos determina o número de perguntas e sua forma de 
apresentação. 
 Há uma relação recíproca entre características da população alvo e complexidade dos conceitos 
a serem investigados, pois ambos determinam a maneira de transformação dos conceitos em 
perguntas e sua administração. 
 O tamanho da amostra determina o formato do questionário em relação ao tipo de entrevistas e 
ao tamanho do seu conteúdo. 
 O tamanho da amostra é determinado pelos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e recursos 
humanos). 
 
2.2 Elaboração de um questionário 
Na elaboração de um questionário, o analista criminal deve estar atento também aos seguintes fatores: 
1. Contexto social da sua aplicação; 
2. Perguntas; 
3. Estrutura lógica na organização dessas perguntas; e 
4. Diferentes formas de coleta de informação. 
Em relação à administração do questionário, sendo ele observado como um instrumento de coleta de 
informações, é importante apontar que esse processo envolve sempre uma interação entre pesquisador e 
respondente. 
 
 
 34 34 
A interação pode ocorrer no âmbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores são colocados 
frente a frente numa relação de entrevistador e entrevistado, ou no âmbito da resposta a um questionário 
encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interação entre os dois atores pela 
apresentação do questionário (na maneira como as questões foram escritas, no agradecimento pela 
disponibilidade de responder ao questionário, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchi- mento de 
um questionário, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relação entre entrevistado e entrevis- tador é 
mediada pelo questionário. 
 
2.3 Contexto social da aplicação do questionário 
A disposição do respondente em revelar algo sobre si mesmo, permitindo o pesquisador obter as 
informações desejadas, varia conforme a situação. O pesquisador não tem poder sobre o respondente e precisa 
convencê-lo de que vale a pena participar da pesquisa. 
Alguns aspectos do contexto social e cultural na interação entre entrevistado e entrevistador devem ser 
observados, como por exemplo: 
 Criação e manutenção de um ambiente de cortesia durante a entrevista. 
 Seriedade no processo de interação, favorecendo a obtenção de respostas autênticas. 
 Boa impressão sobre a imagem do pesquisador e da organização representada por ele. 
 Ênfase na relevância do assunto da pesquisa para o entrevistado. 
 Promoção de uma aproximação do entrevistado e do entrevistador em termos culturais. 
 Realização da pesquisa em um ambiente físico adequado para o alcance dos melhores resulta- 
dos na realização da pesquisa. 
 
2.4 Estrutura lógica do questionário 
Segundo Dillman (1978), três coisas devem ser feitas para maximizar as respostas de um questionário: 
 Minimizar o custo para o respondente. 
 Maximizar as recompensas para o respondente. 
 Estabelecer a confiança de que a recompensa será concedida. 
 
Lembre-se das seguintes recomendações para o estabelecimento da estrutura lógica do questionário: 
 
Muitas pessoas participam de pesquisas por se sentirem importantes em ter sua opinião valori- zada ou 
pela oportunidade de falar e serem ouvidos. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles é outra forma 
importante de recompensar os respondentes. 
 
 Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperação. Para 
estabelecer confiança, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A 
seguir, precisa capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o 
quanto opiniões e experiências do respondente são importantes. São os primeiros momentos da 
 35 
entrevista que importam para a disposição do respondente em cooperar. Nesse momento, o 
questionário e sua importância devem ser apresentados da forma mais completa. 
 Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade de 
continuar a manter seu interesse durante a realização da entrevista. Alguns pontos merecem 
especial atenção para evitar a desistência no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer 
ser breve, é preciso reduzir ao máximo o esforço mental e físico requerido, eliminar as 
possibilidades de embaraço, qualquer implicação de subordinação e custo financeiro. O mínimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaboração do 
respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do 
questionário. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua 
opinião valorizada ou por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso 
a eles é outra forma importante de recompensar os respondentes. 
 
