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PÉROLA BARRANCO BRITO
RA 8099575
SÃO PAULO
2019
A ESPERANÇA DE UM DIA NASCER FELIZ
	Quadro de análise dos diferentes momentos no documentário “Pro dia nascer feliz” de João Jardim
	1962
	· Dos 14 milhões de brasileiros em idade escolar, somente a metade chega a frequentar a escola e aprende a ler 
	2005
	· 97% entram na escola porém muitos abandonam, sendo que 41% concluem a 8ª. Série
· Segundo o MEC, metade dos estudantes do ensino fundamental não consegue ler ou escrever corretamente
	Escola pública em Pernambuco
	· Falta infraestrutura básica como banheiro e água potável
· Alunos ausentam-se da aula por falta de transporte coletivo
· Muitas faltas de Professores e na maior parte das vezes, substitutos não são enviados, por isso às vezes aplica-se a mesma nota para a sala toda
· Professores desmotivados pela falta de interesse de alunos e condições de trabalho
· Alunos relatam problemas gerais, mas ainda percebe-se motivação e vontade de estudar
· Diretora explicita que quando alguns alunos são avaliados como insatisfatório, mesmo em níveis e conteúdos diferentes, os professores aplicam a recuperação padronizada por falta de tempo e prazos
· Salas cheias de alunos
· No curso de Magistério, Professora fala firme à sala se, como profissionais continuarão sendo vítimas do sistema ou farão algo para melhorar a educação
	Escola pública no Rio de Janeiro
	· Boca de fumo a poucos metros da escola
· Alunos falam em tom de deboche o tempo todo
· Na aula de História percebe-se o desinteresse total da maior parte dos alunos
· Faixa etária dos alunos é bastante variada
· Aluno frequenta baile funk e diz que já pegou em armas de fogo
· Na reunião de professores sobre a progressão dos alunos para o próximo ano, Professora de História relata que não adianta deixar aluno de dependência, pois sabe como o momento de recuperação “não funciona”
· Nesta mesma reunião, depois algumas discussões a Professora de História pergunta à Diretora sobre a questão da dependência, sendo que ela responde que “já disse para reduzir as dependências”
· Salas quase vazias
	Escola pública em São Paulo
	· Diretora relata que a escola é considerada referência no bairro, muitos alunos foram bem no ENEM e alguns vislumbram o ingresso na Universidade
· Pelas imagens percebe-se que a escola em questão tem uma boa infraestrutura física
· Aluno diz que propaganda do governo sobre o ensino é uma farsa, pois tudo continua ruim na prática, pois se realmente estivesse bom não eram necessárias cotas nas Faculdades
· Muitas aulas vagas por causa da ausência de Professores
· Diretora enfatiza que o Professor falta muito pois a legislação é permissiva, e para solucionar o problema emergencialmente tem-se os professores eventuais
· Professora fala sobre o cansaço físico e mental, justificando suas faltas, e que todo mundo está cansado de saber o que acontece na educação, mas ninguém faz nada
· Outra Diretora fala que a escola perdeu sua função, pois é uma educação do século passado, já que tudo fora da sala de aula é mais interessante
· Aluna participante do projeto Fanzine se diz motivada a escrever, porém somente quando está nervosa, e um ano depois já após concluir o estudo diz não ter mais motivação para produzir textos
· Volume de alunos nos corredores é grande, mas não mostra a sala de aula para avaliar a quantidade
· Situação familiar: a maior parte não tem pai pois morreu, ou não assumiu a paternidade ou está preso, sendo que nas famílias que tem pai, a agressão às mães é habitualmente relatada
· Imagens confrontando as falas de ambas partes de uma briga de alunas, sendo que a aluna considerada “folgada” diz que quer ser Psicóloga ou Advogada, e que gostaria de ser Professora, mas que tem de “aturar” muita coisa como a situação dela
· Diretora diz que a vida do jovem está tão sem graça que não importa que ele vá para FEBEM ou que amanhã ele morra
