Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 OBRIGAÇÕES E COMPROMISSOS DO DIREITO INTERNACIOANL Referência: Livro do Portela (material base) André de Carvalho Ramos Livro Hidelbrando Aciolly Malcolm Shaw Valério Mazzuoli 1. TRATADOS: INTRODUÇÃO Conceito: Consistem em acordo escrito de vontades entre 2 ou mais sujeitos internacionais, estipulando direitos e deveres vinculantes regidos pelo próprio direito internacional. Valério Mazzuoli detalha elementos desse conceito, extraindo os seguintes elementos essenciais configurados no conceito de tratado internacional: Acordo internacional. O direito internacional tem por princípio o LIVRE CONSENTIMENTO DAS NAÇÕES. Sendo o tratado internacional sua fonte principal, não pode ele expressar senão aquilo que as partes soberanas acordam livremente. Sem a convergência de vontades dos Estados, por conseguinte, não há acordo internacionalmente válido. Celebrado por escrito. Os tratados internacionais são, diferentemente dos costumes, acordos essencialmente formais. E nisto repousa seu principal traço característico, o costume, sem embargo de ser resultante de um acordo entre sujeitos de direito internacional, com vistas a também produzir efeitos jurídicos, é desprovido da mesma formalidade com que se leva a efeito a produção do texto convencional. E tal formalidade, implica, por certo, na sua escritura, onde se deixe bem consignado o propósito a que as partes chegaram após a negociação. Concluído pelos Estados. Como ato jurídico internacional, os tratados podem ser concluídos por entes capazes de assumir direitos e obrigações no âmbito externo. Mas nem só os Estados detêm, hoje, essa prerrogativa. As organizações internacionais, a exemplo da ONU e da OEA, a partir de 1986, com o advento da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, passaram também a ter capacidade internacional para celebrar tratados. Regido pelo direito internacional. Todo acordo externo que não for regido pelo direito internacional não será considerado como sendo tratado, mas sim simples contrato internacional. 2 Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos. Além do texto principal do tratado, podem existir outros que o acompanham, a exemplo dos protocolos adicionais e dos anexos que, via de regra são produzidos concomitantemente à produção do texto principal. Ausência de denominação particular. A Convenção de 1969 deixa bem claro que a palavra “tratado” se refere a um acordo regido pelo direito internacional, "qualquer que seja sua denominação particular.” Como caiu em prova: TRF2 2013 (CESPE): A necessidade de forma escrita está expressa na definição de tratado presente na Convenção de Viena. Comentários: art. 2º, 1) a, da Convenção de Viena, verbis: “Artigo 2.º Definições 1 - Para os fins da presente Convenção: a) Tratado designa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular”. Questão certa. 2. TERMINOLOGIA DOS TRATADOS Os tratados possuem terminologias variadas. São inúmeras as denominações utilizadas conforme a sua forma, o seu conteúdo, o seu objeto ou o seu fim, citando-se as seguintes: convenção, protocolo, convênio, declaração, modus vivendi, protocolo, ajuste, compromisso etc., além das concordatas, que são os atos sobre assuntos religiosos celebrados pela Santa Sé com os estados que têm cidadãos católicos. Em todas essas denominações, o dado que se enfatiza é a expressão do acordo de vontades, estipulando direitos e obrigações, entre sujeitos de direito internacional. Não é muito relevante para fins de concurso público essa diversificação de nomes. Contudo, há algumas expressões que a prática entre os Estados dá um conteúdo distinto, como a concordata – tratado específico celebrado sempre entre a Santa Sé e outro Estado, trata de relacionamento igreja e Estado (tema espiritual). Por exemplo, a Santa Sé celebra a Convenção da ONU sobre Direito das Crianças, nesse caso é concordata? NÃO, pois não trata da relação Igreja e Estado (espiritualidade). Segundo ACCIOLY (2012), outro ponto importante, consolidado pelas duas convenções, no tocante ao uso da terminologia, refere-se a tratado como acordo regido pelo direito internacional, “qualquer que seja a sua denominação”. Em outras palavras, tratado é a expressão genérica. Como caiu em prova: 3 TRF5 2015 (CESPE): A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, conceitua como tratado o acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido em conformidade com o direito internacional, desde que sua denominação se inicie por um dos seguintes termos: tratado, acordo ou pacto. Errado. Diplomas que regulam os tratados: • Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados de 1969 – Em vigor, o Brasil ratificou a Convenção de Viena de 1969 pelo decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009 - e • Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais de 1986 -O Brasil assinou a Convenção em 21.3.1986, mas ainda não foi aprovado no Congresso Nacional e, por isso, não apresentou o instrumento de ratificação junto ao Secretário-Geral da ONU. Como caiu em provas: CUIDADO COM QUESTÕES PEGAS: CESPE (INSTITUTO RIO BRANCO): Considera-se que a organização internacional - em sentido moderno - surgiu no século XIX, com a Administração Geral de Concessão da Navegação do Reno. Desde então, as organizações internacionais alcançaram importância inegável na vida contemporânea, a ponto de se afirmar que não há atividade humana que não seja - direta ou indiretamente – influenciada pelo trabalho de, pelo menos, uma organização internacional. À luz das normas de direito internacional aplicáveis ao tema julgue C ou E. O tratado constitutivo de uma organização internacional está sujeito às normas da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). COMENTÁRIOS: Um tratado constitutivo de uma organização internacional nada mais é do que um tratado entre Estados que concordam em criar uma OI e, consequentemente, regras que se apliquem a ela e aos Estados membros. A Convenção de Viena de 1969 se aplica a tratados celebrados entre Estados, de modo que se aplica a tratados constitutivos de Organizações Internacionais. Ademais, o artigo 5º dessa convenção inclui expressamente os tratados constitutivos em seu âmbito de atuação: “A presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma organização internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização internacional, sem prejuízo de quaisquer normas relevantes da organização”. A questão está certa. http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil 4 As Convenções de Viena sobre direito dos tratados de 1969 e de 1986 tiveram o grande mérito de estabelecer que o direito de firmar tratados deixou de ser atributo exclusivo dos Estados, e pode ser exercido também pelas demais pessoas internacionais, sobretudo as organizações internacionais. Por meio da Convenção de 1986 ficou claramente estipulado como tal direito pode ser exercido por sujeitos do direito internacional, não somente como já fizera a Convenção de 1969, em relação aos estados, mas especificamente para as organizações intergovernamentais. O direito da Cruz Vermelha Internacional nesse particular tem sido lembrado em mais de uma oportunidade. (ACCIOLY, 2012) Quais são os dispositivos da Convenção de Viena a que o Brasil fez reserva? Arts. 25 e 66. O art. 25 fala da aplicação provisória de tratados. O congresso nacional não autorizou o presidente a ratificar. O art. 66 refere-se à solução pacífica de controvérsias a seremdirimidas pela Corte Internacional De Justiça. Artigo 25 Aplicação Provisória 1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor, se: a)o próprio tratado assim dispuser; ou b)os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte no tratado. Artigo 66 Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução foi alcançada, nos 12 meses seguintes à data na qual a objeção foi formulada, o seguinte processo será adotado: a)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação dos artigos 53 ou 64 poderá, mediante pedido escrito, submetê-la à decisão da Corte Internacional de Justiça, salvo se as partes decidirem, de comum acordo, submeter a controvérsia a arbitragem; 5 b)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação de qualquer um dos outros artigos da Parte V da presente Convenção poderá iniciar o processo previsto no Anexo à Convenção, mediante pedido nesse sentido ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS • Pelo número de partes: Várias classificações têm sido utilizadas para os tratados. A mais simples é a que os divide conforme o número de partes contratantes, ou seja, em bilaterais (quando celebrado entre duas partes) ou multilaterais, quando as partes são mais numerosas. Detalhe: não cabe