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Internacional_público_-_Obrigações_e_compromissos_do_Direito_Internacional_(Tratados)

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1 
OBRIGAÇÕES E COMPROMISSOS DO DIREITO INTERNACIOANL 
Referência: 
Livro do Portela (material base) 
André de Carvalho Ramos 
Livro Hidelbrando Aciolly 
Malcolm Shaw 
Valério Mazzuoli 
1. TRATADOS: INTRODUÇÃO 
 
Conceito: 
Consistem em acordo escrito de vontades entre 2 ou mais sujeitos internacionais, estipulando direitos 
e deveres vinculantes regidos pelo próprio direito internacional. 
Valério Mazzuoli detalha elementos desse conceito, extraindo os seguintes elementos essenciais 
configurados no conceito de tratado internacional: 
Acordo internacional. O direito internacional tem por princípio o LIVRE CONSENTIMENTO DAS NAÇÕES. 
Sendo o tratado internacional sua fonte principal, não pode ele expressar senão aquilo que as partes 
soberanas acordam livremente. Sem a convergência de vontades dos Estados, por conseguinte, não há 
acordo internacionalmente válido. 
Celebrado por escrito. Os tratados internacionais são, diferentemente dos costumes, acordos 
essencialmente formais. E nisto repousa seu principal traço característico, o costume, sem embargo de ser 
resultante de um acordo entre sujeitos de direito internacional, com vistas a também produzir efeitos 
jurídicos, é desprovido da mesma formalidade com que se leva a efeito a produção do texto convencional. E 
tal formalidade, implica, por certo, na sua escritura, onde se deixe bem consignado o propósito a que as 
partes chegaram após a negociação. 
Concluído pelos Estados. Como ato jurídico internacional, os tratados podem ser concluídos por entes 
capazes de assumir direitos e obrigações no âmbito externo. Mas nem só os Estados detêm, hoje, essa 
prerrogativa. As organizações internacionais, a exemplo da ONU e da OEA, a partir de 1986, com o advento 
da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre 
Organizações Internacionais, passaram também a ter capacidade internacional para celebrar tratados. 
Regido pelo direito internacional. Todo acordo externo que não for regido pelo direito internacional não 
será considerado como sendo tratado, mas sim simples contrato internacional. 
 
 
 
 
 
2 
Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos. Além do texto principal do 
tratado, podem existir outros que o acompanham, a exemplo dos protocolos adicionais e dos anexos que, 
via de regra são produzidos concomitantemente à produção do texto principal. 
Ausência de denominação particular. A Convenção de 1969 deixa bem claro que a palavra “tratado” se 
refere a um acordo regido pelo direito internacional, "qualquer que seja sua denominação particular.” 
 
Como caiu em prova: 
TRF2 2013 (CESPE): A necessidade de forma escrita está expressa na definição de tratado presente na 
Convenção de Viena. 
Comentários: art. 2º, 1) a, da Convenção de Viena, verbis: “Artigo 2.º Definições 1 - Para os fins da 
presente Convenção: a) Tratado designa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e 
regido pelo direito internacional, quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais 
instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular”. Questão certa. 
 
2. TERMINOLOGIA DOS TRATADOS 
 
Os tratados possuem terminologias variadas. São inúmeras as denominações utilizadas conforme a sua 
forma, o seu conteúdo, o seu objeto ou o seu fim, citando-se as seguintes: convenção, protocolo, 
convênio, declaração, modus vivendi, protocolo, ajuste, compromisso etc., além das concordatas, que 
são os atos sobre assuntos religiosos celebrados pela Santa Sé com os estados que têm cidadãos 
católicos. Em todas essas denominações, o dado que se enfatiza é a expressão do acordo de vontades, 
estipulando direitos e obrigações, entre sujeitos de direito internacional. 
Não é muito relevante para fins de concurso público essa diversificação de nomes. Contudo, há algumas 
expressões que a prática entre os Estados dá um conteúdo distinto, como a concordata – tratado 
específico celebrado sempre entre a Santa Sé e outro Estado, trata de relacionamento igreja e Estado 
(tema espiritual). Por exemplo, a Santa Sé celebra a Convenção da ONU sobre Direito das Crianças, 
nesse caso é concordata? NÃO, pois não trata da relação Igreja e Estado (espiritualidade). 
Segundo ACCIOLY (2012), outro ponto importante, consolidado pelas duas convenções, no tocante ao 
uso da terminologia, refere-se a tratado como acordo regido pelo direito internacional, “qualquer que 
seja a sua denominação”. Em outras palavras, tratado é a expressão genérica. 
Como caiu em prova: 
 
 
 
 
 
3 
TRF5 2015 (CESPE): A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, conceitua como 
tratado o acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido em conformidade com o 
direito internacional, desde que sua denominação se inicie por um dos seguintes termos: tratado, 
acordo ou pacto. 
Errado. 
 
Diplomas que regulam os tratados: 
• Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados de 1969 – Em vigor, o Brasil ratificou a 
Convenção de Viena de 1969 pelo decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009 - e 
• Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais 
ou entre Organizações Internacionais de 1986 -O Brasil assinou a Convenção em 21.3.1986, 
mas ainda não foi aprovado no Congresso Nacional e, por isso, não apresentou o instrumento 
de ratificação junto ao Secretário-Geral da ONU. 
 
Como caiu em provas: 
CUIDADO COM QUESTÕES PEGAS: 
CESPE (INSTITUTO RIO BRANCO): Considera-se que a organização internacional - em sentido moderno - 
surgiu no século XIX, com a Administração Geral de Concessão da Navegação do Reno. Desde então, as 
organizações internacionais alcançaram importância inegável na vida contemporânea, a ponto de se 
afirmar que não há atividade humana que não seja - direta ou indiretamente – influenciada pelo 
trabalho de, pelo menos, uma organização internacional. À luz das normas de direito internacional 
aplicáveis ao tema julgue C ou E. 
O tratado constitutivo de uma organização internacional está sujeito às normas da Convenção de 
Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). 
COMENTÁRIOS: Um tratado constitutivo de uma organização internacional nada mais é do que um 
tratado entre Estados que concordam em criar uma OI e, consequentemente, regras que se apliquem a 
ela e aos Estados membros. A Convenção de Viena de 1969 se aplica a tratados celebrados entre 
Estados, de modo que se aplica a tratados constitutivos de Organizações Internacionais. Ademais, o 
artigo 5º dessa convenção inclui expressamente os tratados constitutivos em seu âmbito de atuação: “A 
presente Convenção aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma organização 
internacional e a todo tratado adotado no âmbito de uma organização internacional, sem prejuízo de 
quaisquer normas relevantes da organização”. A questão está certa. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
 
 
 
 
 
4 
As Convenções de Viena sobre direito dos tratados de 1969 e de 1986 tiveram o grande mérito de 
estabelecer que o direito de firmar tratados deixou de ser atributo exclusivo dos Estados, e pode ser 
exercido também pelas demais pessoas internacionais, sobretudo as organizações internacionais. 
Por meio da Convenção de 1986 ficou claramente estipulado como tal direito pode ser exercido por 
sujeitos do direito internacional, não somente como já fizera a Convenção de 1969, em relação aos 
estados, mas especificamente para as organizações intergovernamentais. O direito da Cruz Vermelha 
Internacional nesse particular tem sido lembrado em mais de uma oportunidade. (ACCIOLY, 2012) 
 
Quais são os dispositivos da Convenção de Viena a que o Brasil fez reserva? 
Arts. 25 e 66. 
O art. 25 fala da aplicação provisória de tratados. O congresso nacional não autorizou o presidente a 
ratificar. O art. 66 refere-se à solução pacífica de controvérsias a seremdirimidas pela Corte 
Internacional De Justiça. 
Artigo 25 
Aplicação Provisória 
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor, se: 
a)o próprio tratado assim dispuser; ou 
b)os Estados negociadores assim acordarem por outra forma. 
 