	Escola particular em São Paulo
	· Infraestrutura excelente
· Sala cheia de alunos
· Professor ministrando aulas sem problemas
· Alunos relatam que se sentem pressionados pelas famílias e sociedade em geral
· Sobre a afetividade as opiniões são divididas: uns sentem-se apoiados pelas famílias (mesmo assim a relação com a mãe é sempre melhor) e outros dizem que sentem muito falta do carinho dos pais
	FEBEM
	· Aluna que matou a outra esfaqueada diz que queria mesmo que ela morresse, e ainda enfatiza que matar sendo de menor não dá nada, pois três anos de retenção passa rápido
· Jovem relata que completar os estudos e não encontrar emprego é muito desmotivante
· Roubar é um hábito, e o ócio é uma dessas motivações, além também de conseguir dinheiro e ter satisfação de ver a vítima sofrer
· Jovem enfatiza que só é punido quem comete um crime e é pobre, pois os corruptos ricos continuam livres
	Escola pública infantil
	· A imagem final mostra crianças da educação infantil no momento da merenda escolar, porém percebe-se que eles estão em uma sala de aula comum (inclusive sentadas em cadeira universitárias) e não em um refeitório
Este documentário toca o sentimento de impotência e frustração perante a educação. Considero que a responsabilidade não é unilateral e sim de todos: governo que não investe corretamente, equipe pedagógica e alunos que sempre se acusam reciprocamente e também não se apropriam de suas responsabilidades e a família que não assume a educação que lhe cabe.
“Não acredito que a escola vai me proporcionar algo, nem sei se estou vivo amanhã”, ou ainda falas sobre sonhos que aparecem duas vezes “Não tenho mais sonho de criança, a vida é tão abalada” e “A gente não tem chance de sonhar, pois tem de trabalhar além de estudar”, são frases chocantes que pedem uma atenção urgente à educação.
O que mais assusta, é que temos dados de 1962, e que em 2005 melhoraram estatisticamente quanto ao ingresso na escola, e a nossa realidade 14 anos depois sem muitas mudanças. Os que temos de claro são realmente dados numéricos que aumentam e de qualquer forma também não se tem a certeza desses números e suas interpretações, mas a qualidade, muitas vezes avaliada de forma errônea, sem crescimento, o que comprova as capacidades e habilidades dos alunos nas conclusões dos níveis escolares.
Ao pé da letra, cumpre-se o direito à educação da Constituição Federal de 1988, o acesso à escola e suas formalidades da LDB 9394/96 e os conteúdos estão no papel do planejamento conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Porém na prática o que encontramos é: dificuldade de chegar até a escola, falta de infraestrutura de recursos materiais e humanos que possibilite uma aprendizagem efetiva e currículos rígidos e fora de contexto.
Para comprovar esta caótica situação, seguem números oficiais abaixo:
Quadros do Município de São Paulo
*REM – rede estadual no Município
*RM – rede municipal
Nos quadros acima é fato que o Estado ainda atende uma parte maior das séries iniciais, cuja responsabilidade é do Município. Quanto as matrículas, os números oscilam bastante tanto para mais quanto para menos, mas de maneira geral é possível afirmar que não houve um aumento de matrículas, ou seja, muitas crianças ainda ficam fora da escola.
Quanto à taxa de aprovação, considero uma porcentagem bastante alta, porém somente através dos números não é possível afirmar se realmente o aluno aprendeu efetivamente, como que foi aplicada a progressão continuada ou mesmo de que forma foi feita a reavaliação do aluno.
Sobre a taxa de abandono interpreto como um alto índice nesta fase escolar, justamente por causa da idade. Por qual motivo se abandonou a escola? Para trabalhar? Cuidar dos irmãos? Onde está a família para acompanhar esse processo de abandono?
E finalmente a taxa de distorção idade-série é a consequência natural da reprovação, do abandono e da não inserção na escola.
