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Indaial – 2022 na Educação InfantIl Prof.a Luciana Fofonka 2a Edição lúdIco E MusIcalIzação Elaboração: Prof.a Luciana Fofonka Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: F654l Fofonka, Luciana Lúdico e musicalização na educação infantil. / Luciana Fofonka – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 296 p.; il. ISBN 978-85-515-0486-4 1. Educação Infantil. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 370 “Se uma criança ouve boa música desde o dia de seu nascimento e também aprende a tocar, desenvolve sensibilidade, disciplina e perseverança. Conquista, assim, um bom coração” (SUZUKI, 1994, p.93). Saudações, querido acadêmico! É com imensa alegria e satisfação que apresento a disciplina “Lúdico e Musicalização na Educação Infantil”. A partir de agora você vai mergulhar nesse universo e poder se deleitar na leitura desse livro que foi elaborado com muito amor e carinho, no ritmo do coração. Esta é uma disciplina onde o texto se desenvolve no traçado de pontos alinhavados que nos remetem a várias reflexões importantes acerca das contribuições que o lúdico e a música podem proporcionar no desenvolvimento da criança na Educação Infantil, apresentando estratégias que possibilitam e facilitam o trabalho do professor e da professora em sala de aula. Durante a leitura você irá perceber que a música anda lado a lado com o lúdico, sendo considerada uma arte e uma forma de linguagem, com inúmeras representações, permitindo que a criança expresse suas emoções e sentimentos, contribuindo assim para a sua formação social, cognitiva, afetiva, cultural, facilitando a integração social e a inclusão. A musicalização, enquanto arte e linguagem, deve ser respeitada e valorizada em sala de aula e é nossa essa responsabilidade, caro educando e futuro professor, dar o verdadeiro sentido à musicalização na Educação Infantil. Para dar conta dessa construção, o presente livro foi organizado nas três unidades que serão brevemente apresentadas a seguir: Na Unidade 1 desta disciplina que tem como título “A Criança, suas Infâncias e a Educação Infantil”, estudaremos sobre as infâncias e a origem desse conceito. Veremos que a criança não tinha voz, nem era respeitada. Também perceberemos que as infâncias, como se vê hoje, passaram por uma construção histórica. O desenvolvimento infantil passou despercebido em grande parte da história. É fundamental compreender o desenvolvimento humano, já que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada fase de vida. Quem é a nossa criança hoje? Quais suas necessidades? Qual o papel da Educação Infantil? Essas foram questões que procuramos pontuar ao longo desta unidade para ressaltar que a criança precisa ser vista como um ser atuante, de direitos e deveres, com suas necessidades específicas, curiosidades e desejos, ela é protagonista de sua história. APRESENTAÇÃO Na Unidade 2, que tem como título “Lúdico e Musicalização: Um Convite para o Protagonismo Infantil” vamos sintonizar no mundo da ludicidade e da música, compreendendo o porquê de ambas serem tão importantes para a Educação Infantil. Nesta unidade estudaremos o contexto histórico da ludicidade refletindo sobre a história do lúdico no Brasil, bem como conheceremos as contribuições de três dos principais pesquisadores sobre o papel do brincar na sala de aula e no desenvolvimento infantil, além de estar promovendo um diálogo entre suas teorias. Também veremos que a música na Educação Infantil vai muito além de um passatempo ou recreação, deve ter foco em si mesma. O que significa isso? Que ela não pode ser usada como uma estratégia para desenvolver as crianças, apesar de que sabemos que se for realizada de forma eficiente, alcançará esses e outros benefícios. Contudo, esse não pode ser o principal objetivo para se ensinar música na escola. A terceira e última unidade intitulada “Cantando, Brincando e Aprendendo: O Poder da Musicalização na Escola”, inicia fazendo um resgate histórico da educação musical no mundo através da divisão em três grandes eras, desde o Canto Primitivo ao Contemporâneo. Nessa unidade veremos que o ensino de música nas escolas brasileiras é uma política pública regulamentada por lei, embora nem todas as escolas a tenham implementado. Veremos o quanto a música é importante para o processo de inclusão escolar, bem como abriremos espaço para refletirmos sobre a intrincada temática da educação musical na formação do pedagogo. Quem deve ensinar música na escola? Buscaremos efetivar um diálogo consciente e construtivo entre a música e o pedagogo. E, por fim, apresentaremos um repertório que abarca a musicalização e as práticas pedagógicas lúdicas, com sugestões para a Educação Infantil. Muitas são as possibilidades de se trabalhar com a música em sala de aula – é papel da escola e do professor criar essas possibilidades e oportunidades. Foi dada a largada, agora é com você, caro acadêmico! Sucesso nos estudos! Prof.a Luciana Fofonka Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nestacaminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - A CRIANÇA, SUAS INFÂNCIAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL ...............1 TÓPICO 1 - NEM TODA CRIANÇA TEM INFÂNCIAS ................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 CONCEPÇÕES DA INFÂNCIA ...............................................................................4 3 SER CRIANÇA NÃO SIGNIFICA TER INFÂNCIA ................................................. 10 4 QUAIS SÃO AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL? ............................ 13 RESUMO DO TÓPICO 1 ...........................................................................................17 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 18 TÓPICO 2 - A IMPORTÂNCIA DOS DOMÍNIOS, MARCOS E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............................................................................ 21 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 21 2 QUAIS OS DOMÍNIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL? ..............................22 3 ACOMPANHANDO DE PERTO OS MARCOS E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............................................................................25 4 CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA: SAÚDE, CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............................................................................28 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................32 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................33 TÓPICO 3 - O TRIPÉ DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL.............35 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................35 2 PIAJET ................................................................................................................35 3 LEV SEMENOVICH VYGOTSKY ..........................................................................38 4 HENRI WALLON .................................................................................................43 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................50 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 51 TÓPICO 4 - CRIANÇA, INFÂNCIAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL ............................53 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................53 2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..............................................................53 3 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL .......................59 4 EDUCAÇÃO INFANTIL: PROTAGONISMO DA CRIANÇA ...................................64 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................70 RESUMO DO TÓPICO 4 .......................................................................................... 75 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 76 REFERÊNCIAS .......................................................................................................78 UNIDADE 2 — LÚDICO E MUSICALIZAÇÃO: UM CONVITE PARA O PROTAGONISMO INFANTIL ..................................................................................87 TÓPICO 1 — O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DO BRINCAR AO APRENDER ......89 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................89 2 LUDICIDADE: LABORATÓRIO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ..........90 3 O LÚDICO E O PAPEL DO PROFESSOR: SABERES E DESAFIOS ......................94 4 BRINQUEDOTECA: A IMPORTÂNCIA DE UM ESPAÇO LÚDICO ...................... 101 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................108 AUTOATIVIDADE .................................................................................................109 TÓPICO 2 - O CONTEXTO HISTÓRICO DA LUDICIDADE .................................... 113 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 113 2 O LÚDICO NA LINHA DO TEMPO: DA PRÉ-HISTÓRIA AOS DIAS ATUAIS ...... 113 2.1 O LÚDICO NA PRÉ-HISTÓRIA ......................................................................................... 