reserva nos tratados bilaterais. • Pela natureza jurídica: Ainda quanto ao aspecto da natureza jurídica, a doutrina ainda propunha a divisão em tratados- contratos, tratados-leis ou tratados-normativos e os chamados tratados ou acordos quadro. Os tratados-leis consiste em uma expressão doutrinária que retrata tratados com conteúdo genérico, conteúdo não esmiuçado, ou seja, não detalhista. Seriam, em geral, os celebrados entre muitos estados com o objetivo de fixar normas de direito internacional (as convenções multilaterais como as de Viena seriam exemplos perfeitos desse tipo de tratado). Os tratados-contratos consiste em uma expressão doutrinária que retrata tratados com deveres específicos, tais quais um contrato. Procuram regular interesses recíprocos dos estados, isto é, regular interesses, geralmente de natureza bilateral. Contudo, existem diversos exemplos de tratados multilaterais ou de tratados multilaterais restritos. Nada impede que um tratado reúna as duas qualidades, como pode suceder nos tratados de paz ou de fronteiras. O acordo quadro estabelece princípios normativos e disposições programáticas de caráter geral. Porém, acompanhado de dispositivos que estabelecem a possibilidade de complementação por atos específicos futuros. Por isso é chamado de convenção quadro. Estabelece princípios gerais, normas programáticas, mas não é mero conselho. A convenção quadro vem acompanhada de dispositivos que vão dar densidade, vão adensar a juridicidade por meio de atos posteriores, em geral assumidos por um órgão interno da convenção quadro. O grande exemplo que temos é a Convenção quadro sobre mudança climática, cujos princípios foram especificados no chamado protocolo de Kyoto, ou seja, em tratados posteriores. • Por forma de celebração: 6 Tratado formal ou solene: É aquele que exige para sua celebração ato posterior diferente da assinatura. Segundo Paulo Henrique Portela, “solene é a mais comum forma, pelo que os instrumentos que seguem seu modelo são também chamados de 'tratados em sentido estrito'. Na forma solene, há várias etapas de verificação da vontade do Estado.” A primeira etapa inclui a negociação e a assinatura do texto do tratado, primeira manifestação do consentimento. A segunda termina com a confirmação da aquiescência estatal em obrigar-se a um ato internacional por meio da ratificação, a qual, via de regra, depende da anuência dos parlamentos nacionais (aprovação). Por fim, a eficácia do tratado no âmbito interno pode ser condicionada a um ato adicional, que no Brasil é conhecido como 'promulgação'. Tratado de forma simplificada ou acordo executivo: tratado celebrado pela mera assinatura. Segundo Portella, “a forma simplificada requer menos etapas de expressão do consentimento. Os tratados que adotam esse procedimento são também chamados de acordos executivos (executive agreements) e normalmente requerem apenas a participação do Poder Executivo em seu processo de conclusão e prescindem da ratificação. É adequada a tratados que meramente dão execução a outro tratado de escopo mais amplo, como o ajuste complementar, ou que não impliquem a assunção de novos compromissos.” É possível no Brasil, celebrar acordos executivos? Embora haja posição doutrinária em contrário, prevalece ser possível desde que NÃO acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Dentre os acordos executivos existentes no Brasil, Rezek indica: os tratados que interpretam outro tratado ou que decorrem de ato internacional anterior, a exemplo dos ajustes complementares, dos acordos de 'modus vivendi', que meramente estabelecem as bases para entendimentos futuros ou que visam a manter o 'status quo' e dos atos próprios da rotina da atividade diplomática, como os pactos de 'no contrahendo', preparatórios de negociações internacionais. Em todo caso, o autor afirma que a possibilidade do acordo executivo depende da previsão de recursos orçamentários e da reversibilidade, ou seja, da possibilidade de um desfazimento rápido, unilateral e sem maior formalidade (REZEK, 2006, P. 62-64). Como caiu em prova: Câmara dos Deputados 2014 (CESPE): A publicação do acordo executivo é a garantia da introdução, no ordenamento jurídico nacional, dos acordos celebrados no molde executivo, sem que haja a manifestação típica do Congresso Nacional. Certo. 7 TRT5 2013: Os defensores da aplicabilidade dos denominados acordos executivos — para os quais não seria necessário referendo do Congresso Nacional — argumentam que a exigência de referendo limita-se a acordos que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Certo. • De acordo com a perenidade: Há tratados que são perenes, que envolve justamente a regulação definitiva de uma matéria, como por exemplo os tratados de permuta e cessão de territórios. E os tratados que serão executados ao longo do tempo, que são os tratados de trato sucessivo ou tratados de efeito sucessivo, são tratados que estipulam, por exemplo, prestações e contraprestações ao longo do tempo. Qual a importância dessa classificação doutrinaria? A importância é que há obstáculos à rescisão unilateral de tratados perenes, porque eu posso alterar o tratado, mas é preciso a vontade de ambas as partes. Então, por exemplo, se o Brasil quiser alterar seu tratado de fronteira com o Uruguai, ele vai ter que obter a anuência da outra parte. 3 CRIAÇÃO DOS TRATADOS A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, em seu artigo 26, prevê que “todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido de boa-fé”. Já o artigo 27, por sua vez, dita que: “uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno, para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.” A primazia do direito internacional, que era mais construção jurisprudencial, se estipula como direito internacional positivado, pois consta expressamente na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969). Essa é a regra. Existe alguma exceção? SIM. O próprio artigo 27, acima citado, dispõe que a regra “não prejudica o artigo 46”.Cite-se seu teor: Artigo 46: Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados. 1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 8 Como caiu em prova: ABIN 2018 (CESPE): De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, define-se por tratado internacional o “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a esse assunto, julgue o item seguinte. Admite-se excepcionalmente que um Estado possa invocar as disposições de seu direito interno para o fim de justificar o inadimplemento de um tratado. Certo. TRF5 2015 (CESPE): Como regra, um Estado não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado, salvo na hipótese de violação manifesta a norma de direito interno de importância fundamental sobre competência para concluir tratados. Certo. Condições de validades dos tratados: Para que um tratado seja considerado válido, é necessário que as partes (estados ou organizações internacionais) tenham capacidade para tal; que os agentes estejam habilitados; que haja consentimento mútuo; e que o objeto do tratado seja lícito e possível. São três as condições de validade. I Capacidade de celebrar tratados; II Objeto lícito e possível; III Consentimento; Condições: - Poder para celebrar tratados (treaty-making power) A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, estipula com singela concisão, em seu art. 6º: “todo estado tem capacidade para concluir tratados”. Três acepções: Jus ad tractarum – quais são os entes autorizados pelo direito internacional para celebrar tradados: ESTADOS; 9 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: todas têm o poder de celebrar tratado. Claro que as organizações internacionais não têm um poder amplo de celebrar tratados, como têm os estados, depende da autorização prevista no seu tratado institutivo. SANTA SÉ: Já vimos que a Santa Sé é uma definição jurídica que não é muito precisa. Ela é um sujeito de direito internacional sui generis. Ela não é Estado e não é organização internacional, mas é um sujeito reconhecido pelo Brasil, que com ela celebra concordatas. O Brasil reconhece a personalidade jurídica da Santa Sé. GOVERNO DO EXÍLIO (raro hoje em dia, o governo francês no exílio durante a segunda guerra mundial); BELIGERANTES: Em contextos de guerra civil, se reconhecida a condição jurídica de beligerante pelo poder central, o beligerante então pode celebrar tratados de acordo com a sua característica de domínio. Então, se ele domina a parte norte de um Estado, por exemplo, ele pode celebrar tratados nessa parte. O beligerante depende inicialmente do reconhecimento dessa guerra civil e desse controle territorial sobre seu território. Por que o poder central reconheceria o beligerante? Reconheceria por que não quer se responsabilizar