Para comprovar a qualidade do ensino através do índice de aprovação, vamos analisar os resultados do IDEB, especificamente do 5º ano, de 2005 a 2017. No município de São Paulo, a médiacresceu de 4,1 para 6,0, ou seja, 1,9 e atingiu as metas projetadas em 4 anos. Na rede estadual de ensino de São Paulo, a média cresceu de 4,5 para 6,5, ou seja, 2,0 e atingiu as metas projetadas em 6 anos. Na rede privada, a média cresceu de 6,5 para 7,4, ou seja, 0,9 e atingiu as metas projetadas em 2 anos.
A média de desempenho é discrepante entre o ensino público e privado o que traduz uma diferença grande desde a infraestrutura até a qualidade de ensino. Já entre as redes públicas, o ensino estadual teve melhor desempenho, mas não justifica em nenhum dos âmbitos a alta taxa de aprovação, já que as médias estaduais e municipais do IDEB são baixas comparando com a nota máxima desta avaliação que é 10,00.
Outro índice que também podemos utilizar para questionar o elevado índice de aprovação, é a Prova Brasil. Esta avaliação, cuja pontuação máxima é de 350 para esta fase escolar em questão, as médias da rede estadual se mantiveram de 2013 a 2017 entre 200 e 238 e da rede municipal entre 209 e 224, sendo que assustadoramente há porcentagem no nível 0, cuja pontuação é menor que 125 e a indicação para este nível é que o aluno precisa de uma atenção especial já que não demonstra habilidades muito elementares. Também há porcentagens significativas nos níveis 1 e 2, cuja pontuação traduz conhecimento extremamente básico.
Os números atuais do último triênio, infelizmente comprovam a situação relatada no documentário “Pro dia nascer feliz” feito há mais de 10 anos, ou seja, a situação não mudou, ou ainda, em alguns casos piorou. Apesar do documentário relatar mais especificamente a partir do ensino fundamental II, enfatizo que os problemas começam na educação infantil, passando pelo ensino fundamental I e assim chega em uma grande dimensão nas próximas fases escolares.
A educação brasileira está erroneamente muito pautada em processos punitivos do que preventivos. Os resultados que são carregados desde as séries iniciais da escrita e leitura precárias que desmotivam a comunicação, a falta de conhecimento das operações matemáticas e de raciocínio lógico que dificultam o cotidiano como cidadão, atravancam o aprendizado geral para a vida em sociedade. Somando a falta de referências familiares, acabamos produzindo para a sociedade indivíduos sem competências e valores. 
É necessária uma mudança prática neste ciclo vicioso, que vai muito mais além que legislações, porém que de qualquer forma necessita de normas regulatórias.
Pode parecer clichê, mas acredito que a solução para uma educação de qualidade, ainda é o conjunto de todas as partes envolvidas: legislações que atendam as necessidades reais, sociedade acolhedora, gestão e prática educativa efetivas e valorizadas, aluno motivado e a família comprometida.
E-REFERÊNCIAS:
JARDIM, João. Pro dia nascer feliz. Documentário em vídeo, Brasil, 2005.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 19 de outubro de 2019. Artigos 8 ao 27, Artigos 29 a 42 e Artigos 58 a 60 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Presidência da República.
www.portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file. Acesso em: 19 de outubro de 2019. p. 8-60. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Brasília, DF: Presidência da República.
www.portal.inep.gov.br/web/guest/painel-educacional. Acesso em 19 de outubro de 2019. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CORRÊA, R. A.; SERRAZES, K. E. Políticas da Educação Básica. Batatais: Claretiano, 2013 – Unidade 3.
	Atividade portfólio 3º. Ciclo
Projeto de Prática: A educação básica no Brasil atual: desafios e perspectivas.
	Trabalho apresentado ao curso de COMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA, Claretiano Centro Universitário, para a disciplina Políticas da Educação Básica ministrada pelo tutor Wagner Montanhini

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