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UNIVERSIDADE ESTÁCIO GRADUAÇÃO EM LETRAS INGLÊS- PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM PROPOSTA DE PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR ALBERTH HALEN MELO MATRÍCULA:201904154182 I.OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo relacionar a teoria e a prática do conteúdo visto na matéria de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, por meio de observação de uma criança de 5 anos de idade e identificar suas características de desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual e social. Por meio dessa observação, é possível compreender efetivamente as relações entre educação, desenvolvimento e aprendizagem. II. INTRODUÇÃO TEÓRICA No âmbito do desenvolvimento humano, quatro aspectos básicos são abordados para fins de estudo: o desenvolvimento físico motor, afetivo emocional, intelectual e social e cada um deles está intrinsecamente relacionado ao outro. O aspecto físico-motor refere-se ao “crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo” (CARRARO, 2015, p. 18). O aspecto intelectual diz respeito à capacidade de raciocínio e pensamento, enquanto o afetivo-emocional classifica as diferentes formas de sentir emoções e lidar com elas. Por fim, o aspecto social engloba relações entre os indivíduos. A teoria behaviorista da aprendizagem focaliza os meios pelos quais as pessoas aprendem comportamentos específicos. Segundo a visão dos teóricos : (Watson, Freud, Piaget), todo desenvolvimento envolve processos de aprendizagem, portanto, não ocorre só em determinadas fases e que dependem da idade e do amadurecimento. Para Piaget (2015, p. 11), o desenvolvimento é contínuo e gradual, dividido em 5 fases (2015, p. 22): vida pré-natal, infância (até os 12 anos), adolescência (até os 21 anos), idade adulta (dos vinte e um aos sessenta e cinco anos) e velhice (depois dos sessenta e cinco anos), mas as mudanças são maiores durante a infância e a adolescência. A cada idade a criança apresenta não apenas diferentes características físicas e emocionais, que devem ser compreendidas, como também novas demandas e necessidades. Focos do presente trabalho, o período dos 2 aos 6 anos é considerado pré-escolar para Bee, segunda infância para Barros (2015, p. 72). Neste período, o desenvolvimento físico é mais lento, embora permanente. As habilidades motoras se aperfeiçoam e é a época em que os corpos se tornam esguios, as capacidades motoras e mentais se aguçam e a personalidade e relacionamentos se tornam mais complexos. (2015, p. 74). Esse período marca também a entrada em instituições de ensino e novos aprendizados. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2015, p. 76), o aparecimento da linguagem - em ritmo rápido entre 2 e 3 anos - irá resultar em modificações nos aspectos intelectuais, afetivos e sociais da criança. Para Piaget (2015, p. 76), a segunda infância corresponde ao estágio pré-operatório de desenvolvimento, marcado por diversas características: o egocentrismo, que ocorre, pois a criança não contempla um universo do qual ela não faça parte. A visão de mundo é sob a sua própria perspectiva e a criança tem dificuldade em compreender outros pontos de vista. Ela acredita que seus sentimentos são compartilhados por todos. Também nessa fase podem ser observadas as dificuldades de transformação, ou seja, tem o pensamento estático, sempre no momento presente; a irreversibilidade, não compreendendo processos inversos e a centralização, incapaz de perceber mais de um aspecto de uma situação. O animismo também está presente nessa fase, com os objetos possuindo ânimo e intenção. Brinquedos, animais e objetos partilham sua vivência. (2015, p. 76). Em suas relações com outras crianças, as brincadeiras são interativas e cooperativas e oferecem oportunidades de exercícios de habilidades interpessoais, linguísticas e a exploração das convenções sociais. As brincadeiras de imaginação ajudam a expor desejos, temores e impulsos. (2015, p. 78) Ela inventa brincadeiras e muda as regras constantemente, com o intuito de sempre ser