pelo território transitoriamente ocupado na ocasião da guerra. MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL: Mesmo antes de se emancipar, pode uma organização de libertação nacional celebrar acordos. Por exemplo, a OLP (organização de libertação da Palestina) celebrou acordos com o Brasil. Há certo poder de celebrar tratados. Claro que Israel ocupa a maior parte do território que deveria ser da Palestina de acordo com a própria ONU, mas a autoridade palestina hoje tem uma base territorial (ainda que muito diminuta e sob ameaça de invasão de Israel, caso a autoridade palestina dê mais passos para a sua independência). Israel não quer um Estado Palestino. Então, há certo poder de celebrar tratados, mas quem tem poder amplo é o ESTADO, que é o sujeito primário do Direito internacional, porque é aquele que vai produzir em último sentido todas as normas internacionais. Quem pode representar os ESTADOS no momento de celebração dos tratados? Representantes por presunção absoluta, NÃO precisam apresentar carta de plenos poderes: Chefes de Estado, Chefe de Governo, Min. das Relações Exteriores, e Chefes de Missão Diplomática (este somente para tratados bilaterais) 10 Qualquer pessoa pode representar um Estado desde que apresente CARTA DE PLENO PODERES. (representantes plenipotenciários): É uma pessoa escolhida pelo Chefe de Estado e/ou Chefe de Governo com a chancela, confirmação, do Ministro das Relações Exteriores para negociar e assinar tratados. Geralmente são diplomatas, mas nem sempre. Algumas vezes o tratado é tão técnico que uma pessoa especialista na área será nomeada para representar. Essa pessoa é escolhida para um tratado e depois deixa de representar, sendo assim, teremos vários plenipotenciários (são escolhidos para tratados específicos, em regra). A maioria dos tratados são assinados pelos plenipotenciários, pois os Chefes de Estados e Chefes de Governos não podem se deslocar tanto para participar dos tratados. Rito de incorporação: O terceiro significado de “poder de celebrar tratados” será visto no rito de incorporação. Então, essa expressão vai também abarcar a incorporação interna dos tratados. Consentimento: O consentimento é a base de todo o VOLUNTARISMO. O Direito dos tratados é voluntarista. Só acede ao tratado quem quiser. Segundo Accioly, “o tratado é ACORDO DE VONTADES e, como tal, a adoção de seu texto efetua-se pelo consentimento de todos os estados que participam na sua elaboração. No caso dos tratados multilaterais, negociados numa conferência internacional, a adoção do texto efetua-se pela maioria de dois terços dos estados presentes e votantes, a não ser que, pela mesma maioria, decidam adotar regra diversa.” A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, estipula em seu art. 11 que “o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado”, seguindo-se-lhes, nos artigos subsequentes, as seguintes modalidades de manifestação do consentimento: art. 12, “o consentimento de um estado em obrigar- se por um tratado manifesta-se pela assinatura do representante desse estado”, com as respectivas hipóteses; art. 13, “o consentimento dos estados em se obrigarem por um tratado, constituído por instrumentos trocados entre eles, manifesta-se por essa troca”, com as respectivas hipóteses; art. 14, “ratificação”; art. 15, “adesão”; e a caracterização temporal, especificada no art. 16, “a não ser que o tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão estabelecem o consentimento de um estado em obrigar-se por um tratado”; art. 17, “o consentimento 11 de um estado em obrigar-se por parte de um tratado só produz efeito se o tratado o permitir ou se outros estados contratantes nisso acordarem”, sem prejuízo dos artigos 19 a 23, que regulam “reservas” a tratado; e o art. 18, por sua vez, estipula as hipóteses em que “um estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado”. Como caiu em prova: ANAC 2012 (CESPE): De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de reserva, desde que a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu objeto e sua finalidade. Certo.Os princípios de direito civil relativos aos vícios de consentimento não podem ter a mesma aplicação em direito internacional, visto existir em natureza e funcionamento diversos no ordenamento internacional bem como interesse superior da comunidade internacional de que os tratados sejam respeitados como expressão não somente de pacto entre partes, mas também de lei, no contexto internacional. A Convenção de Viena de 1969, seguindo a orientação da CDI, ocupa-se dos vícios (erro, dolo, coação etc.) como motivos de nulidade. No caso de coação exercida contra representante de um estado, a Convenção de Viena estabelece, em seu artigo 51, que o tratado “não produz efeito jurídico”. Na prática, em tal hipótese, o estado que este representa pode deixar de ratificar o tratado ou contestar a sua validade. Objeto lícito e possível: A formação do vínculo legal pressupõe a LICITUDE e a POSSIBILIDADE DO OBJETO do consenso de vontades. Em direito internacional, como ademais em direito interno, só se deve visar coisa materialmente possível e permitida pelo direito e pela moral. (ACCIOLY, 2012) Na prática, as hipóteses, quer de ilegalidade, quer de impossibilidade, são raras. Exemplo histórico e notório de objeto não lícito foi o tratado de Munique de 1938, por meio do qual se fez a partilha da então Tchecoslováquia, sem sequer ter contado com a assinatura e participação do principal interessado e objeto da deliberação. Dentre questionamentos no tocante à possibilidade, cumpre indagar até que ponto se reveste de qualquer efetividade a pretensão de tratado da Lua e dos corpos celestes, por meio do qual são estes declarados patrimônio comum da humanidade: entende-se o 12 propósito norteador da adoção do dispositivo – porquanto a preocupação era no sentido de evitar a militarização do espaço –, mas carece de qualquer conteúdo efetivo. 4. CRIAÇÃO TRATADOS CRIAÇÃO OU FORMAÇÃO DOS TRATADOS: envolve a fase da NEGOCIAÇÃO. A negociação não tem forma (forma livre), pode existir a negociação diplomática tradicional, mas pode existir a negociação institucionalizada no seio das Organizações Internacionais, nasce o importante tema da chamada DIPLOMACIA PARLAMENTAR – expressão doutrinária que retrata a atividade de negociação de tratados realizada nos seios de organizações internacionais, tal qual é realizada nos parlamentos nacionais. Finalização da negociação: A negociação pode se encerrar por dois instrumentos, a chamada adoção de texto e a chamada assinatura. Assinatura: Consiste no ato unilateral pelo qual o Estado, em geral, põe fim às negociações, autentica o texto e manifesta a sua predisposição em celebrar um tratado. Portanto, são 4 efeitos decorrentes da assinatura: a) pões FIM ÀS NEGOCIAÇÕES; b) AUTENTICAM O TEXTO: Não se muda uma vírgula. Uma consequência é a chamada versão autêntica, que é a versão na qual foi negociado o texto do tratado. A versão oficial é aquela na qual foi feita a tradução para o português. O art. 14 da Constituição Federal estabelece que o idioma português é o vernáculo, é o idioma oficial do Brasil. Então, o Itamaraty tem como missão traduzir a versão autentica em versão oficial. c) manifesta predisposição em, no futuro, celebrar tratado; e d) se abster de condutas que frustrem o OBJETO e FINALIDADE do tratado.1 O Estado tem que se abster de praticar atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. Ele não precisa cumprir o 1 Artigo 18 Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada em Vigor Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, quando: a)tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado; ou b)tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a entrada em vigor 13 tratado com a mera assinatura, mas ele também não pode frustrar o objeto e a finalidade. Por exemplo, imaginemos que o Brasil celebre um tratado para entregar minério de ferro para China. Depois de assinar, ele não pode, por exemplo, vender o minério de ferro para um terceiro país. Como caiu em prova: DPF 2013 (CESPE): A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que o Estado que tenha assinado um tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a não frustrar seu objeto e finalidade antes de sua entrada em vigor. Certo. DPU 2015 (CESPE): Segundo a Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, o Estado é obrigado a abster-se de atos que frustrem o objeto e finalidade do tratado, quando houver trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de aceitação. Certo. Conceito de Adoção: Significa que os Estados adotam o texto, pondo fim à fase de negociação, mas sequer assinam. O que acontecia antes? Em virtude de peculiaridades