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Órgãos do Estado nas relações internacionais

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Órgãos do Estado nas relações internacionais
Fundação Educacional Serra dos Órgãos
Centro Universitário Serra dos Órgãos
Centro de Ciências Humanas e Sociais
Curso de Direito
Disciplina: Direito Internacional Público – 
Profa. Tatiana Calandrino
	Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
	 I - independência nacional;
	II - prevalência dos direitos humanos;
	III - autodeterminação dos povos;
	IV - não-intervenção;
	V - igualdade entre os Estados;
	VI - defesa da paz;
	VII - solução pacífica dos conflitos;
	VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
	IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
	X - concessão de asilo político.
	Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Principais órgãos
	Chefe de Estado
	Ministro das Relações Exteriores
	Agentes diplomáticos
	Agentes consulares
Chefe de Estado
	Mais alto cargo da administração pública
	Presidente, primeiro-ministro, rei, imperador, conselho...
	Reconhecimento da autoridade
	Soberania/autodeterinação
	Legitimidade/processo democrático
	Há diferenças de funções de acordo com forma e regime de governo, mas, em geral, representam o Estado em:
	declarar guerra e celebrar a paz; 
	concluir tratados; 
	e formular e executar a política externa estatal
CRFB 88
	Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
	VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
	VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
	XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
	XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
Prerrogativas – 
privilégios e imunidades
	Inviolabilidade de sua pessoa, seus bens e de seu local de hospedagem; 
	Imunidade de jurisdição cível (relativa) e penal (absoluta); 
	Há exceções como ações reais e de herança, mas, de qq forma, a imunidade de execução é absoluta.
	Isenção de impostos diretos; 
	Extensivo às famílias, inclusive em viagens particulares ou a lazer. 
	Pode ser extensivo à toda comitiva;
	Pode ser extensivo a ex-chefes de Estado.
Fundamentos das prerrogativas
	A teoria mais aceita atualmente é a de que são garantias necessárias ao livre exercício das funções de representação do Estado.
	Par in parem non habet judicium – Estados são iguais e não podem ser submetidos à jurisdição de outro.
	Ficção da extraterritorialidade
	Reciprocidade de tratamento 
Estatuto de Roma –
 Tribunal Penal Internacional
Artigo 27
Irrelevância da Qualidade Oficial
	        1. O presente Estatuto será aplicável de forma igual a todas as pessoas sem distinção alguma baseada na qualidade oficial. Em particular, a qualidade oficial de Chefe de Estado ou de Governo, de membro de Governo ou do Parlamento, de representante eleito ou de funcionário público, em caso algum eximirá a pessoa em causa de responsabilidade criminal nos termos do presente Estatuto, nem constituirá de per se motivo de redução da pena.
	        2. As imunidades ou normas de procedimento especiais decorrentes da qualidade oficial de uma pessoa; nos termos do direito interno ou do direito internacional, não deverão obstar a que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre essa pessoa.
Ministro das Relações Exteriores
	Duplo papel:
	Assessor do chefe de Estado (externo)/chefe dos agentes diplomáticos nas relações internacionais (interno)
	Pode ter outras denominações: “Ministro dos Negócios Estrangeiros” – Portugal; “Ministro do Estado” – EUA; Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto – Argentina
	A “chancelaria” tem as mesmas prerrogativas conferidas aos agentes diplomáticos, mas não há necessidade de apresentação dos “plenos poderes” para negocição.
Decreto nº 7304/2010
	(Revogou decreto nº 5979/2006)
	Art. 1o  O Ministério das Relações Exteriores, órgão da administração direta, tem como área de competência os seguintes assuntos:
	I - política internacional;
	II - relações diplomáticas e serviços consulares;
	III - participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais com governos e entidades estrangeiras;
	IV - programas de cooperação internacional e de promoção comercial; e
	V - apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais. 
	Parágrafo único.  Cabe ao Ministério auxiliar o Presidente da República na formulação da política exterior do Brasil, assegurar sua execução e manter relações com Estados estrangeiros, organismos e organizações internacionais. 
Diplomacia
	Agentes enviados pelo chefe de Estado para representar o Estado perante governo estrangeiro.
	* No Império Romano, elaborava-se salvo-condutos ou passaportes em placas de metal que eram costuradas e dobradas de modo especial, chamados diplomas. 
	Segundo Celso Melo, alguns autores tem criticado a existência da diplomacia enquanto instituição. George Moldeski comenta que é “tecnologocicamente redundante”, tendo em vista telefone, internet e etc com altos gastos para os paises, além de distanciar as relações entre os líderes através de sua intermediação. Marcel Merle diz que possuem mera função protocolar. 