2. A não ser que o tratado disponha ou os Estados negociadores acordem de outra forma, a aplicação 
provisória de um tratado ou parte de um tratado, em relação a um Estado, termina se esse Estado notificar 
aos outros Estados, entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua intenção de não se tornar parte 
no tratado. 
 
Artigo 66 
Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação 
 
Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução foi alcançada, nos 12 meses seguintes à data 
na qual a objeção foi formulada, o seguinte processo será adotado: 
a)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação dos artigos 53 ou 64 poderá, mediante 
pedido escrito, submetê-la à decisão da Corte Internacional de Justiça, salvo se as partes decidirem, de 
comum acordo, submeter a controvérsia a arbitragem; 
 
 
 
 
 
5 
b)qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação de qualquer um dos outros artigos da 
Parte V da presente Convenção poderá iniciar o processo previsto no Anexo à Convenção, mediante pedido 
nesse sentido ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 
 
2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 
 
• Pelo número de partes: 
Várias classificações têm sido utilizadas para os tratados. A mais simples é a que os divide conforme o 
número de partes contratantes, ou seja, em bilaterais (quando celebrado entre duas partes) ou 
multilaterais, quando as partes são mais numerosas. 
Detalhe: não cabe reserva nos tratados bilaterais. 
 
• Pela natureza jurídica: 
Ainda quanto ao aspecto da natureza jurídica, a doutrina ainda propunha a divisão em tratados-
contratos, tratados-leis ou tratados-normativos e os chamados tratados ou acordos quadro. 
Os tratados-leis consiste em uma expressão doutrinária que retrata tratados com conteúdo genérico, 
conteúdo não esmiuçado, ou seja, não detalhista. Seriam, em geral, os celebrados entre muitos estados 
com o objetivo de fixar normas de direito internacional (as convenções multilaterais como as de Viena 
seriam exemplos perfeitos desse tipo de tratado). 
Os tratados-contratos consiste em uma expressão doutrinária que retrata tratados com deveres 
específicos, tais quais um contrato. Procuram regular interesses recíprocos dos estados, isto é, regular 
interesses, geralmente de natureza bilateral. Contudo, existem diversos exemplos de tratados 
multilaterais ou de tratados multilaterais restritos. Nada impede que um tratado reúna as duas 
qualidades, como pode suceder nos tratados de paz ou de fronteiras. 
O acordo quadro estabelece princípios normativos e disposições programáticas de caráter geral. 
Porém, acompanhado de dispositivos que estabelecem a possibilidade de complementação por atos 
específicos futuros. Por isso é chamado de convenção quadro. Estabelece princípios gerais, normas 
programáticas, mas não é mero conselho. A convenção quadro vem acompanhada de dispositivos que 
vão dar densidade, vão adensar a juridicidade por meio de atos posteriores, em geral assumidos por um 
órgão interno da convenção quadro. O grande exemplo que temos é a Convenção quadro sobre 
mudança climática, cujos princípios foram especificados no chamado protocolo de Kyoto, ou seja, em 
tratados posteriores. 
• Por forma de celebração: 
 
 
 
 
 
6 
Tratado formal ou solene: É aquele que exige para sua celebração ato posterior diferente da 
assinatura. Segundo Paulo Henrique Portela, “solene é a mais comum forma, pelo que os instrumentos 
que seguem seu modelo são também chamados de 'tratados em sentido estrito'. Na forma solene, há 
várias etapas de verificação da vontade do Estado.” A primeira etapa inclui a negociação e a 
assinatura do texto do tratado, primeira manifestação do consentimento. A segunda termina com a 
confirmação da aquiescência estatal em obrigar-se a um ato internacional por meio da ratificação, a 
qual, via de regra, depende da anuência dos parlamentos nacionais (aprovação). Por fim, a eficácia do 
tratado no âmbito interno pode ser condicionada a um ato adicional, que no Brasil é conhecido como 
'promulgação'. 
Tratado de forma simplificada ou acordo executivo: tratado celebrado pela mera assinatura. Segundo 
Portella, “a forma simplificada requer menos etapas de expressão do consentimento. Os tratados que 
adotam esse procedimento são também chamados de acordos executivos (executive agreements) e 
normalmente requerem apenas a participação do Poder Executivo em seu processo de conclusão e 
prescindem da ratificação. É adequada a tratados que meramente dão execução a outro tratado de 
escopo mais amplo, como o ajuste complementar, ou que não impliquem a assunção de novos 
compromissos.” 
É possível no Brasil, celebrar acordos executivos? 
Embora haja posição doutrinária em contrário, prevalece ser possível desde que NÃO acarretem 
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Dentre os acordos executivos existentes 
no Brasil, Rezek indica: os tratados que interpretam outro tratado ou que decorrem de ato 
internacional anterior, a exemplo dos ajustes complementares, dos acordos de 'modus vivendi', que 
meramente estabelecem as bases para entendimentos futuros ou que visam a manter o 'status quo' e 
dos atos próprios da rotina da atividade diplomática, como os pactos de 'no contrahendo', 
preparatórios de negociações internacionais. Em todo caso, o autor afirma que a possibilidade do 
acordo executivo depende da previsão de recursos orçamentários e da reversibilidade, ou seja, da 
possibilidade de um desfazimento rápido, unilateral e sem maior formalidade (REZEK, 2006, P. 62-64). 
Como caiu em prova: 
Câmara dos Deputados 2014 (CESPE): A publicação do acordo executivo é a garantia da introdução, 
no ordenamento jurídico nacional, dos acordos celebrados no molde executivo, sem que haja a 
manifestação típica do Congresso Nacional. 
Certo. 
 
 
 
 
 
7 
TRT5 2013: Os defensores da aplicabilidade dos denominados acordos executivos — para os quais 
não seria necessário referendo do Congresso Nacional — argumentam que a exigência de referendo 
limita-se a acordos que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. 
Certo. 
 
• De acordo com a perenidade: 
Há tratados que são perenes, que envolve justamente a regulação definitiva de uma matéria, como por 
exemplo os tratados de permuta e cessão de territórios. E os tratados que serão executados ao longo 
do tempo, que são os tratados de trato sucessivo ou tratados de efeito sucessivo, são tratados que 
estipulam, por exemplo, prestações e contraprestações ao longo do tempo. 
 
Qual a importância dessa classificação doutrinaria? 
A importância é que há obstáculos à rescisão unilateral de tratados perenes, porque eu posso alterar o 
tratado, mas é preciso a vontade de ambas as partes. Então, por exemplo, se o Brasil quiser alterar seu 
tratado de fronteira com o Uruguai, ele vai ter que obter a anuência da outra parte. 
 
3 CRIAÇÃO DOS TRATADOS 
 
A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, em seu artigo 26, prevê que “todo tratado 
em vigor obriga as partes e deve ser cumprido de boa-fé”. 
Já o artigo 27, por sua vez, dita que: “uma parte não pode invocar as disposições de seu direito 
interno, para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.” A 
primazia do direito internacional, que era mais construção jurisprudencial, se estipula como direito 
internacional positivado, pois consta expressamente na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados 
(1969). Essa é a regra. 
 
Existe alguma exceção? 
SIM. O próprio artigo 27, acima citado, dispõe que a regra “não prejudica o artigo 46”.Cite-se seu teor: 
Artigo 46: Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados. 1. Um Estado não 
pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação 
de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que 
essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância 
fundamental. 
 
 
 
 
 
8 
 
Como caiu em prova: 
ABIN 2018 (CESPE): De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 
23 de maio de 1969, define-se por tratado internacional o “acordo internacional concluído por escrito 
entre Estados e regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois 
ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica”. No que se refere a 
esse assunto, julgue o item seguinte. 
Admite-se excepcionalmente que um Estado possa invocar as disposições de seu direito interno para 
o fim de justificar o inadimplemento de um tratado. 
Certo. 
TRF5 2015 (CESPE): Como regra, um Estado não pode invocar as disposições de seu direito interno 
para justificar o inadimplemento de um tratado, salvo na hipótese de violação manifesta a norma de 
direito interno de importância fundamental sobre competência para concluir tratados. 
Certo. 
 
