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Recurso de Apelação_Civil_

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AO JUÍZO DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA- PARANÁ
Processo n°  XXXXXXXXXXXXX
 
Julião [nome completo], (nacionalidade), casado, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), (país), e 
Ruth [nome completo], (nacionalidade), casada, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), (país),não se conformando com a sentença proferida que indeferiu a reconvenção que movem em face de João, (nacionalidade), união estável, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, Bairro Vivendas do Arvoredo, Londrina, Paraná, Brasil e, Marcos, (nacionalidade), união estável, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, Bairro Vivendas do Arvoredo, Londrina, Paraná, Brasil, vem, por meio de sua advogada, infra assinado, interpor:
RECURSO DE APELAÇÃO
Em face da decisão que julgou improcedente a reconvenção por contestação ajuizada por Julião [nome completo], (nacionalidade), casado, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), (país), e 
Ruth [nome completo], (nacionalidade), casada, (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), (país), conforme documentos comprobatórios juntados na presente inicial.
 
Requerem, desde já, o seu recebimento no efeito suspensivo, com imediata intimação dos recorridos para, querendo, oferecer as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para os fins aqui aduzidos. 
Isto posto, juntando o comprovante do pagamento do preparo, conforme o disposto no artigo 1007, do Código de Processo Civil, requer digne-se Vossa Excelência de receber este recurso, remetendo os autos à segunda instância, cumpridas as necessárias formalidades legais, como medida de inteira justiça.
Respeitosamente, pede deferimento.
Londrina, [dia] de [mês] de [ano]
Advogada [nome completo]
OAB/UF [número registro profissional]
RAZÕES DE APELAÇÃO
Origem:  __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA - PARANÁ
 
Processo n.º [número]
Apelante: Julião [nome completo]
	 Ruth [nome completo]	
Apelado: João [nome completo]
	 Marcos [nome completo]
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLÊNDURA CÂMARA,
EMÉRITOS DESEMBARGADORES.
 