a vencedora. Neste período, a criança antecipa suas ações, desenvolve o pensamento e precisa saber a razão de tudo. Há um crescimento da curiosidade e a necessidade de entender como tudo funciona e para quê. (2015, p. 80) Está fase também traz mudanças nos aspectos sociais e emocionais: no pré-operatório, a criança tem um autoconceito, um conjunto de suas informações pessoais, sua biografia e atributos dados pelos que estão à sua volta. (2015, p. 83) Seus conceitos éticos são baseados na relação entre ação e punição. Enquanto egocêntrica e curiosa, ela busca o prazer. Em contrapartida, há o medo da punição e respeito à autoridade dos pais e adultos que a cercam. O autocontrole se desenvolve nessa idade. Durante este período, a criança também testa poder e limites, sendo desafiante e opositora. III. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A criança observada, Y.S.B., é um menino de 5 anos e 4 meses de idade. Estuda em escola municipal e mora atualmente com a mãe e os dois irmãos, de 11 e 19 anos. Para fins desse estudo, Y. foi observado em dois momentos: durante seu segundo dia de internação no hospital decorrente de reação alérgica e durante um dia na praia acompanhado da mãe, por uma média de 4 a 5 horas. IV. RESULTADOS E CONCLUSÃO Durante o dia na praia, Y. mostrou propensão para brincadeiras de “faz de conta”, entrando no mar e dando ordens para os “tripulantes do navio” em uma situação de emoções intensas. Enquanto enfrentava seus medos (das ondas e do fundo do mar), não se afastava dos adultos. Mostrou um nível de independência ao buscar sozinho instrumentos que o ajudassem a construir seu castelo de areia, embora se assustasse ao não ver a mãe imediatamente. Ao ser oferecido comida, pediu para não usar a colher rosa, pois era de menina, enquanto ele é menino, mostrando conhecimento sobre os papéis sexuais que permeiam a sociedade e reforçando a identidade de gênero como parte de seu autoconceito. Como demonstração do egocentrismo típico de sua idade, brincava com os adultos que lhe cercavam e, ao pedirem para parar, permitia apenas poucos minutos de descanso, e voltava a insistir para brincar de novo. Durante sua estadia no hospital, Y. se entreteve por meio de brinquedos levados pela mãe. Y., que é canhoto, ao ensinar o outro - destro - como usar o brinquedo, afirmava que ele estava fazendo errado pois pegava com uma mão diferente, incapaz de aceitar um diferente ponto de vista. Enquanto internado, questionou a morte do cachorro da família: “mas por que ele inventou de virar estrelinha?”, reproduzindo a forma como lhe foi explicada a morte do avô e demonstrando o animismo. Após explicação, indagou do porquê da morte e o que acontece depois, e onde ele estava antes de ter nascido, exibindo a curiosidade intelectual aflorada do período pré-operatório. Durante as brincadeiras, mostrava inovação e egocentrismo, criando e combinando regras que modificava depois, de modo que pudesse passar mais tempo jogando e ganhar o jogo. A mãe interviu: “você está sempre inventando coisas para não deixar ninguém ganhar”. Durante um jogo eletrônico, constantemente perguntava se estava ganhando. É a partir dos 5 anos de idade que se iniciam as brincadeiras interativas, com regras de comum acordo. Demonstrou dificuldade em compreender o outro que também queria jogar. O egocentrismo esteve presente em suas interações com os adultos ao seu redor, se fazendo notar durante as brincadeiras comuns da idade. Ao ouvir que algo aconteceu antes dele nascer, Y. questionou onde ele estava então, já que ainda não pode conceber uma realidade na qual não está presente. O animismo também se fez perceber durante sua interação com objetos e a ideia de que o cachorro “inventou” falecer.As características que marcam o estágio pré-operatório definidas por Piaget, no qual estão relacionadas com o amadurecimento e desenvolvimento fazendo parte também do processo de acordo com o seu ambiente portanto, é muito importante para que essa infância seja sadia e com o carinho dos pais. SÃO JOSE-SC 05/05/2020
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