115 2.2 O LÚDICO NA ANTIGUIDADE ........................................................................................ 116 2.3 O LÚDICO NA IDADE MÉDIA .......................................................................................... 121 2.4 O LÚDICO NA IDADE MODERNA ...................................................................................122 2.5 O LÚDICO NA IDADE CONTEMPORÂNEA .................................................................. 124 3 A HISTÓRIA DO LÚDICO NO BRASIL ............................................................... 126 4 CRIANÇA PRODUZ CULTURA? ENTENDA A CULTURA LÚDICA ....................138 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 141 AUTOATIVIDADE .................................................................................................143 TÓPICO 3 - O LÚDICO E SEUS PRINCIPAIS TEÓRICOS .....................................145 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................145 2 O LÚDICO SEGUNDO PIAGET ..........................................................................145 3 O LÚDICO SEGUNDO LEV VYGOTSKY ............................................................. 153 4 O LÚDICO SEGUNDO TIZUKO KISHIMOTO ...................................................... 157 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................160 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................161 TÓPICO 4 - MUSICALIZAÇÃO E LUDICIDADE: A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NAS INFÂNCIAS .................................................................................... 163 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 163 2 MUSICALIZAÇÃO NA ESCOLA .........................................................................164 3 POR QUE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL?................................................168 4 A MÚSICA COMO LINGUAGEM EXPRESSIVA DA CRIANÇA .......................... 174 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 178 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................ 181 AUTOATIVIDADE .................................................................................................182 REFERÊNCIAS .....................................................................................................184 UNIDADE 3 — MUSICALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INFANTIL: DA TEORIA À PRÁTICA .............................................................................................................. 193 TÓPICO 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL E A VIVÊNCIA DO CANTO ORFEÔNICO NO BRASIL ...................................................................................... 195 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 195 2 A HISTÓRIA DA MÚSICA .................................................................................. 195 2.1 A HISTÓRIA DA MÚSICA PRIMITIVA ............................................................................ 196 2.2 A HISTÓRIA DA MÚSICA CULTURAL OU MÚSICA ANTIGA ..................................... 198 2.2.1 O cristianismo e a história da música ...............................................................203 2.3 HISTÓRIA DA MÚSICA CIENTÍFICO-CULTURAL OU DO PERÍODO MEDIEVAL ATÉ O MOMENTO ..........................................................................................205 2.4 A ORIGEM DOS NOMES DAS SETE NOTAS MUSICAIS ............................................ 214 2.5 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL E A VIVÊNCIA DO CANTO ORFEÔNICO ..........................................................................................................215 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................218 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 220 TÓPICO 2 - O SOM, A MÚSICA, A ESCUTA E O MOVIMENTO: DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA ................................................. 223 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 223 2 AS PROPRIEDADES DO SOM E DA MÚSICA ................................................... 223 3 INSTRUMENTOS MUSICAIS ADEQUADOS PARA AS CRIANÇAS .................. 228 4 A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA E DA EXPLORAÇÃO SONORA-MUSICAL ....... 230 5 SONS, MÚSICA E MOVIMENTO ....................................................................... 234 5.1 A MÚSICA É UM JOGO ...................................................................................................235 6 PAISAGEM SONORA E A PERCEPÇÃO DOS SONS ............................................ 240 7 A VOZ INFANTIL E PROBLEMAS VOCAIS ....................................................... 242 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................... 245 AUTOATIVIDADE .................................................................................................247 TÓPICO 3 - MUSICALIZAÇÃO, BNCC E EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES E CAMINHOS ................................................................................. 249 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 249 2 UM BREVE HISTÓRICO DAS LEGISLAÇÕES SOBRE O ENSINO DE MÚSICA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS ............................................................. 249 2.1 LEGISLAÇÃO E A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..............................253 2.2 BNCC E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO E COGNITIVO MUSICAL ......................255 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 260 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................... 263 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 265 TÓPICO 4 - MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM MUNDO DE POSSIBILIDADES ................................................................................................267 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................267 2 MÚSICA E INCLUSÃO: REFLEXÕES PARA A MUSICALIZAÇÃO EM SALA DE AULA ....................................................................................................267 3 OFICINAS DE MUSICALIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: DIALOGANDO COM AS PRÁTICAS ...................................................................... 271 3.1 BRINCANDO COM A VOZ .................................................................................................271 3.2 BRINCANDO COM OS SONS DO CORPO .................................................................... 276 3.3 MÚSICA, CORPO E MOVIMENTO ...................................................................................277 3.4 PERCEPÇÃO AUDITIVA E LUDICIDADE...................................................................... 279 3.5 CONFECÇÃO DE OBJETOS SONOROS OU INSTRUMENTOS MUSICAIS COM MATERIAIS ALTERNATIVOS ..................................................................................283 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................... 288 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 289 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 291 1 UNIDADE 1 - A CRIANÇA, SUAS INFÂNCIAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o percurso histórico de construção do conceito atual de infâncias; • refletir sobre as diferentes concepções de infância criadas ao longo dos tempos; • compreender a importância dos domínios, marcos e estágios do desenvolvimento infantil; • conhecer as teorias de desenvolvimento infantil de acordo com as concepções de Piaget, Vygotsky e Wallon, importantes para a compreensão do processo de aprendizagem e desenvolvimento; • analisar os principais fatos históricos que influenciaram direta e indiretamente no surgimento das instituições de Educação Infantil no Brasil; • perceber quanto a educação infantil é importante para o desenvolvimento da criança. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – NEM TODA CRIANÇA TEM INFÂNCIAS TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DOS DOMÍNIOS, MARCOS E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL TÓPICO 3 – O TRIPÉ DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL TÓPICO 4 – CRIANÇA, INFÂNCIAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 NEM TODA CRIANÇA TEM INFÂNCIAS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Criança Feliz, que vive a Cantar Alegre a Embalar seu Sonho infantil. Oh, Meu Bom Jesus, que a Todos Conduz, olhai as Crianças do Nosso Brasil! (FRANCISCO ALVES) Caro acadêmico! Você se lembra da sua infância? Que memórias você tem desse período? Lembra de algum fato em particular? O que a infância representa em sua vida? Sabe como foi a infância de seus pais? De seus avós? E como foi/está sendo a infância dos seus filhos, caso os tenha? Muitas lembranças da sua infância? Sim? Não? FIGURA 1 – O QUE É A INFÂNCIA? FONTE: <https://bit.ly/3lEVub5>. Acesso em: 29 nov. 2021. Agora vamos além: a maioria das pessoas quando pensa no significado da infância se refere a um conceito biológico e psicológico considerando a infância apenas como um período de crescimento e desenvolvimento do ser humano que vai do nascimento até a puberdade que, segundo o dicionário Aurélio, é uma fase que a criança vive sua meninice e puerícia (FERREIRA, 2004). É assim que você também definiu a infância? 