locais, os estados, por exemplo, não queriam sequer assinar. Diante disso, o Direito internacional adotou a figura jurídica da adoção, que significa que os estados adotam o texto pondo fim a fase de negociação, porém não assinam. A adoção do texto só tem dois efeitos, que é por fim as negociações e autenticar o texto. As duas outras consequências não existem (criar a obrigação de não contrariar o objeto e a finalidade, indicar predisposição em celebrar tratado). Por exemplo, a delegação brasileira, na conferência de Roma, que acabou consagrando o estatuto de Roma, tão somente adotou o texto. Aceitação e Aprovação: seriam termos utilizados mais pelas Organizações Internacionais. Adesão: Não confundir com adoção! A adesão consiste na manifestação da vontade de celebrar contrato por aquele que não o negociou. O Brasil, a título de exemplo, aderiu à convenção da OCDE (organização de cooperação e desenvolvimento econômico) sobre corrupção de funcionário público internacional. O Brasil não do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada. 14 ratificou essa convenção, ele aderiu a ela, pelo simples motivo de que ele não é parte na OCDE, ele não negociou esse tratado. Toda vez que o Brasil não negocia, recebe o tratado pronto, ele adere ao tratado. Relembrando: A assinatura também pode firmar tratado, nos casos dos acordos executivos. É preciso ler o contrato para saber o teor da assinatura. Retirada da assinatura: Em virtude do efeito previsto no art. 18 da Convenção de Viena sobre o Direito dos tratados há um interesse jurídico na retirada da assinatura. Então, o Estado que por ventura assine, manifeste a predisposição em celebrar o tratado e depois se arrepende, deve retirar a assinatura. 4.1 FASES DA CELEBRAÇÃO Ratificação: Artigo 14 Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela Ratificação, Aceitação ou Aprovação 1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação: a)quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação; b)quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em que a ratificação seja exigida; c)quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito a ratificação; ou d)quando a intenção do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificação decorra dos plenos poderes de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela aceitação ou aprovação em condições análogas às aplicáveis à ratificação. A ratificação é o ato administrativomediante o qual o CHEFE DE ESTADO confirma tratado firmado em seu nome ou em nome do estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário. Geralmente, só ocorre a ratificação depois que o tratado foi aprovado pelo Parlamento, a exemplo do que ocorre no Brasil, onde essa faculdade é do Congresso Nacional. 15 Segundo Portela (2016), a RATIFICAÇÃO é o ato pelo qual o Estado, após reexaminar um tratado assinado, confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu consentimento em obrigar-se por suas normas. É a aceitação definitiva do acordo. O artigo 11 da Convenção sobre o direito dos tratados estipula que “o consentimento de um estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado”. A Convenção inovou nesse particular, pois, além de admitir a assinatura como meio de qualquer estado se obrigar por tratado, menciona algumas outras modalidades, levando em consideração certas peculiaridades de determinados países. (ACCIOLY, 2012) No Brasil, de quem é a competência para ratificar tratado? Cuida-se de ato privativo do Presidente da República, competente para “manter relações com Estado estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos” e para “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional” (CF, art. 84, VII e VIII). (PORTELA, 2016) Trata-se de um ato discricionário ou vinculado? A ratificação é ato discricionário. “De fato, a dinâmica das relações internacionais pode fazer com que um acordo que era interessante para um Estado à época de sua assinatura não mais o seja posteriormente. Nesse sentido, ratificar um ato internacional contrário ao interesse nacional feriria, no caso brasileiro, o próprio compromisso feito pelo Presidente da República por ocasião de sua posse, quando prometeu ‘promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil’ (CF, artigo 78, caput)” (PORTELA, 2016). Como a ratificação é ato discricionário, pode ocorrer apenas no momento mais oportuno ou conveniente para os interesses nacionais. O tratado pode estabelecer um lapso temporal para os Estados ratificarem-no? SIM.É perfeitamente possível que os tratados estabeleçam um lapso temporal dentro do qual os Estados devem ratificá-los, após o qual a ratificação não mais será possível. Ratificação e Congresso Nacional: A ratificação normalmente depende da autorização parlamentar. É o caso do Brasil, onde o Presidente da República só poderá ratificar tratados com a autorização do Congresso Nacional, ao qual compete, em caráter exclusivo, “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 16 acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”, nos termos da CF (art. 49, I). (PORTELA, 2016) RATIFICAÇÃO: PARTICIPAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E DO CONGRESSO NACIONAL POSSIBILIDADE 1 POSSIBILIDADE 2 Se o Congresso NÃO autoriza a ratificação Se o Congresso autoriza a ratificação Presidente NÃO pode ratificar Presidente pode ou não ratificar Efeitos jurídicos dos tratados: (PORTELA, 2016): Parte da doutrina afirma ser a ratificação o ato que compromete o Estado definitivamente. Efetivamente, a ratificação é em geral necessária para que o compromisso vincule o Estado. Entretanto, não gera consequências jurídicas a ratificação de um tratado bilateral que não foi ratificado pela outra parte ou de um acordo multilateral que não atingiu um número mínimo de ratificações. Além disso, o texto do tratado pode dispor que o ato só entra em vigor após determinado tempo. Inicialmente, é importante indicar que um tratado entra em vigor na forma e na data prevista no tratado ou conforme for acordado pelos Estados negociadores (Convenção de Viena, art. 24, par. 1 e 2) A ratificação pode ser feita pela troca de instrumentos, muito comum em tratados bilaterais, pois é mais fácil de se efetivar. A operação da troca de ratificações, usada para os tratados bilaterais, consiste na permuta das respectivas cartas de ratificação de cada parte contratante. Efetua-se, de ordinário, com alguma solenidade, no ministério das relações exteriores de um dos dois estados contratantes, designado previamente no instrumento original do tratado. Às vezes, porém, realiza-se na capital de terceiro estado, para esse fim escolhida, por acordo mútuo. Uma ata ou protocolo, lavrado em dois exemplares, nos respectivos idiomas dos dois contratantes ou num terceiro (geralmente, o inglês, como também o francês, da mesma forma que, outrora, o latim), consigna a troca dos documentos e é assinado e selado pelos plenipotenciários especialmente designados para a troca. São estes, quase sempre, o ministro das relações exteriores da parte contratante em cuja capital se efetua a cerimônia e o agente diplomático da outra parte acreditado no lugar. (ACCIOLY, 2012) Já nos tratados multilaterais, existe a figura central do depositário, pode ser o Secretário-Geral da Organização que patrocinou o tratado. Cada país deposita o ato de ratificação e depois o depositário informa os demais, então fica mais fácil, chama-se de depósito de instrumento de ratificação, isso é a concretização. 