Direito de legação
	Direito de enviar e receber agentes diplomáticos. (ativo e passivo)
	Consentimento mútuo
	Mera faculdade, não obriga Estado a abrir efetivamente a Embaixada. 
	Atualmente se reconhece direito de legação não apenas aos Estados, mas tb para Organizações Internacionais.
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - 1961
	Artigo 3 - As funções de uma Missão diplomática consistem, entre outras, em: 
	representar o Estado acreditante perante o Estado acreditado; 
	proteger os interesses do Estado acreditante e de seus nacionais no Estado acreditado; 
	negociar com o governo do Estado acreditado; 
	inteirar-se, por todos os meios lícitos, das condições existentes e da evolução dos acontecimentos do Estado acreditado ou da organização internacional junto à qual atuam e informar o Estado acreditante a respeito; 
	 promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e científicas entre o Estado acreditante e o acreditado
Missões diplomáticas permanentes 
	Embaixadas, Missões e Delegações Permanentes junto a organismos internacionais 
	Criadas e extintas por decreto
	No Brasil, o posto de embaixador é cargo de confiança do Chefe de Estado, que normalmente escolhe essa autoridade dentre nomes da carreira da Diplomacia, embora exista a possibilidade de indicar qualquer brasileiro nato, maior de 35 anos, mesmo não vinculado ao Ministério das Relações Exteriores. 
	agréement - ato discricionário pelo qual o Estado acreditado aceita a indicação de embaixador estrangeiro para que nele exerça suas funções. Em caso de recusa, não é necessário apresentar razões.
	Além do agréement, a indicação do embaixador precisa ser aprovada pelo Senado Federal, por voto secreto, após argüição secreta, em que o candidato a embaixador é sabatinado pelos Senadores (CRFB 88, 52, IV)
	Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
	IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
Ingresso na carreira diplomática
	Requisitos:
	Brasileiro nato (CRFB 88, art. 12, §3) 
	Nível superior (qualquer área!)
	Maioridade
	Concurso de Admissão à Carreira Diplomática 
	Curso de formação do Instituto Rio Branco
	Ingresso como terceiro-secretário.
Instituto Rio Branco
	O IRB foi fundado em 1945 e é responsável pela seleção e treinamento dos diplomatasbrasileiros, em processo contínuo de formação: o Curso de Formação, na etapa inicial da carreira; o Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD), para Segundos Secretários e o Curso de Altos Estudos (CAE) para Conselheiros. 
Privilégios e imunidades diplomáticos
	Inviolabilidade 
	Locais da missão
	Residência particular
	Correspondência
	Imunidade de jurisdição civil e penal
	Isenção fiscal
	Apenas o Estado acreditante poderá renunciar à imunidade de jurisdição; não o agente. (art. 32 – Convenção de 1961)
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - 1961
	       Artigo 22
	 	1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão nêles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão. 
	        3. Os locais da Missão, em mobiliário e demais bens nêles situados, assim como os meios de transporte da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução. 
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - 1961
Artigo 24 
	        Os arquivos e documentos da Missão são invioláveis, em qualquer momento e onde quer que se encontrem. 
Artigo 25 
	        O Estado acreditado dará tôdas as facilidades para o desempenho das funções da Missão. 
Membros das missões diplomáticas 
	Os agentes diplomáticos da missão deverão, em princípio, ter a nacionalidade do Estado acreditante. Poderão ter a nacionalidade do Estado acreditado ou outra, de acordo com consentimento deste.
	Pessoal técnico-administrativo
	Gozam dos mesmos privilégios
	“criado particular”; staff
	Imunidade de jurisdição apenas para os atos praticados no exercício de suas funções
	Isenção de impostos sobre os salários
	Isenção de previdência social
Membros das missões diplomáticas
	Adidos militares - com a função de tratar da cooperação na área militar - indicados pelo Ministério da Defesa. 
	De acordo com Portela, no Brasil, são nomeados pelo Ministro da Justiça, dentre delegados da Polícia Federal Adidos policiais - competentes para assuntos de cooperação no combate ao crime. 
	Adidos naval e aéreo 
	Depende de consentimento do Estado acreditado
Término da missão diplomática
	Guerra
	Ruptura de relações diplomáticas
	Não reconhecimento do governo
	Término das funções dos agentes: notificação do Estado acreditante ou recusa do Estado acreditado (persona non grata)
Agentes consulares
	Funcionários públicos enviados para o exterior para o exercício de funções ligadas à proteção e dos interesses e assistência aos nacionais neste país.