DA TEMPESTIVIDADE
Nos termos dos artigos 219 e 1003, do Código de Processo Civil, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias úteis, sendo excluído o dia do começo e incluindo o dia do vencimento nos termos do artigo 224, do Código de Processo Civil.
Dessa forma, considerando que a intimação eletrônica foi realizada na data de 03 de novembro de 2020, tem-se por tempestivo o presente recurso, devendo ser acolhido. 
DO PREPARO
Informa que junta em anexo a devida comprovação do recolhimento do preparo recursal.
BREVE SÍNTESE E DA DECISÃO RECORRIDA 
Argumenta o apelado, em síntese, que, desde XX de XXXX do ano de XXXX, totalizando um prazo de, aproximadamente, 09 (nove) anos, mantém a posse mansa, pacífica e ininterrupta de um imóvel de propriedade dos réus, localizado à Rua das Bromélias, nº 100, Bairro Vivendas do Arvoredo, Londrina, Paraná, Brasil, no qual alegam fizeram melhorias no imóvel e vêm explorando a terra para sua sobrevivência. Aduzem, ainda, que têm pago regularmente os impostos incidentes sobre a referida propriedade.
Em que pesem os argumentos abalizados pelos apelados, o pleito de usucapião demonstra-se descabido, porquanto, como será aqui exaurido, não há de falar, por parte dos apelantes, em legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim em mera detenção daquele, uma vez que estava vigente um contrato de locação verbalmente celebrado. Recorda-se aqui que um dos requisitos para o pedido de usocapião é a posse qualificada (ad usucapionem) e que quem está no imóvel sem animus domini (ânimo de dono) – como o locatário – é mero detentor, nos termos do art. 1208, do Código Civil de 2002. Trata-se, portanto, de contestação com proposta de reconvenção pleiteando a expedição imediata de mandado de despejo, uma vez que o contrato de locação deve ser rescindido com condenação do autor ao pagamento dos valores dos aluguéis em atraso devidamente corrigidos, conforme legisla o art. 62, da Lei nº 8.245/1991. A lide em questão pós trâmite regular da ação foi julgada improcedente a contestação e procedente a ação de usocapião solicitada pelos autores, apesar do cerceamento do direito de defesa dos réus como será explicitado a seguir. [incluir ementa completa da decisão].
Ocorre que, tratando-se de decisão definitiva, é cabível o recurso de apelação. 
DO MÉRITO DA AÇÃO
O mérito da presenta ação baseia-se nos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, conforme prevê o artigo 5°, CF/88:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Entretanto, ao proceder com sentença de julgamento antecipada do mérito considerando como procedente o pedido de usucapião dos autores e como improcedente a reconvenção dos réus em que solicitavam a ouvida de testemunhas como provas do contrato de locação celebrado verbalmente. Fica aqui evidenciado o cerceamento do direito de defesa dos réus, uma vez que o juízo a quo, de forma equivocada proferiu sentença sem a oitiva das testemunhas, e rejeitou o pedido de prova testemunhal, de grande valia para o esclarecimento da verdade real, entretanto declarou que não houve provas suficientes que evidenciavam o contrato de locação. 
RAZÕES DO PEDIDO DE NULIDADE DA SENTENÇA POR VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA
A r. Sentença proferida pelo juiz a quo na reconvenção proposta pelo apelante em face do apelado, julgando o seu pedido improcedente, deve ser anulada in totum, uma vez que um direito fundamental e constitucional de defesa foi cerceado. A afirmação acima evidenciada, nos termos dos documentos acostados aos autos, encontra respaldo no fato de que vigoram no direito constitucional brasileiro os princípios da ampla defesa e do contraditório. Todos os quais foram ignorados pelo juízo a quo que julgou improcedente a contestação dos apelantes por falta de provas mesmo quando um dos pedidos da reconvenção era o reconhecimento do direito de valer-se de todas as provas necessárias para a comprovação de suas alegações de resistência, em especial a prova testemunhal, depoimento pessoal das partes e a juntada de documentos novos.
Nota-se neste caso, que a Sentença recorrida foi proferida sem que se consumasse a necessária instrução processual, em verdadeiro cerceamento de defesa, contrariando, como já exposto, o princípio constitucional da ampla defesa, previsto no artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal de 1988.
No caso em epígrafe, não está autorizado o MM Juiz a realizar o julgamento antecipado da lide, uma vez que não versar o conflito sobre matéria exclusivamente de direito, mas primordialmente de fatos contravertidos que requerem o exaurimento da fase de instrução, em especial da audiência de instrução e julgamento, onde através de prova oral a ser produzida, tem-se a oportunidade de elucidação dos fatos, conforme legisla o artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. 
Conforme descrito nos autos do processo o apelante e o apelado celebraram contrato de locação e, portanto, não é cabível o usocapião sobre o bem. Apesar, dos locadores não terem cobrado o aluguel devido, durante o período, recorda-se aquique um dos requisitos para o pedido de usocapião é a posse qualificada (ad usucapionem) e que quem está no imóvel sem animus domini (ânimo de dono) – como o locatário – é mero detentor, nos termos do art. 1208, do Código Civil de 2002