Condições de validades dos tratados: 
Para que um tratado seja considerado válido, é necessário que as partes (estados ou organizações 
internacionais) tenham capacidade para tal; que os agentes estejam habilitados; que haja 
consentimento mútuo; e que o objeto do tratado seja lícito e possível. 
 
São três as condições de validade. 
I Capacidade de celebrar tratados; 
II Objeto lícito e possível; 
III Consentimento; 
 
Condições: 
- Poder para celebrar tratados (treaty-making power) 
A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, estipula com singela concisão, em seu art. 
6º: “todo estado tem capacidade para concluir tratados”. 
Três acepções: 
Jus ad tractarum – quais são os entes autorizados pelo direito internacional para celebrar tradados: 
ESTADOS; 
 
 
 
 
 
9 
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: todas têm o poder de celebrar tratado. Claro que as organizações 
internacionais não têm um poder amplo de celebrar tratados, como têm os estados, depende da 
autorização prevista no seu tratado institutivo. 
SANTA SÉ: Já vimos que a Santa Sé é uma definição jurídica que não é muito precisa. Ela é um sujeito de 
direito internacional sui generis. Ela não é Estado e não é organização internacional, mas é um sujeito 
reconhecido pelo Brasil, que com ela celebra concordatas. O Brasil reconhece a personalidade jurídica 
da Santa Sé. 
GOVERNO DO EXÍLIO (raro hoje em dia, o governo francês no exílio durante a segunda guerra 
mundial); 
BELIGERANTES: Em contextos de guerra civil, se reconhecida a condição jurídica de beligerante pelo 
poder central, o beligerante então pode celebrar tratados de acordo com a sua característica de 
domínio. Então, se ele domina a parte norte de um Estado, por exemplo, ele pode celebrar tratados 
nessa parte. O beligerante depende inicialmente do reconhecimento dessa guerra civil e desse controle 
territorial sobre seu território. Por que o poder central reconheceria o beligerante? Reconheceria por 
que não quer se responsabilizar pelo território transitoriamente ocupado na ocasião da guerra. 
MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL: Mesmo antes de se emancipar, pode uma organização de 
libertação nacional celebrar acordos. Por exemplo, a OLP (organização de libertação da Palestina) 
celebrou acordos com o Brasil. Há certo poder de celebrar tratados. Claro que Israel ocupa a maior 
parte do território que deveria ser da Palestina de acordo com a própria ONU, mas a autoridade 
palestina hoje tem uma base territorial (ainda que muito diminuta e sob ameaça de invasão de Israel, 
caso a autoridade palestina dê mais passos para a sua independência). Israel não quer um Estado 
Palestino. 
 
Então, há certo poder de celebrar tratados, mas quem tem poder amplo é o ESTADO, que é o sujeito 
primário do Direito internacional, porque é aquele que vai produzir em último sentido todas as normas 
internacionais. 
 
Quem pode representar os ESTADOS no momento de celebração dos tratados? 
Representantes por presunção absoluta, NÃO precisam apresentar carta de plenos poderes: Chefes 
de Estado, Chefe de Governo, Min. das Relações Exteriores, e Chefes de Missão Diplomática (este 
somente para tratados bilaterais) 
 
 
 
 
 
10 
Qualquer pessoa pode representar um Estado desde que apresente CARTA DE PLENO PODERES. 
(representantes plenipotenciários): É uma pessoa escolhida pelo Chefe de Estado e/ou Chefe de 
Governo com a chancela, confirmação, do Ministro das Relações Exteriores para negociar e assinar 
tratados. Geralmente são diplomatas, mas nem sempre. Algumas vezes o tratado é tão técnico que uma 
pessoa especialista na área será nomeada para representar. Essa pessoa é escolhida para um tratado e 
depois deixa de representar, sendo assim, teremos vários plenipotenciários (são escolhidos para 
tratados específicos, em regra). A maioria dos tratados são assinados pelos plenipotenciários, pois os 
Chefes de Estados e Chefes de Governos não podem se deslocar tanto para participar dos tratados. 
 
Rito de incorporação: 
O terceiro significado de “poder de celebrar tratados” será visto no rito de incorporação. Então, essa 
expressão vai também abarcar a incorporação interna dos tratados. 
 
Consentimento: 
O consentimento é a base de todo o VOLUNTARISMO. O Direito dos tratados é voluntarista. Só acede 
ao tratado quem quiser. 
Segundo Accioly, “o tratado é ACORDO DE VONTADES e, como tal, a adoção de seu texto efetua-se pelo 
consentimento de todos os estados que participam na sua elaboração. No caso dos tratados 
multilaterais, negociados numa conferência internacional, a adoção do texto efetua-se pela maioria de 
dois terços dos estados presentes e votantes, a não ser que, pela mesma maioria, decidam adotar regra 
diversa.” 
A Convenção de Viena sobre direito dos tratados, de 1969, estipula em seu art. 11 que “o 
consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca 
dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por 
quaisquer outros meios, se assim acordado”, seguindo-se-lhes, nos artigos subsequentes, as seguintes 
modalidades de manifestação do consentimento: art. 12, “o consentimento de um estado em obrigar-
se por um tratado manifesta-se pela assinatura do representante desse estado”, com as respectivas 
hipóteses; art. 13, “o consentimento dos estados em se obrigarem por um tratado, constituído por 
instrumentos trocados entre eles, manifesta-se por essa troca”, com as respectivas hipóteses; art. 14, 
“ratificação”; art. 15, “adesão”; e a caracterização temporal, especificada no art. 16, “a não ser que o 
tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão 
estabelecem o consentimento de um estado em obrigar-se por um tratado”; art. 17, “o consentimento 
 
 
 
 
 
11 
de um estado em obrigar-se por parte de um tratado só produz efeito se o tratado o permitir ou se 
outros estados contratantes nisso acordarem”, sem prejuízo dos artigos 19 a 23, que regulam 
“reservas” a tratado; e o art. 18, por sua vez, estipula as hipóteses em que “um estado é obrigado a 
abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado”. 
Como caiu em prova: 
ANAC 2012 (CESPE): De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um 
Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de 
reserva, desde que a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu 
objeto e sua finalidade. 
Certo.Os princípios de direito civil relativos aos vícios de consentimento não podem ter a mesma aplicação em 
direito internacional, visto existir em natureza e funcionamento diversos no ordenamento internacional 
bem como interesse superior da comunidade internacional de que os tratados sejam respeitados como 
expressão não somente de pacto entre partes, mas também de lei, no contexto internacional. 
A Convenção de Viena de 1969, seguindo a orientação da CDI, ocupa-se dos vícios (erro, dolo, coação 
etc.) como motivos de nulidade. No caso de coação exercida contra representante de um estado, a 
Convenção de Viena estabelece, em seu artigo 51, que o tratado “não produz efeito jurídico”. Na 
prática, em tal hipótese, o estado que este representa pode deixar de ratificar o tratado ou contestar a 
sua validade. 
 
Objeto lícito e possível: 
A formação do vínculo legal pressupõe a LICITUDE e a POSSIBILIDADE DO OBJETO do consenso de 
vontades. Em direito internacional, como ademais em direito interno, só se deve visar coisa 
materialmente possível e permitida pelo direito e pela moral. (ACCIOLY, 2012) 
Na prática, as hipóteses, quer de ilegalidade, quer de impossibilidade, são raras. Exemplo histórico e 
notório de objeto não lícito foi o tratado de Munique de 1938, por meio do qual se fez a partilha da 
então Tchecoslováquia, sem sequer ter contado com a assinatura e participação do principal 
interessado e objeto da deliberação. Dentre questionamentos no tocante à possibilidade, cumpre 
indagar até que ponto se reveste de qualquer efetividade a pretensão de tratado da Lua e dos corpos 
celestes, por meio do qual são estes declarados patrimônio comum da humanidade: entende-se o 
 
 
 
 
 
12 
propósito norteador da adoção do dispositivo – porquanto a preocupação era no sentido de evitar a 
militarização do espaço –, mas carece de qualquer conteúdo efetivo. 
 
