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EXAME FÍSICO GERAL DO RN E AVALIAÇÃO NA SALA DE PARTO

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PEDIATRIA| 
LARISSA GUSMÃO GUIMARÃES 
 
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EXAME FÍSICO DO RN 
O exame físico do RN deve ser realizado considerando-se as características próprias de sua anatomia e 
fisiologia, integrado à história materna e evolução clínica da criança. O exame, de preferência, deve ser 
conduzido em ambiente tranquilo, aquecido, iluminado, respeitando o estado de saúde da criança, 
evitando manipulações excessivas, principalmente nas que são mais imaturas ou que estejam muito 
doentes. A avaliação deve ser delicada, breve, porém completa. 
Recomenda-se examinar o RN no intervalo das mamadas, inteiramente despido, seguindo sequência que 
evite mudanças exageradas de decúbito e manobras bruscas. Utilizar os recursos propedêuticos 
habitualmente empregados em crianças maiores: inspeção, palpação, ausculta e percussão. Deixar os 
procedimentos desagradáveis ou dolorosos, que provocam o choro, para o final do exame, obtendo, 
assim, a “colaboração” da criança por maior tempo. O exame pode ser diferenciado dependendo do tempo 
de vida do RN. 
AVALIAÇÃO NA SALA DE PARTO 
A primeira avaliação do RN realizada na sala de parto tem como objetivos determinar a vitalidade, fatores 
de risco, detecção precoce de malformações congênitas, traumas obstétricos e distúrbios 
cardiorrespiratórios que possam comprometer a saúde do neonato. 
A primeira etapa desta avaliação inicia-se antes do nascimento e consiste em adequada e detalhada 
anamnese. 
Imediatamente após o nascimento o RN sadio deve estar em contato pele a pele com sua mãe, aguardar 
cessar os batimentos do cordão 1-3 minutos para realizar o clampeamento tardio do cordão e propiciar 
este contato pele a pele durante uma hora, mostrando para a mãe os sinais que o bebê está pronto para 
mamar,dentro da primeira hora de vida. Neste momento procede-se o primeiro exame físico que deve ser 
objetivo e rápido, tendo como finalidade avaliar a vitalidade do RN para tomada de decisão. 
- Condições vitais: realizada concomitantemente com as manobras de recepção do RN quando são 
apreciadas a integridade cardiorrespiratória e a neuromuscular. Para se demonstrar as condições de 
nascimento é estabelecido o índice de Apgar no 1º e 5º minutos de vida que inclui a avaliação da 
frequência cardíaca, esforço respiratório, tono muscular, irritabilidade reflexa e cor. 
 