4 NOTA Você já tinha ouvido falar em puerícia? Segundo o dicionário on-line Michaelis (2015), puerícia significa período da vida, compreendido entre a infância e a adolescência, conjunto dos indivíduos que estão na fase pueril. FONTE: PUERÍCIA. In: Dicionário Michaelis: Ed. Melhoramentos Ltda., 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/ portugues-brasileiro/puer%C3%ADcia. Acesso em: 10 jun. 2021. A concepção de infância dos dias de hoje é bem diferente de alguns séculos atrás. A criança passou de um ser sem importância para um cidadãocom identidade pessoal e histórica, com destaque e atenção na sociedade, mesmo não sendo de forma igualitária para todas as crianças. Obviamente, essa transformação não aconteceu em “um piscar” de olhos, foram necessários muitos anos, novas exigências sociais e econômicas, mudanças de paradigmas para que a humanidade tivesse um novo olhar para com as crianças. O conceito de infância foi historicamente construído, por isso variou muito no decorrer dos anos. Conforme Kuhlmann Júnior (2010, p. 30), “a história da criança é uma história sobre a criança. A interação é o terreno onde a criança se desenvolve”. [...] As relações sociais são parte integrante de suas vidas, de seu desenvolvimento”. É necessário conhecer e compreender o conceito de infância numa ótica histórica para entender a concepção atual de infâncias. Nessa perspectiva foi pensado o Tópico 1 desta unidade, trazendo um breve histórico da construção do conceito de infância, justificando o porquê usarmos a expressão conceitual “infâncias” no título do presente tópico. Boa leitura! 2 CONCEPÇÕES DA INFÂNCIA A infância é carregada de significados e sofreu ao longo dos anos inúmeras modificações. Para entendermos o conceito atual de infância precisamos fazer uma rápida viagem no tempo, começando pela Idade Média, quando foi construída a primeira definição de infância. Conforme Mello et al. (2013), a infância passou por quatro momentos importantes que foram chamados de Concepções da Infância. Vamos ver?! 5 • 1ª Concepção (séculos V ao XII) – Entende a infância apenas como uma fase ou etapa da vida, ou seja, a transição que toda criança faz para a vida adulta. Acreditava- se que a criança nesse período não possuía a habilidade de se comunicar através da fala, de expressar seus sentimentos, era um ser anônimo na sociedade. “Essa visão não leva em conta os aspectos sociais, econômicos que faz com que muitas crianças sejam arrancadas da sua infância antes de se “tornarem” adultas” (MELLO et al., 2013). É importante ressaltar que essa situação de crianças trabalhando enquanto deveriam brincar ou estar na escola, ainda persiste em nossa sociedade. A primeira definição de infância foi construída na Idade Média, através do conceito de Idades da Vida, que separava a vida em seis fases, sendo que a primeira correspondia ao período que vai do nascimento aos sete anos de idade (MELLO et al., 2013). A infância permaneceu no anonimato até fins do século XII. INTERESSANTE Etimologicamente, a palavra infância provém do latim e significa infante – o que (in) não (fante) fala, ou seja, incapacidade de falar, a chamada primeira infância. Essa fase se estendia até os sete anos de idade, tempo que representava a passagem para a idade considerada da razão. Juntava-se ao mundo adulto a partir do momento que conseguia destreza para andar, falar e desempenhar sozinha algumas atividades. Quando as crianças eram representadas através de pinturas, elas eram frequentemente retratadas em uma perspectiva de um adulto em miniatura. Inclusive quando a criança fazia 7 anos, recebia uma carteira de identidade jurídica, informando que agora ela era capaz de tomar decisões, e principalmente de trabalhar (KUHLMANN JÚNIOR, 2010). O pai nesse período tinha sobre o filho o direito de vida ou de morte, direito de castigá- lo, de condená-lo à prisão, de excluí-lo da família (BADINTER, 1985). Para ajudar na compreensão de como a infância era percebida na Idade Média, veremos a seguir duas pinturas que representavam muito bem as expressões artísticas daquele período. Na Figura 2a são ilustradas a criança e a infância da sociedade nobre, com roupas de adultos muito comuns nas produções artísticas da Idade Média. Segundo Postman (2011, p. 32), “[...] as pinturas coerentemente retratavam as crianças como adultos em miniatura, pois logo que as crianças deixavam de usar cueiros, vestiam-se exatamente como outros homens e mulheres de sua classe social”. A Figura 2b, nessa mesma linha de representação da infância, apresenta uma imagem tradicional de um bebê com expressão facial de um homem mais velho, ou seja, de um adulto. Os artistas da Idade Média seguiam a percepção de infância presente na sociedade medieval que não possuía um conceito diferenciado de criança, ou seja, a criança era apenas um adulto reduzido (KODAMA, 2021). 6 FIGURA 2 – INFÂNCIA DA IDADE MÉDIA FONTE: <https://artsandculture.google.com/asset/PQGtmOgny4UQTA> / https://images.app.goo. gl/A1ZattdYFrz8bLzs7. Acesso em: 29 nov. 2021. 2a 2b No mínimo curioso, não é verdade?! Na Idade Média, a infância terminava para a criança quando ela parava de mamar, o que acontecia por volta dos seis a sete anos de idade. A partir dessa idade, ela passava a conviver definitivamente com os adultos (CORTEZ, 2011). Adultos e crianças estavam sempre juntos, compartilhando da mesma linguagem, dos mesmos espaços, das mesmas vestimentas que eram exatamente idênticas. Havia uma alta taxa de mortalidade entre as crianças no mundo medieval, e por esse motivo, os adultos não tinham tanto vínculo emocional com a criança, pois o futuro dela era ainda incerto. Predominava, então, nessa época, a ideia de se ter vários filhos esperando que ao menos alguns sobrevivessem (PEREIRA, 2011, p. 17). • Segunda Concepção (séculos XIII ao XVI) – Nessa visão, a infância é considerada um momento mágico, lúdico quando as crianças não têm preocupações nem responsabilidades comuns à vida adulta, elas vivem de forma descontraída e sem preocupações. “A infância não é vista como período significativo e a brincadeira está presente, mas não representa um momento relevante” (MELLO et al., 2013). A criança é considerada um ser inacabado, imperfeito, vazio. A criança passou a se inserir na família, mas inicialmente numa perspectiva superficial, de paparicar, pois, era engraçadinha e divertia os adultos (ARIÈS, 1981). • Terceira Concepção (século XVII até meados do XIX) – A terceira concepção relaciona a infância a um período significativo de construção, formação, desenvolvimento, quando a criança através das descobertas de si e do mundo se constitui enquanto sujeito dotado de identidade, personalidade, caráter. A partir do século XVII a infância passa a ser reconhecida como uma etapa distinta e a criança sai do anonimato e passa a ter um mundo próprio separado do mundo do adulto (ARIÈS, 1981). A brincadeira ocupa lugar de destaque e é através dela que a criança se relaciona com seus pares, solta a imaginação, cria seus brinquedos, jogos e se desenvolve, sem precisar da intervenção de adultos (MELLO et al., 2013). 7 • Quarta Concepção (a partir do século XIX) – Esta é a visão atual da infância, quando a criança é entendida como um ser histórico-social-cultural de direitos e deveres e não apenas um ser biológico, que passa pelas faixas etárias até a fase adulta. A infância deixou de ser compreendida como uma “pré” etapa da fase adulta e passou a ser identificada como um estado diferenciado. Assim, ao mesmo tempo em que se reconhece que a definição de infância é tributária do contexto histórico, social e cultural no qual se desenvolve, admite-se a especificidade que a constitui como uma das fases da vida humana (MACIEL; BAPTISTA; MONTEIRO, 2009, p. 15). A partir dessa linha do tempo para entender o significado da infância percebe- se que no decorrer da história, a criança tem ocupado diferentes posições, dependendo do valor que a sociedade lhe dava. O historiador Philippe Ariès, em sua obra “História Social da criança e da família”, traça uma trajetória de como a criança vem sendo tratada ao longo dos séculos. Ressalta, por exemplo, que a infância sempre esteve ligada à ideia de dependência, que a criança, no decorrer da história foi vista e tratada como alguém que vai ser um adulto (ARIÈS, 1981). A ascensão da infância enquanto conceito e preocupação específica conforme Badinter (1985) é proporcional ao progressivo declínio do poder do pai na família e na sociedade.