4. CRIAÇÃO TRATADOS 
 
CRIAÇÃO OU FORMAÇÃO DOS TRATADOS: envolve a fase da NEGOCIAÇÃO. A negociação não tem 
forma (forma livre), pode existir a negociação diplomática tradicional, mas pode existir a negociação 
institucionalizada no seio das Organizações Internacionais, nasce o importante tema da chamada 
DIPLOMACIA PARLAMENTAR – expressão doutrinária que retrata a atividade de negociação de tratados 
realizada nos seios de organizações internacionais, tal qual é realizada nos parlamentos nacionais. 
 
Finalização da negociação: 
A negociação pode se encerrar por dois instrumentos, a chamada adoção de texto e a chamada 
assinatura. 
 
Assinatura: 
Consiste no ato unilateral pelo qual o Estado, em geral, põe fim às negociações, autentica o texto e 
manifesta a sua predisposição em celebrar um tratado. 
Portanto, são 4 efeitos decorrentes da assinatura: 
 a) pões FIM ÀS NEGOCIAÇÕES; 
 b) AUTENTICAM O TEXTO: Não se muda uma vírgula. Uma consequência é a chamada versão 
autêntica, que é a versão na qual foi negociado o texto do tratado. A versão oficial é aquela na qual foi 
feita a tradução para o português. O art. 14 da Constituição Federal estabelece que o idioma português 
é o vernáculo, é o idioma oficial do Brasil. Então, o Itamaraty tem como missão traduzir a versão 
autentica em versão oficial. 
 c) manifesta predisposição em, no futuro, celebrar tratado; e 
 d) se abster de condutas que frustrem o OBJETO e FINALIDADE do tratado.1 O Estado tem que 
se abster de praticar atos que frustrem o objeto e a finalidade do tratado. Ele não precisa cumprir o 
 
1 Artigo 18 Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada em Vigor 
 Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, 
quando: 
 a)tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de ratificação, aceitação ou 
aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de não se tornar parte no tratado; ou 
 b)tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que precede a entrada em vigor 
 
 
 
 
 
13 
tratado com a mera assinatura, mas ele também não pode frustrar o objeto e a finalidade. Por exemplo, 
imaginemos que o Brasil celebre um tratado para entregar minério de ferro para China. Depois de 
assinar, ele não pode, por exemplo, vender o minério de ferro para um terceiro país. 
Como caiu em prova: 
DPF 2013 (CESPE): A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que o Estado que 
tenha assinado um tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a não frustrar seu objeto 
e finalidade antes de sua entrada em vigor. 
Certo. 
DPU 2015 (CESPE): Segundo a Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, o Estado é obrigado a 
abster-se de atos que frustrem o objeto e finalidade do tratado, quando houver trocado instrumentos 
constitutivos do tratado, sob reserva de aceitação. 
Certo. 
 
 
Conceito de Adoção: 
Significa que os Estados adotam o texto, pondo fim à fase de negociação, mas sequer assinam. O que 
acontecia antes? Em virtude de peculiaridades locais, os estados, por exemplo, não queriam sequer 
assinar. Diante disso, o Direito internacional adotou a figura jurídica da adoção, que significa que os 
estados adotam o texto pondo fim a fase de negociação, porém não assinam. 
A adoção do texto só tem dois efeitos, que é por fim as negociações e autenticar o texto. As duas outras 
consequências não existem (criar a obrigação de não contrariar o objeto e a finalidade, indicar 
predisposição em celebrar tratado). Por exemplo, a delegação brasileira, na conferência de Roma, que 
acabou consagrando o estatuto de Roma, tão somente adotou o texto. 
 
Aceitação e Aprovação: seriam termos utilizados mais pelas Organizações Internacionais. 
 
Adesão: 
Não confundir com adoção! A adesão consiste na manifestação da vontade de celebrar contrato por 
aquele que não o negociou. 
O Brasil, a título de exemplo, aderiu à convenção da OCDE (organização de cooperação e 
desenvolvimento econômico) sobre corrupção de funcionário público internacional. O Brasil não 
 
do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente retardada. 
 
 
 
 
 
14 
ratificou essa convenção, ele aderiu a ela, pelo simples motivo de que ele não é parte na OCDE, ele não 
negociou esse tratado. Toda vez que o Brasil não negocia, recebe o tratado pronto, ele adere ao 
tratado. 
 
Relembrando: A assinatura também pode firmar tratado, nos casos dos acordos executivos. É preciso 
ler o contrato para saber o teor da assinatura. 
 
Retirada da assinatura: 
Em virtude do efeito previsto no art. 18 da Convenção de Viena sobre o Direito dos tratados há um 
interesse jurídico na retirada da assinatura. 
Então, o Estado que por ventura assine, manifeste a predisposição em celebrar o tratado e depois se 
arrepende, deve retirar a assinatura. 
 
4.1 FASES DA CELEBRAÇÃO 
Ratificação: 
Artigo 14 Consentimento em Obrigar-se por um Tratado Manifestado pela 
Ratificação, Aceitação ou Aprovação 
1. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela ratificação: 
a)quando o tratado disponha que esse consentimento se manifeste pela ratificação; 
b)quando, por outra forma, se estabeleça que os Estados negociadores acordaram em que a ratificação seja 
exigida; 
c)quando o representante do Estado tenha assinado o tratado sujeito a ratificação; ou 
d)quando a intenção do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificação decorra dos plenos poderes 
de seu representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 
2. O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela aceitação ou aprovação 
em condições análogas às aplicáveis à ratificação. 
 
A ratificação é o ato administrativomediante o qual o CHEFE DE ESTADO confirma tratado firmado em 
seu nome ou em nome do estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário. 
Geralmente, só ocorre a ratificação depois que o tratado foi aprovado pelo Parlamento, a exemplo do 
que ocorre no Brasil, onde essa faculdade é do Congresso Nacional. 
 
 
 
 
 
15 
Segundo Portela (2016), a RATIFICAÇÃO é o ato pelo qual o Estado, após reexaminar um tratado 
assinado, confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu 
consentimento em obrigar-se por suas normas. É a aceitação definitiva do acordo. 
O artigo 11 da Convenção sobre o direito dos tratados estipula que “o consentimento de um estado em 
obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do 
tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim for 
acordado”. A Convenção inovou nesse particular, pois, além de admitir a assinatura como meio de 
qualquer estado se obrigar por tratado, menciona algumas outras modalidades, levando em 
consideração certas peculiaridades de determinados países. (ACCIOLY, 2012) 
 
No Brasil, de quem é a competência para ratificar tratado? 
Cuida-se de ato privativo do Presidente da República, competente para “manter relações com Estado 
estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos” e para “celebrar tratados, convenções e atos 
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional” (CF, art. 84, VII e VIII). (PORTELA, 2016) 
 
Trata-se de um ato discricionário ou vinculado? 
A ratificação é ato discricionário. “De fato, a dinâmica das relações internacionais pode fazer com que 
um acordo que era interessante para um Estado à época de sua assinatura não mais o seja 
posteriormente. Nesse sentido, ratificar um ato internacional contrário ao interesse nacional feriria, no 
caso brasileiro, o próprio compromisso feito pelo Presidente da República por ocasião de sua posse, 
quando prometeu ‘promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a 
independência do Brasil’ (CF, artigo 78, caput)” (PORTELA, 2016). 
Como a ratificação é ato discricionário, pode ocorrer apenas no momento mais oportuno ou 
conveniente para os interesses nacionais. 
 
O tratado pode estabelecer um lapso temporal para os Estados ratificarem-no? 
SIM.É perfeitamente possível que os tratados estabeleçam um lapso temporal dentro do qual os 
Estados devem ratificá-los, após o qual a ratificação não mais será possível. 
 