2.5 A estrutura do questionário 
Uma estrutura bem pensada contribui para reduzir o esforço físico e mental do respondente. Além disso, 
assegura que todos os temas de interesse do pesquisador sejam tratados numa ordem objetiva, mantendo o 
interesse do respondente em continuar. É preciso saber com precisão por que se está incluindo cada pergunta 
no questionário. 
Os princípios a seguir poderão ajudá-lo na estruturação: 
1º Princípio: Procure sempre direcionar a estruturação do questionário da seguinte forma: do 
geral para o específico, do impessoal para o pessoal, do menos delicado para o mais delicado. 
2º Princípio: Disponha as perguntas de modo a obedecer a uma lógica de aproximação. Exemplo: Ao se 
pesquisar a situação de insegurança, primeiro se pergunta sobre a cidade, depois sobre o bairro e, então, sobre 
a rua e a casa onde o respondente reside. 
3º Princípio: Garanta que as perguntas referentes a uma mesma temática permaneçam sempre juntas e 
recebam uma introdução que ajude o respondente a concentrar-se nela. 
 
2.6 As perguntas 
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiança entre respondente e 
pesquisador. Nunca se deve começar o questionário por perguntas burocráticas (nome, sexo, idade, renda 
familiar etc.), pois essas questões só terão respostas autênticas quando o respondente desenvolver certo grau 
de confiança no entrevistador. 
As perguntas burocráticas devem ser inseridas sempre no final do questionário. Cabe destacar também 
que perguntar o nome no início da entrevista contradiz qualquer afirmação sobre o caráter confidencial da 
entrevista. 
Quais são as características de uma boa pergunta? 
Uma boa pergunta é aquela que gera respostas fidedignas e válidas e, por essa razão, devem 
apresentar algumas características básicas: 
 A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; 
 
 36 36 
 As expectativas quanto às respostas precisam ser explicitadas para os respondentes; 
 Os respondentes devem ter todas as informações necessárias para a resposta; e 
 Os respondentes precisam estar dispostos a responder. 
 
2.7 Aspectos a serem observados 
A seguir, você conhecerá os principais aspectos a serem observados na elaboração de uma pesquisa: 
 
Linguagem 
Quanto à linguagem usada na formulação das perguntas, é preciso ficar sempre atento à população-alvo 
da pesquisa. A compreensão da linguagem utilizada pode mudar de acordo com o público. 
 
Abreviações, gírias ou termos regionais, termos especiais ou sofisticados devem ser evitados. 
Há dois problemas nos questionários relacionados à linguagem. São eles: 
 
1. A ambiguidade, ou seja, o questionário permite mais de uma interpretação da pergunta; 
2. As perguntas podem direcionar as respostas, então é preciso ficar atento à escolha das palavras. 
 
Importante! 
Uma vez que as questões estiverem elaboradas, pergunte-se: 
O respondente está entendendo o que o entrevistador quis perguntar? 
O enunciado da pergunta induz a resposta de alguma forma? 
 
Quanto ao tipo de perguntas, é possível elaborar perguntas abertas e fechadas. 
Perguntas abertas são indicadas quando não se conhece a abrangência e variabilidade das possíveis 
respostas. Esse tipo de perguntas estabelece, no início da entrevista, um clima receptivo entre pesquisador e 
respondente e, no final, captura as opiniões não cobertas pelas perguntas fechadas. 
As perguntas abertas também servem para reforçar ao respondente o real interesse nas suas opiniões. 
Perguntas fechadas são aquelas em que são oferecidas opções para o respondente escolher como 
resposta. Devem ser utilizadas quando se conhece os tópicos que serão informados pelos respondentes. 
Além disso, esse tipo de pergunta deve ser usado quando existem muitos respondentes e pouco tempo 
para a pesquisa. 
 
2.8 Problemas que devem ser evitados 
A forma com que as perguntas são formuladas e ordenadas no questionário podem gerar alguns 
problemas. Ao formular as perguntas é preciso verificar se elas não constituem ameaça ao respondente. 
Caso existam razões para supor que o respondente é “sensível” ao tema, é preciso verificar maneiras de 
encontrar a informação sem provocar constrangimento. 
 37 
Outro problema diz respeito ao entrevistado fornecer respostas falsas às perguntas. Um dos motivos é 
que o respondente pode ter algo a esconder ou não saber como responder. Por fim, se o respondente não 
lembrar de alguma resposta, o entrevistador não deve deixá-lo constrangido. É preciso frisar que as perguntas 
não constituem em um teste e que é natural não ter respostas para todas as perguntas. 
 