“Até meados do século XIX, o pai ocupava o lugar de rei sobre os filhos e a mulher. O pai possuía poderes duplos, ele dominava na esfera pública e na doméstica; pois cabiam a ele as decisões fundamentais quanto ao destino dos filhos como, onde estudar, com quem se casar” (GAÍVA; PAIÃO, 1999, p. 76). Para Arroyo (2012) apud Mello et al., (2013), a infância está relacionada ao papel da mulher na sociedade e quando ela ingressa no mundo do trabalho, a infância se constitui como categoria social, e, consequentemente, a criança se torna um sujeito público e social de direitos. O conceito de infância é uma construção que vai surgindo a partir do século XIX e o início do século XX em que a representação da infância começa a ter maior visibilidade (NEVES, 2005). Tudo que foi visto até aqui nos permite afirmar que o significado de criança é dado pela representação que o adulto tem sobre ela, em seus aspectos sociais, culturais, psicológicos e biológicos. No Brasil, século XIX tivemos, a criação de leis e políticas que asseguram direitos de proteção às crianças, preocupação com a saúde através de campanhas de vacinação e projetos de educação da criança em todos os níveis, levando a infância a ocupar um maior lugar de destaque nos meios de comunicação. 8 FIGURA 3 – LINHA DO TEMPO SOBRE A CONCEPÇÃO DA INFÂNCIA FONTE: A autora Leandro Karnal, um dos maiores historiadores brasileiros, explica no YouTube como foi essa evolução da concepção de infância desde a Idade Média, até os dias atuais. Na Idade Média, “as crianças eram adultos estúpidos” (KARNAL, 2017). Vamos assistir?! 9 DICA Basta ler o QR Code ao lado ou entrar no link através do link: https://www.youtube.com/watch?v=7muGDWAkY90. A partir do exposto sobre as concepções da infância percebe-se que o conceito de infância no Brasil também sofreu influência dos momentos histórico-sociais que vivenciamos. O conceito atual de infância surgiu como resultado das lutas sociais em defesa da criança. Aos poucos a criança vai se destacando, assumindo identidade, voz, passa a ter direitos com a criação de leis próprias. Todas essas alterações socioculturais no modo de perceber e tratar a infância, acabaram por conduzir, mesmo que gradativamente, a algumas melhorias. Fundamentada na necessidade de vê-la como um ser singular, surgiram, então, a Pediatria, como especialidade da medicina; a criação de vestimentas próprias à infância, brinquedos infantis, dentre outros. Em 1959, foi proclamada a Declaração dos Direitos da Criança, e mais recentemente, como fruto da Constituição Brasileira de 1988, foi aprovado, sob forma de lei, o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 (GAÍVA; PAIÃO, 1999, p. 76). Arroyo (1994) afirma que a infância não é algo estático, é algo que está em permanente mudança a depender do contexto social, político, econômico em que está inserido. Por tais motivos não é aconselhável referir-se à “infância” como única, devemos, sim, compreender as “infâncias” diversas em seu tempo e sua realidade. IMPORTANTE É importante ressaltar que existem variadas e diversas formas de viver ou não viver a infância. “Sendo importante ter sempre presente que a infância não é singular, nem é única. A infância é plural: infâncias” (BARBOSA, 2000, p. 101). Prout e James (1991) apud Pinto (1997) corroboram com a concepção da existência de infâncias ao invés de uma apenas, ao ponderar que “A infância é uma variável da análise social, não dissociável de outras variáveis, tais como o sexo, ou a classe social; a análise comparativa e transcultural, revela uma grande variedade 10 de infâncias” (PROUT; JAMES, 1991, p. 8 apud PINTO, 1997, p. 68, grifo nosso). Nesse contexto, podemos ressaltar que as representações de infância variam conforme o tempo, classe social, a colocação da criança no espaço familiar, a questão de gênero, etnia, bem como na sociedade em geral. 3 SER CRIANÇA NÃO SIGNIFICA TER INFÂNCIA No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), no primeiro volume (são três ao total) a concepção de infância está relacionada à condição social considerando também que existem diferentes infâncias, dependendo da sua classe social, das diferenças econômicas, culturais, religiosas e as diferenças individuais que estão presentes na vida de cada criança. Esse referencial visa contribuir com as políticas e programas de educação infantil, subsidiando o trabalho educativo de professores e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais (BRASIL, 1998). IMPORTANTE Você conhece o RCNEI? É um documento muito importante para a Educação Infantil. Constitui-se em um conjunto de referências e orientações pedagógicas para auxiliar a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças. Não conhece o RCNEI ainda? Então é só ler o QR Code ao lado ou entrar no link: https://www.novaconcursos.com.br/blog/pdf/referencial-curricular- nacional-educacao-infantil-pref-limeira-sp.pdf, para ter acesso aos três volumes juntos. Ótima leitura! Voltando ao conceito de infâncias é importante destacar que as crianças vivenciam experiências diferenciadas ao longo dos anos e a infância vivida pelos nossos pais não é a mesma vivida por nós, pois, cada geração passa por influências do meio social que determinam seu modo de ser e viver (SARMENTO, 2000). 11 E assim também acontece com as crianças em condições econômicas diferentes e em países diferentes. Por exemplo, a infância de uma criança de classe baixa (pobre) no Brasil é bem diferente da infância de uma criança americana de classe alta e ambas são respectivamente diferentes da infância de seus pais e avós. Nesse contexto, é importante destacar que em nenhum momento se quis negar a existência biológica da criança. E sim reconhecer que antes do século XVI, a consciência da sociedade não enxergava a existência autônoma da infância como uma categoria diferenciada do gênero humano. Quando as crianças não dependiam mais da mãe já eram incorporadas plenamente ao mundo dos adultos (LEVIN, 1997). Conforme Neves (2005), “antigamente não existia uma valorização da criança como indivíduo, havia criança, mas não existia o conceito de infância”. A infância é a primeira etapa da vida quando a criança forma sua identidade, desenvolve-se biológica e cognitivamente por meio das experiências e brincadeiras, precisando ser entendida como uma fase da vida muito importante e cheia de significados, assim como é a fase adulta, e não apenas como uma transição, uma preparação para a fase adulta. A criança, mesmo dependendo dos pais/responsáveis é um cidadão, portanto, tem tantos direitos quanto um adulto que precisam ser respeitados e garantidos. É preciso considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto de experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos, geográficos e sociais é muito mais que uma representação dos adultos sobre essa fase da vida. É preciso conhecer as representações da infância e considerar as crianças concretas, localizá-las nas relações sociais etc., reconhecê-las produtoras da história (KUHLMANN JÚNIOR, 2010, p. 30). Para tanto, a história da infância nos proporciona entender a criança como sujeito que está na história e que faz parte dessa história, indícios da concepção de criança como sujeito, que deve ser respeitado e ouvido (KUHLMANN JÚNIOR, 2010). Enfatiza-se a possibilidade de sua participação como ser social, político e cultural, na construção de sua vida em sociedade. Incrível que tantas mudanças aconteceram na perspectiva de entendimento da infância, porém, em pleno século XXI as crianças continuam sendo desrespeitadas. Existem ainda diferentes formas de perceber e tratar as crianças, tendo aqueles que são omissos, os que superprotegem e os que conseguem perceber o papel social delas. “Elas continuam escravasdos desejos e ansiedades dos adultos, que não conseguem perceber nelas a capacidade de pensar, querer e de sentir. A tendência é vê-las como seres dependentes e que necessitam ser protegidos” (GAÍVA; PAIÃO, 1999, p. 76). 12 Quer saber mais sobre a construção do conceito de infância? Então assista ao vídeo/ documentário “A Invenção da Infância”! Basta ler o QR Code a seguir ou entrar no link: https://www.youtube.com/watch?v=8Q9FgGYBtzg O curta-metragem brasileiro “A Invenção da Infância” foi dirigido por Liliana Sulzback, também responsável pelo roteiro e, ao lado de Mônica Schmiedt, pela produção executiva, recebeu 15 prêmios no Brasil e exterior. Retrata um desequilíbrio existente e que abala o conceito de infância em um mesmo país. O filme finaliza com a frase: “Ser criança não significa ter infância”. Também gostaríamos de sugerir um livro que é pura inspiração: Nordeste criança: olhares das infâncias, tem como autoria o Conselho Federal de Psicologia e Frente Nordeste Criança. “No olhar de uma criança cabe o mundo. Nele, encontramos a vida, a sua fragilidade e todo o futuro que inevitavelmente acontecerá”. Para fazer o download do livro basta ler o QR Code ou entrar no link: https://site.cfp.org. br/wp-content/uploads/2021/05/Catalogo_Olhares_Das_Infancias.pdf. DICA 13 4 QUAIS SÃO AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL? No Artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) fica estabelecida a idade cronológica da criança: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 2008, p. 9). A idade cronológica da criança é um referencial, pois, possibilita organizar os indicativos de mudanças, de desenvolvimento em domínios/marcos, que caracterizam a criança em cada período etário. Os marcos são padrões de referência, ou indicadores do desenvolvimento da criança, relacionados à maturação orgânica e psíquica. Indicam mudanças esperadas em faixas etárias que possibilitam estabelecer parâmetros para orientar a avaliação do fluxo do desenvolvimento e a maneira mais adequada de abordar e cuidar da criança (FUJIMORI; OHARA, 2009, p. 63). Vamos iniciar falando da primeira infância, destacando o período do nascimento até a criança completar três anos de idade chamado de primeiríssima infância (MARINO; PLUCIENNIK, 2013), já que essa fase é considerada a principal para o desenvolvimento do indivíduo (Figura 3). Então qual seria a faixa etária da primeira infância? Segundo o Plano Nacional pela Primeira Infância e a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI, 2020) o período que compreende a primeira infância é de o nascimento até a criança completar seis anos de vida (Figura 4). FIGURA 4 – FAIXA ETÁRIA DA PRIMEIRÍSSIMA E PRIMEIRA INFÂNCIA FONTE: <https://jornal.usp.br/universidade/investir-na-primeira-infancia-e-como-uma-vacina- para-o-desenvolvimento-humano-diz-pesquisadora-da-usp/>. Acesso em: 29 nov. 2021. 