Ratificação e Congresso Nacional: 
A ratificação normalmente depende da autorização parlamentar. É o caso do Brasil, onde o Presidente 
da República só poderá ratificar tratados com a autorização do Congresso Nacional, ao qual compete, 
em caráter exclusivo, “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
 
 
 
 
 
16 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”, nos termos da CF (art. 49, I). 
(PORTELA, 2016) 
RATIFICAÇÃO: PARTICIPAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E DO CONGRESSO NACIONAL 
POSSIBILIDADE 1 POSSIBILIDADE 2 
Se o Congresso NÃO autoriza a ratificação Se o Congresso autoriza a ratificação 
Presidente NÃO pode ratificar Presidente pode ou não ratificar 
 
Efeitos jurídicos dos tratados: (PORTELA, 2016): 
Parte da doutrina afirma ser a ratificação o ato que compromete o Estado definitivamente. 
Efetivamente, a ratificação é em geral necessária para que o compromisso vincule o Estado. Entretanto, 
não gera consequências jurídicas a ratificação de um tratado bilateral que não foi ratificado pela outra 
parte ou de um acordo multilateral que não atingiu um número mínimo de ratificações. Além disso, o 
texto do tratado pode dispor que o ato só entra em vigor após determinado tempo. 
Inicialmente, é importante indicar que um tratado entra em vigor na forma e na data prevista no 
tratado ou conforme for acordado pelos Estados negociadores (Convenção de Viena, art. 24, par. 1 e 2) 
A ratificação pode ser feita pela troca de instrumentos, muito comum em tratados bilaterais, pois é 
mais fácil de se efetivar. 
A operação da troca de ratificações, usada para os tratados bilaterais, consiste na permuta das 
respectivas cartas de ratificação de cada parte contratante. Efetua-se, de ordinário, com alguma 
solenidade, no ministério das relações exteriores de um dos dois estados contratantes, designado 
previamente no instrumento original do tratado. Às vezes, porém, realiza-se na capital de terceiro 
estado, para esse fim escolhida, por acordo mútuo. Uma ata ou protocolo, lavrado em dois exemplares, 
nos respectivos idiomas dos dois contratantes ou num terceiro (geralmente, o inglês, como também o 
francês, da mesma forma que, outrora, o latim), consigna a troca dos documentos e é assinado e selado 
pelos plenipotenciários especialmente designados para a troca. São estes, quase sempre, o ministro das 
relações exteriores da parte contratante em cuja capital se efetua a cerimônia e o agente diplomático 
da outra parte acreditado no lugar. (ACCIOLY, 2012) 
Já nos tratados multilaterais, existe a figura central do depositário, pode ser o Secretário-Geral da 
Organização que patrocinou o tratado. Cada país deposita o ato de ratificação e depois o depositário 
informa os demais, então fica mais fácil, chama-se de depósito de instrumento de ratificação, isso é a 
concretização. 
 
 
 
 
 
17 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2016 (CESPE): A menos que o tratado ou os Estados contratantes disponham de forma 
diversa, é função do depositário examinar se a assinatura de instrumento está em boa forma e, se 
necessário, chamar a atenção do Estado em causa sobre a questão. 
Certo. 
 
Quando se trata de tratados multilaterais, adota-se o processo do depósito das ratificações. Estas são 
enviadas ao governo de estado previamente determinado, e que é geralmente o do estado onde o 
tratado foi assinado. Tal governo recebe e guarda nos seus arquivos os instrumentos recebidos e 
comunica o depósito aos demais contratantes. Às vezes, é fixada data para o primeiro depósito de 
ratificações, depois de reunido certo número destas, a fim de que o tratado, em seguida, comece 
imediatamente a vigorar entre as partes que o tiverem ratificado. (ACCIOLY, 2012) 
Nos tratados multilaterais celebrados sob os auspícios das Nações Unidas ou da Organização dos 
Estados Americanos, estipula-se geralmente que eles serão depositados na sede da organização, 
cabendo-lhe cumprir todas as funções do depositário, como informar as partes contratantes do 
recebimento de assinaturas e adesões, da entrada em vigor do tratado quando este reunir o número de 
ratificações ou adesões necessárias etc. (ACCIOLY, 2012) 
Apenas os estados que assinaram qualquer tratado multilateral devem ratificá-lo; no caso de países que 
posteriormente desejarem ser parte nele, o recurso, como visto, é a adesão ou a aceitação. (ACCIOLY, 
2012) 
Com a ratificação, com a assinatura, adesão, nós temos já realizado a validade do Tratado, temos um 
tratado válido no plano internacional. 
 
Exigência de número mínimo de adesão: 
Para entrar em vigor, não é incomum o tratado exigir um número mínimo de Estados Partes. Por 
exemplo, a convenção de Viena sobre direito dos tratados realizados por organizações internacionais 
não entrou em vigor por que não atingiu o número mínimo, que era de 15 estados. Há tratados que 
estabelecem um número mínimo de estados-partes muito grande, como foi o caso do Tratado de Roma, 
que exigia 60 ratificações (hoje temos 122 ratificações). 
A prática internacional criou a exigência de que o acordo multilateral necessite apenas de um número 
mínimo de ratificações para entrar em vigor. Tal número é estabelecido na própria negociação e é 
consagrado no próprio texto do tratado, variando, portanto, entre os atos internacionais. Atingido esse 
 
 
 
 
 
18 
número, o tratado ficaapto a gerar efeitos jurídicos, mas apenas para os entes que já o ratificaram, 
passando a valer para os demais Estados apenas na medida em que estes o ratifiquem. (PORTELA, 2016) 
A ratificação de um tratado multilateral não gerará efeitos para a parte que o ratifique antes que seja 
atingido o número mínimo de ratificações exigido. Por outro lado, o tratado multilateral que tenha 
alcançado o número mínimo de ratificações só entrará em vigor para os signatários que não o 
ratificaram na medida em que estes o ratifiquem. (PORTELA, 2016) 
Por fim, caso o texto do tratado assim o determine, o ato entrará em vigor na data do recebimento da 
última ratificação exigida ou após certo prazo, também estabelecido no próprio texto do tratado. 
(PORTELA, 2016) 
 
Registro e publicidade e do Tradado: 
O principal objetivo do registro é contribuir para a consolidação das normas de Direito Internacional e 
dar PUBLICIDADE ao ato para a sociedade internacional, evitando, ainda, a celebração de 
compromissos secretos, prática antes adotada e que não só gerou consequências deletérias na 
sociedade internacional como também não se coaduna com o espírito democrático, que preconiza, 
dentre outras coisas, a publicidade das normas. (PORTELA, 2016) 
O art. 80 da Convenção de Viena de 1969 sobre os tratados dispõe textualmente que: “Após sua 
entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro 
ou de classificação ou catalogação, conforme o caso, bem como de publicação.” Com isso, o texto da 
Convenção de Viena evidencia que o registro é ato posterior à entrada em vigor do ato internacional e, 
portanto, a vigência do acordo independe, do registro na ONU. (PORTELA, 2016) 
 
São atos necessários à validade internacional? 
Em regra não, a publicidade e o registro não constam nas condições de validade ou mesmo de vigência. 
Ocorre que a Carta da ONU, no seu art. 102, estabelece que os tratados não registrados e publicados 
na ONU não podem ser invocados perante órgãos da própria ONU. 
Carta da ONU, art. 102, § 2º: "Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha 
sido registrado de conformidade com as disposições do parágrafo 1o deste Artigo poderá invocar tal tratado 
ou acordo perante qualquer órgão das Nações Unidas." 
 
Portanto é um estímulo para o registro, por exemplo, se um Estado A celebra um contrato secreto com 
o Estado B e não o registra na ONU, aquele não poderá processar o Estado faltoso na Corte 
Internacional de Justiça, se o tratado não tiver sido registrado na ONU previamente. 
 
