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Fontes do Direito Internacional Público
Fundação Educacional Serra dos Órgãos
Centro Universitário Serra dos Órgãos
Centro de Ciências Humanas e Sociais
Curso de Direito
Disciplina: Direito Internacional Público – Profa. Tatiana Calandrino
	Fontes – origens do Direito
	Fontes formais x fontes materiais
	Materiais: fatores que dão origem ao Direito
	Formais: expressão do Direito (mediata ou imediata)
	Direito Internacional Público – externas
	Direito Internacional Privado - internas
Estatuto da Corte Internacional de Justiça 
	Artigo 38:
	1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar:
	2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
	3.O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito;
	4.Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
	5.As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
	6.A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes.
	Não há hierarquia entre fontes
Tratado 
	Acordo firmado entre pessoas jurídicas de direito internacional público (Estados, Santa Sé
 e Organizações internacionais) 
	Qualquer matéria, forma escrita
	Não há regra uniforme sobre nomenclatura. Alguns exemplos de usos mais comuns:
	Tratado (mais solene); convenção (normas gerais), declaração (princípios), Pacto (solene), Estatuto (tribunais), Protocolo, acordo, convênio (cultura e esportes), modus vivendi (temporário), concordata (Santa Sé)
Convenção de Viena de 1969
(promulgação no Brasil: decreto nº 7030 de 2009)
A Convenção de Viena sobre o direito dos tratados somente entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980, quando, nos termos de seu art. 84, chegou-se ao quorum mínimo de trinta e cinco Estados-partes. 
Em 2010, eram partes na Convenção 111 países — não incluídos, entre outros, os Estados Unidos da América e a França.
Convenção de Viena sobre direito dos tratados – 1969
	Definição de tratado internacional (art. 2): 
	“Acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica” 
Difere do gentlemen’s agreement – acordo entre chefes de Estado sem representar o Estado. EX: Carta do Atlântico e Acordo de Yalta
Requisitos
	São requisitos para validade de um tratado: Capacidade das partes, habilitação dos signatários, consentimento, objeto lícito e possível.
	Capacidade
	- “Todo Estado tem capacidade para concluir tratados” (Convenção de Viena)
	- Santa Sé; organizações internacionais; beligerantes e insurgentes também podem firmar acordos.
	Habilitação
	Chefes de Estado e chefes de Governo possuem representação originária
	Ministro das Relações Exteriores e Chefes de missão diplomática – Embaixada possuem representação derivada
	- “plenos poderes” – demais representantes, tb chamados de plenipotenciários
“Plenos poderes” (art. 2)
	significa um documento expedido pela autoridade competente de um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Estado na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado;
Requisitos
	Consentimento
vícios: Erro, dolo, coação e corrupção
Art. 48 a 52 – Convenção de Viena
	Objeto lícito
Princípios internacionais
Possibilidade x probabilidade
Erro 
	(Convenção de Viena – 1969)
	Artigo 48
	1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
	2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 
	3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79.
(Convenção de Viena – 1969)
Artigo 49 - Dolo 
	Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
Artigo 50 - Corrupção de Representante de um Estado 
	Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
(Convenção de Viena – 1969)
	Artigo 51- Coação de Representante de um Estado 
	Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
	Artigo 52 - Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força 
	É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
Fases de um tratado
	Negociação
Definição dos termos do tratado. 
Em geral, busca-se a unanimidade. Todavia, Convenção de Viena adota o quórum de 2/3.
 
	Assinatura
Plenipotenciários afirmam sua concordância com a redação do tratado, mas ainda não há obrigatoriedade. 
O procedimento de ratificação dependerá da ordem constitucional de cada Estado.
	Versão autêntica x versão oficial (tradução do próprio Estado)
	Divergências de interpretação 
Internalização de um tratado internacional no Brasil
	Aprovação (referendum do Congresso Nacional) 
CRFB, 88, Art. 49 – “É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;”
	Ratificação
CRFB, 88, art. 84, VIII – Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
 - depósito
	Promulgação (decreto do Executivo)
Reservas
	(art. 2) declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado; 
	Ex: Brasil apresentou reserva aos artigos 25 e 66 da Convenção de Viena de 1969.
	Art. 20.3. Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente. 
Vigência do tratado
	A vigência do tratado poderá ser diferida por data certa ou termo (normalmente número mínimo de ratificações)
	O período entre a expressão do consentimento e a vigência é considerado vacatio legis.
Aplicação de Tratados Sucessivos 
sobre o mesmo assunto
(Convenção de Viena – 1969)
	2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com esse outro tratado, as disposições deste último prevalecerão. 
	3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicação tenha sido suspensa nos termos do artigo 59, o tratado anterior só se aplica na medidaem que as suas disposições sejam compatíveis com as do tratado posterior. 
	4. Quando as partes no tratado posterior não incluem todas a partes no tratado anterior: 
	a)nas relações entre os Estados partes nos dois tratados, aplica-se o disposto no parágrafo 3; 
	b)nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um Estado parte apenas em um desses tratados, o tratado em que os dois Estados são partes rege os seus direitos e obrigações recíprocos. 
DIP x Direito interno
	CV69, Art. 27 Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. 
	Teoria monista com prevalência do direito internacional.
	Art. 46.1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
	
Extinção dos tratados
	Denúncia: ato unilateral. O tratado permanece vigente, porém não é válido para o estado denunciante.
	Ab-rogação: decisão coletiva pela extinção
	“Rebus sic stantibus”. a Convenção de Viena prescreve que a mudança fundamental das circunstâncias não pode ser invocada para que o pactuante se dispense de cumprir um tratado, a menos que presentes os requisitos arrolados no art. 62 – mudança fundamental
Classificação dos tratados
	Quanto ao número de partes – bilateral ou multilateral
	Quanto à execução no tempo – estáticos (previsão que se exaure com o cumprimento) ou dinâmicos (situação de continuidade)
	Quanto à execução no espaço – em regra vale para todo o território do Estado, mas há exceções. Ex: Tratado de Cooperação Amazônica
Costume
	Determinação social
	Elemento material – prática reiterada & Elemento subjetivo - convicção
	Lex mercatoria
	Sistema jurídico consuetudinário desenvolvido entre comerciantes durante a Idade Média. 
Princípios gerais do DI
	Autodeterminação dos povos
	Livre consentimento
	Pacta sunt servanda
	Boa-fé
	Solução pacífica dos conflitos
	Lei posterior derroga anterior
Jus cogens
	conjunto de normas que, no plano do direito das gentes, impõem-se objetivamente aos Estados, a exemplo das normas de ordem pública que em todo sistema de direito interno limitam a liberdade contratual das pessoas.
Elementos auxiliares
	Doutrina 
	Entidades (Instituto de Direito Internacional, American Society of International Law,..)
	Jurisprudência
Importância na fixação do costume
	Equidade
	- Anuência das partes
Outras fontes “materiais”
(reconhecidas pela Doutrina)
	Atos unilaterais
	Leis internas. Ex: mar territorial, portos, zona econômica
	Protesto e reconhecimento 
	Decisões normativas de organizações internacionais

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