14 Já Cardoso (2017) divide a infância em três fases de acordo com a faixa etária: primeira infância, segunda infância e terceira infância (FIGURA 5). FIGURA 5 – FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Fonte: A autora 15 NOTA Você já ouviu falar no Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI)? É um documento político e técnico que orienta decisões, investimentos e ações de proteção e de promoção dos direitos das crianças na primeira infância. O foco nos primeiros seis anos é coerente com o relevante significado desse período no conjunto da vida humana e é a forma de assegurar os direitos da criança com a necessária especificidade e com a prioridade que lhe atribui a Constituição Federal (Art. 227). Descurar, por omissão, ignorância ou displicência, o tempo da infância é um crime contra as crianças e contra a sociedade (RNPI, 2020, p.11). Considerando que os três primeiros anos de vida correspondem ao período de maior desenvolvimento cerebral optou-se em chamar esse período de primeiríssima infância para dar destaque a essa fase tão importante para as crianças, assim como o fez o Programa “Primeiríssima Infância: responsabilidade de todos”, uma parceria entre a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, a Prefeitura Municipal de São Carlos e a instituição Obras Sociais da Associação Espírita Francisco Thiesen (MARINO; PLUCIENNIK, 2013, p. 13). O recorte reputa ao período que abrange da gestação aos três primeiros anos de vida de uma pessoa e sua escolha se sustentou nas descobertas recentes da neurociência, que apontam o intervalo em questão como o mais relevante entre os períodos sensíveis do desenvolvimento cerebral. Afinal, a garantia de condições adequadas de nutrição, o cuidado, a atenção, a convivência e o aprendizado durante esta fase da vida fazem toda a diferença para que as funções cerebrais do indivíduo floresçam ao longo de toda a sua existência. Conforme Rogers e Dawson (2014), os primeiros anos de vida de uma criança correspondem a um período de grande neuroplasticidade, e com isso as crianças apresentam uma rápida capacidade de aprendizagem. NOTA Neuroplasticidade ou plasticidade neural “refere-se à capacidade do cérebro de mudar, se adaptar e desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios” (ANDRADE, 2020, s.p.). 16 É importante ressaltar que apesar de ser possível a criação de novas conexões neuronais em indivíduos adultos, o cérebro é mais plástico nos primeiros anos (ANDRADE, 2020). É na primeiríssima infância, especialmente entre zero e três anos de idade, que se formam as bases do desenvolvimento do indivíduo, nos seus diversos aspectos físicos, motores, sociais, emocionais, cognitivos, linguísticos, comunicacionais, entre outros (PORTUGAL, 2009). 17 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A concepção de infância dos dias de hoje é bem diferente de alguns séculos atrás. • O conceito de infância foi historicamente construído, por isso variou muito no decorrer dos anos. • 1ª Concepção (séculos V ao XII) – Entende a infância apenas como uma fase ou etapa da vida, ou seja, a transição que toda criança faz para a vida adulta. • Segunda Concepção (séculos XIII ao XVI) – Nessa visão, a infância é considerada um momento mágico, lúdico, quando as crianças não têm preocupações nem responsabilidades comuns à vida adulta, elas vivem de forma descontraída e sem preocupações. • Terceira Concepção (século XVII até meados do XIX) – A terceira concepção relaciona a infância a um período significativo de construção, formação, desenvolvimento, quando a criança através das descobertas de si e do mundo se constitui enquanto sujeito dotado de identidade, personalidade, caráter. • Quarta Concepção (a partir do século XIX) – Essa é a visão atual da infância, quando a criança é entendida como um ser histórico-social-cultural de direitos e deveres e não apenas um ser biológico, que passa pelas faixas etárias até a fase adulta. • As representações de infância variam conforme o tempo, classe social, a colocação da criança no espaço familiar, a questão de gênero, etnia, bem como na sociedade em geral. • No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), no primeiro volume (são três ao total) a concepção de infância está relacionada à condição social considerando também que existem diferentes infâncias, dependendo da sua classe social, das diferenças econômicas, culturais, religiosas e as diferenças individuais que estão presentes na vida de cada criança. • Segundo o Plano Nacional pela Primeira Infância (RNPI, 2020) o período que compreende a primeira infância é de o nascimento até a criança completar seis anos de vida. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 A concepção de infância dos dias de hoje é bem diferente de alguns séculos atrás, assim, sofreu algumas variações no decorrer dos anos. A infância passou por quatro momentos importantes que foram chamados de Concepções da Infância. Sobre as características da Segunda Concepção, nos séculos XIIIao XVI, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A infância é um período significativo de construção, formação e desenvolvimento da criança, organizando sua identidade. b) ( ) A infância é um espaço em que a criança se relaciona com seus pares, solta a imaginação e cria suas brincadeiras. c) ( ) A infância é considerada como um momento lúdico, em que as crianças não possuem preocupações ou responsabilidades. d) ( ) A infância caracteriza a criança como um ser histórico-social-cultural de direitos e deveres e não apenas um ser biológico. 2 A concepção de infância sofreu alterações ao longo dos anos. Iniciou na Idade Média, com a primeira concepção de infância, depois passou por quatro momentos denominados de Concepções da Infância, segundo cada época do desenvolvimento social. Com base nas definições sobre a primeira concepção de infância, analise as sentenças a seguir: I- A infância consiste apenas em uma fase ou etapa da vida, algo que toda criança realiza para alcançar a vida adulta. II- Nessa fase, a criança possui a habilidade de falar, expressar seus sentimentos, não era um ser anônimo na sociedade. III- As crianças e adultos conviviam sempre juntos, compartilhavam da mesma linguagem e espaços, as vestimentas eram idênticas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 19 3 As crianças vivenciam experiências diferenciadas ao longo dos anos e a infância apresenta diferenças de entendimentos, visto que, cada geração passou por influências do meio social que determinaram seu modo de ser e viver. De acordo com as características do atual conceito de infância, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As condições que caracterizam o conceito de infância podem variar, conforme as condições econômicas e a cultura do país. ( ) A infância é a primeira etapa da vida, quando a criança forma sua identidade, desenvolve-se biologicamente e cognitivamente. ( ) A criança é considerada como um cidadão, contudo, não possui os mesmos direitos, assim como os adultos, que precisam ser respeitados e garantidos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O RCNEI (BRASIL, 1998) consiste no documento que visa contribuir com as políticas e programas de educação infantil, subsidiando o trabalho educativo de professores e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais. Disserte sobre o proposto no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil referente à Educação Infantil. FONTE: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3 v. 5 A primeira infância destaca o período referente ao nascimento até a criança completar três anos de idade, denominado de primeiríssima infância. Essa fase é considerada como a principal para o desenvolvimento do indivíduo. Disserte sobre as considerações do programa ‘Primeiríssima Infância: responsabilidade de todos’, sobre os três primeiros anos de vida, a respeito do desenvolvimento cerebral. 