 
 
 
 
19 
Como caiu em prova: 
TRF5 2015 (CESPE): Para que um tratado internacional entre em vigor é necessário que ele seja 
registrado na Secretaria das Nações Unidas 
Errado. 
TRF1 2011 (CESPE): Os tratados que, concluídos pelos membros da ONU, não tenham sido 
devidamente registrados e publicados no secretariado desse organismo internacional não podem ser 
invocados, pelas partes, perante qualquer órgão da organização. 
Certo. 
 
Reserva: 
CVDT, Art. 2º, 1. Para os fins da presente Convenção: 
 
(...) 
 
d) “reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por 
um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado;" 
 
A realidade da complexidade de obtenção de um consenso entre todos os atores participantes dos 
Tratados impõe a articulação da sociedade internacional ao redor de certos valores mínimos, dos quais 
depende a consecução de objetivos comuns da humanidade. É por isso que os Estados e os organismos 
internacionais muitas vezes optam por firmar compromissos entre si que não obrigam totalmente todas 
as partes contratantes. Surge assim o instituto da RESERVA. (PORTELA, 2016) 
É, pois, uma maneira pela qual um Estado pode concluir um tratado sem se comprometer com todas as 
suas normas. (PORTELA, 2016) 
Segundo André de Carvalho Ramos reserva é o ato unilateral o qual o Estado manifesta 
FORMALMENTE o seu desejo, qualquer que seja a sua redação ou denominação, no momento da 
celebração, de MODIFICAR ou EXCLUIR determinadas cláusulas do tratado. 
Como caiu em prova: 
ABIN 2018 (CESPE): Reserva é uma declaração unilateral feita expressamente com essa denominação 
por um Estado no momento da assinatura, ratificação, aceitação ou aprovação de um tratado, ou da 
adesão a determinado tratado, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas 
disposições do tratado no que se refere a sua aplicação a esse Estado. 
 
 
 
 
 
20 
Errado. 
 
O Direito internacional admite reservas? 
SIM. Algumas considerações: 
Em primeiro lugar, temos que salientar que a reserva é apenas para o TRATADO MULTILATERAL. No 
tratado bilateral, a reserva é convite a nova negociação, ou seja, NÃO POSSÍVEL RESERVA EM TRATADO 
BILATERAL. 
Como caiu em prova: 
TRF5 2015 (CESPE): A reserva significa uma declaração unilateral feita por um Estado, ao assinar, 
ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, com o objetivo de excluir ou modificar efeito jurídico de 
certas disposições de um tratado multilateral ou bilateral. 
Errado. 
 
A reserva tem que ser escrita, expressa e deve ocorrer no momento da RATIFICAÇÃO. Não existe 
reserva tácita. 
Como caiu em prova: 
 
Qual é o trâmite da reserva? 
1º momento: O Estado reservante noticia a reserva, no momento da celebração, quando ele vai lá 
depositar o instrumento da ratificação ele vai notificar também do instrumento da reserva imposta. 
2º momento: Demais Estados notificados. Aqui a ACEITAÇÃO DA RESERVA pode ser EXPRESSA ou 
TÁCITA. Quer dizer que em geral basta os Estados ficarem silentes por 12 meses que será considerado 
aceitação tácita. 
Obs. É importante saber que o estado pode rejeitar a reserva. 
 
Cuidado em prova! A reserva NÃO PODE SER TÁCITA, deve ser expressa, porém a aceitação da reserva, 
por outro Estado, pode ser tácita. 
 
Todo Tratado permite reserva? 
NÃO. Não são todos os tratados que se admite reserva. 
Conforme dispõe o art.19 da Convenção de Viena sobre Tratados, é possível que o tratado proíba a 
reserva, ou que a condicione à determinadas cláusulas. 
Paulo Henrique Portela, por sua vez, ensina que são proibidas as reservas quando 
 
 
 
 
 
21 
- incompatíveis com o objeto ou 
- com o escopo do Tratado. 
 
Art. 19. FORMULAÇÃO DE RESERVAS 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma 
reserva, a não ser que: 
a) a reserva seja proibida pelo tratado; 
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure 
a reserva em questão; ou 
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade 
do tratado. 
 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO MPF 2011 - Quando um estado faz reserva a cláusula de tratado está exercendo um direito 
soberano que é inerente à adesão a todo tratado. 
Errado, pois há tratados que não admitem reserva. 
QUESTÃO CESPE ANAC: De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um 
Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de reserva, 
desde que a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu objeto e sua 
finalidade. 
Certo. Vide art. 19 da CVT, acima transcrito. 
 
IMPORTANTE! Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva 
exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente. 
(art.20, n.3, Convenção de Viena) 
 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO MPF 2011 - Quando um estado faz reserva a cláusula de tratado tem que contar com 
aquiescência de todas as demais partes do tratado com a reserva, para tornar-se parte deste. 
Comentários: 
CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS Art. 20. ACEITAÇÃO DE RESERVAS E OBJEÇÕES ÀS 
RESERVAS 1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado NÃO REQUER qualquer aceitação 
posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha. Questão ERRADA. 
 
 
 
 
 
22 
 
QUESTÃO TRF1ª CESPE: Um Estado pretende ratificar um tratado, mas, para fazê-lo, almeja adaptar alguns 
de seus dispositivos à interpretação que seus tribunais internos dão a determinado direito contido no 
tratado. Nessa situação, o instrumento mais adequado a ser utilizado por esse Estado é a reserva. 
Comentários: A reserva é um qualificativo do consentimento e permite adaptar dispositivos de um tratado 
ao direito interno dos Estados. Regra geral, elas são permitidas. Só não podem ser feitas quando estiverem 
expressamente proibidas ou quando forem incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado. O 
momento de ser feita ocorre quando o Estado manifesta sua vontade definitiva em ingressar em um 
tratado. Questão correta. 
 
 QUESTÃO ESAF RECEITA FEDERAL: A reserva é uma declaração bilateral feita por dois estados, seja qual 
for o seu teor ou denominação, ao assinarem, ratificarem, aceitarem ou aprovarem um tratado, ou a ele 
aderirem, com o objetivo de excluírem ou modificarem o efeito jurídico de certas disposições do tratado 
em sua aplicação a esses dois estados. Não pode ser feita a retirada de uma reserva após a comunicação 
da mesma, dado que sua comunicação suscita a suspensão dos efeitos do tratado. 
Errado. Ato unilateral. 
 
QUESTÃO ESAF RECEITA FEDERAL: A reserva é uma declaração unilateral feita por um estado, seja qual for 
o seu teor ou denominação, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o 
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse 
estado. A reserva, sua aceitação expressa e sua objeção devem ser formuladas por escrito e comunicadas 
aos Estados contratantes e aos outros estados com direito de se tornarem partes no tratado. 
Comentários: Artigo 23, inciso 1°, da Convenção: "A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a 
objeção a uma reserva devem ser formuladas por escrito e comunicadas aos Estados contratantes e aos 
outros Estados que tenham o direito de se tornar partes no tratado". Item correto. 
 
CESPE AGU 2012 - Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, o dispositivo que versa sobre a 
aplicação provisória de tratados foi objeto de reserva por parte do Estado brasileiro. 
Certo. 
 
DEVO LEMBRAR! A aplicação provisória é tratada no artigo 25 da CVDT/1969 e o Brasil, quando aderiu à 
Convenção em 2009, fez duas reservas: 
- uma em relação à aplicação provisória (artigo 25) e 
 
 
 
 
 
23 
- outra em relação à jurisdição compulsória da CIJ (artigo 66, 'a'). Isso pode ser encontrado no Decreto 
7.030/2009, que internalizou a Convenção. 
 
