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Direito Empresarial - Teoria Geral

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 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
2 
TEORIA GERAL DO DIREITO DE EMPRESA 
 
1. Introdução 
 
 Com o advento do novo Código Civil surge a necessidade de repensarmos o 
antigo Direito Comercial. 
 
 Os doutrinadores comercialistas muito relutaram em aceitar a inserção do 
Código Comercial no bojo do Código Civil, no entanto, tal unificação não significa a perda 
da especialidade da matéria, e sim, a necessidade de enxergarmos esse ramo do direito de 
forma revitalizada. 
 
 Assim é que por força da Teoria da Empresa, há muito difundida pela 
doutrina mais moderna, aos poucos o Direito Comercial foi ganhando novos contornos, o 
que acabou por culminar com sua introdução dentro do principal compêndio legislativo de 
Direito Privado, o Código Civil. 
 
 O raciocínio para tal evolução foi relativamente simples. Com a evolução da 
sociedade empresarial no Brasil, tínhamos dois grandes grupos econômicos. De um lado 
estava a atividade comercial que foi por longo tempo o maior símbolo de desenvolvimento 
econômico nacional em razão da circulação de riquezas, e de outro lado, já por volta dos 
anos 80 (oitenta), a atividade de serviços que surgiu e se tornou à atividade econômica que 
mais cresceu no país nos últimos tempos. 
 
 Ocorre, porém, que apesar de tratarmos de duas atividades com elementos 
idênticos: o risco e o lucro, as condições oferecidas pelo legislador como regra de disciplina 
de suas atividades eram totalmente distintas, o que gerava uma desproporção entre as 
condições de desenvolvimento empresarial de cada um. 
 
 Enquanto o Direito Comercial disciplinava a atividade comercial gerando 
obrigações e concedendo benefícios aos comerciantes, a atividade de serviços carecia de 
uma legislação específica que pudesse lhe outorgar um conjunto próprio de obrigações e 
benefícios, gerando para atividades com os mesmos elementos, regramentos e condições 
distintas, como asseverado anteriormente. 
 
 Mais essas diferenças foram sendo questionadas aos poucos no Poder 
Judiciário, pois, em tempos de crise econômica, tinham os comerciantes à possibilidade de 
fazer uso do benefício da concordata, no entanto, a atividade de serviços não podia se 
beneficiar deste dispositivo já que a regra era aplicável somente aos comerciantes. 
 
 Mas não é só, no tocante ao direito do uso da Ação Renovatória de Aluguel, 
inicialmente só o comerciante podia se beneficiar deste dispositivo legal, porém, ao longo do 
tempo o Poder Judiciário foi sendo invocado e esse entendimento começou a ser ampliado, 
outorgando-se a atividade de serviço o direito de renovação locatícia, até que o legislador 
acabou cedendo e ampliando o espectro de aplicação da norma de locações. 
 
 Esses são apenas pequenos exemplos para observarmos e refletirmos como a 
ausência de um regramento único gerava distorções para atividades tão semelhantes. 
 
 Porém, se estamos tratando de atividades que propiciam o desenvolvimento 
econômico de um país, nada mais coerente do que o legislador caminhar no sentido de 
eliminar as diferenças legislativas de forma a não permitir qualquer entrave que gere a 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
3 
obstaculização desse desenvolvimento econômico, o que justificou assim, a criação do 
Direito de Empresa inserido no bojo do Código Civil de 2002. 
 
2. Teoria da Empresa 
 
 É importante para melhor compreendermos essa alteração legislativa que 
façamos uma análise sobre a Teoria da Empresa. 
 
 Sabemos que o que impulsiona duas ou mais pessoas a se unirem e 
constituírem uma empresa é a conjugação de dois fatores: colaboração e risco. 
 
 2.1. Colaboração – haja vista que o poder de melhor desenvolver uma atividade 
empresarial está justamente na reunião de recursos, viabilizando o estabelecimento com 
estrutura mais sólida e, portanto, menos suscetível de fracasso; 
 
 2.2. Risco – pois, ainda que a estrutura seja mais sólida pela colaboração entre 
pessoas, o risco será sempre inerente ao negócio, e a união de várias pessoas a sua volta 
permite a diluição do risco da atividade entre os participantes da mesma sociedade. 
 
 Assim é, que o modelo empresarial atual caminha para a formação de 
sociedades. E como já vimos anteriormente, o modelo histórico de sociedades comerciais e 
sociedades civis já não coadunava mais com nosso tempo, razão pela qual a análise agora 
passa a ser exclusivamente a de empresa. 
 
 É de se notar também, que a razão que levou a criação dessa teoria da 
empresa foi exclusivamente econômica, já que a atividade do empresário para o mundo 
econômico é o único meio de circulação de riquezas. Com isso, é possível traçar até um 
paralelo entre a globalização e essa realidade atual, pois se analisarmos as nações que 
aderiram ao mundo globalizado estimulando a circulação de riquezas, comparadas as nações 
que possuem economia fechada, e, portanto, com circulação de riquezas em potencial bem 
inferior, conclui-se que as primeiras estão economicamente muito mais desenvolvidas que as 
segundas, razão essencial que justifica o tratamento isonômico entre as varias atividades 
empresariais. 
 
 Mas se para o mundo econômico o importante é a estimulação da circulação 
de riquezas, para o mundo jurídico o importante é a empresa. Para tanto, nosso ordenamento 
jurídico deve evoluir no sentido de criar um modelo de empresa que permita o 
desenvolvimento econômico de forma ética e organizada. 
 
 A organização virá com a adoção de formas societárias que permitam ao 
empresário a facilitação do atingimento de seus objetivos, e por parte do Estado com a 
adoção de mecanismos que permitam o total controle da atividade empresarial para 
intervenção no mercado caso seja necessário. 
 
 A ética por seu turno deve vir através de um modelo societário que exija do 
empresário um comportamento condizente com os princípios da livre concorrência e de 
respeito ao consumidor. 
 
 E neste ponto entendemos oportuna a introdução do livro de Direito de 
Empresa dentro do Código Civil, haja vista que a codificação civilista prima pelo princípio 
da eticidade tão necessário para as atividades empresariais no Brasil. 
 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
4 
 2.3. Organização da atividade empresarial - Na realidade existia no Brasil um 
modelo societário que oferecia ao empresário 07 (sete) formas distintas para se organizar. 
No Código Civil de 2002 o legislador manteve praticamente a mesma estrutura, porém, não 
é a estrutura o ponto mais deficiente da organização empresarial. 
 
 Se de um lado essa organização deve permitir mecanismos aos empresários 
para a manutenção de sua atividade econômica organizada, de outro deve permitir ao Estado 
total controle sobre essa atividade, já que ela interessa diretamente a sociedade como 
principal pólo de desenvolvimento econômico nacional. 
 
 O que se tem observado nos últimos anos é um modelo societário falido, pois 
se de um lado, em partes o Estado vem cumprindo seu papel através da adoção de 
mecanismos facilitadores da atividade econômica, não se pode dizer o mesmo sobre o 
controle dessas atividades. Não tem sido pequeno o número de empresas que praticam 
golpes contra a sociedade brasileira, como foi o caso da Encol, daFazenda Reunidas Boi 
Gordo, e outras. Além disso, inúmeras empresas fecham as portas do dia para a noite 
lesando a sociedade; ou ainda, empresas registradas nos órgãos estatais com endereços 
inexistentes; com sócios denominados laranjas, etc. 
 
 Talvez por tudo isso o modelo atual mereça críticas e uma profunda reflexão, 
e de antemão nos permite, data máxima vênia, duas sugestões essenciais para o controle 
dessa atividade: fiscalização e revisão de sistema de registro. 
 
 É obrigação do Estado, e, aliás, deveria ser essa a principal atividade do 
Poder Executivo, a instituição de mecanismos de fiscalização que pudessem permitir ao 
órgão estatal um permanente controle sobre o exercício da atividade empresarial. 
 
 Já no tocante ao sistema de registro, necessário seria um modelo que pudesse 
checar cada uma das informações constantes do instrumento de registro exibido pelo 
empresário, principalmente no que tange as pessoas que compõe a sociedade e ao local onde 
a empresa está estabelecida. 
 
 Poderíamos ir além, poderíamos sugerir inclusive, a exigência de outorga de 
garantias por parte de quem pretenda se estabelecer, no entanto, tal exigência poderá 
esbarrar no entrave econômico. Mas se fizermos uma análise fria, a Encol era uma empresa 
economicamente sólida e que poderia ter ofertado garantias para a manutenção de seu 
registro o que geraria uma minimização dos prejuízos que recentemente causou a sociedade. 
 
 De qualquer forma sabemos que tanto o modelo anterior como o atual, 
embora coadunem com a necessidade econômica do país, estão longe de permitir a almejada 
segurança jurídica que clama a sociedade brasileira. 
 
3. Direito Empresarial atual 
 
 O Direito Empresarial com os novos contornos dados pelo Código Civil de 
2002 e pela própria evolução da atividade empresarial ganha contornos muito mais 
abrangentes e passa a ter características próprias. Seu estudo inicia-se pela tríade da 
empresarialidade – cerne da Teoria da Empresa. 
 