17 Como caiu em prova: Diplomata 2016 (CESPE): A menos que o tratado ou os Estados contratantes disponham de forma diversa, é função do depositário examinar se a assinatura de instrumento está em boa forma e, se necessário, chamar a atenção do Estado em causa sobre a questão. Certo. Quando se trata de tratados multilaterais, adota-se o processo do depósito das ratificações. Estas são enviadas ao governo de estado previamente determinado, e que é geralmente o do estado onde o tratado foi assinado. Tal governo recebe e guarda nos seus arquivos os instrumentos recebidos e comunica o depósito aos demais contratantes. Às vezes, é fixada data para o primeiro depósito de ratificações, depois de reunido certo número destas, a fim de que o tratado, em seguida, comece imediatamente a vigorar entre as partes que o tiverem ratificado. (ACCIOLY, 2012) Nos tratados multilaterais celebrados sob os auspícios das Nações Unidas ou da Organização dos Estados Americanos, estipula-se geralmente que eles serão depositados na sede da organização, cabendo-lhe cumprir todas as funções do depositário, como informar as partes contratantes do recebimento de assinaturas e adesões, da entrada em vigor do tratado quando este reunir o número de ratificações ou adesões necessárias etc. (ACCIOLY, 2012) Apenas os estados que assinaram qualquer tratado multilateral devem ratificá-lo; no caso de países que posteriormente desejarem ser parte nele, o recurso, como visto, é a adesão ou a aceitação. (ACCIOLY, 2012) Com a ratificação, com a assinatura, adesão, nós temos já realizado a validade do Tratado, temos um tratado válido no plano internacional. Exigência de número mínimo de adesão: Para entrar em vigor, não é incomum o tratado exigir um número mínimo de Estados Partes. Por exemplo, a convenção de Viena sobre direito dos tratados realizados por organizações internacionais não entrou em vigor por que não atingiu o número mínimo, que era de 15 estados. Há tratados que estabelecem um número mínimo de estados-partes muito grande, como foi o caso do Tratado de Roma, que exigia 60 ratificações (hoje temos 122 ratificações). A prática internacional criou a exigência de que o acordo multilateral necessite apenas de um número mínimo de ratificações para entrar em vigor. Tal número é estabelecido na própria negociação e é consagrado no próprio texto do tratado, variando, portanto, entre os atos internacionais. Atingido esse 18 número, o tratado ficaapto a gerar efeitos jurídicos, mas apenas para os entes que já o ratificaram, passando a valer para os demais Estados apenas na medida em que estes o ratifiquem. (PORTELA, 2016) A ratificação de um tratado multilateral não gerará efeitos para a parte que o ratifique antes que seja atingido o número mínimo de ratificações exigido. Por outro lado, o tratado multilateral que tenha alcançado o número mínimo de ratificações só entrará em vigor para os signatários que não o ratificaram na medida em que estes o ratifiquem. (PORTELA, 2016) Por fim, caso o texto do tratado assim o determine, o ato entrará em vigor na data do recebimento da última ratificação exigida ou após certo prazo, também estabelecido no próprio texto do tratado. (PORTELA, 2016) Registro e publicidade e do Tradado: O principal objetivo do registro é contribuir para a consolidação das normas de Direito Internacional e dar PUBLICIDADE ao ato para a sociedade internacional, evitando, ainda, a celebração de compromissos secretos, prática antes adotada e que não só gerou consequências deletérias na sociedade internacional como também não se coaduna com o espírito democrático, que preconiza, dentre outras coisas, a publicidade das normas. (PORTELA, 2016) O art. 80 da Convenção de Viena de 1969 sobre os tratados dispõe textualmente que: “Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de classificação ou catalogação, conforme o caso, bem como de publicação.” Com isso, o texto da Convenção de Viena evidencia que o registro é ato posterior à entrada em vigor do ato internacional e, portanto, a vigência do acordo independe, do registro na ONU. (PORTELA, 2016) São atos necessários à validade internacional? Em regra não, a publicidade e o registro não constam nas condições de validade ou mesmo de vigência. Ocorre que a Carta da ONU, no seu art. 102, estabelece que os tratados não registrados e publicados na ONU não podem ser invocados perante órgãos da própria ONU. Carta da ONU, art. 102, § 2º: "Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha sido registrado de conformidade com as disposições do parágrafo 1o deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo perante qualquer órgão das Nações Unidas." Portanto é um estímulo para o registro, por exemplo, se um Estado A celebra um contrato secreto com o Estado B e não o registra na ONU, aquele não poderá processar o Estado faltoso na Corte Internacional de Justiça, se o tratado não tiver sido registrado na ONU previamente. 19 Como caiu em prova: TRF5 2015 (CESPE): Para que um tratado internacional entre em vigor é necessário que ele seja registrado na Secretaria das Nações Unidas Errado. TRF1 2011 (CESPE): Os tratados que, concluídos pelos membros da ONU, não tenham sido devidamente registrados e publicados no secretariado desse organismo internacional não podem ser invocados, pelas partes, perante qualquer órgão da organização. Certo. Reserva: CVDT, Art. 2º, 1. Para os fins da presente Convenção: (...) d) “reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado;" A realidade da complexidade de obtenção de um consenso entre todos os atores participantes dos Tratados impõe a articulação da sociedade internacional ao redor de certos valores mínimos, dos quais depende a consecução de objetivos comuns da humanidade. É por isso que os Estados e os organismos internacionais muitas vezes optam por firmar compromissos entre si que não obrigam totalmente todas as partes contratantes. Surge assim o instituto da RESERVA. (PORTELA, 2016) É, pois, uma maneira pela qual um Estado pode concluir um tratado sem se comprometer com todas as suas normas. (PORTELA, 2016) Segundo André de Carvalho Ramos reserva é o ato unilateral o qual o Estado manifesta FORMALMENTE o seu desejo, qualquer que seja a sua redação ou denominação, no momento da celebração, de MODIFICAR ou EXCLUIR determinadas cláusulas do tratado. Como caiu em prova: ABIN 2018 (CESPE): Reserva é uma declaração unilateral feita expressamente com essa denominação por um Estado no momento da assinatura, ratificação, aceitação ou aprovação de um tratado, ou da adesão a determinado tratado, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado no que se refere a sua aplicação a esse Estado. 20 Errado. O Direito internacional admite reservas? SIM. Algumas considerações: Em primeiro lugar, temos que salientar que a reserva é apenas para o TRATADO MULTILATERAL. No tratado bilateral, a reserva é convite a nova negociação, ou seja, NÃO POSSÍVEL RESERVA EM TRATADO BILATERAL. Como caiu em prova: TRF5 2015 (CESPE): A reserva significa uma declaração unilateral feita por um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, com o objetivo de excluir ou modificar efeito jurídico de certas disposições de um tratado multilateral ou bilateral. Errado. A reserva tem que ser escrita, expressa e deve ocorrer no momento da RATIFICAÇÃO. Não existe reserva tácita. Como caiu em prova: Qual é o trâmite da reserva? 1º momento: O Estado reservante noticia a reserva, no momento da celebração, quando ele vai lá depositar o instrumento da ratificação ele vai notificar também do instrumento da reserva imposta. 2º momento: Demais Estados notificados. Aqui a ACEITAÇÃO DA RESERVA pode ser EXPRESSA ou TÁCITA. Quer dizer que em geral basta os Estados ficarem silentes por 12 meses que será considerado aceitação tácita. Obs. É importante saber que o estado pode rejeitar a reserva. Cuidado em prova! A reserva NÃO PODE SER TÁCITA, deve ser expressa, porém a aceitação da reserva, por outro Estado, pode ser tácita. Todo Tratado permite reserva? NÃO. Não são todos os tratados que se admite reserva. Conforme dispõe o art.19 da Convenção de Viena sobre Tratados, é possível que o tratado proíba a reserva, ou que a condicione à determinadas cláusulas. Paulo Henrique Portela, por sua vez, ensina que são proibidas as reservas quando 21 - incompatíveis com o objeto ou - com o escopo do Tratado. Art. 19. FORMULAÇÃO DE RESERVAS Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a) a reserva seja proibida pelo tratado; b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. Como caiu em prova: QUESTÃO MPF 2011 - Quando um estado faz reserva a cláusula de tratado está exercendo um direito soberano que é inerente à adesão a todo tratado. Errado, pois há tratados que não admitem reserva. QUESTÃO CESPE ANAC: De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de reserva, desde que a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu objeto e sua finalidade. Certo. Vide art. 19 da CVT, acima transcrito. IMPORTANTE! Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente. (art.20, n.3, Convenção de Viena) Como caiu em prova: QUESTÃO MPF 2011 - Quando um estado faz reserva a cláusula de tratado tem que contar com aquiescência de todas as demais partes do tratado com a reserva, para tornar-se parte deste. Comentários: CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS Art. 20. ACEITAÇÃO DE RESERVAS E OBJEÇÕES ÀS RESERVAS 1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado NÃO REQUER qualquer aceitação posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha. Questão ERRADA. 