2.9 Escala de respostas 
Para tornar mais fácil a classificação das respostas às perguntas é necessário que se pense nas escalas 
de respostas. As escalas podem ser classificadas em: 
 Escala Nominal; 
 Escala Ordinal; 
 Escala Intervalar. 
 
A Escala Nominal utiliza símbolos ou números somente para identificar as pessoas, objetos ou 
categorias. Por exemplo, o gênero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existência de 
tatuagem. 
Mesmo para as medições em escala nominal, é preciso se preocupar em estabelecer um bom 
relacionamento com o respondente. 
Exemplo: A frase “Qual o estado civil de V.Sa?” soa melhor do que solicitar simplesmente “Estado civil”. 
Dependendo da população-alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor número de alternativas 
é apropriado. 
Exemplos: A raça pode ter como categoria apenas: (a) brancos e (b) não brancos OU (a) brancos, (b) 
negros, (c) pardos, (d) indígenas, (e) asiáticos e (f) outros. 
 
Lembre-se! 
O importante é que as opções sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas. 
Na Escala Ordinal, além de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma ordenação 
desses elementos. Por exemplo, a hierarquização da percepção de níveis de violência entre diferentes locais de 
uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competição. 
Uma técnica de mensuração muito utilizada nas ciências sociais para levantar atitudes, opiniões e 
avaliações é a construção de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenômeno numa escala de, 
geralmente, cinco alternativas. 
 
Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert 
 
 
O conteúdo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interessante 
na utilização de escalas é a decisão quanto ao uso de número par ou ímpar de alternativas, pois o uso de um 
número ímpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja, foi aberto 
espaço para o entrevistado expor uma posição neutra sobre o tema abordado. 
 
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Independentemente do número de alternativas, é importante que as opções estejam balanceadas, isto 
é, as direções opostas de respostas devem possuir o mesmo número de opções. 
Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal. 
 
a) Em termos gerais, o quão satisfeito você está com as suas condições de trabalho? 
1. Bastante satisfeito 
2. Muito satisfeito 
3. Pouco satisfeito 
4. Nada satisfeito 
 
b) O quão seguro, você se sente ao andar sozinho pelas ruas na região onde reside ao anoitecer? 
1. Muito seguro 
2. Razoavelmenteseguro 
3. Nada seguro 
 
Na Escala Intervalar, as características são ordenadas conforme uma dimensão subjacente e os 
intervalos entre as alternativas têm tamanho conhecido e podem ser comparados. 
Exemplos: 
 O tamanho da população. 
 O número de crimes registrados. 
 O número de inquéritos concluídos. 
 
Aula 3 – Fontes de dados 
 
Neste módulo você estudou as três abordagens dos fenômenos sociais e suas respectivas técnicas de 
análise. 
Além disso, você também aprendeu a construir questionários de forma apropriada. Agora, na próxima 
aula, você estudará sobre as fontes de dados. 
Vamos lá! 
 
O uso científico das informações de segurança pública e de justiça criminal para a gestão de políticas 
envolve não apenas informações específicas dessa área, mas também informações socioeconômicas e urbanas 
necessárias para se contextualizar a sua situação. 
Essa contextualização permite, por exemplo, identificar as causas sociais dos fenômenos de segurança 
pública e também aperfeiçoar a visão sobre o resultado alcançado. Possibilita, ainda, verificar se as mudanças 
que ocorrem na segurança pública têm também outras condições além da atuação dos órgãos dessa área. 
 39 
Do ponto de vista da pesquisa social, há um consenso de que apenas as informações administrativas de 
agências de segurança pública e justiça criminal não são suficientes para a compreensão dos fenômenos 
relacionados à incidência criminal ou à violência. 
Para uma visão efetivamente compreensiva dos fenômenos relacionados a tal problemática, como 
enfatiza Kahn (2002), é necessário atentar para as condições gerais de vida da população. 
 