 3.1. Tríade da Empresarialidade - A identificação da empresa é feita pela 
verificação dos elementos encontrados na tríade da empresarialidade, quais sejam: 
empresário, estabelecimento e atividade econômica organizada. Tratou o Código Civil de 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
5 
disciplinar apenas a figura do empresário, exigindo-se que a figura da empresa se verifique a 
partir da constatação dos elementos a seguir estudados: 
 
a) empresário: é a pessoa que exerce a atividade econômica organizada profissionalmente 
(art. 966 do Código Civil) em nome próprio, distinguindo-se, portanto, dos prepostos da 
empresa e do próprio sócio quando organizada na forma societária. Essa atividade 
econômica organizada profissionalmente pode ser de serviço, comércio ou industria; 
 
b) estabelecimento: formado pelo conjunto de elementos necessários ao exercício da 
atividade empresarial, sejam eles materiais ou imateriais; 
 
c) atividade econômica organizada: essa atividade econômica organizada por seu turno 
exige a conjugação de 03 (três) outros fatores, a saber: profissionalismo, risco e lucro; 
 
c.1) profissionalismo: que se caracteriza pelo exercício habitual da atividade empresarial na 
produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, é o exercício da atividade 
profissionalmente, o que o diferencia de uma atividade que seja exercida esporadicamente; 
 
c.2) risco: inerente à prática de atividade econômica, haja vista que qualquer atividade 
econômica exercida por conta própria gera riscos ao seu exercente de forma a exigir o 
profissionalismo para viabilizar o negócio; 
 
c.3) lucro: caracterizado pela finalidade da atividade e não necessariamente pelo resultado, 
pois, se existe o exercício profissional o lucro é a meta que justifica tal exercício. 
 
 3.2. Abrangência do Direito Empresarial - Pela análise feita inicialmente podemos 
concluir que o Direito Empresarial é muito mais complexo que o antigo Direito Comercial 
demandando estudo sobre a teoria geral da empresa; dos títulos de crédito; dos contratos 
mercantis; das sociedades empresárias; da aplicação dos institutos da falência e da 
concordata; da propriedade intelectual; da disciplina jurídica da concorrência e das relações 
de consumo. 
 
 A doutrina de modo geral já vinha incorporando todos essas subespécies 
jurídicas no conjunto dos direitos empresariais, alguma resistência existem apenas quanto às 
relações de consumo e a propriedade intelectual. É que são subespécies também abordadas 
no direito civil. 
 
 Quanto à propriedade intelectual, certo é que os bens de propriedade 
intelectual próprios de exercentes de atividade empresarial serão objeto de estudo do Direito 
Empresarial e as demais propriedades intelectuais serão objeto de apreciação do Direito 
Civil. Já no tocante ao Direito do Consumidor, nenhuma razão assiste aos que defendem tal 
matéria como subespécie de Direito Civil, haja vista que a relação de consumo pressupõe 
relação jurídica entre o consumidor e a pessoa exercente profissional de atividade econômica 
organizada, devidamente disciplinada no artigo 966 do Código Civil, dentro do livro 
especial de Direito de Empresa, portanto, matéria deste ramo do direito. Logo, podemos 
concluir que são subespécies do Direito Empresarial: Direito Comercial; Direito Cambiário; 
Direito Contratual; Direito Societário; Direito Falimentar; Direito de Propriedade Industrial 
e congêneres; Direito Concorrencial e Direito do Consumidor. 
 
 3.3. Características do Direito Empresarial - Embora o Direito Empresarial em 
termos legislativos passe a ter seu principal regramento inserido no bojo do Código Civil, 
continua a possuir características próprias como: simplicidade; cosmopolitismo, 
onerosidade, elasticidade e fragmentarismo: 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
6 
 
a) simplicidade: porque em suas relações habituais no mercado permite o exercício da 
atividade econômica sem maiores formalidades, pois, se contrário fosse, o formalismo 
poderia obstar o desenvolvimento econômico; 
 
b) cosmopolitismo: o Direito Empresarial vive de práticas idênticas ou semelhantes 
adotadas no mundo inteiro, principalmente com a globalização da economia, transcendendo 
as barreiras do direito pátrio, mas nem sempre exigindo legislação internacional a respeito; 
 
c) onerosidade: em se tratando de uma atividade econômica organizada, a onerosidade 
estará sempre presente no elemento lucro almejado pelo empresário. Às vezes é comum 
encontrarmos promoções oferecendo produtos a baixo do preço de custo, o que não retira o 
caráter de onerosidade, haja vista que normalmente são promoções com o objetivo de gerar 
sinergia nas vendas, onde o consumidor leva o produto abaixo do custo junto com outros 
produtos em que não exista a mesma promoção. Ou ainda, em situações em que o 
empresário busca minimizar determinado prejuízo; 
 
d) elasticidade: o Direito Empresarial por transcender os limites do território nacional 
precisa estar muito mais atento aos costumes do que aos ditames legais. Dessa forma, 
sempre que uma nova prática empresarial é adotada em larga escala internacionalmente ela 
passa a ser adaptada ainda de forma costumeira ao Direito Empresarial pátrio de forma a 
contemplar o dinamismo desse meio econômico; 
 
e) fragmentarismo: que consiste justamente na existência do Direito Empresarial vinculado 
a outros ramos do direito, pois ainda que com características próprias, sua existência 
depende da harmonia com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos. Ou seja, não 
existe ramo autônomo no direito, apenas especialidades, haja vista a unicidade desta ciência 
 
 3.4. Legislação aplicável - As fontes de direito primário aplicáveis ao DireitoEmpresarial são inesgotáveis, porém, no que concerne à fonte legal, especificamos aqui as 
principais leis atinentes a esse ramo do direito: Constituição Federal; Código Civil; Código 
Comercial; Estatuto da Micro e Pequena Empresa; Lei nº 9279/96, Lei nº 11.101/05; Lei nº 
6404/76. 
 
4. Fases da empresa 
 
 4.1. Antiguidade: na antiguidade a atividade empresarial nasceu do escambo. As 
pessoas produziam para subsistência e o excedente virava mercadoria para troca por outros 
produtos também necessários a subsistência. No entanto, como se tratava de pura troca de 
mercadoria por outra mercadoria, não recebeu do direito o tratamento adequado, por tratar-
se de atividade não econômica. Tal visão era equivocada na medida em que o valor 
individual de um produto pressupõe o seu caráter econômico, ainda que utilizado em 
atividade de troca. 
 
 4.2. Atividade econômica: embora nosso objeto de estudo aqui não seja o 
econômico, mas sim o jurídico, a atividade de troca praticada na antiguidade era sim 
verdadeira atividade empresarial, já que o indivíduo poderia escolher um determinado 
produto que conhecesse melhor o manejo para intensificar a produção, visando justamente 
possibilitar a troca futura, inclusive, indo além do necessário a subsistência e pensando em 
outras trocas, revestindo-se assim a operação de finalidade lucrativa. 
 
 4.3. Comércio: superada essa fase inicial da troca que não teria sido reconhecida 
como atividade empresarial, portanto denominada de subjetivista, o comércio entrou em sua 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
7 
fase objetivista adotando como instrumento de troca o metal, que futuramente viria a ser 
convencionado como padrão monetário. Ainda em sua fase não econômica o comércio 
adotou dois outros padrões monetários, o pecus (boi) e o salarium (sal), moedas que não 
vingaram em razão do caráter perecível. 
 
 4.4. Comércio como forma de desenvolvimento econômico: foi à atividade 
comercial o principal elemento de desenvolvimento do mundo, haja vista que os grandes 
descobrimentos se deram em razão exclusiva da busca de novos mercados comerciais, o que 
possibilitou o povoamento e conseqüentemente o desenvolvimento social globalizado. 
 
 4.5. Industria: a atividade industrial sempre esteve contemplada no mesmo conjunto 
de regras inerentes aos comerciantes, vez que a atividade industrial exige a necessária venda 
de sua mercadoria, ligando-se assim, a atividade comercial pela compra e venda exercida 
por natureza. 
 
 4.6. Serviços: como já esboçado anteriormente, a denominação comércio foi sendo 
ao longo do tempo superada por uma necessidade mercadológica, é que o mercado passou a 
conviver com duas atividades distintas, de um lado a atividade comercial e de outro a 
atividade de serviços, o que levou ao desenvolvimento da teoria da empresa com o objetivo 
de unificação das duas atividades e da concepção da empresa como se encontra regulada 
atualmente em nosso direito. 
 
 4.7. Empresa: embora o legislador não tenha cuidado de definir especificamente 
empresa, temos que o seu conceito nasce da reunião dos elementos da tríade da 
empresarialidade anteriormente estudados, merecendo ao nosso ver a seguinte definição: 
“empresa é a reunião dos elementos necessários à prática da atividade empresarial 
implementada através de determinada atividade econômica organizada” de serviço, industria 
ou comércio, exercidas profissionalmente. 
 
5. Direito Empresarial 
 
 5.1. Conceito: Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas que regulam as 
transações econômicas privadas que visam à produção e a circulação de bens e serviços 
através de atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro. 
 
 5.2. Exceção: às vezes teremos algumas relações que embora pareçam tipicamente 
empresarial não estarão afetas a este regime, pois por ser praticada entre empresários e entes 
públicos, e apesar da natureza meramente empresarial, estarão afetas ao regime de Direito 
Administrativo, visto que é este ramo de direito que regula as atividades obrigacionais em 
que faça parte o Estado. 
 
6. Fontes de Direito Empresarial 
 
 6.1. Fonte: objeto de estudo do primeiro ano dos bancos das faculdades de direito, as 
fontes constituem o nascedouro do direito. 
 