- Desconforto respiratório: avalia o esforço e ritmo respiratório. A presença de dificuldade respiratória pode 
revelar tanto comprometimento pulmonar (doença de membrana hialina, aspiração de mecônio, 
pneumotórax, etc.) como extrapulmonar (acidose, malformação cardíaca, hérnia diafragmática, atresia de 
coanas, etc.). 
- Traumas obstétricos: lesões de pele, de partes moles, fraturas, lesões do sistema nervoso central, do 
sistema nervoso periférico e lesões viscerais. 
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- Defeitos externos: malformações externas que exigem atendimento de urgência, como onfalocele, 
gastrosquise, extrofia de bexiga, meningomielocele, síndrome de Pierre-Robin. 
- Exame dos orifícios: atresia de coanas; atresia anal, atresia esofágica. 
- Exame da placenta e cordão umbilical: as alterações grosseiras na placenta e cordão umbilical podem 
auxiliar no cuidado neonatal e contribuir para o esclarecimento diagnóstico de situações como desnutrição, 
asfixia, infecções, etc. 
No RN com boa vitalidade, ou seja, RN a termo, com tônus normal, choro ou respiração regular e 
movimentação ativa,com Apgar de 1 e 5 minutos acima de 7, recomenda-se que após 1 hora de contato 
pele a pele, sejam verificados: 
- Exame dos orifícios: permeabilidade dos orifícios naturais do corpo para o diagnóstico de fenda palatina, 
atresia de esôfago e anomalias anorretais. 
- Medidas do RN: comprimento, perímetro cefálico e torácico poderão ser postergados e realizados no 
momento antes do primeiro banho e comparar essas medidas com curvas padrões. 
- Determinação da idade gestacional: a estimativa da idade gestacional permite a classificação do RN 
como a termo, pré-termo, ou pós-termo e auxilia no estabelecimento de risco de comprometimento 
neonatal ou de desenvolvimento em longo prazo. 
CAPURRO SOMÁTICO MÉTODO DE CAPURRO 
Avaliação somática: realizada antes de completadas as 24 horas de vida do RN. 
Avaliação somática e neurológica: realizada após completadas as 24 horas de vida do RN. 
Exame somato-neurológico do RN: para os recém-nascidos com idade gestacional maior que 28 semanas. 
Para os RN saudáveis e com mais de 6 horas, é feito o somático e neurológico. Realizado após o 
nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de 5 fatores para 
determinar a idade gestacional do recém-nascido: 
1. Textura da pele; 
2. Pregas plantares; 
3. Glândulas mamárias; 
4. Formação do mamilo; 
5. Formação da orelha; 
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Como calcular o escore de Capurro? A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O 
resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional. 
 IG = (P + 204)/7 
Quando utilizar esse método? O escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães 
desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional 
precoce (até 14 semanas). Os métodos citados (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma 
precisão maior, sendo preferíveis para essa análise. 
Escore de Capurro e New Ballard (preferível para avaliação de prematuros): Por avaliar um número maior 
de características neurológicas, o método de New Ballard é a alternativa mais indicada para avaliação de 
recém-nascidos prematuros. Isso acontece porque o escore de Capurro baseia-se principalmente em 
fatores físicos e, em prematuros, a avaliação neurológica garante maior precisão da identificação da IG. 
MÉTODO DE NEW BALLARD (NEW BALLARD SCORE - NBS) 
O NBS é um método de avaliação da idade gestacional de RN que analisa 6 parâmetros 
neurológicos e 6 parâmetros físicos. 
NEUROLÓGICOS: 
1. Postura; 
2. Ângulo de flexão do punho; 
3. Retração do braço; 
4. Ângulo poplíteo; 
5. Sinal do xale; 
6. Calcanhar-orelha. 
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FÍSICOS: 
1. Pele; 
2. Lanugo; 
3. Superfície plantar; 
4. Glândula mamária; 
5. Olhos/orelhas; 
6. Genital masculino; 
7. Genital feminino. 
A cada um dos parâmetros atribui-se uma pontuação, cuja somatória determinará a estimativa da idade 
gestacional. A correlação do NBS com a idade gestacional calculada pela amenorréia é de 0,97. 
MOMENTOS PARA SUA REALIZAÇÃO: Pode ser realizado em até 96 horas de vida. Apenas para os RN 
com menos de 26 semanas o momento mais adequado para o exame está entre 12 minutos e 12 horas 
pós-natais, obtendo-se, nesse período, maior concordância entre o NBS e a idade gestacional calculada 
pela amenorréia. 
POPULAÇÃO ALVO: RN internados na unidade neonatal, no momento da realização da primeira 
avaliação clínica. Excluem-se RN de alojamento conjunto, nos quais recomenda-se o uso exclusivo do 
método de Capurro. 
EXAME NEUROLÓGICO 
1. Postura 
Com o RN em repouso observa-se a atitude dos 4 membros: 
0 Deflexão dos 4 membros 
1 Flexão ligeira dos quadris e joelhos 
2 Flexão moderada ou acentuada dos membros inferiores e discreta flexão do 
antebraço 
3 Membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, membros superiores com 
alguma flexão (posição de batráquio). 
4 Membros apresentam flexão igual e forte. 
 
2. Ângulo de flexão do punho 
Flexionar a mão sobre o punho, exercendo pressão suficiente para obter o máximo de flexão possível. 
Medir o ângulo entre a eminência hipotênar e a face anterior do braço. 
3. Retração do braço 
Flexionar o máximo o antebraço durante 5 segundos. Estender o máximo através da tração das mãos, 
soltando em seguida. Observar o ângulo entre o braço e antebraço.
4. Ângulo poplíteo 
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Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na superfície de exame, a perna é flexionada por 
completo sobre a coxa com uma das mãos, e com a outra mão, a perna é estendida observando-se o 
ângulo obtido. 
5. Sinal do xale 
Com o RN em decúbito dorsal, segura-se uma de suas mãos, levando-a o máximo possível em direção ao 
ombro do lado oposto. Pode-se também levantar o cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz 
segundo a localização do cotovelo. 
Menos 1 cotovelo ultrapassa a linha axilar do lado oposto 
0 Cotovelo atinge a linha axilar do lado oposto 
1 Permanece entre a linha axilar do lado oposto e a linha média do tórax 
2 Cotovelo na linha média do tórax 
3 Cotovelo não chega à linha média do tórax 
 