3.1 Fontes de dados 
Em seu artigo sobre a importância dos indicadores como instrumento auxiliar à prevenção municipal da 
criminalidade, Kahn (2002) observa que o nível socioeconômico é um fator explicativo para o predomínio de 
eventos criminais específicos em determinadas localidades, muito embora a explicação da sua distribuição seja 
bastante complexa. 
Outros estudos buscaram entender a relação entre taxas de criminalidade e indicadores 
socioeconômicos. Soares (2008), por exemplo, busca analisar a relação entre desenvolvimento, desigualdade e 
homicídios a partir de uma revisão de vários estudos empíricos que abordam a relação entre taxas de homicídios 
e variáveis sociais e demográficas, tais quais renda, alfabetização, urbanização, migração, entre outras. 
Dessa forma, é desejável que os bancos de dados sobre criminalidade – geralmente compostos por 
dados administrativos policiais, como registros de ocorrências -, contenham informações socioeconômicas 
da população local e da infraestrutura urbana. 
Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurança pública e justiça criminal são dados 
policiais, do Ministério Público, da Justiça e do sistema prisional, para fins de administração dos procedimentos 
de rotina. Em geral, essas informações não são utilizadas na área de gestão, pois somente os dados das polícias 
estão organizados em banco de dados. Já os demais, na maioria das vezes, não estão informatizados ou 
constituem arquivos de formulários. 
Geralmente, esses dados não contêm as informações necessárias para a avaliação de políticas públicas 
de segurança ou programas particulares. Faltam informações sociodemográficas, dos infratores ou 
demandantes dos serviços de justiça criminal, dentre outras. Em função disso, é preciso pensar criativamente na 
utilização de outras possíveis fontes para complementar ou checar as informações fornecidas pelas bases de 
dados oficiais. 
 
3.1.1 Características e limitações dos registros das polícias militares e das polícias civis 
 Polícia Militar: Os registros da Polícia Militar incluem crimes e ocorrências diversas, mas não 
abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, não podem ser usados como base exclusiva de 
um sistema de informação criminal. O grande problema dessa base de dados está relacionado à 
subnotificação dos crimes, ou seja, muitos indivíduos não reportam os crimes à polícia. 
 Polícia Civil: A Polícia Civil praticamente só registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla 
gama de incidentes que perturbam a segurança pública e não chegam a constituir crime. Um dos 
grandes problemas dessa base de dados também é a subnotificação dos crimes. Por causa das 
características dos dados gerados pelas polícias e suas limitações, muitas vezes são necessárias 
fontes alternativas de informações. 
 
 40 40 
 
 
3.2 SINESP – Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública 
Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, vem 
despendendo esforços para a concretização de uma base nacional de dados e informações de segurança pública, 
com o apoio dos entes federados, órgãos federais e estaduais, instituições de segurança pública, profissionais 
em segurança pública, pesquisadores e demais parceiros. 
Uma grande ação foi a criação do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal 
– SINESPJC, implantado em 2004, com o módulo Polícia Civil e posteriormente com o módulo Polícia Militar em 
2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatísticos 
junto das 27 UFs, em um cenário que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro de ocorrências 
informatizados. 
Neste contexto, a SENASP veio fomentando – junto dos entes federados e por meio de convênios com 
a União – o desenvolvimento, customização e ampliação de sistemas informatizados de registros de ocorrências 
policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares. O objetivo foi o 
de melhorar os processos de envio, tratamento e análise de dados. 
Mesmo com o apoio da SENASP, as instituições de segurança pública não deixaram de arcar com o ônus 
de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional. Limitações do 
SINESPJC não permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema nacional, tornando 
o processo de alimentação lento e árduo. Além disso, havia o problema da falta de padronização dos formulários 
de coleta nos Estados. 
Partindo deste novo cenário, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012, 
juntamente com representantes das Polícias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unidades 
de Federação, definiu os campos e conteúdos mínimos dos boletins de ocorrências e atendimento e despacho 
das instituições de segurança pública. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema 
Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de armazenar, tratar 
e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamento e 
avaliação das políticas relacionadas à segurança pública; sistema prisional e execução penal; e enfrentamento 
do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o módulo de estatística do SINESP. 
Logo após a criação da lei do SINESP, o Ministério da Justiça, por meio da SENASP, toma o compromisso 
de firmar junto às Unidades da Federação 27 termos de adesão ao SINESP, ratificando o compromisso de todos 
em cooperar com a implantação, manutenção e atualização do sistema. O não envio dos dados previstos no 
Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a União para financiamento de 
programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional. 
 Enviar os dados previstos no Termo. 
 Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a União. 
 
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O SINESP tem como objetivo sanar o problema da má qualidade de informações

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