 6.2. Classificação: várias são as classificações adotadas pela doutrina para o estudo 
das fontes do direito. No entanto, apenas para elucidar o estudo do Direito Empresarial: 
 
a) fontes de Direito Empresarial: inicialmente é de se asseverar que as fontes primárias de 
Direito Empresarial tanto podem ser consideradas como materiais ou formais, já que geram 
direitos e também disciplinam a sua aplicação, necessitando-se fazer uma análise individual 
de cada dispositivo; 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
8 
 
a.1) fontes primárias: em Direito Empresarial temos como fontes primárias a Constituição 
Federal, o Código Civil, o Código Comercial e a legislação extravagante empresarial. Os 
tratados comerciais internacionais também são fontes primárias de Direito Empresarial, até 
porque, são recepcionados em nosso ordenamento jurídico através de lei; 
 
a.2) fontes secundárias: àquelas aplicadas subsidiariamente não se esgotam, podendo se 
considerar qualquer ordenamento jurídico não empresarial aplicável à espécie, ademais, os 
usos e costumes, analogias, jurisprudência e os princípios gerais de direito estão sempre 
presentes no estudo do Direito Empresarial; 
 
b) usos e costumes: o Direito Empresarial em razão da sua dinâmica utiliza constantemente 
os usos e costumes como fonte de direito. A exemplo temos o contrato de factoring que 
embora ainda não tenha sido recepcionado pelo nosso ordenamento jurídico, possui 
aceitação normal no nosso meio empresarial por força de uma pratica costumeira 
internacional, razão pela qual o costume merece destaque no estudo nessa espécie de direito. 
 
7. Empresário 
 
 7.1. Conceito: o conceito de empresário encontra-se definitivamente estabelecido no 
Código Civil em seu artigo 966 – “Empresário é aquele que exerce profissionalmente a 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços” 
 
 7.2. Formas de exercício profissional: o empresário no exercício habitual da 
atividade empresarial poderá atuar nas formas: individual ou societária, ambas objeto futuro 
de apreciação deste trabalho. 
 
 7.3. Elementos: constituem elementos de caracterização do empresário: 
 
a) atividade regular: será considerado empresário quem exercer regularmente a profissão, 
ou seja, com a habitualidade e profissionalismo necessários a caracterizá-lo como tal; 
 
b) atividade econômica organizada: atividade comercial, industrial ou de serviços em que 
esteja presente a existência de estabelecimento, lucro e risco; 
 
c) circulação de bens ou de serviços: o conceito jurídico de atividade empresarial trouxe o 
principal elemento econômico que é a circulação de riquezas, mola mestra do 
desenvolvimento econômico, principalmente no mundo globalizado, de forma que essa 
circulação de riquezas compreende tanto o produto observado nas relações comerciais 
quanto o serviço observado nas relações até então meramente civis; 
 
d) nome próprio: caso a pessoa não exerça a atividade em nome próprio não será 
considerado empresário, será sócio, mero colaborador ou empregado da empresa; 
 
e) abrangência: note-se que com isso, empresário será a pessoa física ou jurídica exercente 
profissional de atividade econômica organizada; 
 
e.1) pessoa física: pessoa que exerce a atividade empresarial individualmente, sem 
constituir-se na forma societária; 
 
e.2) pessoa jurídica: na forma societária, que exerça atividade econômica organizada de 
circulação de bensou serviços através de uma pessoa jurídica criada especificamente para 
esse fim; 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
9 
 
f) excluídos do conceito: o direito empresarial permite a exclusão de duas atividades cuja 
natureza poderia se pressupor empresarial: a intelectual e a rural; 
 
f.1) atividade intelectual: segundo dispõe o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, 
a pessoa que exerça atividade intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda 
que utilize auxiliares ou colaboradores não será considerada empresário, exceto se estiverem 
presentes os elementos de empresa anteriormente verificados; 
 
f.2) atividade rural: o exercente de atividade rural terá a faculdade de optar ou não pelo 
regime jurídico empresarial, conforme inteligência do artigo 971 do Código Civil; 
 
g) empresário: poderá será considerado empresário quem preencha os requisitos previstos 
no artigo 972 do Código Civil, ou seja: esteja em pleno gozo da capacidade civil; na livre 
administração de seus bens; quem não for legalmente impedido, objeto de estudo a seguir. 
 
8. Distinção entre empresário e sócio 
 
 8.1. Empresário: é importante também distinguir a figura do empresário do sócio da 
empresa, enquanto o primeiro representa em nome próprio o seu negócio profissional, o 
segundo é mero representante de uma sociedade que possui personalidade própria 
respondendo pelos negócios praticados. Esta distinção não se justifica do ponto de vista 
econômico, porém, do ponto de vista jurídico ganha contornos próprios. 
 
 8.2. Sócio: integrante do quadro social de uma sociedade, in casu empresarial, que 
representa esta entidade ficta nos negócios por ela praticados. O sócio só responde 
pessoalmente pelos atos praticados quando configurar situação de confusão patrimonial ou 
de desvio de finalidade. 
 
 8.3. Responsabilidade civil: o regime de responsabilização civil do direito brasileiro 
é patrimonial, ou seja, quando contraímos uma obrigação, é através da expropriação de 
nossos bens que os credores poderão satisfazer a obrigação resistida. A exceção a essa regra 
se dá apenas nos casos de inadimplemento de obrigação alimentícia cuja responsabilidade 
passa a ser pessoal podendo o alimentante responder pessoalmente por essa obrigação com a 
decretação de sua prisão civil. Mas vejamos como se dá a responsabilidade civil no caso da 
atividade empresarial: 
 
a) empresário: como o empresário exerce a sua atividade em nome próprio, impossível é a 
distinção de seu patrimônio com o patrimônio próprio de sua atividade empresarial, razão 
pela qual ele responderá ilimitadamente pelas obrigações assumidas até o limite de seu 
patrimônio; 
 
b) sócio: o sócio como já vimos anteriormente, em regra não responde pessoalmente pelas 
obrigações da sociedade, recaindo essas obrigações sobre a própria sociedade que 
responderá até o limite de seu patrimônio pelas obrigações contraídas. Excepcionalmente, 
poderão as obrigações da sociedade recair sobre a pessoa dos sócios, no entanto, tal 
transferência se dará apenas nos casos legalmente previstos como nos casos de verificação 
de crime falimentar, danos praticados ao consumidor, dívidas de natureza fiscal e trabalhista. 
 
9. Exercício da atividade empresarial 
 
 9.1. Requisitos: vimos anteriormente que para o exercício da atividade empresarial é 
necessário que o empresário ou o sócio de sociedade empresarial possua capacidade civil, 
 Curso de Direito Empresarial – Profº Sérgio Gabriel – Pág. 
 
 
10 
encontre-se na livre administração de seus bens, e que não seja impedido de exercer a 
atividade empresarial (artigo 972 do Código Civil). 
 
 9.2. Capacidade civil: segundo o novo diploma civil, possuí plena capacidade civil 
as pessoas descritas em seu artigo 5º: 
 
a) 18 anos de idade: pessoas que já tenham completado a idade limite; 
 
b) menores com emancipação: com autorização dos pais mediante instrumento público ou 
por força de decisão judicial desde que possua pelo menos 16 (dezesseis) anos de idade; 
 
c) casados: ainda que menores, o casamento lhes outorga a plena capacidade civil por força 
de emancipação; 
 
d) emprego público: trata-se do atingimento da capacidade através de posse em cargo 
público por menores de idade; 
 
e) estabelecimento com economia própria: havendo a comprovada possibilidade do menor 
se estabelecer com economias próprias poderá exercer a atividade empresarial, basta para 
tanto a demonstração de depósito bancário em valor suficiente para o estabelecimento. 
 
 9.3. Livre administração dos bens: ainda que possua capacidade civil, existindo 
impedimento judicial que verifique não ter a pessoa à plena capacidade para administrar os 
próprios bens, a deixará de possuir capacidade para o estabelecimento empresarial. 
 
 9.4. Impedidos de exercer a atividade empresarial: o artigo 972 ao falar da 
capacidade para o exercício da atividade empresarial estabelece como requisito negativo, a 
ausência de impedimento para o exercício da atividade: 
 
a) impedidos ou proibidos: anteriormente a doutrina cuidava de separar entre os proibidos 
(àqueles que não podiam exercer a atividade) dos impedidos (àqueles que temporariamente 
não podiam exercer a atividade). No entanto, é de se verificar que o legislador retirou essa 
preocupação da doutrina, generalizando o impedimento ao exercício, de forma que quem 
não tenha plena capacidade encontra-se impedido de exercer a atividade empresarial; 
 
b) impedidos: descrevemos a seguir as pessoas que não podem exercer a atividade 
empresarial: 
 
b.1) absolutamente incapaz: compreendem-se como absolutamente incapazes as pessoas 
descritas no artigo 3º do Código Civil, ou seja: os menores de 16 (dezesseis) anos, os que 
por enfermidade ou deficiência mental não puderem discernir sobre seus atos; e os que não 
puderem exprimir sua vontade; 
 
b.2) relativamente incapaz: compreendem-se como relativamente incapazes as pessoas 
descritas nas condições previstas no artigo 4º do Código Civil e que não se encontrem 
amparados pelo parágrafo único do artigo 5º do mesmo diploma, ou seja: maiores de 16 
(dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos; ébrios habituais; viciados em tóxicos; 
deficientes mentais com discernimento reduzido; excepcionais sem desenvolvimento mental 
completo; e os pródigos; 
 