20 21 A IMPORTÂNCIA DOS DOMÍNIOS, MARCOS E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - O desenvolvimento infantil passou despercebido em grande parte da história da humanidade. Entretanto, como já destacado no capítulo anterior, a criança não é uma pequena versão do adulto, ela apresenta características próprias de sua idade. Ter essa compreensão é fundamental para compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano, pois, existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada fase de vida. É fundamental que os pais/responsáveis/cuidadores/professores conheçam os marcos, os domínios e estágios da infância e entendam qual a relação com o desenvolvimento e o aprendizado da criança. Por que é necessário entender os marcos e estágios do desenvolvimento infantil? Quando temos consciência dos marcos e estágios do desenvolvimento infantil podemos ter um parâmetro do que esperar de diferentes áreas e habilidades em cada idade, e assim elaborar estratégias de ensino que estimulem ainda mais esses campos. Contudo, é importante considerar que quando os estímulos não apresentam resultados desejáveis, o auxílio de outros profissionais especialistas, como pediatras e neurologista serão necessários (BRASIL, 2016). Saber o que está acontecendo com a criança permite entender melhor suas necessidades e dificuldades. Conhecer os marcos e estágios do desenvolvimento infantil é necessário tanto para os médicos, como para os professores e pais, ou seja, para todos que trabalham ou convivem com crianças. Com tais informações é possível perceber se a criança está com algum atraso, problema no seu desenvolvimento e se for o caso, já buscar ajuda profissional adequada, bem como pensar em estratégias que contribuam para sua evolução. Conhecer as etapas do desenvolvimento infantil e os domínios permite uma preparação para os desafios que vão surgindo em cada fase. 22 2 QUAIS OS DOMÍNIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL? Papalia, Olds e Feldman (2001) classificam os aspectos do desenvolvimento infantil em três domínios: domínios do desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention) – CDC – acrescenta à classificação o domínio da linguística. Vamos ver na Figura 6 a seguir. 23 FIGURA 6 – DOMÍNIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL FONTE: A autora 24 Todos os domínios/aspectos do desenvolvimento infantil têm os primeiros anos de vida como um período de importância fundamental. Segundo Thompson e Nelson (2001), mesmo após o nascimento, na infância o cérebro segue em intensa organização neurofisiológica propiciando um período de grande riqueza e potencialidade para o desenvolvimento. Apesar de serem domínios distintos, onde um tiver uma mudança acarretará mudanças nos demais domínios. Por exemplo: um avanço relacionado ao domínio do desenvolvimento físico-motor facilitará outras aprendizagens e, assim, outros domínios serão beneficiados. Observar um bebê que ainda engatinha e observá-lo um mês depois permite espantarmo-nos, pois são notórias as inúmeras conquistas já alcançadas! Talvez já ande sozinho ou se aventure a dar passos agarrado ao mobiliário ou à mão de alguém. Esta capacidade de se deslocar mais autonomamente permite ver o mundo de uma outra perspectiva e ter acesso a realidades até então desconhecidas. Tudo isto desperta o desejo da criança por novas formas de interação com os objetos e com as pessoas que fazem parte da sua vida (DIAS; MARCELINO, 2013, p. 14). Conforme Flinchum (1981), existe uma grande relação entre o desenvolvimento mental e o desenvolvimento motor até os três anos de idade, mais que nos anos seguintes. Um domínio do desenvolvimento depende do outro para que a evolução plena aconteça. Portugal (2009, p. 96) destaca “não se pode estimular o desenvolvimento cognitivo sem trabalhar simultaneamente o desenvolvimento físico, emocional e social “[...]. Cabe aqui também ressaltar que não existem padrões de desenvolvimento totalmente iguais em todos os seres humanos. O processo de desenvolvimento humano é pessoal e dentro de um contexto histórico e cultural considerando as especifi- cidades hereditárias do indivíduo e aquelas que são resultantes da sua experiência de interação com a realidade social e física (DIAS; CORREIA; MARCELINO, 2013). O desenvolvimento infantil não ocorre de forma linear podendo variar de acordo com diversos fatores, como os estímulos que são oferecidos à criança, o ambiente em queela vive e sua relação com os pais e responsáveis. Assim, as crianças com a mesma idade apresentam variações no seu desenvolvimento global. 25 NOTA O desenvolvimento global é um conjunto de habilidades responsável pela autonomia de um indivíduo. E quando algo não está bem ocorre um atraso chamado de Atraso no Desenvolvimento Global ou Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) – que é um atraso significativo em duas ou mais áreas voltadas para o aspecto progressivo da criança (seja ela a linguagem, a cognição, as competências sociais e comportamentais; além da motricidade fina e grossa) (BRITES, 2018). Então, atenção! Apesar de não existir um padrão único de desenvolvimento, os marcos do desenvolvimento infantil precisam ser respeitados e acompanhados. Um atraso significativo no desenvolvimento da criança precisa ser investigado. Muito cuidado com aquela frase “corriqueira”: “Toda criança tem seu tempo”! Pois, toda criança tem seu tempo dentro dos marcos do desenvolvimento. Quando o atraso é muito distante para o que era esperado para a idade, sim, é motivo de preocupação e precisa ser investigado. Pais, responsáveis, cuidadores e professores, fiquem atentos! 3 ACOMPANHANDO DE PERTO OS MARCOS E ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL “Os marcos do desenvolvimento infantil são referências usadas para acompanhar o crescimento dos pequenos. [...]” (KINEDO, 2020). Portanto, não são regras. Conforme o Dr. Brites do Instituto Neurosaber (2021a), os marcos servem para orientar pais e cuidadores, lembrando que se verificado algum atraso considerável no desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida, a recomendação é buscar ajuda médica para averiguar. Por todos esses motivos é fundamental ressaltar a importância dos pais/ responsáveis acompanharem o desenvolvimento dos pequenos e levarem as crianças em consultas periódicas ao pediatra. Você quer saber o que é previsto nos marcos do desenvolvimento até os cinco anos de idade? A tabela a seguir apresenta alguns dos marcos de desenvolvimento que as crianças apresentam desde o nascimento até os seus cinco anos de idade (Quadro 1). 26 QUADRO 1 – MARCOS DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DO NASCIMENTO ATÉ OS SEUS CINCO ANOS DE IDADE Idade Psicossocial Linguístico Cognitivo Físico-motor 0 a 6 meses Sorri e dá risadas com cócegas; Balbucios e arrulhos; Vira a cabeça para acompanhar sons; Movimentos dos olhos coordenados; Ergue a Cabeça; Rola; Senta com apoio; Leva a boca objetos; 6 a 9 meses Entende o “não”; Ri e dá gargalhadas por prazer; Balbucia vogais e consoantes, como mama e papa; Responde pelo seu nome; Aumenta o interesse por um determinado brinquedo; Senta sem apoio; Fica de pé segurando as mãos de alguém; Engatinha; Manipula objetos com as mãos; 9 a 12 meses Chora quando os pais saem; Imita sons e gestos; Joga jogos interativos; Interesse por outras crianças; Entende e pode falar mamãe ou papai; Acena para dar tchau; Cutuca com o dedo; Responde a simples solicitações; Aponta; Levanta para ficar de pé; Caminha segurando nas coisas; Movimento de pinça; 18 meses Estranha desconhecidos; Birras; Imaginação no brincar; Fala algumas palavras; Fala e balança a cabeça para dizer não; Aponta para mostrar coisas; Aponta para partes do corpo; Faz rabiscos; Segue orientações simples; Caminha sem apoio; Segura e bebe no copo; Come com colher; 2 anos Brinca ao lado de outra criança; Mostra mais independência; Começa a formar frases; Repete palavras; Aponta imagens de um livro; Começa a nomear cores e formas; Empilha blocos; Brinca de faz de conta; Começa a correr; Fica na ponta dos pés; Arremessa bolas; 3 anos Brinca com outras crianças; Demonstra preocupação com amigos chorando; Se comunica com frases maiores; Fala seu nome e idade; Empilha blocos e faz torres; Brinca de faz de conta e usa mais a imaginação; Abre portas Sobe e desce escadas; Corre com facilidade; 4 anos Fala sobre gostos e interesses; Aguça a imaginação nas brincadeiras; Fala grandes sentenças de frases; Conta histórias; Sabe o nome das cores e números; Entende o igual e diferente; Reconta histórias; Pula em um pé só; Agarra bola; Usa tesoura; 5 anos Quer ser como os amigos; Distingue a realidade do faz de conta. Fala com clareza grandes sentenças; Usa o tempo futuro; Fala seu nome e endereço. Conta até dez ou mais; Reproduz algumas letras e números. Pula em um pé só por mais tempo; Escala pequenas alturas; Sabe comer sozinho com colher e garfo. FONTE: Adaptado de CDC (2012) e Instituto Neurosaber (2021a) 27 Nesse contexto, Cardoso (2017), considerando os domínios e marcos do desenvolvimento infantil, organizou uma tabela com os estágios do desenvolvimento da criança do nascimento aos 11 anos de idade (Quadro 2). QUADRO 2 – ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DO NASCIMENTO AOS 11 ANOS DE IDADE Idade Físico Cognitivo Psicossocial Primeira Infância ou Primeiríssima Infância – período neonatal (do nascimento) até os 3 anos aproximadamente Todos os sentidos e sistema corporais funcionam no nascimento em graus variados; O cérebro cresce em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental; o crescimento físico e o desenvolvimento de habilidades motoras são rápidos. As capacidades de aprender e lembrar estão presentes já nas primeiras semanas; O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvem- se no fim do segundo ano aproximadamente; a compreensão e o uso da linguagem desenvolvem- se rapidamente. O apego aos pais e a outras pessoas estabelece- se; A autoconsciência desenvolve-se; Ocorre a passagem da dependência para a autonomia; o interesse por outras crianças aumenta. Segunda Infância (dos 3 aos 6 anos) O crescimento mantém o ritmo; a aparência torna-se mais esguia e as proporções ficam mais parecidas com a dos adultos; O apetite diminui e os problemas do sono tornam- se comuns; manifesta-se a preferência por uma das mãos; as habilidades motoras grossas e finas melhoram e a força aumenta. O pensamento é bastante egocêntrico, mas aumenta a compreensão da perspectiva de outras pessoas; A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias sem lógica sobre o mundo; A memória e a linguagem melhoram; A inteligência torna-se mais previsível; a experiência da pré-escola é comum e a do jardim de infância mais ainda. O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a autoestima é global; a independência, a iniciativa e o autocontrole aumentam; a identidade de gênero desenvolve-se; a brincadeira muda e fica mais elaborada, imaginativa e mais social. São comuns os fatores com o altruísmo, o medo e a agressividade; a família é o foco mais importante da vida social, mas as outras crianças com quem convive tornam-se importantes. Terceira infância (dos 6 aos 11 anos) O crescimento desacelera; a força e as habilidades atléticas melhoram; as doenças respiratórias são comuns, mas a saúde está geralmente melhor do que em qualquer outra época do curso da vida. O egocentrismo diminui. As crianças começam a pensar logicamente, mas de forma concreta; as habilidades da memória e da linguagem melhoram; os ganhos cognitivos permitem que as crianças beneficiem da educação formal. A Autopercepção torna-se mais complexa, afetando a autoestima; a partilha de regras reflete a passagem gradual do controle dos pais sob a criança; o grupo de amigos assume uma importância central. FONTE: Adaptado de Cardoso (2017) 28 O desenvolvimento da criança está centrado nos seus processos de mudança e de estabilidade. Para uma melhor compreensão desse desenvolvimento, é necessário observar a formacomo a criança muda desde o nascimento até à sua adolescência, assim como prestar atenção às características que nela permanecem relativamente estáveis (CARDOSO, 2017). Para o desenvolvimento físico acontece o crescimento do corpo e do cérebro, incluindo também o desenvolvimento das capacidades sensoriais. No desenvolvimento cognitivo é possível observar a mudança das habilidades mentais, nomeadamente, a aprendizagem, a atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e a criatividade. Por fim, o desenvolvimento psicossocial acompanha a evolução da personalidade, das relações sociais e das emoções inerentes. Apesar de interligados, os desenvolvimentos, físico, cognitivo e psicossocial são influenciados pelo ambiente em que a criança se insere [...] (CARDOSO, 2017, p. 7). Até agora, durante esta unidade do nosso livro didático, falamos bastante de crescimento e desenvolvimento da criança. Você sabe qual é a diferença entre eles? IMPORTANTE Crescimento é o processo responsável pelas mudanças em tamanho e sujeito às modificações que dependem da maturação. Já o desenvolvimento é caracterizado como as mudanças em complexidade ou o plano geral das mudanças do organismo por meio das influências do processo de maturação ambiental e da aprendizagem (PINHEIRO, 1997). O desenvolvimento consiste no surgimento e aperfeiçoamento das habilidades motoras, cognitivas e psicossociais (FUJIMORI; OHARA, 2009). 4 CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA: SAÚDE, CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Para auxiliar e facilitar para os pais/responsáveis acompanharem o desenvolvimento das crianças temos no Brasil a Caderneta de Saúde da Criança (CSC) (Figura 4). A caderneta é considerada o principal instrumento utilizado para acompanhamento infantil no contexto da atenção básica, essencial na vigilância por ser o documento no qual são registrados dados e eventos mais significativos para a saúde da criança (OLIVEIRA, 2012). A CSC é doada para os pais logo após o nascimento do bebê e é diferente para meninos e meninas (Figura 7). 29 FIGURA 7 – CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA (CSC) PARA MENINO (DA ESQUERDA) E PARA MENINA FONTE: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino_12ed.pdf>. “A Caderneta de Saúde da Criança é um documento importante para acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança, do nascimento até os 9 anos” (BRASIL, 2013, p. 3). A partir dos 10 anos passa para a Caderneta de Saúde do Adolescente. Através do preenchimento da Caderneta é possível verificar se as crianças estão crescendo e se desenvolvendo conforme os marcos para cada idade. É muito útil tanto para os pais/responsáveis como para pediatras e demais profissionais da saúde. É bem fácil, basta ir preenchendo de acordo com as instruções, por idade e de acordo com as características observadas na criança (Figura 8). 30 FI G U RA 8 – IN ST RU M EN TO D E VI G IL ÂN CI A D O D ES EN VO LV IM EN TO D A CA D ER N ET A D E SA Ú D E D A CR IA N ÇA FO N TE : < h tt ps :// w w w .d rn ob re ga .c om .b r/ po st /a co m pa nh am en to -d o- cr es ci m en to -e -d o- de se nv ol vi m en to -in fa nt is >. A ce ss o em : 2 9 no v. 2 02 1. 31 Observe que os retângulos de cor amarela representam a idade mínima e máxima esperadas para que a criança apresente o desenvolvimento esperado para a sua idade (Figura 8). Por exemplo: “É esperado que uma criança comece a observar o rosto de outra pessoa com um mês de vida, e localizar o som feito por outra pessoa entre quatro e seis meses de vida” (NÓBREGA, 2020, s.p.). Caso os pais percebam qualquer alteração em relação ao desenvolvimento esperado da criança, devem procurar o pediatra para que eventuais encaminhamentos a outras áreas sejam providenciados. Por exemplo: atraso na fala, dificuldades na coordenação motora e dificuldade para brincar com outras crianças (NÓBREGA, 2020). Além de possibilitar que os pais/responsáveis acompanhem o crescimento e desenvolvimento das crianças, a Caderneta de Saúde da Criança também traz informações e orientações para ajudar a cuidar melhor da saúde, bem como apresenta os direitos da criança e dos pais, orientações sobre o registro de nascimento, amamentação e alimentação saudável, vacinação, sinais de perigo de doenças graves, prevenção de acidentes e violências, entre outros. Para os médicos e profissionais da saúde, têm também os gráficos de crescimento, instrumento de vigilância do desenvolvimento e tabelas para registros das vacinas aplicadas (BRASIL, 2013). DICA Quer conhecer a Caderneta de Saúde? Esta aqui é a versão menino. Só ler o QR Code ao lado ou entrar no link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_ saude_crianca_menino_11ed.pdf. Não podemos falar em desenvolvimento infantil sem conhecer brevemente alguns dos principais teóricos que estudaram o desenvolvimento da criança. Esse será o nosso próximo assunto. Vamos lá?! 32 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Mesmo após o nascimento, na infância, o cérebro segue em intensa organização neurofisiológica, propiciando um período de grande riqueza e potencialidade para o desenvolvimento. • O processo de desenvolvimento humano é pessoal e dentro de um contexto histórico e cultural considerando as especifi cidades hereditárias do indivíduo e aquelas que são resultantes da sua experiência de interação com a realidade social e física. • O desenvolvimento da criança está centrado nos seus processos de mudança e de estabilidade. Para uma melhor compreensão desse desenvolvimento, é necessário observar a forma como a criança muda desde o nascimento até à sua adolescência. • Para auxiliar e facilitar os pais/responsáveis a acompanharem o desenvolvimento das crianças temos no Brasil a Caderneta de Saúde da Criança (CSC). • Através do preenchimento da Caderneta é possível verificar se as crianças estão crescendo e se desenvolvendo conforme os marcos para cada idade. • A Caderneta de Saúde da Criança é um documento importante para acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança, do nascimento até os nove anos. 33 1 A construção da concepção da infância influenciou os estudos sobre o desenvolvimento infantil. Assim, sua compreensão é fundamental para o entendimento sobre a importância da percepção e compreensão de cada fase da vida. Sobre os domínios do desenvolvimento infantil, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Domínios do desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. b) ( ) Domínios do desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial. c) ( ) Domínios do desenvolvimento afetivo, físico e cognitivo. d) ( ) Domínios do desenvolvimento mental, afetivo e social. 