22 QUESTÃO TRF1ª CESPE: Um Estado pretende ratificar um tratado, mas, para fazê-lo, almeja adaptar alguns de seus dispositivos à interpretação que seus tribunais internos dão a determinado direito contido no tratado. Nessa situação, o instrumento mais adequado a ser utilizado por esse Estado é a reserva. Comentários: A reserva é um qualificativo do consentimento e permite adaptar dispositivos de um tratado ao direito interno dos Estados. Regra geral, elas são permitidas. Só não podem ser feitas quando estiverem expressamente proibidas ou quando forem incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado. O momento de ser feita ocorre quando o Estado manifesta sua vontade definitiva em ingressar em um tratado. Questão correta. QUESTÃO ESAF RECEITA FEDERAL: A reserva é uma declaração bilateral feita por dois estados, seja qual for o seu teor ou denominação, ao assinarem, ratificarem, aceitarem ou aprovarem um tratado, ou a ele aderirem, com o objetivo de excluírem ou modificarem o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esses dois estados. Não pode ser feita a retirada de uma reserva após a comunicação da mesma, dado que sua comunicação suscita a suspensão dos efeitos do tratado. Errado. Ato unilateral. QUESTÃO ESAF RECEITA FEDERAL: A reserva é uma declaração unilateral feita por um estado, seja qual for o seu teor ou denominação, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse estado. A reserva, sua aceitação expressa e sua objeção devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos outros estados com direito de se tornarem partes no tratado. Comentários: Artigo 23, inciso 1°, da Convenção: "A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a objeção a uma reserva devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de se tornar partes no tratado". Item correto. CESPE AGU 2012 - Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa sobre a aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. Certo. DEVO LEMBRAR! A aplicação provisória é tratada no artigo 25 da CVDT/1969 e o Brasil, quando aderiu à Convenção em 2009, fez duas reservas: - uma em relação à aplicação provisória (artigo 25) e 23 - outra em relação à jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, 'a'). Isso pode ser encontrado no Decreto 7.030/2009, que internalizou a Convenção. Consequência da rejeição da reserva: Rejeição simples: É aquela na qual o Estado rejeita a alteração pretendida, então o tratado entra em vigor para o Estado reservante e para o Estado que rejeitou, sem aquela cláusula. Rejeição qualificada: O Estado interpreta que é tão importante a cláusula reservada que ele entende que o Tratado sem essa cláusula (ou com a cláusula modificada) não vai entrar em vigor. Vamos imaginar o Brasil celebrando um tratado multilateral com a Argentina, Moçambique, Alemanha. Então o Brasil modifica uma cláusula, digamos que a Argentina e Alemanha aceitem a reserva feita pelo Brasil, porém, Moçambique rejeita. Assim o Brasil estará vinculado a Alemanha e a Argentina, mas não estará a Moçambique. Moçambique está vinculado à Argentina e à Alemanha, mas não estará em relação ao Brasil. Então, é preciso verificar sempre se o Brasil está vinculado em relação a cada país. Regime Jurídico: Reserva proibida: É aquela que é proibida pelo próprio Tratado. Ex.: O Estatuto de Roma proíbe a reserva. Além disso, é proibido qualquer reserva sobre o objeto e finalidade do Tratado. Reserva permitida. Se o tratado é omisso e não fala nada sobre reserva é porque ele aceita. Claro, desde que não seja a reserva sobre o objeto e a finalidade do Tratado (regra geral). QUESTÃO CESPE: De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de reserva, desde que a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu objeto e sua finalidade. Certo. MPF (Procurador da República): QUANDO UM ESTADO FAZ RESERVA A CLÁUSULA DE TRATADO, (a) está diferindo sua entrada em vigor; (b) está declarando que não quer se vincular a esta cláusula; (c) tem que contar com aquiescência de todas as demais partes do tratado com a reserva, para tornar-se parte deste; (d) está exercendo um direito soberano que é inerente à adesão a todo tratado. GAB.: LETRA B 4.2 Efeitos dos tratados sobre terceiros 24 É cediço que as normas internacionais são obrigatórias. Nesse sentido, a entrada em vigor de um tratado traz uma série de consequências jurídicas para seus signatários e, em alguns casos, para terceiros. Primeiro lugar: o art. 34 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados fala justamente sobre o PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS TRATADOS, que diz que os Tratados só produzem efeitos sobre as partes. Tratados e Terceiros Estados Artigo 34 Regra Geral com Relação a Terceiros Estados Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento. Só que, excepcionalmente, os tratados estabelecem efeitos sobre terceiros. Como caiu em prova: TRF1 2011 (CESPE): Por criarem ou modificarem situações jurídicas objetivas, os tratados somente produzem efeitos entre as partes. Errado. Quais são esses efeitos: • Efeitos Difusos (constitutivo-negativo): O efeito difuso é aquele em que, por dois Estados definirem uma situação jurídica, terceiros terem de se adaptar. O melhor exemplo seria o acordo entre dois Estados definindo a fronteira entre ambos. Obviamente isso afeta a toda a Comunidade Internacional, ainda que os demais Estados não façam parte do tratado. O efeito é, aquele território ou é do Estado X ou é do Estado Y, e apenas destes países. Também é um efeito difuso a previsão convencional a favor de terceiros. É a chamada estipulação em favor de terceiros. Já houve casos, inclusive de guerra, em que os estados fizeram uma estipulação em favor de um terceiro Estado para que houvesse uma maior segurança. Acontece nos casos típicos de aliança militar. Reino Unido e França fizeram uma estipulação em favor de terceiros. Se a Alemanha violasse a integridade territorial da Polônia teríamos uma guerra porque havia uma estipulação em favor de terceiro. • Cláusula da nação mais favorecida: consiste em uma disposição que prevê que toda e qualquer vantagem em relação a uma das partes do tratado deve ser estendida aos demais. 25 Um caso típico dessa cláusula é usado no Comércio Internacional. Dentro da OMC há a cláusula da nação mais favorecida no tratado de Marrakesh, que indica que se o Brasil dá um tratamento mais vantajoso para o México, o Brasil é obrigado a estender esse tratamento a todos os demais. 5. INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS (ACCIOLY, 2012) As Convenções de 1969 e de 1986 ocupam-se da interpretação de tratados nos artigos 31 a 33, que estipulam como regra geral que todo tratado deve ser interpretado de boa-fé. SEÇÃO 3 - Interpretação de Tratados Artigo 31 - Regra Geral de Interpretação 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. 2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá,além do texto, seu preâmbulo e anexos: a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado 3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto: a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação; c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. 4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. Artigo 32 Meios Suplementares de Interpretação 26 Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31: a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado. Artigo 33 Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas 1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça um texto determinado. 2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só será considerada texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem. 3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. 4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quando a comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos artigos 31 e 32 não elimina, adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos. Na interpretação leva-se em consideração não só o texto, mas também o preâmbulo e os anexos, bem como qualquer acordo feito entre as partes, por ocasião da conclusão do tratado, ou, posteriormente, quanto à sua interpretação. Com referência a esse acordo prévio, é possível que haja dúvidas sobre se pode ou não ser em forma não escrita. Pode-se recorrer aos trabalhos preparatórios da elaboração dos tratados (travaux préparatoires) na interpretação? SIM. É muito importante para interpretar grandes convenções multilaterais, como as firmadas em Viena, pois a documentação existente esclarece frequentemente o sentido de artigo. São, porém, fontes suplementares de interpretação. Como caiu em prova: 27 TRF2 2013 (CESPE): Na regra geral de interpretação dos tratados, está previsto o recurso aos trabalhos preparatórios. Errado. Os tratados devem ser interpretados como um todo, cujas partes se completam umas às outras. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. Nesse particular, convém lembrar que principalmente nos tratados de natureza específica a praxe é incluir no início glossário, listando as expressões utilizadas e o sentido destas em relação ao tratado. Se em um tratado bilateral redigido em duas línguas houver discrepância entre os dois textos que fazem fé, cada parte contratante é obrigada apenas pelo texto em sua própria língua, salvo disposição expressa em contrário. Com o objetivo de evitar semelhantes discrepâncias é comum a escolha de terceira língua que fará fé. (ACCIOLY, 2012) PRINCÍPIOS RELATIVOS À INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS Principal critério: boa fé Orientação pelo sentido comum atribuível aos termos do acordo em seu contexto e à luz do objetivo que foi buscado pelos signatários. Pode levar em conta outros tratados e demais regras do Direito Internacional, a prática dos signatários, circunstâncias de conclusão do acordo, trabalhos preparatórios, etc. 6. PATOLOGIA – VÍCIOS DOS CONTRATOS É preciso distinguirmos a patologia da extinção. Na patologia teremos tratados nulos ex tunc. E a extinção tem efeitos ex nunc. A Convenção de Viena sobre os direitos dos tratados estabelece que há nulidade por vício de COMPETÊNCIA e por vício do CONSENTIMENTO. Nulidade por vício de competência: O art. 46, item 2, da CVDT, estabelece que um tratado é NULO quando violar dispositivo interno fundamental sobre competência. A violação da norma nacional referente ao PODER PARA CONCLUIR TRATADOS pode efetivamente viciar o consentimento estatal e levar à nulidade do acordo, desde que essa violação seja manifesta e se refira a preceito de importância fundamental. Nos termos da Convenção de Viena de 1969, violação 28 manifesta é aquela “objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé (art. 46, par. 2º)” (PORTELA, 2016) O Direito internacional aqui está homenageando o princípio da boa-fé. Ou seja, nos casos de existência desse vício, na realidade houve um aproveitamento, uma má fé da outra parte. Por exemplo, o presidente do Brasil celebrou um tratado que não era possível de ser celebrado. A outra parte fingiu que não era com ela e aceitou. Artigo 46 Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados 1. Um Estado NÃO pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé. Nulidade por vício de consentimento: Por erro, dolo, corrupção do representante, coação, envolve a manifestação do consentimento. Existe uma divergência entre a vontade e sua manifestação (erro), divergência entre a vontade e sua manifestação de forma proposital (dolo). O ERRO consiste na divergência entre a vontade e sua manifestação. O erro tem um regime jurídico peculiar no Direito internacional, porque esse erro não pode ser inescusável, ou seja, tem que ser um erro escusável, desculpável. Artigo 48 – Erro 1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79. 29 O DOLO consiste na divergência entre a vontade e a sua manifestação de modo proposital. Artigo 49 Dolo Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. Na COAÇÃO, o tratado é concluído graças ao emprego da força, de ameaças ou de pressões e imposições contra os negociadores ou contra o Estado, que afetem diretamente a expressão de sua vontade. Dado o elevado grau de subjetividade amiúde envolvido nas relações internacionais, a Convenção de Viena de 1969 destaca princípios deDireito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas como parâmetro para avaliar a real existência de coação contra o Estado. Como caiu em prova: Advogado da Caixa 2010 (CESPE): No direito internacional público, a coação de um Estado pela ameaça ou emprego da força pode dar causa à nulidade absoluta de um tratado internacional. Certo. A coação envolvendo corrupção – quando foi redigida a Convenção de Viena sobre direitos dos tratados em 1969, era uma das grandes esperanças do terceiro mundo transformar boa parte dos tratados em tratados nulos por corrupção. Isso não se realizou, porque a prova da corrupção é muito difícil. Mas há a possibilidade. Artigo 50 Corrupção de Representante de um Estado Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. Quanto a coação sobre os representantes, André de Carvalho Ramos afirma que tem um fato histórico que ocorreu com a anexação dos Sudetos pela Alemanha Nazista, os representantes da Tchecoslováquia tiveram o seu palácio cercado justamente para permitir a celebração do tratado, isso foi coação física sobre seus representantes. Artigo 51 Coação de Representante de um Estado 30 Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele. No tocante a coação sobre o Estado, os países de 3º mundo queriam que na CVDT constasse a pressão econômica para fins de coação, mas ACR entende que a única coação a ser reconhecida para fins de nulidade é a ARMADA. É muito interessante, entretanto, uma coação econômica poderia tornar nulos quase todos os tratados. Então, a única coação sobre o Estado que é reconhecida é a coação armada. Artigo 52 Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas. Nulidade por ilicitude do objeto: O objeto do tratado deve ser lícito e possível. Nesse sentido, não devem os tratados violar normas internacionais já existentes, a não ser para substituí-las por outras mais consentâneas com a realidade internacional. Os tratados não devem também violar normas de jus cogens, determinando, por exemplo, a partilha do território de um Estado, chocando-se frontalmente com as normas internacionais que vedam a guerra de conquista e dão ao Estado o direito de existir. (Portela, 2016) Na prática, as hipóteses, quer de ilegalidade, quer de impossibilidade, são raras. Exemplo histórico e notório de objeto não lícito foi o tratado de Munique de 1938, por meio do qual se fez a partilha da então Tchecoslováquia, sem sequer ter contado com a assinatura e participação do principal interessado e objeto da deliberação. Dentre questionamentos no tocante à possibilidade, cumpre indagar até que ponto se reveste de qualquer efetividade a pretensão de tratado da Lua e dos corpos celestes, por meio do qual são estes declarados patrimônio comum da humanidade: entende-se o propósito norteador da adoção do dispositivo – porquanto a preocupação era no sentido de evitar a militarização do espaço –, mas carece de qualquer conteúdo efetivo. 7. TÉRMINO E EXTINÇÃO DOS TRATADOS A extinção do tratado refere-se ao desparecimento do acordo do ordenamento jurídico, deixando seus preceitos de gerar efeitos jurídicos em caráter permanente. (Portela, 2016) 31 Os tratados extinguem-se fundamentalmente, pela VONTADE COMUM DAS PARTES, pela vontade de UMA parte (em regra nos atos bilaterais, configurando a denúncia) e pela alteração das circunstâncias que motivaram sua celebração. As hipóteses de término de um ato internacional normalmente regulam-se nos respectivos textos. (Portela) A extinção do tratado pela vontade comum das partes pode ocorrer ainda que nada tenha sido estipulado em seu texto e a qualquer tempo, pois, se a vontade dos Estados é levada em conta para formar tratados, também deve ser levada para extinguir. (Portela) O tratado multilateral também pode ser extinto pela vontade comum dos signatários. Entretanto, pode ser difícil obter a concordância unânime das partes de um ato multilateral no sentido de revogar um compromisso internacional do tipo. Por isso, admite-se que os acordos multilaterais deixem de existir, conforme estipulem suas próprias normas, pela vontade da maioria de seus membros ou quando alguns dos contratantes se desvinculem do compromisso, fazendo com que o número de signatários do tratado seja menor do que o estabelecido para que o ato continue a existir. (Portela) Quais são as hipóteses de extinção dos tratados para o Direito internacional? Podemos classificar a extinção dos tratados do Direito internacional em dois grandes grupos. 1ª hipótese: de COMUM ACORDO. Quando há comum acordo entre as partes para a extinção dos tratados, podemos diferenciar o comum acordo em dois grandes grupos: • Pré-determinação ab-rogatória: significa que o próprio tratado já prevê seu lapso de vigência (ex: Brasil - Tratado de Itaipú – 50 anos de vigência (até 2023), outro exemplo: Cessão de Hong Kong ao Reino Unido foi por 99 anos) • Revogação expressa: o Protocolo de Olivos expressamente revogou o Protoloco de Brasília, no âmbito da solução de controvérsia do Mercosul. • Revogação implícita ou tácita: tratado posterior regula totalmente a matéria do tratado anterior. Como caiu em prova: Diplomata 2015 (CESPE): Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de terminá-lo for comum às partes coobrigadas. Certo. Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de terminá-lo é comum às partes por ele obrigadas, seja ela manifestada no momento da assinatura ou durante sua execução (Rezek). 