b.3) ocupantes de cargos públicos: os ocupantes de cargos públicos dependem de 
legislação específica para observar o devido impedimento. Cabe ao regime jurídico de cada 
esfera do funcionalismo público (Federal, Estadual ou Municipal) verificar o respectivo 
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impedimento. No entanto, o que se tem observado na prática é que a vedação é para o 
exercício individual da atividade empresarial, ou de ocupação de cargo de gerência ou 
direção de sociedades empresariais. Quanto aos cargos de natureza política (Presidente, 
Governadores e Prefeitos), membros do Poder Judiciário (artigo 95, parágrafo único, inciso 
I, Constituição Federal), Promotores Públicos e Procuradores de Justiça (artigo 128, 
parágrafo 5º, inciso II, letra “c”, da Constituição Federal), e Militares (artigo 29 da Lei nº 
6.880/80), pois. pela própria natureza já geram impedimento, embora a Constituição Federal 
garanta este direito com reservas aos membros do Poder Legislativo (artigo 54 da 
Constituição Federal); 
 
b.4) falidos não reabilitados: às pessoas que já tenham exercido anteriormente a atividade 
empresarial e que tenham sua falência decretada, só poderão voltar ao exercício da atividade 
empresarial após a reabilitação no processo falimentar que se dá com o pagamento mínimo 
de 50% (cinquenta por cento) dasobrigações ou com a prescrição dessas obrigações; 
 
b.5) leiloeiros: por serem considerados auxiliares do comércio e do próprio Poder Judiciário 
quando participantes da liquidação de bens em litígio judicial, os leiloeiros por impedimento 
expresso previsto no Decreto nº 21.981/32 não podem exercer atividade empresarial; 
 
b.6) cônsules e embaixadores: pelo mesmo motivo dos leiloeiros, os Cônsules e 
Embaixadores, que podem atuar como representantes estatais em tratados internacionais, 
não podem exercer atividade empresarial (Decreto nº 4.868/1882); 
 
b.7) despachantes aduaneiros: possuem vedação apenas parcial para o exercício da 
atividade empresarial, haja vista que o Decreto nº 646/92 veda a eles a comercialização de 
produtos estrangeiros; 
 
b.8) médicos: os médicos por força do disposto na Lei nº 5.991/73 e do Decreto nº 
20.877/31 não podem exercer atividade empresarial na área de comércio e fabricação de 
medicamentos, no entanto, por força do mesmo entendimento estariam proibidos de exercer 
atividade empresarial de comércio de insumos relativos a sua especialidade profissional; 
 
b.9) condenados criminalmente: alguns crimes praticados que já tenham trânsito em 
julgado de sua decisão levam ao impedimento da atividade empresarial antes de ocorrida à 
reabilitação criminal, são eles: 
 
b.9.1) crime falimentar: trata-se da apuração de crime dentro do processo falimentar em 
que se verifique a contribuição do falido para a ocorrência da falência pela pratica de 
determinados atos considerados pela lei como suspeitos; 
 
b.9.2) prevaricação: é o crime praticado pelo funcionário público que deixa de observar o 
estrito dever legal; 
 
b.9.3) concussão: é o crime praticado por funcionário público que exerça a sua função de 
maneira abusiva visando à obtenção de vantagens; 
 
b.9.4) peculato: é o crime em que funcionário público utiliza recursos públicos em proveito 
próprio; 
 
b.9.5) suborno (corrupção ativa): é o crime que comete quem oferece vantagem indevida a 
funcionário público para que pratique ou deixe de praticar determinado ato de ofício; 
 
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12 
b.9.6) crimes contra a economia popular: são os crimes cometidos contra consumidores e 
de concorrência desleal; 
 
b.9.7) crimes contra a fé-pública: são crimes ligados à emissão e falsificação de moeda, 
títulos de crédito, títulos e papéis públicos; falsidade documental; falsidade ideológica e uso 
de documentos falsos; 
 
b.10) devedores do INSS: para o registro como empresário a pessoa terá que apresentar 
CND – Certidão Negativa de Débitos junto a Previdência Social, o que implicará em 
impedimento caso haja débito pendente por força da determinação expressa no artigo 95 da 
Lei nº 8.212/91; 
 
b.11) estrangeiros não residentes no país: para o registro necessário será a apresentação de 
comprovação de domicílio em território nacional; 
 
c) atividade empresarial exercida por impedido: o exercício de atividade empresarial por 
pessoa enquadrada em pelo menos uma das hipóteses anteriormente mencionadas configura 
prática de contravenção penal, possibilidade de interdição da atividade pelos entres públicos 
e responsabilidade ilimitada pelos atos praticados; 
 
c.1) contravenção penal: sujeita o seu infrator as penas legalmente previstas no artigo 47 da 
Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) “quem exercer a profissão ou 
atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei 
está subordinado o exercício – Pena de prisão de 15 dias a 3 meses”; 
 
c.2) interdição da atividade: o exercício da atividade empresarial por impedido pode gerar 
a interdição temporária da atividade por força do inciso II do artigo 47 do Código Penal; 
 
c.3) responsabilidade ilimitada: ademais, o exercício da atividade por pessoa impedida 
gera responsabilidade civil ilimitada pelos atos praticados nos termos do artigo 973 do 
Código Civil. 
 
 9.5. Impedimento superveniente: 
 
a) conceito: é o impedimento que surge após o registro do empresário no Registro Público 
de Empresas Mercantis; 
 
b) alvará judicial: para que o indivíduo continue a exercer a atividade empresarial após o 
impedimento superveniente, necessária será a concessão de alvará judicial, além do que a 
liberação judicial ainda depende de representação do impedido; 
 
c) conveniência e revogação: a concessão de alvará judicial será faculdade do juiz após a 
análise da conveniência em concedê-lo mediante exame pericial e audiência de justificação, 
além do mais, tal ato pode ser revogado a qualquer tempo. A revogação não prejudicará 
interesse de terceiros; 
 
d) responsabilidade civil: como o nosso regime é patrimonial, os bens que o incapaz 
possuía e que não faziam parte do acervo de sua atividade empresarial não poderão ser 
atingidos por eventual execução das obrigações, razão pela qual ao conceder o alvará o juiz 
fará a descrição minuciosa dos bens que compõe a atividade empresarial; 
 
e) nomeação de gerente: caso o representante indicado não possua a qualidade de 
empresário, ou possua algum impedimento para o exercício, ou se ainda pretender o juiz, 
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13 
deverá ser nomeado um gerente para administração da atividade. Logo, se verifica a 
possibilidade dupla na nomeação de representante, um pelo próprio empresário e outro pelo 
Poder Judiciário, até porque, uma nomeação ou indicação não exclui a outra. 
 
10. Prepostos da empresa 
 
 10.1. Conceito: pessoas que intervém na prática empresarial auxiliando direta ou 
indiretamente o empresário sem, contudo, exercer a atividade empresarial em nome próprio. 
Anteriormente o Direito Comercial tratava tais pessoas como agentes auxiliares da empresa: 
 
a) empregados: pessoas com vínculo de emprego ligadas diretamente à atividade 
empresarial, porém, não obrigatórios, a sua existência depende exclusivamente da dimensão 
da atividade empresarial, e os atos por eles praticados no exercício profissional geram 
responsabilidade in eligendo ao empresário, ou seja, o empresário responderá por todos os 
atos praticados por seus funcionários. Os funcionários respondem diretamente ao empresário 
pelo excesso ou pela prática de atos dolosos cometidos no exercício da função; 
 
b) gerentes (artigo 1172 do Código Civil): gerentes são pessoas nomeadas pelo empresário 
para dirigir a atividade empresarial, cujo ato de nomeação deve ser arquivado no registro de 
empresas. Normalmente os gerentes agem através de instrumento de mandato que lhes é 
outorgado para o exercício, no entanto, responderão pessoalmente pelo excesso cometido 
neste exercício. Como são nomeados para cargo de direção, sua atuação se dá dentro e fora 
do estabelecimento, inclusive em juízo; 
 
c) contabilistas (artigo 1177 do Código Civil): uma vez que a escrituração de documentos 
contábeis é obrigatória aos exercentes de atividade empresarial, necessariamente todo 
empresário deverá ter como preposto um contabilista que não precisa necessariamente ser 
empregado da empresa, podendo ser prestador de serviços, no entanto, os atos por ele 
praticados obrigam o empresário; 
 
d) auxiliares independentes: também conhecidos como auxiliares indiretos, permitem a 
complementação da atividade empresarial dentro de determinada especialidade, são eles: os 
corretores; os leiloeiros; despachantes aduaneiros; transportadores; representantes 
comerciais; tradutores, etc. 
 
 10.2. Exercício da atividade empresarial: os prepostos, como representantes 
diretos ou indiretos do empresário, ficam proibidos de exercer atividade empresarial no 
mesmo gênero de atividade do proponente, seja em nome próprio ou de terceiro por 
determinação expressado artigo 1170 do Código Civil. 
 
 10.3. Responsabilidade por atos de preposto: os atos praticados pelos prepostos 
obrigarão a pessoa jurídica de acordo com o local de sua realização: 
 
a) dentro do estabelecimento: obrigam o proponente ainda que não autorizados 
expressamente, consoante inteligência do artigo 1178 do Código Civil; 
 
b) fora do estabelecimento: desde que praticados dentro dos limites estabelecidos, 
conforme preceitua o artigo 47 e parágrafo único do artigo 1178 do Código Civil. 
 