	Estado de residência x Estado de envio
	Função notarial e de registro civil; expedição de passaporte; emissão de vistos (ver art. 5º Convenção de 1963)
	Independência das relações diplomáticas (políticas)
Dois tipos de agentes consulares:
	De carreira (Missi) – nacionais do Estado que representam. No Brasil, são nomeados dentro da carreira diplomática.
	Honorários (Electi)- podem ter qualquer nacionalidade, normalmente do Estado em que vão servir.
	Os cônsules honorários recebem tem imunidades mais restritas e, em geral, não recebem salários, apenas gratificação.
	Alguns Estados, como os EUA e a Austrália, recebem, mas não nomeiam cônsules honorários.
	“distrito consular” ou “jurisdição consular” - território atribuído a uma repartição consular para o exercício das funções consulares; 
	Art. 58.  São Repartições Consulares:
	I - os Consulados-Gerais;
	II - os Consulados;
	III - os Vice-Consulados; e
	IV - os Consulados Honorários. 
	Parágrafo único.  Às Embaixadas pode ser atribuída a execução de serviços consulares, com jurisdição determinada em portaria do Ministro de Estado. (decreto nº 7304/2010)
Convenção de Viena sobre relações consulares - 1963
	ARTIGO 12º 
	Exequatur
	1. O Chefe da repartição consular será admitido no exercício de suas funções por uma autorização do Estado receptor denominada "exequatur", qualquer que seja a forma dessa autorização. 
	2. O Estado que negar a concessão de um exequatur não estará obrigado a comunicar ao Estado que envia os motivos dessa recusa. 
	3. Sem prejuízo das disposições dos artigos 13 e 15, o chefe da repartição consular não poderá iniciar suas funções antes de ter recebido o exequatur. 
Convenção de Viena sobre relações consulares - 1963
	ARTIGO 31º 
	Inviolabilidade dos locais consulares 
	1. Os locais consulares serão invioláveis na medida do previsto pelo presente artigo. 
	2. As autoridades do Estado receptor não poderão penetrar na parte dos locais consulares que a repartição consular utilizar exclusivamente para as necessidades de seu trabalho, a não ser com o consentimento do chefe da repartição consular, da pessoa por ele designada ou do chefe da missão diplomática do Estado que envia. Todavia, o consentimento do chefe da repartição consular poderá ser presumido em caso de incêndio ou outro sinistro que exija medidas de proteção imediata. 
	3. Sem prejuízo das disposições do parágrafo 2 do presente artigo, o Estado receptor terá a obrigação especial de tomar as medidas apropriadas para proteger os locais consulares 
	ARTIGO 41º 
	Inviolabilidade pessoal dos funcionário consulares 
	1. Os funcionários consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente. 
	2. Exceto no caso previsto no parágrafo 1 do presente artigo, os funcionários consulares não podem ser presos nem submetidos a qualquer outra forma de limitação de sua liberdade pessoal, senão em decorrência de sentença judiciária definitiva. 
	3. Quando se instaurar processo penal contra um funcionário consular, êste será obrigado a comparecer perante as autoridades competentes. Todavia, as diligências serão conduzidas com as deferências devidas à sua posição oficial e, exceto no caso previsto no parágrafo 1 dêste artigo, de maneira a que perturbe o menos possível o exercício das funções consulares. Quando, nas circunstâncias previstas no parágrafo 1 dêste artigo, fôr necessário decretar a prisão preventiva de um funcionário consular, o processo correspondente deverá iniciar-se sem a menor demora. 
Exercícios
	Em relação à imunidade do agente diplomático, é correto afirmar:
	a)gozará, apenas, da imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado;
	b) não possuirá qualquer imunidade de jurisdição no Estado acreditado, mas apenas isenção fiscal;
	c) o Estado acreditante não poderá renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos;
	d) o agente diplomático gozará da imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará, também, da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais;
	e) a imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado prorroga-se por todo o território internacional, inclusive no Estado acreditante.
	Analise as proposições abaixo e, a seguir, assinale a resposta correta:
	I.Direito de legação é o direito de enviar e receber agentes diplomáticos;
	II.O Estado acreditado está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do “agréement”.
	III. Agente diplomático é o chefe da Missão ou um membro do pessoal diplomático da Missão;
	IV. Os membros do pessoal diplomático da Missão deverão, em princípio, ter a nacionalidade do Estado acreditante.
	a)todas as proposições estão corretas;
	b)todas as proposições estão incorretas;
	c)somente uma proposição está incorreta;
	d)somente uma proposição está correta;
	e)somente três proposições estão corretas.

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