32 2ª hipótese: SEM comum acordo, ou unilateral. É a chamada DENÚNCIA: - ato unilateral - pelo qual um Estado manifesta o seu desejo de não mais se submeter a determinado tratado, - desobrigando-se de cumprir as obrigações estabelecidas em seu bojo - sem que isso enseje a possibilidade de responsabilização internacional. Logicamente, a denúncia extingue o tratado bilateral. Nos atos multilaterais, a denúncia implica apenas a retirada da parte do acordo, cujos efeitos cessam para o denunciante, mas permanecem para os demais signatários. Cabe destacar que autores como Seitenfus chamam a denúncia de compromissos multilaterais de “retirada”. (Portela) Efeitos da denúncia: A denúncia isenta o Estado signatário de cumprir as normas dos tratados. Entretanto, é ato que produz efeitos ex nunc, não excluindo as obrigações estatais relativas a atos ou omissões ocorridos antes da data em que venha a produzir efeitos. (Portela) Como caiu em prova: QUESTÃO (MPT, 2012): A retirada de um Estado-membro da Organização Internacional do Trabalho não afetará a validade das obrigações decorrentes da convenção por ele ratificada, ou a ela relativas, durante o período previsto pela mesma convenção. Certo. Hipóteses em que a denúncia não é permitida: a) o tratado expressamente proibir. Assim, só pode ser extinto por deliberação das partes. b) pela natureza do tratado ou intenção das partes essa proibição de denúncia for implícita. Ocorre especialmente em tratados perenes de fronteira, ex: tratado de Itaipú (não pode ser rescindido unilateralmente pela sua natureza), pelos esforços que foram feitos na construção da barreira na fronteira. Então, é possível que haja um tratado que pela sua natureza não seja submetido a denúncia?Sim, especialmente os chamados TRATADOS PERENES, como é o caso dos tratados de fronteira. Também o tratado de Itaipu, por exemplo, não pode ser rescindido unilateralmente pela sua natureza, 33 porque há uma barragem feita por uma união de esforços, o Brasil financiou a barragem, que se encontra na fronteira dos dois estados e por isso merece uma solução negociada. Por isso não pode ser uma cláusula unilateral. Valério Mazzuoli não admite a denúncia de tratados de direitos humanos que passaram a adquirir status constitucional formal com fulcro no parágrafo 3º do artigo 5º, por conta do fato de estes terem passado a fazer parte do texto constitucional como emendas constitucionais, passando, portanto, a serem insuscetíveis de reforma. O que é cláusula de pré-aviso? Com efeito, a maioria dos tratados admitem a denúncia. Ocorre assim o que foi denominado de cláusula de pré-aviso, que consiste no prazo no qual após a denúncia o estado ainda continua obrigado perante o tratado (ex: Convenção Americana de Direitos Humanos, se um Estado a denunciar, continua vinculado por um ano depois da denúncia, em 2012 a Venezuela veio a denunciar, observou-o até 2013 e hoje não é parte da referida convenção). Segundo Portela é comum que a denúncia seja condicionada a um aviso prévio, que deve ser de pelo menos doze meses (1ano) (Convenção de Viena, de 1969, art. 56 par. 2º). A denúncia deve também ser feita por escrito e é, em geral, relativa a todo o ato, embora possa ser permitida a denúncia parcial, desde que não se refira à cláusula que afetem a aplicação do acordo como um todo. (Portela) Como caiu em prova: QUESTÃO (MPT 2012): Consoante a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a parte deve notificar, com pelo menos 12 (doze) meses de antecedência, a sua intenção de proceder à denúncia ou à sua retirada de um tratado que não contenha disposições sobre denúncia ou retirada. Certo. Pergunta, o Brasil deve consultar o Congresso no caso de denúncia? Segundo Portela, no passado, entendia-se não haver razão para que a denúncia fosse sujeita à anuência do Legislativo dos Estados porque estes, quando autorizavam a ratificação, o faziam no tocante ao tratado como um todo, incluindo as cláusulas de denúncia. Entretanto, a partir do momento em que os Estados passam a concluir tratados de direitos humanos, incluem nos respectivos universos jurídicos normas cuja denúncia poderia ser, no mínimo, danosa para a dignidade humana. Além disso, alguns Estados conferem status constitucional às normas internacionais de direitos humanos, retirando-lhes, ainda, a possibilidade de serem excluídas do ordenamento jurídico, tornando-as aquilo que no Brasil se chama de “cláusula pétrea”. 34 Com isso, a denúncia de um tratado de direitos humanos sem a autorização parlamentar passou a configurar a concessão de um diferencial de poder excessivo para o Chefe de Estado. Neste sentido, no Brasil, a denúncia é ato privativo e discricionário do Presidente da República, materializado por meio de Decreto e que, por enquanto, NÃO se encontra sujeito à autorização prévia ou referendo posterior do Congresso Nacional. Entretanto, existe uma tendência a que passe a ser exigida a autorização congressual para que o Presidente da República possa proceder à denúncia de um tratado. É o que revela o julgamento da ADI 1625, ora ainda em curso, dentro do qual vem prevalecendo a orientação de que não é possível ao Presidente da República denunciar tratado sem o consentimento do Congresso Nacional. É possível retratação da denúncia? SIM. A retratação da denúncia pode ser permitida, desde que ainda não tenha gerado efeitos jurídicos. Outras hipóteses de término dos tratados: Extinção do contrato pelo descumprimento da outra parte: i) tratados sinalagmáticos/tradicionais: a violação do tratado pela outra parte justifica a sua extinção. O art. 60 da Convenção de Viena sobre direito dos tratados estabelece que uma parte não é obrigada a cumprir a sua prestação, se a contraprestação não for cumprida. E dispõe ainda que é possível a extinção do tratado por violação do seu conteúdo pela outra parte: Artigo 60 - Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Consequência de sua Violação 1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte. 2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza: a)as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado, no todo ou em parte, ou a extinguirem o tratado, quer: i)nas relações entre elas e o Estado faltoso; ii)entre todas as partes; b)uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso; 35 c)qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado for de tal natureza que uma violação substancial de suas disposições por parte modifique radicalmente a situação de cada uma das partes quanto ao cumprimento posterior de suas obrigações decorrentes do tratado. 3. Uma violação substancial de um tratado, para os fins deste artigo, consiste: a)numa rejeição do tratado não sancionada pela presente Convenção; ou b)na violação de uma disposição essencial para a consecução do objeto ou da finalidade do tratado. 4. Os parágrafos anteriores não prejudicam qualquer disposição do tratado aplicável em caso de violação. 5. Os parágrafos 1 a 3 não se aplicam às disposições sobre a proteção da pessoa humana contidas em tratados de caráter humanitário, especialmente às disposições que proíbem qualquer forma de represália contra pessoas protegidas por tais tratados Segundo Portela (2016) a violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar tal transgressão como causa de extinção ou de suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte. A violação substancial de um tratado multilateral por uma parte autoriza as outras a suspenderem a execução do acordo, no todo ou parcialmente, ou a extinguirem o ato, quer na relação entre elas e o ente faltoso, quer entre todos os signatários, desde que a partir de seu consentimento unânime. (Portela, 2016) Como caiu em prova: TRF1 2015 (CESPE): É vedada a extinção de um tratado multilateral em virtude de violação substancial de suas disposições por uma das partes. Errado. ii) Extinção do Tratado por impossibilidade do seu cumprimento. Também é possível a extinção pela impossibilidade do seu cumprimento. Nesse caso deve a parte COMPROVAR A IMPOSSIBILIDADE do seu cumprimento, por exemplo, por uma força maior ou caso fortuito. Artigo 61 - Impossibilidade Superveniente de Cumprimento 1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para extinguir o tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desaparecimento definitivo de um objeto 36 indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, pode ser invocada somente como causa para suspender a execução do tratado. 2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como causa para extinguir um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a impossibilidade resultar de uma violação, por essa parte, quer de uma obrigação decorrente do tratado, quer de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte no tratado. iii) Extinção do Tratado por mudança fundamental das circunstâncias pode levar a necessária extinção do Tratado (clausula rebus sic
Compartilhar