 10.4. Interesse de terceiros: quando os atos praticados por prepostos se der em 
nome da pessoa jurídica não prejudica interesse de terceiros, cabendo ao proponente ação 
regressiva contra o preposto dos atos a ele imputados. Essa regra só não se aplica para 
àqueles casos em que a qualidade de preposto deveria ser comprovada documentalmente. 
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14 
 
11. Atos Empresariais 
 
 11.1. Conceito: é todo o ato jurídico praticado habitualmente com o objetivo de 
lucro, para mediação, circulação e intermediação de bens e serviços. 
 
 11.2. Espécies: os atos empresariais são atos jurídicos que se subdividem em atos de 
comércio e atos civis empresariais. Embora a Teoria da Empresa não permita mais essa 
divisão, alguns diplomas legislativos como a Lei de Locações ainda a adotam, especificando 
a figura do comerciante. Ocorre, porém, que qualquer legislação que se refira apenas ao 
comerciante por força do disposto no Código Civil agora deve ser interpretada 
irrestritamente a qualquer atividade empresarial, consoante determina o artigo 2037 do 
citado diploma: 
 
a) teoria dos atos de comércio: em razão da revogação expressa da parte I do Código 
Comercial verificada no artigo 2045 do Código Civil, a teoria dos atos de comércio não 
prevalece mais na nossa doutrina. Tal teoria tinha como escopo a natureza das atividades 
desenvolvidas, estando no seu campo de abrangência tão somente os comerciantes por 
natureza e os praticantes de atos de comércio por força de lei que eram alguns prestadores de 
serviço. Essa teoria se subdividia em atos de comércio por natureza, por força de lei ou atos 
mistos; 
 
a.1) atos de comércio por natureza: eram os atos de compra e venda propriamente ditos, 
ou seja, os atos próprios da atividade direta do comerciante, sendo que em termos de 
aplicação dos institutos falimentares, as pessoas que praticavam atos de comércio por 
natureza estavam sujeitos às suas implicações; 
 
a.2) atos de comércio por força de lei: os atos de comércio por força de lei eram aqueles 
atos praticados por empresários ou empresas que não comerciavam diretamente, mas que 
por imposição de lei eram equiparados aos comerciantes. Assim tínhamos: as instituições 
financeiras, as seguradoras, as incorporadoras imobiliárias, os armazéns gerais, as 
operadoras de turismos, as transportadoras, hotéis, etc. E, se por força de lei estavam 
equiparados aos comerciantes, também estavam sujeitos as implicações do regime 
falimentar. Especificamente quanto às instituições financeiras e as seguradoras, não se 
tratava de aplicação direta de falência, mas sim de liquidação nos moldes da lei; 
 
a.3) atos de comércio por conexão ou dependência: essa terceira categoria verificava os 
atos indiretos da atividade do comerciante, como os de preparação ou modificação das 
instalações do estabelecimento, porém, de pouca valia para verificação dos institutos 
falimentares, já que o enquadramento dependia da verificação de um dos atos anteriormente 
verificados; 
 
a.4) atos mistos ou bifrontes: eram atos de serviço e de comércio na mesma atividade 
empresarial, como o que se verifica com os comércios de alimentos que utilizam serviços de 
entrega, em que a venda de alimentos configura atos de comércio por natureza e a entrega da 
mercadoria se configura em prestação de serviços não abrangidos pela teoria dos atos de 
comércio. Dessa forma, necessário era se verificar qual a atividade principal do empresário 
para saber se ele estava ou não afeto a Lei de Falências; 
 
b) teoria da empresa: com o advento da teoria da empresa foi expressamente revogada a 
parte primeira do Código Comercial, sucumbindo consigo a teoria dos atos de comércio. E 
mesmo que assim não fosse, teria se operado a revogação por incompatibilidade do 
dispositivo antigo em relação ao dispositivo atual, já que o Código Civil adotou a teoria da 
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empresa em substituição a teoria dos atos de comércio, considerando apenas para fins 
empresariais a atividade econômica organizada e não mais distinguindo entre comerciante, 
industrial e prestador de serviços. Com isso, a polêmica estabelecida sobre a aplicação dos 
institutos falimentares aos prestadores de serviços parece de pouca relevância, já que 
qualquer disposição em contrário contraria o principal ordenamento jurídico empresarial que 
é o Código Civil. 
 
12. Estabelecimento Empresarial 
 
 12.1. Conceito: é o conjunto de meios necessários ao exercício da atividade 
empresarial, também conhecido como fundo de negócio, fundo de comércio ou azienda. 
 
 12.2. Distinção entre estabelecimento e empresário: empresário é a pessoa física 
ou jurídica que exerce a atividade empresarial através do estabelecimento que reúne o 
conjunto de meios necessários para esse exercício profissional. 
 
 12.3. Distinção entre estabelecimento e empresa: empresa é o objeto da atividade 
econômica organizada, é um ente ficto, enquanto o estabelecimento é o conjunto de meios 
para o exercício da empresa. 
 
 12.4. Finalidade do estabelecimento: propiciar meios para a atividade empresarial e 
auxiliar na definição do valor econômico de uma empresa. 
 
 12.5. Estabelecimento X Lei de Falências: o estabelecimento serve para definir a 
competência para o processamento do pedido de falência da empresa ou do empresário. 
 
 12.6. Composição: o estabelecimento é composto de bens corpóreos e incorpóreos: 
 
a) corpóreos ou materiais: são os elementos físicos necessários a atividade empresarial, a 
seguir exemplificados: balcões; vitrines; máquinas; equipamentos; móveis; instalações; 
veículos, etc; 
 
b) incorpóreos ou imateriais: são os elementos necessários à atividade empresarial que 
nascem em decorrência dela, e que não estão compreendidos entre os bens físicos; 
 
b.1) ponto comercial: trata-se do local onde a atividade empresarial é exercida de forma 
aparente, ou seja, o local onde o consumidor identifica a atividade empresarial. O ponto 
comercial para ser considerado bem do estabelecimento não precisa ser necessariamente 
próprio, haja vista que aqui não estamos tratando do prédio físico, mas apenas do local; 
 
b.2) título do estabelecimento: nome fantasia utilizado pelo empresário para identificar-se 
junto ao público consumidor; 
 
b.3) nome comercial: ou razão social, é o nome que o empresário utilizou para registrar-se 
junto aos órgãos de registro da empresa; 
 
b.4) marca: trata-se de um sinal distintivo gráfico que identifique um produto, um serviço, 
uma família de produtos ou serviços, ou a própria empresa; 
 
b.5) patente: trata-se de uma invenção industrializável que venha solucionar problemas pré-
existentes e que ainda não tenha sido objeto de reconhecimento pelo Instituto Nacional da 
Propriedade Industrial por outra pessoa; 
 
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16 
b.6) processos de fabricação: trata-se de fórmulas de fabricação para insumos ou produtos 
comercializáveis ou utilizados no estabelecimento; 
 
b.7) clientela: carteira de clientes de determinado empresário; 
 
b.8) aviamento: capacidade lucrativa doestabelecimento comercial aferida a partir de sua 
carteira de clientes; 
 
b.9) contratos futuros: os contratos vigentes com efeitos presentes e futuros compõe o 
estabelecimento do empresário; 
 
b.10) créditos: os créditos com vencimento futuro, ou com vencimento passado, mas que 
ainda não tenham sido saudados, fazem parte do estabelecimento. 
 
 12.7. Proteção do estabelecimento: 
 
a) abrangência: como vimos anteriormente, o estabelecimento é composto de um conjunto 
de bens corpóreos e incorpóreos e, de acordo com a natureza desses bens é que se determina 
o âmbito jurídico de sua proteção; 
 
a.1) bens corpóreos: os bens corpóreos são protegidos pelo Direito Civil no tocante ao 
aspecto patrimonial e pelo Direito Penal no tocante ao aspecto criminal que possa afetá-los; 
 
a.2) nome empresarial: tem a sua proteção disciplina pelo Direito Civil quanto a sua 
composição, além do que, possui proteção em âmbito administrativo uma vez que a Junta 
Comercial não permite o registro de duas empresas na mesma área de atuação com o mesmo 
nome; 
 
a.3) marcas e patentes: as marcas e patentes tem proteção específica da Lei de Propriedade 
Industrial (lei 9.279/96); 
 
a.4) processo de fabricação: o processo de fabricação, softwares, know how e demais 
escritos da empresa não protegidos pela Lei de Propriedade Industrial gozam de proteção 
pela Lei de Direitos Autorais; 
 
a.5) ponto empresarial: o ponto comercial é protegido pela Lei de Locações, inclusive com 
a possibilidade de ação renovatória locatícia. 
 