Consequência da rejeição da reserva: 
Rejeição simples: É aquela na qual o Estado rejeita a alteração pretendida, então o tratado entra em 
vigor para o Estado reservante e para o Estado que rejeitou, sem aquela cláusula. 
Rejeição qualificada: O Estado interpreta que é tão importante a cláusula reservada que ele entende 
que o Tratado sem essa cláusula (ou com a cláusula modificada) não vai entrar em vigor. Vamos 
imaginar o Brasil celebrando um tratado multilateral com a Argentina, Moçambique, Alemanha. Então o 
Brasil modifica uma cláusula, digamos que a Argentina e Alemanha aceitem a reserva feita pelo Brasil, 
porém, Moçambique rejeita. Assim o Brasil estará vinculado a Alemanha e a Argentina, mas não estará 
a Moçambique. Moçambique está vinculado à Argentina e à Alemanha, mas não estará em relação ao 
Brasil. Então, é preciso verificar sempre se o Brasil está vinculado em relação a cada país. 
 
Regime Jurídico: 
Reserva proibida: É aquela que é proibida pelo próprio Tratado. Ex.: O Estatuto de Roma proíbe a 
reserva. Além disso, é proibido qualquer reserva sobre o objeto e finalidade do Tratado. 
Reserva permitida. Se o tratado é omisso e não fala nada sobre reserva é porque ele aceita. Claro, 
desde que não seja a reserva sobre o objeto e a finalidade do Tratado (regra geral). 
QUESTÃO CESPE: De acordo com a Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, um Estado, 
ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, detém o direito de reserva, desde que 
a reserva não seja proibida pelo tratado ou que não seja incompatível com seu objeto e sua finalidade. 
Certo. 
MPF (Procurador da República): QUANDO UM ESTADO FAZ RESERVA A CLÁUSULA DE TRATADO, 
(a) está diferindo sua entrada em vigor; 
(b) está declarando que não quer se vincular a esta cláusula; 
(c) tem que contar com aquiescência de todas as demais partes do tratado com a reserva, para tornar-se 
parte deste; 
(d) está exercendo um direito soberano que é inerente à adesão a todo tratado. 
GAB.: LETRA B 
 
4.2 Efeitos dos tratados sobre terceiros 
 
 
 
 
 
 
24 
É cediço que as normas internacionais são obrigatórias. Nesse sentido, a entrada em vigor de um 
tratado traz uma série de consequências jurídicas para seus signatários e, em alguns casos, para 
terceiros. 
Primeiro lugar: o art. 34 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados fala justamente sobre o 
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS TRATADOS, que diz que os Tratados só produzem efeitos sobre as 
partes. 
Tratados e Terceiros Estados 
Artigo 34 
Regra Geral com Relação a Terceiros Estados 
Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento. 
 
Só que, excepcionalmente, os tratados estabelecem efeitos sobre terceiros. 
Como caiu em prova: 
TRF1 2011 (CESPE): Por criarem ou modificarem situações jurídicas objetivas, os tratados somente 
produzem efeitos entre as partes. 
Errado. 
 
Quais são esses efeitos: 
• Efeitos Difusos (constitutivo-negativo): O efeito difuso é aquele em que, por dois Estados 
definirem uma situação jurídica, terceiros terem de se adaptar. O melhor exemplo seria o 
acordo entre dois Estados definindo a fronteira entre ambos. Obviamente isso afeta a toda a 
Comunidade Internacional, ainda que os demais Estados não façam parte do tratado. O efeito é, 
aquele território ou é do Estado X ou é do Estado Y, e apenas destes países. 
 
Também é um efeito difuso a previsão convencional a favor de terceiros. É a chamada estipulação em 
favor de terceiros. Já houve casos, inclusive de guerra, em que os estados fizeram uma estipulação em 
favor de um terceiro Estado para que houvesse uma maior segurança. Acontece nos casos típicos de 
aliança militar. Reino Unido e França fizeram uma estipulação em favor de terceiros. Se a Alemanha 
violasse a integridade territorial da Polônia teríamos uma guerra porque havia uma estipulação em 
favor de terceiro. 
• Cláusula da nação mais favorecida: consiste em uma disposição que prevê que toda e qualquer 
vantagem em relação a uma das partes do tratado deve ser estendida aos demais. 
 
 
 
 
 
25 
 
Um caso típico dessa cláusula é usado no Comércio Internacional. Dentro da OMC há a cláusula da 
nação mais favorecida no tratado de Marrakesh, que indica que se o Brasil dá um tratamento mais 
vantajoso para o México, o Brasil é obrigado a estender esse tratamento a todos os demais. 
 
5. INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS (ACCIOLY, 2012) 
 
As Convenções de 1969 e de 1986 ocupam-se da interpretação de tratados nos artigos 31 a 33, que 
estipulam como regra geral que todo tratado deve ser interpretado de boa-fé. 
SEÇÃO 3 - Interpretação de Tratados 
Artigo 31 - Regra Geral de Interpretação 
 
1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado 
em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. 
2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá,além do texto, seu preâmbulo e 
anexos: 
 
a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; 
b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e 
aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado 
 
3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto: 
 
a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas 
disposições; 
b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das 
partes relativo à sua interpretação; 
c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. 
 
4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. 
 
Artigo 32 
Meios Suplementares de Interpretação 
 
 
 
 
 
26 
Pode-se recorrer a meios suplementares de interpretação, inclusive aos trabalhos preparatórios do tratado e 
às circunstâncias de sua conclusão, a fim de confirmar o sentido resultante da aplicação do artigo 31 ou de 
determinar o sentido quando a interpretação, de conformidade com o artigo 31: 
 
a)deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou 
b)conduz a um resultado que é manifestamente absurdo ou desarrazoado. 
 
Artigo 33 
Interpretação de Tratados Autenticados em Duas ou Mais Línguas 
 
1. Quando um tratado foi autenticado em duas ou mais línguas, seu texto faz igualmente fé em cada uma 
delas, a não ser que o tratado disponha ou as partes concordem que, em caso de divergência, prevaleça um 
texto determinado. 
 
2. Uma versão do tratado em língua diversa daquelas em que o texto foi autenticado só será considerada 
texto autêntico se o tratado o previr ou as partes nisso concordarem. 
3. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido nos diversos textos autênticos. 
4. Salvo o caso em que um determinado texto prevalece nos termos do parágrafo 1, quando a comparação 
dos textos autênticos revela uma diferença de sentido que a aplicação dos artigos 31 e 32 não elimina, 
adotar-se-á o sentido que, tendo em conta o objeto e a finalidade do tratado, melhor conciliar os textos. 
 
Na interpretação leva-se em consideração não só o texto, mas também o preâmbulo e os anexos, bem 
como qualquer acordo feito entre as partes, por ocasião da conclusão do tratado, ou, posteriormente, 
quanto à sua interpretação. Com referência a esse acordo prévio, é possível que haja dúvidas sobre se 
pode ou não ser em forma não escrita. 
 
Pode-se recorrer aos trabalhos preparatórios da elaboração dos tratados (travaux préparatoires) na 
interpretação? 
SIM. É muito importante para interpretar grandes convenções multilaterais, como as firmadas em 
Viena, pois a documentação existente esclarece frequentemente o sentido de artigo. São, porém, 
fontes suplementares de interpretação. 
Como caiu em prova: 
 
 
 
 
 
27 
TRF2 2013 (CESPE): Na regra geral de interpretação dos tratados, está previsto o recurso aos 
trabalhos preparatórios. 
Errado. 
 
Os tratados devem ser interpretados como um todo, cujas partes se completam umas às outras. Um 
termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. 
Nesse particular, convém lembrar que principalmente nos tratados de natureza específica a praxe é 
incluir no início glossário, listando as expressões utilizadas e o sentido destas em relação ao tratado. 
Se em um tratado bilateral redigido em duas línguas houver discrepância entre os dois textos que 
fazem fé, cada parte contratante é obrigada apenas pelo texto em sua própria língua, salvo disposição 
expressa em contrário. Com o objetivo de evitar semelhantes discrepâncias é comum a escolha de 
terceira língua que fará fé. (ACCIOLY, 2012) 
PRINCÍPIOS RELATIVOS À INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS 
Principal critério: boa fé Orientação pelo sentido comum 
atribuível aos termos do acordo em 
seu contexto e à luz do objetivo que foi 
buscado pelos signatários. 
Pode levar em conta outros 
tratados e demais regras do 
Direito Internacional, a prática 
dos signatários, circunstâncias 
de conclusão do acordo, 
trabalhos preparatórios, etc. 
 