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO POR INÉPCIA DA INICIAL
Ressalta-se, ainda que, foi julgado improcedente o chamamento ao processo do companheiro, Marcos [nome completo], que não constou na inicial do autor e, tão pouco, na procuração do seu advogado, contrariando, portanto, o artigo 73 do CPC/15:
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: 
I.	que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;
II.	resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III.	fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV.	que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
§2° Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
É requisito para procedência da inicial sua instrução com os documentos indispensáveis a propositura da ação (artigo 320, do CPC). Entretanto, o que se observou neste processo foi que o juízo ignorou o legislado no artigo 321, do CPC, ao não solicitar a emenda e ou correção da inicial. 
Portanto, observa-se a inépcia da inicial por ausência do consentimento do companheiro (art. 73, caput, do CPC) e a ilegitimidade ad processum por não observância ao artigo 595 do Código Civil, fatos este que foram ignorados pelo juízo a quo.
Com o indeferimento da inicial, o juízo a quo é impossibilitado de resolver o mérito (artigo 485, I, do CPC).
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA
Acrescenta-se que, ao julgar também improcedente a inobservância do artigo 595 do Código Civil, uma vez que a procuração do advogado, por ora representantes dos autores, não prevê o que a legislação assim pede: “No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas”. Portanto, observa-se a inépcia da inicial por ausência do consentimento do companheiro (art. 73, caput, do CPC) e a ilegitimidade ad processum por não observância aos artigos 485, VI, do Código de Processo Civil e 595 do Código Civil, fatos este que foram ignorados pelo juízo a quo.
DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS ENSEJADORES DA USOCAPIÃO
Em que pesem os argumentos abalizados pelos apelados, o pleito de usucapião demonstra-se descabido, porquanto, como será aqui exaurido, não há de falar, por parte dos requerentes, em legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim em mera detenção daquele. Conforme previsto no Código Civil:
Art. 1239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Assim, é a literal disposição legal que, para a ocorrência da usucapião rural, dentre outros requisitos, o possuidor deve possuir, o que não ocorreu na hipótese, pois os autores não possuíam o imóvel em comento como se donos fossem, ou seja, não gozavam do animus domani, mas apenas ali residiam sob a qualidade de locatários. 
O artigo 1208, do Código Civil, assim também contribui: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
A nossa Carta Magna também legisla sobre o tema, em seu artigo 5º, XXII da CF/88. De acordo com a jurista brasileira Maria Helena Diniz, o direito de propriedade pode ser entendido como “o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha”. Percebe-se, portanto que, os apelantes tiveram o seu direito de posse cerceado, diante do juízo a quo.
DA PROCEDÊNCIA DO DESPEJO COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS EM ATRASO
Apela-se aqui para apreciação dos direitos negados aos apelantes que, conforme legisla a Lei do Inquilinato, 8.245 de 1991, o contrato de locação pode ser desfeito em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos (artigo 9, III, da lei 8.245/91). Mediante a rescisão do contrato de locação, incubem-se os apelados do pagamento dos aluguéis em atraso com a devida cobrança de todos os encargos devidos, multas e correção monetária (artigo 62, I, da lei 8.245/91).
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, os apelantes pedem a Vossas Excelências se dignem a reconhecer o presente recurso de apelação, eis que tempestivo e presentes as demais condições e pressupostos e lhe deem provimento para declarar a nulidade da sentença prolatada em primeiro grau, determinando o juízo a quo que oura seja prolatada, observando-se:
a) o exaurimento da instrução processual, em todos os seus termos, com a oitiva da testemunha do réu, proporcionando-lhe o direito ao contraditório e a ampla defesa;
b) o julgamento do mérito do pedido contraposto feito ora pelos apelantes com a imediata expedição de mandado de despejo, uma vez que o contrato de locação deve ser rescindido com a condenação dos autores ao pagamento dos valores dos aluguéis em atraso, devidamente corrigidos, de acordo com o cálculo discriminado anexado à presente;
c) por consequência da improcedência da pretensão do autor, a sua condenação a suportar o ônus da sucumbência;
d) seja determinado aos autores a entrega dos recibos de pagamento dos impostos decorrentes da propriedade do bem imóvel dos réus (IPTU); e,
e) o chamamento ao processo do cônjuge do autor, conforme preza a legislação e, por fim,
f) julgue improcedente todos os pedidos dos autores visto que suas alegações não condizem com a verdade dos fatos alegados.
Nestes termos, posto que, assim julgando, estará esta Corte tutelando o melhor Direito.
Aguarda provimento do recurso, pede e espera deferimento.
Londrina, [dia] de [mês] de [ano].
 
[Assinatura da Advogada]
[Nome Completo]
[Número de Inscrição na OAB]

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