 12.8. Alienação do estabelecimento: antes de mais nada convém rever o conceito de 
alienação, haja vista que não compreende apenas a venda, mas também a troca ou a doação1. 
A alienação do estabelecimento comercial, também denominada de trespasse, está sujeita à 
observância de cautelas específicas, criadas para assegurar os interesses dos credores, haja 
vista que o estabelecimento compõe o patrimônio do empresário. Para tanto, a alienação do 
estabelecimento deve observar as seguintes regras: 
 
a) contrato escrito: a alienação do estabelecimento exige a forma escrita e para que seja 
oponível contra terceiros deve estar devidamente arquivado na Junta Comercial, gerando 
efeitos e sendo, portanto, oponível contra terceiros depois de publicado no Diário Oficial; 
 
 
1 Alienação: também chamada de alheação ou alheamento, é o termo jurídico, de caráter genérico, pelo qual se designa todo e qualquer ato 
que tem o efeito de transferir o domínio de uma coisa para outra pessoa, seja por venda, por troca ou por doação. De Plácido e Silva: 55. 
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17 
b) notificação aos credores: para alienar o estabelecimento o empresário deverá notificar 
todos os credores para no prazo de 30 (trinta) dias se manifestarem sobre o consentimento 
ou não da alienação; 
 
c) anuência dos credores: o empresário deverá ter a anuência expressa dos credores, ou 
tácita, configurada depois de decorridos os 30 (trinta) dias da notificação; 
 
c.1) dispensa da anuência: poderá o empresário deixar de observar a exigência da anuência 
dos credores, desde que em seu patrimônio restem bens suficientes para garantir o 
cumprimento de suas obrigações; 
 
d) inobservância: a inobservância das regras para alienação do estabelecimento sujeita o 
empresário à falência com fundamento no artigo 94, III da Lei de Recuperação e Falências 
por presunção do estado falimentar, tornando nula a alienação produzida; 
 
e) recuperação judicial: a alienação do estabelecimento nos casos de empresário em 
processo de recuperação judicial implica na necessidade de anuência expressa de todos os 
credores, não se admitindo a possibilidade de anuência tácita anteriormente verificada; 
 
f) solidariedade: ao alienar o estabelecimento, o adquirente por sucessão empresarial 
assumirá todos os passivos do alienante, porém, no período de 01 (um) ano, o alienante será 
solidário ao adquirente perante os credores, de nada valendo eventual cláusula de 
responsabilidade exclusiva do adquirente em instrumento particular contratado entre eles; 
 
g) regresso: pode ser que no instrumento de alienação conste a responsabilidade do 
vendedor pelos débitos anteriores a venda do estabelecimento, porém, tal cláusula não será 
oponível contra terceiros, restando ao adquirente o direito de regresso contra o alienante; 
 
h) credores trabalhistas: os empregados credores poderão demandar tanto o alienante 
quanto o adquirente por força do disposto no artigo 448 da CLT; 
 
i) credor tributário: assim como os credores trabalhistas, os credores tributários também 
gozam de privilégio para executar a divida por força do disposto no artigo 133 do Código 
Tributário Nacional que gera responsabilidade subsidiária integral ao alienante; 
 
j) outorga conjugal: no caso do empresário casado, independentemente do regime de 
casamento, poderá alienar os bens que compõe o estabelecimento empresarial sem a 
necessidade de outorga uxória, inclusive bens imóveis consoante determina o artigo 978 do 
Código Civil; 
 
k) concorrência: de forma a não permitir a concorrência desleal entre alienante e 
adquirente, o legislador civil estabeleceu que durante um período de 5 (cinco) anos o 
alienante não poderá estabelecer-se em ramo idêntico ao do adquirente, salvo autorização 
expressa em contrário. 
 
13. Proteção do ponto: ponto comercial, local onde o empresário exerce sua atividade, goza 
de proteção legal para que possa ele investir na atividade com a tranqüilidade necessária ao 
desenvolvimento empresarial, assim, a legislação de locação outorga a ele a garantia de ficar 
estabelecido no mesmo local fazendo uso de Ação Renovatória, desde que satisfeitos os 
seguintes requisitos: 
 
 13.1. Empresário regular: estar devidamente registrado na Junta Comercial como 
empresário individual ou sociedade empresária; 
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18 
 
 13.2. Locação mínima de cinco anos: a relação locatícia precisa ser de no mínimo 
cinco anos, ainda que somados os períodos anteriores, inclusive contado o período do 
alienante ou do arrendador quando de transferência do estabelecimento; 
 
 13.3. Exercício ininterrupto de no mínimo três anos: no mesmo ramo de 
atividade, pois caso ele mude de ramo durante esse período perderá direito à ação 
renovatória. 
 
 13.4. Decadência: o direito de propor ação renovatória deve ser exercitado no 
máximo até 6 (seis) meses antes de vencer o contrato de locação, sob pena de decair o 
direito. 
 
 13.5. Exceções à concessão de renovatória: embora a lei outorgue proteção ao 
ponto comercial, essa proteção não pode se sobrepor ao direito de propriedade 
constitucionalmente garantido, permitindo a não concessão de renovatória nas seguintes 
hipóteses: 
 
a) insuficiência da proposta de renovação: havendo proposta na ação renovatória inferior 
ao valor de mercado, pode o juiz indeferir o pedido de renovação; 
 
b) proposta melhor de terceiro: comprovando o locador proposta melhor de terceiro, e não 
havendo interesse por parte do locatário em cobri-la, pode o juiz indeferir o pedido de 
renovação; 
 
c) reforma inadiável do prédio: havendo necessidade de reforma estrutural e que não possa 
ser adiada, poderá o juiz indeferir o pedido de renovação; 
 
d) uso próprio: o uso próprio do imóvel justifica o indeferimento do pedido, desde que o 
locador venha se estabelecer em ramo distinto do qual estava estabelecido o locatário; 
 
e) para estabelecimento empresarial de cônjuge, ascendente ou descente: a regra é a 
mesma para os casos de estabelecimento próprio, acrescentando-se a exigência de que exista 
estabelecimento anteriorhá mais de um ano em outro local na mesma atividade. 
 
15. Nome Empresarial 
 
 15.1. Conceito: nome empresarial é o nome pelo qual se registra a empresa ou o 
empresário individual nos órgãos de registro de empresas, é o elemento de identificação da 
empresa. 
 
 15.2. Abrangência: quando falamos de nome empresarial, a impressão que se têm é 
que tudo aquilo que possa identificar o nome do empresário perante o seu público alvo, ou 
seja, consumidor, tem a mesma natureza. Assim, temos neste conjunto: nome empresarial, 
título do estabelecimento, domínio na Internet e marca. No entanto, veremos que o direito 
possui tratamento específico para cada uma dessas situações. 
 
 15.3. Espécies: vamos tratar especificamente das espécies de nome empresarial sem 
nos atermos as identificações ligadas ao mesmo nome. Podem ser: firma ou denominação 
conforme previsão do artigo 1155 do Código Civil: 
 
a) firma (artigo 1156 do Código Civil): é o nome empresarial representado pelo próprio 
nome civil do empresário, visto que firma significa assinatura, estando presa à própria 
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pessoa civil do empresário, acrescendo-se ou não o ramo de atividade empresarial. Exemplo: 
José da Silva Alimentos Ltda. ou José da Silva Ltda. A firma permite o uso do nome civil 
completo, abreviado ou parcial; 
 
a.1) sócio com responsabilidade ilimitada: havendo este tipo de sócio na sociedade, 
deverá ele emprestar o nome acrescido da expressão “e companhia” ou “e cia.”, conforme 
inteligência do artigo 1157 do Código Civil. Os sócios cujo nome não aparecem, cuja 
dedução decorre apenas da palavra “companhia”, são sócios cuja responsabilidade seja 
limitada; 
 
b) denominação: trata-se da utilização de elemento de fantasia na composição do nome 
empresarial, de forma que não é possível identificar a empresa pelo empresário. Exemplo: 
Bom Doce Comércio de Alimentos Ltda. 
 
 15.4. Individualmente: 
 
a) Empresário individual: o empresário individual, pessoa inscrita no serviço de registro 
de empresas na forma individual como pessoa física, deverá necessariamente adotar a 
espécie firma para designação de seu nome empresarial; 
 
b) Empresa individual de responsabilidade limitada: a empresa individual, uma pessoa 
jurídica pertencente a um único titular, poderá adotar firma ou denominação acrescida da 
sigla “EIRELI”. 
 
 15.5. Sociedades empresárias: as sociedades possuem regras próprias para a 
escolha do nome, no entanto, é de se observar que o uso de firma nas sociedades está ligado 
diretamente à responsabilidade dos sócios: 
 
a) sociedade em conta de participação (art. 991 e 1162 do C. Civil): como não possui 
personalidade jurídica, a atividade empresarial é toda desenvolvida em nome pessoal do 
sócio ostensivo, aparecendo então a “firma individual” do sócio ostensivo ou participante; 
 
b) sociedade em nome coletivo (art. 1.041 do C. Civil): obrigatoriamente deverá adotar a 
espécie firma, podendo constar o nome de um só sócio, de alguns ou de todos eles; 
 
c) sociedade em comandita simples (art. 1047 do C.Civil): obrigatoriamente devem 
utilizar a espécie firma, no entanto, só poderá compor o nome da sociedade o nome dos 
sócios comanditados, caso o sócio comanditário venha emprestar nome à sociedade, sua 
responsabilidade girará de acordo com o previsto no parágrafo único do artigo 1157 do 
Código Civil; 
 
d) sociedade limitada (art. 1064 e 1158 do C. Civil): poderá utilizar firma ou denominação 
acrescida da palavra “limitada” ou da sigla “Ltda”; 
 
d.1) objeto social (parágrafo 2º do artigo 1158 do Código Civil): caso venha a sociedade 
limitada adotar denominação, deverá constar o objeto social da empresa; 
 
d.2) omissão da palavra limitada (parágrafo 3º do art. 1158 do C.Civil): a omissão da 
palavra limitada ou de sua forma abreviada gera responsabilidade solidária e ilimitada dos 
administradores da sociedade; 
 
e) sociedade anônima (Lei nº 6404/76, art. 1160 do C.Civil): deverá utilizar denominação 
designativa do objeto social acrescida da expressão “sociedade anônima”, “companhia” ou 
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da sigla “S/A”. A título honorífico poderá constar o nome do fundador, acionista ou 
colaborador; 
 
f) sociedade em comandita por ações (art. 1090 e 1161 do C. Civil): poderá utilizar firma 
ou denominação, sendo que essa última deverá ser designativa do objeto social e ser 
acrescida da expressão “comandita por ações”; 
 
g) microempresário (Lei Complementar nº 123/06): deve seguir as regras próprias do tipo 
societário adotado acrescendo ao nome a sigla ME; 
 
h) pequeno empresário (Lei Complementar nº 123/06): deve seguir as regras próprias do 
tipo societário adotado acrescendo ao nome a sigla EPP. 
 
