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ROTEIRO TRABALHADOR AUTÔNOMO, EVENTUAL E VOLUNTÁRIO - DIREITO DO TRAB I PROF. LUCAS BAFFI - UNIFESO 1 Trabalhador Autônomo -Podemos definir trabalhador autônomo como "aquele que não transfere para terceiro o poder de organização de sua atividade" (NASCIMENTO, Amauri. p.264). -Segundo Maurício Godinho: O trabalhador autônomo consiste, entre todas as figuras próximas à do empregado, naquela que tem maior generalidade, extensão e importância sociojurídica no mundo contemporâneo. Na verdade, as relações autônomas de trabalho consubstanciam leque bastante diversificado, guardando até mesmo razoável distinção entre si. -O vínculo autônomo de trabalho afasta-se da figura da relação de emprego especialmente pela ausência do elemento da subordinação. Em outras situações, pode gerar a falta de outro elemento: pessoalidade. -Não podemos confundir o trabalhador autônomo propriamente dito como o contrato civil de empreitada (art. 610 e seguintes do CC). Este, por sua vez, não se confunde com contrato civil de prestação de serviços (art. 593 e seguintes do CC). -Empreitada consiste na realização de determinada obra (material ou imaterial) por meio da ação de outrem, sendo este remunerado pelo interessado. Diferencia-se do contrato de prestação de serviços, pois neste o objeto é determinado serviço pactuado, ao passo que na empreitada o que se contrata é a edificação ou a criação de uma obra. -Em ambos os casos, não podemos confundir com relação de emprego, justamente pela ausência de subordinação (e em outros casos, também pela ausência do elemento da pessoalidade). -Cabe mencionar, ainda, a figura da Representação comercial - Lei 4886 de 1965 - exercida por pessoa jurídica ou física, sem relação de emprego, em caráter não eventual, por conta de uma ou mais pessoas - intermediação para realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, transmitindo-os aos representados (art. 1º). -Diferencia-se da relação de emprego, pela ausência de subordinação jurídica. Obs: cuidado, porque na prática surgem situações concretas de difícil diferenciação entre as duas figuras. -Art. 2º da Lei 4886/65 - obrigatoriedade de registro no Conselho Regional. -Art. 43 - É vedada no contrato de representação comercial a inclusão de cláusulas del credere. -Outras relações de trabalho autônomo - contratos de agência e distribuição (art. 710 e seguintes do CC), corretagem (arts. 722 a 729 do CC), entre outros que não se confundem com relação de emprego (contrato de emprego). ROTEIRO TRABALHADOR AUTÔNOMO, EVENTUAL E VOLUNTÁRIO - DIREITO DO TRAB I PROF. LUCAS BAFFI - UNIFESO 2 -A reforma trabalhista inseriu o art. 442-B na CLT, que teve sua redação alterada pela Medida Provisória 808/2017 (pendente de apreciação pelo Congresso Nacional até o presente momento): Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. § 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato previsto no caput. § 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. § 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. § 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de penalidade prevista em contrato. § 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a qualidade de empregado prevista o art. 3º. § 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo empregatício. § 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. -Legislador priorizou a liberdade - direito constitucional ao livre exercício de qualquer trabalho (art. 5º, XIII da CF). -Destaca-se, ainda, a LEI Nº 12.592, DE 18 DE JANEIRO DE 2012 que dispõe o exercício das atividades profissionais de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador, que prevê expressamente a possibilidade. Alteração em 2016, incluindo o art. 1-A: Os salões de beleza poderão celebrar contratos de parceria, por escrito, nos termos definidos nesta Lei, com os profissionais que desempenham as atividades de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador. § 1o Os estabelecimentos e os profissionais de que trata o caput, ao atuarem nos termos desta Lei, serão denominados salão-parceiro e profissional-parceiro, respectivamente, para todos os efeitos jurídicos. ROTEIRO TRABALHADOR AUTÔNOMO, EVENTUAL E VOLUNTÁRIO - DIREITO DO TRAB I PROF. LUCAS BAFFI - UNIFESO 3 § 8o O contrato de parceria de que trata esta Lei será firmado entre as partes, mediante ato escrito, homologado pelo sindicato da categoria profissional e laboral e, na ausência desses, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego, perante duas testemunhas. § 9o O profissional-parceiro, mesmo que inscrito como pessoa jurídica, será assistido pelo seu sindicato de categoria profissional e, na ausência deste, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego. -Caso não sejam observados os requisitos legais, haverá o reconhecimento de vínculo: Art. 1o-C Configurar-se-á vínculo empregatício entre a pessoa jurídica do salão- parceiro e o profissional-parceiro quando: I - não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita nesta Lei; e II – o profissional-parceiro desempenhar funções diferentes das descritas no contrato de parceria. -Alem disso, sabe-se que, em caso de fraude, se presentes os requisitos do vínculo de emprego, incide o princípio da primazia da realidade, bem como os arts 9º e 444 da CLT. Trabalhados Eventual -Foram feitas diversas considerações sobre o trabalhador eventual quando estudamos os elementos caracterizadores da relação de emprego. -Vale relembrar que há diversas teorias a respeito da caracterização do trabalho eventual, com adoção de critérios distintos: -Teoria que considera ausência de continuidade da prestação de serviços (teoria da descontinuidade) -Teoria que leva em consideração a ausência de fixação jurídica a uma fonte de trabalho (teoria da fixação jurídica). -Teoria que entende que eventual é o trabalho relacionado a fato específico, determinado, imprevisível, esporádico e de curta duração (teoria do evento). -Teoria que entende como eventual o trabalho que não se insere nos fins normais da empresa (teoria dos fins). -Não se confunde com empregado e tais trabalhadores não estão sujeitos aos diversos direitos trabalhistas. Trabalhador Voluntário -Ausência do elemento da onerosidade. Afasta o vínculo de emprego. - Lei 9.608 de 1998 - Serviço voluntário: ROTEIRO TRABALHADOR AUTÔNOMO, EVENTUAL E VOLUNTÁRIO - DIREITO DO TRAB I PROF. LUCAS BAFFI - UNIFESO 4 Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Art. 2º O serviçovoluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. -Obs: ressarcimento de despesas COMPROVADAS no desempenho das atividades não descaracteriza o trabalho voluntário.
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