6. Manobra calcanhar orelha 
Levar um dos pés o máximo possível em direção à cabeça mantendo a pelve sobre a mesa. 
 
 
 
 
 
 
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EXAME FÍSICO NEONATAL 
Deve ser realizado antes das 12 horas de vida. 
 O exame físico mais abrangente com o objetivo de se avaliar o bem-estar e a normalidade física da 
criança deve ser realizado com 12-24 horas de vida, portanto, após o término do período de transição. 
Nesse período, ocorre uma série de alterações para a recuperação dos estresses causados pelo trabalho 
de parto, pelo nascimento e pela adaptação às exigências do meio extrauterino. Essa transição requer 
ajustes do RN para tolerar a mudança de um meio líquido, relativamente estável (que proporciona nutrição 
e respiração adequada) para ambiente no qual ele deve ser muito mais independente fisiologicamente. Os 
neonatos a termo completam esse período em poucas horas; entretanto, para os RN pré-termo, esse 
período pode ser mais longo e alguns podem necessitar de assistência especializada. 
Importante lavagem de mãos e instrumentos. 
Evitar contato de portadores de doenças infecciosas. 
Atentar-se para o controle térmico 
O exame deve acontecer do externo para o interno, do geral para o específico e no sentido crânio-caudal. 
Aplicar inspeção, palpação, percussão e ausculta. 
O exame deve ser feito em uma sequencia de oportunidades. 
AVALIAÇÃO GERAL 
 Observação de má formações, fácies típicas de síndromes, sinais de angústia respiratória, cianose e 
alteração de frequência respiratória. 
 Postura normalmente é simétrica e fletida. 
 Dados antropométricos 
 Avaliação da idade gestacional 
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 Avaliação nutricional: A denominação pequeno para a idade gestacional (PIG) não é sinônimo de 
desnutrição fetal. A desnutrição é um diagnóstico clínico que independe da adequação peso de 
nascimento e idade gestacional. As principais evidências clínicas da desnutrição incluem sinais 
progressivos de redução do tecido subcutâneo e muscular. Dentre estes sinais destacam-se: bochechas 
encovadas; queixo magro sem pregas gordurosas; pescoço fino com pele enrugada e frouxa; 
pregueamento da pele dos braços e pernas, com pele frouxa e fácil de ser levantada nos cotovelos, parte 
inferior das coxas, joelhos e região pré-tibial; espaços intercostais afundados e desaparecimento do tecido 
adiposo no dorso; pele frouxa e fácil de levantar e pouca quantidade de gordura com pele enrugada sobre 
o abdome e nádegas. 
 Sinais vitais 
1. Temperatura: pode estar alterada em decorrência da temperatura ambiente, do tipo e quantidade 
de vestimentas, por alterações infecciosas ou neurológicas. 
2. Frequência respiratória: pode-se avaliar por ausculta ou observação direta os movimentos 
respiratórios durante no mínimo 1 minuto. A frequência normal no RN a termo varia de 30 a 60 
inspirações por minuto. 
3. Frequência cardíaca: pode se alterar dependendo da atividade e estado do RN. A variação normal 
em RN saudáveis é de 110-160 batimentos/minuto; no pré-termo, geralmente a frequência é mais 
próxima dos 160 batimentos por minuto. 
4. Pressão arterial: pode ser aferida com monitorização intravascular direta ou através de aparelhos 
oscilométricos ou de Doppler. Nos métodos não invasivos é importante a escolha adequada do 
tamanho do manguito, que deve ter largura de 50 a 67% do comprimento do braço. A porção 
inflável do manguito deve circundar completamente o braço. Na falta de equipamento eletrônico 
adequado para essa medida pode-se lançar mão de método simples de aferição: o método de 
“flush”. Tal técnica requer um esfigmomanômetro, manguito e faixa elástica. Colocar o manguito no 
membro superior ou inferior, comprimir a porção distal do membro com a faixa elástica, inflar o 
manguito, retirar a faixa elástica do membro, que estará pálido. A seguir, desinsuflar lentamente o 
manguito e anotar a pressão no momento em que o membro começar a adquirir coloração rósea. O 