 15.6. Alteração do nome empresarial: nosso direito contempla duas possibilidades 
de alteração do nome empresarial, as facultativas e as compulsórias: 
 
a) alteração facultativa: pode ocorrer para simples modificação do nome empresarial que 
está a cargo do empresário, quando for do seu interesse alterar seu nome empresarial, poderá 
fazê-lo mediante alteração de registro na Junta Comercial, devendo para tanto, respeitar as 
formas de criação do nome empresarial; 
 
b) alteração compulsória: é de caráter obrigatório e deverá ser procedida sempre quando o 
nome empresarial estiver realizado na espécie de firma e esta sofra alteração por conta de 
um fator ligado à pessoa do empresário: 
 
b.1) alteração do patronímico: uma vez tendo o empresário que cedeu seu nome civil para 
composição do nome empresarial alterado seu registro civil por força de Ação Judicial de 
Retificação de Assento, deverá necessariamente proceder à respectiva alteração do nome 
empresarial no registro de empresa; 
 
b.2) alteração do tipo social: havendo alteração do tipo social, deverá o nome empresarial 
respeitar as regras de formação do novo tipo social; 
 
b.3) por ato judicial: quando na proteção dos direitos de outro empresário o Poder 
Judiciário determinar a alteração do nome do empresário; 
 
b.4) alteração do quadro social (art. 1165 do Código Civil): quando ocorra a saída de 
sócio, seja por cessão ou alienação das quotas; por morte, ou por exclusão do sócio. 
 
 15.7. Alienação do nome empresarial (art. 1164 do Código Civil): o nome 
empresarial enquanto elemento do estabelecimento não pode ser comercializado. É 
permitida apenas a manutenção do nome do alienante acrescido do nome do sucessor e com 
a designação do sucedido. 
 
 15.8. Perda do nome empresarial (art. 1168 do C. Civil): em situações específicas 
está o empresário sujeito a perder o nome empresarial, que pode ocorrer em razão do 
término, liquidação ou transformação da sociedade: 
 
a) término da empresa: a empresa pode ter o término de sua atividade determinado por 
transcurso de prazo previsto no contrato, em se tratando de sociedade constituída por tempo 
determinado; 
 
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21 
b) liquidação da empresa: a liquidação da empresa por vontade dos sócios ou por 
determinação judicial e põe fim à sociedade e consequentemente ao nome empresarial; 
 
c) transformação societária: dependendo da forma de transformação societária o nome 
empresarial atual pode se tornar incompatível, razão pela qual pode provocar a perda 
daquele nome empresarial; 
 
d) sócio retirante (art. 1165 do Código Civil): o sócio que sair da sociedade cujo nome 
seja composto por firma, seja por falecimento ou por exclusão, não poderá ser conservado 
na firma social, exceto nas hipóteses legais. 
 
16. Proteção do Nome Empresarial: como visto anteriormente,o nome empresarial possui 
regras próprias para sua definição, e a partir daí o direito põe a salvo esse nome não 
permitindo o registro de mais de um empresário com o mesmo nome, observando as 
seguintes regras: 
 
 16.1. Registro estadual (art. 1166 do Código Civil): o registro do nome 
empresarial é de âmbito estadual, de forma que a proteção do nome empresarial só se dá no 
estado de registro ou nos demais em que possua filial devidamente registrada na respectiva 
junta. 
 
 16.2. Registro Nacional (parágrafo único do art. 1166 do Código Civil): para 
poder gozar de proteção nacional o empresário deverá proceder ao registro do núcleo de seu 
nome empresarial como marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, já que 
até o presente momento ainda não existe lei especial disciplinando o registro nacional de 
empresas. 
 
 16.3. Empresários com mesmo nome (parágrafo único do art. 1163 do Código 
Civil): havendo o pedido de registro de uma empresa ou empresário com o mesmo nome de 
outro já existente, deverá se utilizar uma forma de distinção do já existente. Exemplo: 
Mundo da Lua Comércio de Alimentos Ltda., Mundo da Lua – Guarulhos Comércio de 
Alimentos Ltda. 
 
 16.4. Objetivo de proteção: preservação do crédito, da clientela e dos direitos de 
personalidade: 
 
a) preservação do crédito: o uso do mesmo nome por duas pessoas, tendo uma delas o 
nome vinculado a qualquer fato ilícito ou depreciativo, abalará o crédito da outra. Lembrem-
se do exemplo dos casos das empresas Shering do Brasil e Shering Plugt da Alemanha, cujo 
envolvimento da primeira na comercialização de pílulas anticoncepcionais composta 
exclusivamente de “farinha” gerou uma depreciação do nome da segunda que precisou 
apresentar informes publicitários explicando a desvinculação das duas empresas; 
 
b) preservação da clientela: dois nomes com núcleos idênticos podem levar o consumidor 
a adquirir produto de uma empresa imaginando que está adquirindo produto da outra. E para 
tanto, o mesmo exemplo anteriormente citado pode demonstrar essa confusão; 
 
c) direitos de personalidade (art. 52 do Código Civil): em se tratando de empresário 
pessoa física já existia a proteção aos direitos de personalidade, e com o advento do Código 
Civil de 2002 o legislador estendeu esses direitos também à pessoa jurídica no que couber. 
No conjunto de direitos de personalidade temos a honra, a imagem e o nome da pessoa. Em 
se tratando da proteção ao nome, o direito civil resguarda não só a proteção ao uso indevido 
do nome como também permite indenização por danos materiais e morais que o uso 
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22 
indevido venha gerar. Quando o dispositivo citado usa a expressão “no que couber”, claro 
está que o legislador pretendia a tutela do nome e da imagem da pessoa jurídica, já que a 
honra diz respeito somente à pessoa natural. 
 
 16.5. Efeitos da proteção: no resguardo dos direitos do empresário, o direito coloca 
mecanismos de ação a disposição para dar eficácia à proteção do nome empresarial, a saber: 
 
a) interdição da atividade: o uso indevido do nome empresarial pode levar a interdição da 
atividade empresarial do usurpador; 
 
b) apreensão de mercadorias: havendo a total identidade de atividades e de produtos, pode 
ser determinada à apreensão das mercadorias; 
 
c) perdas e danos: poderá ainda o lesado requerer indenização por perdas e danos que tenha 
sido causada pelo uso indevido do nome e da imagem empresarial; 
 
d) imprescritibilidade (art. 1167 do Código Civil): a proteção do nome empresarial é 
imprescritível, podendo o interessado argüir a qualquer tempo a anulação da inscrição do 
nome empresarial do usurpador. 
 
17. Título do estabelecimento: o título do estabelecimento ou nome fantasia é a 
denominação que o empresário utiliza para ser identificado junto aos consumidores. 
Portanto, necessariamente não se confunde com o nome empresarial desde que sejam 
diversos. 
 
 17.1. Nomes idênticos: na hipótese de serem idênticos o título do estabelecimento e 
o nome empresarial, gozará o título da mesma proteção que o nome empresarial. 
 
 17.2. Nomes diversos: sendo diversos os nomes, o título poderá gozar de proteção 
através da Lei de Propriedade Industrial desde que registrado como marca da empresa ou 
através da Lei de Defesa da Concorrência. 
 
18. Marca: a marca, representada por qualquer sinal distintivo gráfico, tem sua proteção 
através da Lei de Propriedade Industrial, e no caso específico do nome empresarial ou to 
título do estabelecimento, pode ele ser registrado como marca para proteção ampla. 
 
19. Obrigações dos empresários 
 
 19.1. Registro (artigo 967 do Código Civil): todo empresário está obrigado a 
registrar-se no Registro de Empresas mantido pela Junta Comercial antes de dar início à 
exploração de sua atividade; 
 
 19.2. Escrituração: manter a escrituração regular de seus documentos e livros 
conforme determina o artigo 1179 do Código Civil. 
 
 19.3. Balanço: apresentação de balanço anual de patrimônio e de resultado 
econômico. 
 
 19.4. Descumprimento das obrigações: não permite que o empresário se beneficie 
da concordata; não pode participar de licitação pública; não poderá abrir ou tornar-se sócio 
de outra empresa, além de estar sujeito a sanções falimentares e penais. 
 