2 Os marcos servem para orientar os pais e cuidadores, sobre o desenvolvimento infantil nos primeiros anos, caso percebam algum atraso considerável a recomendação é buscar ajuda médica para averiguar. Com base nos marcos do desenvolvimento de 0 a 6 meses, analise as sentenças a seguir: I- A criança sorri e ri com cócegas, emite balbucios e arrulhos. II- Movimenta a cabeça para acompanhar os sons. III- Responde pelo seu nome e busca os brinquedos com os olhos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 De acordo com os domínios e os marcos do desenvolvimento infantil, os estágios do desenvolvimento da criança do nascimento aos 11 anos foram organizados em Primeira infância, Segunda infância e Terceira infância. De acordo com as características Segunda infância, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O pensamento é egocêntrico, entretanto aumenta a compreensão da perspectiva de outras pessoas. ( ) A maturidade cognitiva em ideias com lógica sobre as situações condizentesao seu meio e ao mundo. ( ) A memória e a linguagem se ampliam, a inteligência torna-se mais previsível. AUTOATIVIDADE 34 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Os estágios do desenvolvimento da criança do nascimento aos 11 anos de idade assinalam certos domínios e marcos do desenvolvimento infantil, que consideram o físico, cognitivo e o psicossocial. Disserte sobre o proposto os aspectos relacionados ao aspecto psicossocial na Terceira infância. 5 Para auxiliar e facilitar os pais/responsáveis a acompanharem o desenvolvimento das crianças temos no Brasil a Caderneta de Saúde da Criança (CSC). A CSC é doada para os pais logo após o nascimento do bebê e é diferente para meninos e meninas. Disserte sobre a principal função da Caderneta de Saúde da Criança. 35 TÓPICO 3 - O TRIPÉ DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 O desenvolvimento infantil é cercado de muitas dúvidas e teorias. Qual pai/ mãe não se perguntou por que de seu filho/filha fazer “isso ou aquilo”, ou então o por que ele ainda não está fazendo tal “coisa”. Por que meu filho/filha, estudante tem este comportamento? Será que tal comportamento está relacionado à idade, tem alguma influência familiar, das tecnologias ou seria da sua personalidade? Será que ele não deveria falar? Por que meu filho só quer brincar sozinho? São muitas dúvidas, angústias, inquietações que passam na cabeça dos pais e, também dos professores. Para ajudar a entender o desenvolvimento infantil e perceber se está tudo certo com o desenvolvimento da criança, surgiram várias teorias para explicar os diversos aspectos do crescimento e desenvolvimento humano, como o social, emocional e o cognitivo, prevendo alguns comportamentos que ocorrem durante a sua vida. Por que é importante estudar como as crianças crescem, aprendem e mudam? Uma compreensão do desenvolvimento infantil é essencial porque nos permite apreciar plenamente o crescimento cognitivo, emocional, físico, social e educacional pelos quais as crianças passam desde o nascimento (FREITAS, 2021, s.p.). Existem muitos teóricos que explicam o desenvolvimento infantil de acordo com suas concepções. Para a educação temos um tripé que merece destaque dentro das abordagens cognitivas clássicas: o construtivismo de Piaget e o sociointeracionismo de Vygotsky e Wallon, que contribuíram muito para os programas de ensino e de várias pesquisas na área da cognição e educação, ajudando os professores a compreenderem o processo de aprendizagem e desenvolvimento. 2 PIAJET Vamos começar conhecendo o ilustre Piaget (Figura 9) e a sua perspectiva cognitiva do desenvolvimento infantil. 36 FIGURA 9 – JEAN PIAGET FONTE: <https://psicologiaxxi.blogs.sapo.pt/1607.html>. Acesso em: 30 nov. 2021. • Jean Piaget foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Foi um dos precursores da teorização das fases do desenvolvimento infantil e conseguiu identificar os processos do amadurecimento cognitivo que acontecem durante as primeiras duas décadas de vida de um indivíduo (TEODORO, 2013). Piaget propôs uma das teorias mais influentes do desenvolvimento cognitivo. Sua teoria cognitiva procura descrever e explicar o desenvolvimento de processos de pensamento e estados mentais. Também analisa como esses processos de pensamento influenciam a maneira como entendemos e interagimos com o mundo (FREITAS, 2021, s.p.). Para Piaget as crianças passam por estágios de desenvolvimento cognitivo sucessivos e em cada um deles, determinadas habilidades são desenvolvidas. Tais estágios/processos deram origem às quatro fases (estágios) do desenvolvimento que veremos a seguir (INSTITUTO NEUROSABER, 2021b, s.p.): • Sensório-motor: de 0 a 2 anos Nessa etapa a criança começa a controlar seus reflexos. Há que se ressaltar que o pequeno reage apenas de maneira motorizada, não podendo ainda raciocinar plenamente, em função de existir conceitos práticos em sua mente. Seu aprendizado de mundo se dá de maneira bem gradual. A criança começa a generalizar os acontecimentos à sua volta. Como resultado, as ideias passam a se cruzar em sua cabeça. O final dessa fase é marcado pelo surgimento da fala. • Pré-operatório: de 2 a 7 anos Nesse estágio a criança já demonstra a habilidade de trabalhar algumas competências, como a capacidade de semiótica. Essa fase é caracterizada também pelo egocentrismo em seus pensamentos. Ela não consegue distinguir o que é objetivo do subjetivo nem o físico do psíquico. Sendo assim, o ato de pensar é totalmente autocentrado. A criança é capaz de entender os estados, mas não o processo de transformação da matéria. 37 • Operatório concreto: de 7 a 12 anos Uma das principais características dessa etapa é a construção de uma lógica de classes e relacionamentos, mas que não esteja ligada a dados perceptivos. Isso significa que a criança está compreendendo as mudanças ocorridas no ambiente, assim como a ordem dos acontecimentos; o raciocínio está mais amadurecido. • Operatório formal: a partir dos 12 anos Aqui é a última etapa, ela é marcada pelo amadurecimento total do desenvolvimento cognitivo da criança. Um dos pontos principais é o pensamento científico adquirido por ela. É uma fase de transição onde a pessoa passa a analisar possibilidades hipotéticas. Além disso, ela tem a aquisição de outras habilidades, mecanismos e conhecimentos que fortalecerão ainda mais a sua autonomia cognitiva. Importante ressaltar também que a capacidade mental da pessoa fica mais rápida e mais crítica. A fim de comparar as habilidades desenvolvidas em cada estágio do desenvolvimento infantil da teoria de Piaget, observe a tabela a seguir (Figura 10): FIGURA 10 – ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET Sensorio motor Explora o mundo pelos sentidos e ações Olha, escuta, pega, morde, joga DESENVOLVE Permanencia do objeto Pre operatório Representa objetos com palavras ou imagens, usa o raciocínio intuitivo, DESENVOLVE Egocentrismo Faz de conta Operatório concreto Conserva e reverte seu pensamento e classificam objetos, pensam logicamente, DESENVOLVE Conservação Operatório formal Utiliza pensamento abstrato para situação hipotética considera possibilidade lógica DESENVOLVE Lógica abstrata Raciocinio moral Estágios de desenvolvimento cognitivo Piaget FONTE: <https://www.drafernandamonteiro.com.br/fase-de-desenvolvimento-cognitivo-segundo- piaget/>. Acesso em: 30 nov. 2021. 38 Para Piaget cada estágio está relacionado a certas necessidades e potencialidades, e, portanto, demandaria estímulos específicos. “[...] Para Piaget era preciso que um aspecto cognitivo estivesse completamente desenvolvido para que a criança passasse à próxima fase. Sua teoria, portanto, pressupõe uma espécie de escalada evolutiva fixa e irreversível” (FERRAZ, 2020, s.p.). Importante também ressaltar que a visão da infância de Piaget é questionada por novas abordagens: Algumas teorias contemporâneas defendem que o cérebro humano é mais plástico do que se pensava na época de Piaget e que o desenvolvimento não ocorre de forma linear — se a função A não for desenvolvida, a função B também não o será —, mas que os processos cerebrais são adaptáveis e acontecem de forma mais orgânica (EQUIPE SEB, 2021, s.p.). Conforme Ferraz (2020, s.p.), “a criança necessita de todo tipo de estímulos para se desenvolver e posicionar-se no mundo. A natureza e a complexidade desses estímulos, contudo, mudarão à medida que ela for amadurecendo”. E por fim, é necessário destacar as contribuições de Piaget, uma vez que seus estudos derrubaram paradigmas relacionados à aprendizagem. Ele teve uma influência muito grande na educação brasileira, pensando com um novo olhar, buscando uma nova prática para a educação, na busca de formar pessoas criativas, reflexivas
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