valor encontrado é chamado de pressão de flush que tem certa correlação com a pressão média. 
Existem várias tabelas com os valores de normalidade da pressão sistólica, média e diastólica para 
as diferentes idades: gestacional, pós-natal e pós-conceptual que podem ser comparados com os 
valores encontrados nas aferições. 
 Estado geral: 
Estado de alerta: É um importante indicador de bem estar e compreende 5 estados ou níveis. Um mesmo 
RN pode ter o nível de alerta modificado várias vezes durante o exame dependendo de fatores como idade 
gestacional, tempo da última mamada, intensidade dos estímulos, etc. 
Estado 1 (sono quieto): olhos fechados, respiração regular, sem movimentos grosseiros. 
Estado 2 (sono ativo): olhos fechados, respiração irregular, com ou sem movimentos grosseiros. 
Estado 3 (alerta quieto): olhos abertos, respiração regular, sem movimentos grosseiros. 
Estado 4 (alerta ativo): olhos abertos, respiração irregular, com movimentos grosseiros, sem chorar. 
Estado 5 (choro): olhos abertos ou fechados, chorando. 
 Atividade espontânea: Observar expressão facial, qualidade, amplitude, quantidade e simetria de 
movimentos nos vários estados de alerta da criança. 
 Choro: Deve ser audível, de timbre variável e harmônico. A qualidade do choro, assim como a 
intensidade de estímulos para consolar a criança também são fatores que devem ser registrados. Deve ser 
audível, de timbre variável e harmônico. O choro excessivo, difícil de acalmar, deve ser considerado como 
irritabilidade anormal. Pode estar associado a alterações clínicas (otite, cólica, doença do refluxo 
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gastroesofágico) e neurológicas (hiperexcitabilidade, alterações metabólicas, síndrome de abstinência, 
encefalopatias, meningites, etc.). 
1. Pele : avaliar textura, umidade, cor, presença de milium, lanugo, vérnix, mancha mongólica, 
icterícia e anomalias. Textura depende da idade gestacional (a termo: pele lisa, brilhante, úmida e 
fina). 
2. Cor (normalmente rosada). Em negros observa-se escurecimento de genitálias, mamilos entre 
outros. Palidez pode ser sinônimo de anemia. Presença de cianose é normal em extremidades, 
mas ficar atento com cianose central. Presença de líquido amniótico, a pele e o coto podem ficar 
esverdeados. 
* Fenômeno de Arquelim: uma linha delimitando um hemicorpo com eritema e outro de coloração normal. 
Achados comuns: 
Milium sebáceo (pequenos pontos brancos localizados na base do nariz, queixo, fronte). 
Lanugo (pelos finos que recobrem a região do ombro e escápula) . 
Vénix caseoso (material gorduroso esbranquiçado que auxilia no controle térmico). 
Manchas mongólicas (manchas azul acinzentadas localizadas principalmente na região glútea e 
lombossacra). 
Eritema tóxico (lesões eritematosas multiformes esparsas ou confluentes). 
Impetigo (infecção piogênica, na qual há a presença de lesões eritematosas puntiformes que evoluem para 
vesículas e depois pústulas ou bolhas). 
Manchas vasculares (de cor salmão e desaparecem
com pressão). 
Hemangiomas (formas vasculares mais extensas e elevadas). 
Icterícia (preocupar-se se iniciar antes das 24 horas de vida ou ter intensidade elevada). 
Equimoses (manchas comuns) – Na face são chamadas de mancha equimótica (sem relevância clínica). 
3. Subcutâneo: a prega cutânea tem cerca de 1 cm e é uniformemente distribuída pelo corpo. 
Importante avaliar turgor que quando firme está associado a bom estado nutricional. Crianças 
emagrecidas (turgor frouxo). Crianças desidratadas (turgor pastoso). 
Pode apresentar edema nas pálpebras e o RN pode ter edema duro nos membros inferiores e região 
inguinal que irá regredir (linfedema). Considerar síndrome de Turner em edema no dorso. 
4. Gânglios: comum a presença de raros pequenos gânglios de 3 mm. Em casos de hipertrofia 
considerar infecções congênitas. Importante caracterizá-los. 
5. Mucosas: cor, umidade e presença de lesão . 