 
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23 
20. Registro de empresas 
 
 20.1. Órgãos de registro: a estrutura de registro das empresas por parte do Poder 
Público se subdivide em dois órgãos distintos, um de âmbito federal e outro de âmbito 
estadual: 
 
a) DREI – Diretoria de Registro e Integração: trata-se do órgão federal vinculado ao 
Ministério do Desenvolvimento que tem por finalidade controlar em âmbito nacional a 
atividade empresarial no Brasil, e entre suas atribuições se destacam: 
 
a.1) normatização de registros: estabelece normas e instruções para execução de registros 
empresariais pelas Juntas Comerciais estaduais; 
 
a.2) fiscalização: fiscalizar a atuação das Juntas Comerciais em todo o país; 
 
a.3) correição: a pedido dos Governos Estaduais pode intervir nas Juntas Comerciais para 
atuação correicional que consiste na verificação da regularidade ou não das atividades 
desenvolvidas pelos órgãos estaduais; 
 
a.4) cadastro: implantação e manutenção do cadastro nacional de empresas, atividade esta 
atualmente somente supletiva, sem finalidade de controle. Futuramente, sobrevindo lei 
federal para uniformização de registro empresarial poderá tornar esse cadastro como 
elemento único de verificação prévia que deve anteceder para a realização de um registro; 
 
b) juntas comerciais: são órgãos ligados aos governos estaduais que atuam no controle das 
empresas instaladas nos limites de seu território geográfico, tendo como principais funções: 
 
b.1) registro de empresas: efetuar o registro de criação, modificação e extinção de 
empresas, bem como dos livros obrigatórios; 
 
b.2) tradutores juramentados: habilitar, fiscalizar e controlar a atividade profissional dos 
tradutores juramentados; 
 
b.3) autenticidade: consoante determinação expressa do artigo 1153 do Código Civil cabe 
às juntas comerciais a verificação da autenticidade e a legitimidade do signatário do 
requerimento de registro de empresa; 
 
b.4.) fiscalização: por força do mesmo dispositivo citado anteriormente, cabe também às 
juntas a fiscalização das prescrições legais concernentes ao ato de registro, bem como da 
documentação apresentada. 
 
 20.2. Atos de registro da empresa: 
 
a) abertura: trata-se do registro do ato constitutivo do empresário, seja ficha de inscrição 
individual, contrato social ou estatuto, que se realiza mediante arquivamento; 
 
b) alterações:toda alteração relativa à atividade empresarial, como mudança de objeto, 
forma social, composição social, capital, etc, devem ser levadas à averbação junto ao 
registro do empresário; 
 
c) autenticação e controle de livros: os livros do empresário para terem validade precisam 
ser autenticados pela junta, bem como controlados para verificação de inatividade do 
empresário; 
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24 
 
d) encerramento: para dar baixa na atividade empresarial e desonerar-se das obrigações 
próprias da atividade empresarial deverá o empresário arquivar na Junta Comercial o 
respectivo termo de baixa. O não registro do termo de encerramento da empresa, ainda que 
essa já não mais esteja em atividade faz com que as obrigações tributárias e administrativas 
continuem sendo lançadas. 
 
 20.3. Falta de registro: o empresário que exerce sua atividade sem registro será 
considerado irregular ou de fato, com as seguintes consequências: 
 
a) responsabilidade ilimitada: uma vez que não será possível se verificar o limite de sua 
responsabilidade pela ausência de ato constitutivo regular, responderá integralmente pelas 
obrigações assumidas, inclusive com seus bens pessoais, haja vista a impossibilidade de se 
distinguir os bens da atividade empresarial de seus bens pessoais; 
 
b) legitimidade para requerer falência e recuperação: não poderá pedir a falência de 
outro empresário na qualidade de empresário, já que a Lei de Recuperação e Falências exige 
que o requerente empresário demonstre sua regularidade. Uma vez pleiteando a falência na 
qualidade de credor civil, abrirá margem para que o empresário que tenha falência requerida 
alegue ilegitimidade do pólo ativo do pedido falimentar; 
 
c) decretação de falência: embora não esteja devidamente registrado como empresário, o 
empresário irregular está sujeito à falência em razão da atividade econômica organizada 
profissional que exerce, além do mais, pela irregularidade estará sujeito à falência mesmo 
que pague suas obrigações em dia por presunção do estado falimentar; 
 
d) crime falimentar: pelo mesmo motivo anteriormente descrito, em razão das 
irregularidades, pela ausência de escrituração que só é possível aos empresários regulares, 
responderá também por crime falimentar; 
 
e) recuperação judicial: uma vez irregular não poderá requerer judicialmente a sua 
recuperação judicial, sujeitando-se a falência caso não cumpra suas obrigações pecuniárias; 
 
f) ação renovatória de locação: embora a lei de locações proteja o ponto empresarial, a 
ausência de regularidade não permite o deferimento do pedido; 
 
g) licitação pública: as licitações públicas iniciam-se pela fase de qualificação onde os 
interessados exibem a documentação que comprove a qualidade exigida pelo certame, o que 
não será possível de cumprimento por parte do empresário irregular; 
 
h) sanção de natureza fiscal: como vimos anteriormente, não poderá o empresário irregular 
proceder a sua escrituração contábil, haja vista que essa exige a regularidade da atividade, 
logo, estará sujeito a sanções de natureza fiscal. 
 
21. Contabilidade e Escrituração 
 
 21.1. Contabilidade: além da obrigatoriedade do registro, o empresário deve manter 
controle e registro de sua administração econômica através de seus livros. 
 
 21.2. Escrituração (art. 1183 do Código Civil): redução a escrito das operações 
mercantis em livros e formulários legalmente previstos, seja pela União, Estado ou 
Município: 
 
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25 
a) forma: mecanizada (datilografada ou micrografada) ou manual; 
 
b) idioma e moeda: corrente, ou seja, em língua portuguesa e atualmente em real; 
 
c) ordem: cronológica e crescente; 
 
d) espaços: na escrituração dos livros e documentos não podem existir espaços (linhas) em 
branco; 
 
e) rasuras: são proibidas, devendo se observar à forma de correção de erros para que não se 
presuma fraude; 
 
f) correção de erros: lançamento de estorno, trata-se de operação de lançamento posterior 
inversa do ato anterior de forma a zerar contabilmente os atos do primeiro lançamento. As 
correções devem ser feitas na forma de estorno, ou seja, é mantido o lançado errado que é 
suprimido contabilmente através de um lançamento seguinte contrário ao anterior para 
negativá-lo e em seguida efetua-se o lançamento na forma correta; 
 
 21.3. Conservar e guardar a escrituração (art. 1194 do C. Civil): 
 
a) local: seguro, não precisa estar necessariamente no estabelecimento, sendo que quando de 
fiscalização é concedido prazo ao empresário para exibição da documentação; 
 
b) prazo de guarda: cinco anos dada à natureza fiscal dos documentos. Neste ponto, alguns 
doutrinadores sustentam a necessidade de guardar por tempo maior justamente pela natureza 
fiscal. Do ponto de vista prescricional do lançamento, cinco anos seriam suficientes para a 
guarda, no entanto, para fins de defesa judicial tributária pode existir a necessidade da 
manutenção dos documentos por tempo superior, tornando-se inclusive inviável dizer quanto 
tempo seria necessária essa guarda em razão da delonga no andamento das lides tributárias. 
 
22. Formar anualmente balanço geral: toda empresa deve anualmente exibir balanço 
contábil, exceto para as microempresas que apresentam apenas declaração anual de rendas, 
dado o regime de simplificação fiscal a que estão submetidas em razão de lei especial. 
 
 22.1. Patrimonial: o balanço apresentado deve discriminar o ativo e passivo, 
demonstrando a situação patrimonial da empresa. 
 
 22.2. Resultados: além da situação patrimonial o balanço deve demonstrar os lucros 
e perdas do exercício contábil. 
 
 22.3. Consequências: além das sanções de natureza administrativa e fiscal, do ponto 
de vista empresarial a ausência de balanço no prazo de 60 (sessenta) dias depois de 
requerida pelo juiz, permite a decretação de falência do empresário por presunção do estado 
falimentar, bem com a configuração da prática de crime falimentar, embora haja 
jurisprudência em contrário quanto à responsabilização criminal. 
 
23. Livros empresariais: são livros que descriminam as operações diretas e indiretas do 
empresário mercantil e devem ser registrados na Junta Comercial de forma a manter a sua 
validade e permitir o controle da atividade de cada empresário. Os livros empresariais não se 
confundem com os livros de natureza tributária exigidos por cada ente fiscal. 
 
 23.1. Obrigatórios: 
 
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26 
a) diário (artigo 1180 do Código Civil): livro de registro do resultado diário da atividade 
financeira da empresa, sendo o único livro obrigatório a todos os empresários. Alguma 
persiste quanto aos microempresários já que o regime jurídico empresarial específico a que 
estão submetidos prega pela dispensa, o que não se verifica na legislação tributária; 
 
b) registro de duplicatas (Lei nº 5.474/68): para os empresários que emitem duplicatas é 
obrigatório o registro de cada cártula emitida em livro próprio; 
 
c) entrada e saída de mercadorias: assemelha-se ao registro de inventário, trata-se de livro 
obrigatório somente para os empresários do ramo de armazéns gerais e para àqueles que 
trabalham com estoque de mercadoria de terceiros; 
 
d) registro de ações: quando a empresa tiver seu capital constituído na forma de ações 
deverá ser registrado, a emissão, transferência de ações, subscrição de capital, ou seja, 
qualquer movimentação no valor ou no quadro acionário da empresa; 
 
e) atas de assembleias gerais: para as sociedades estatutárias e para as sociedades limitadas 
que deliberem através de assembleia,

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