6. Musculatura: avaliar tônus e trofismo (averiguar pela palpação do m. peitoral). O RN em decúbito 
dorsal apresenta membros superiores fletidos e inferiores semifletidos, cabeça lateralizada e mãos 
cerradas. Quanto mais próximo do termo maior o tônus flexor. Ao estender o braço, o músculo 
peitoral apresenta-se fácil à palpação (1 cm o trofismo adequado). 
7. Esqueleto e articulações: presença de deformidades, inadequações de mobilidade, dor à palpação. 
Observar polidactilia, sindactilia (dedos unidos), aracnodactilia (dedos longos), clinodactilia ( 
desviados do eixo), agenesia (de rádio, fêmur etc). Observar pregas palmares. Observar a simetria 
e movimentação dos membros. 
A articulação coxo-femural deve receber atenção especial. É importante que se afaste a presença de 
displasia do desenvolvimento do quadril. Nessa condição, há instabilidade da articulação coxo-femural ao 
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nascimento devido ao fato de o acetábulo ser mais raso e a cápsula mais frouxa, o que permite 
mobilização inadequada da cabeça do fêmur que fica parcialmente desencaixada do acetábulo. Se não for 
adequadamente tratada no período neonatal por simples imobilização, a lesão poderá levar a graves 
limitações e poderá até haver necessidade de correção cirúrgica. Pode-se encontrar assimetria das pregas 
glúteas e encurtamento do membro afetado no caso de displasia unilateral; porém, mais frequentemente a 
alteração não provoca deformidades, não limita os movimentos e é indolor, ou seja, o RN é aparentemente 
normal. Isso significa que a displasia só será diagnosticada se pesquisada. As manobras de Barlow e de 
Ortolani, além do exame ultrassonográfico, podem auxiliar no diagnóstico. 
O exame físico para identificar os casos de DDQ deve ser feito rotineiramente em todos os recém-
nascidos. Em resumo, a manobra de Ortolani, quando positiva, permite o diagnóstico de displasia de 
desenvolvimento do quadril (DDQ), porém a negatividade não o afasta, porque alguns quadris são 
instáveis, mas não luxados. A manobra provocativa de Barlow permite o diagnóstico de instabilidade do 
quadril. Por outro lado, em crianças acima de três meses a manobra de Ortolani pode ser negativa, já que 
mesmo o quadril permanecendo luxado pode não ser mais possível a colocação da cabeça femoral no 
acetábulo. Em relação á manobra de Barlow deve ser enfatizado que muitos recém-nascidos com 
positividade no primeiro exame tornam-se negativos após duas ou três semanas. 
MANOBRA DE ORTOLANI 
Na manobra de Ortolani, a criança é colocada em decúbito dorsal, segurando-se os membros inferiores 
com os joelhos dobrados, e quadris fletidos a 90º e aduzidos (juntos à linha média). A partir dessa posição, 
faz-se a abdução das coxas com leve pressão nos joelhos. A manobra deve ser repetida várias vezes, 
simultaneamente, para os dois lados dos quadris ou fixando-se um lado e testando-se o outro, aplicando-
se diferentes pressões. Quando existe instabilidade coxo-femural a manobra de Ortolani faz com que a 
cabeça do fêmur se encaixe no fundo do acetábulo; esse deslocamento é percebido nas mãos como um 
“click” (Ortolani positivo). O achado de pequenos estalidos (“clicks”) causados pela movimentação e pelo 
deslize de fáscia ou tendão sobre saliências ósseas é considerado normal. O tratamento consiste em fazer 
uma manobra de Ortolani, encaixar o quadril e manter-se a posição de abdução e flexão do quadril com o 
uso de aparelhos ortopédicos por 3 meses ininterruptamente. Obtém-se sucesso em 97% dos casos. 
MANOBRA DE BARLOW 
Consiste no movimento contrário ao realizado durante a manobra de Ortolani (e, por isso, devem ser 
realizadas na mesma ocasião). Para isso, aproveitando a abertura já feita durante a primeira manobra, 
com as mãos na mesma posição, realiza-se a rotação interna e adução da coxa. Tal manobra sensibiliza 
ainda mais a de Ortolani, e garante que um eventual deslocamento da articulação da coxa não passe 
despercebido.

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