6. PATOLOGIA – VÍCIOS DOS CONTRATOS 
 
É preciso distinguirmos a patologia da extinção. Na patologia teremos tratados nulos ex tunc. E a 
extinção tem efeitos ex nunc. 
A Convenção de Viena sobre os direitos dos tratados estabelece que há nulidade por vício de 
COMPETÊNCIA e por vício do CONSENTIMENTO. 
 
Nulidade por vício de competência: O art. 46, item 2, da CVDT, estabelece que um tratado é NULO 
quando violar dispositivo interno fundamental sobre competência. 
A violação da norma nacional referente ao PODER PARA CONCLUIR TRATADOS pode efetivamente viciar 
o consentimento estatal e levar à nulidade do acordo, desde que essa violação seja manifesta e se 
refira a preceito de importância fundamental. Nos termos da Convenção de Viena de 1969, violação 
 
 
 
 
 
28 
manifesta é aquela “objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de 
conformidade com a prática normal e de boa fé (art. 46, par. 2º)” (PORTELA, 2016) 
O Direito internacional aqui está homenageando o princípio da boa-fé. Ou seja, nos casos de existência 
desse vício, na realidade houve um aproveitamento, uma má fé da outra parte. Por exemplo, o 
presidente do Brasil celebrou um tratado que não era possível de ser celebrado. A outra parte fingiu 
que não era com ela e aceitou. 
Artigo 46 
Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados 
 
1. Um Estado NÃO pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso 
em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser 
que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância 
fundamental. 
 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, 
de conformidade com a prática normal e de boa fé. 
 
Nulidade por vício de consentimento: 
Por erro, dolo, corrupção do representante, coação, envolve a manifestação do consentimento. Existe 
uma divergência entre a vontade e sua manifestação (erro), divergência entre a vontade e sua 
manifestação de forma proposital (dolo). 
O ERRO consiste na divergência entre a vontade e sua manifestação. O erro tem um regime jurídico 
peculiar no Direito internacional, porque esse erro não pode ser inescusável, ou seja, tem que ser um 
erro escusável, desculpável. 
Artigo 48 – Erro 
1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo 
tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o 
tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as 
circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o 
artigo 79. 
 
 
 
 
 
 
29 
O DOLO consiste na divergência entre a vontade e a sua manifestação de modo proposital. 
Artigo 49 
Dolo 
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o 
Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
Na COAÇÃO, o tratado é concluído graças ao emprego da força, de ameaças ou de pressões e 
imposições contra os negociadores ou contra o Estado, que afetem diretamente a expressão de sua 
vontade. Dado o elevado grau de subjetividade amiúde envolvido nas relações internacionais, a 
Convenção de Viena de 1969 destaca princípios deDireito Internacional incorporados na Carta das 
Nações Unidas como parâmetro para avaliar a real existência de coação contra o Estado. 
Como caiu em prova: 
Advogado da Caixa 2010 (CESPE): No direito internacional público, a coação de um Estado pela 
ameaça ou emprego da força pode dar causa à nulidade absoluta de um tratado internacional. 
Certo. 
 
A coação envolvendo corrupção – quando foi redigida a Convenção de Viena sobre direitos dos 
tratados em 1969, era uma das grandes esperanças do terceiro mundo transformar boa parte dos 
tratados em tratados nulos por corrupção. Isso não se realizou, porque a prova da corrupção é muito 
difícil. Mas há a possibilidade. 
Artigo 50 
Corrupção de Representante de um Estado 
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da 
corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode 
alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 
 
Quanto a coação sobre os representantes, André de Carvalho Ramos afirma que tem um fato histórico 
que ocorreu com a anexação dos Sudetos pela Alemanha Nazista, os representantes da 
Tchecoslováquia tiveram o seu palácio cercado justamente para permitir a celebração do tratado, isso 
foi coação física sobre seus representantes. 
Artigo 51 
Coação de Representante de um Estado 
 
 
 
 
 
30 
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por 
um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas 
contra ele. 
 
No tocante a coação sobre o Estado, os países de 3º mundo queriam que na CVDT constasse a pressão 
econômica para fins de coação, mas ACR entende que a única coação a ser reconhecida para fins de 
nulidade é a ARMADA. É muito interessante, entretanto, uma coação econômica poderia tornar nulos 
quase todos os tratados. Então, a única coação sobre o Estado que é reconhecida é a coação armada. 
Artigo 52 
Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força 
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos 
princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas. 
 
Nulidade por ilicitude do objeto: 
O objeto do tratado deve ser lícito e possível. Nesse sentido, não devem os tratados violar normas 
internacionais já existentes, a não ser para substituí-las por outras mais consentâneas com a realidade 
internacional. Os tratados não devem também violar normas de jus cogens, determinando, por 
exemplo, a partilha do território de um Estado, chocando-se frontalmente com as normas 
internacionais que vedam a guerra de conquista e dão ao Estado o direito de existir. (Portela, 2016) 
Na prática, as hipóteses, quer de ilegalidade, quer de impossibilidade, são raras. Exemplo histórico e 
notório de objeto não lícito foi o tratado de Munique de 1938, por meio do qual se fez a partilha da 
então Tchecoslováquia, sem sequer ter contado com a assinatura e participação do principal 
interessado e objeto da deliberação. Dentre questionamentos no tocante à possibilidade, cumpre 
indagar até que ponto se reveste de qualquer efetividade a pretensão de tratado da Lua e dos corpos 
celestes, por meio do qual são estes declarados patrimônio comum da humanidade: entende-se o 
propósito norteador da adoção do dispositivo – porquanto a preocupação era no sentido de evitar a 
militarização do espaço –, mas carece de qualquer conteúdo efetivo. 
 
7. TÉRMINO E EXTINÇÃO DOS TRATADOS 
 
A extinção do tratado refere-se ao desparecimento do acordo do ordenamento jurídico, deixando seus 
preceitos de gerar efeitos jurídicos em caráter permanente. (Portela, 2016) 
 
 
 
 
 
31 
Os tratados extinguem-se fundamentalmente, pela VONTADE COMUM DAS PARTES, pela vontade de 
UMA parte (em regra nos atos bilaterais, configurando a denúncia) e pela alteração das circunstâncias 
que motivaram sua celebração. As hipóteses de término de um ato internacional normalmente 
regulam-se nos respectivos textos. (Portela) 
A extinção do tratado pela vontade comum das partes pode ocorrer ainda que nada tenha sido 
estipulado em seu texto e a qualquer tempo, pois, se a vontade dos Estados é levada em conta para 
formar tratados, também deve ser levada para extinguir. (Portela) 
O tratado multilateral também pode ser extinto pela vontade comum dos signatários. Entretanto, pode 
ser difícil obter a concordância unânime das partes de um ato multilateral no sentido de revogar um 
compromisso internacional do tipo. Por isso, admite-se que os acordos multilaterais deixem de existir, 
conforme estipulem suas próprias normas, pela vontade da maioria de seus membros ou quando alguns 
dos contratantes se desvinculem do compromisso, fazendo com que o número de signatários do 
tratado seja menor do que o estabelecido para que o ato continue a existir. (Portela) 
 
Quais são as hipóteses de extinção dos tratados para o Direito internacional? 
Podemos classificar a extinção dos tratados do Direito internacional em dois grandes grupos. 
1ª hipótese: de COMUM ACORDO. Quando há comum acordo entre as partes para a extinção dos 
tratados, podemos diferenciar o comum acordo em dois grandes grupos: 
• Pré-determinação ab-rogatória: significa que o próprio tratado já prevê seu lapso de vigência 
(ex: Brasil - Tratado de Itaipú – 50 anos de vigência (até 2023), outro exemplo: Cessão de Hong 
Kong ao Reino Unido foi por 99 anos) 
• Revogação expressa: o Protocolo de Olivos expressamente revogou o Protoloco de Brasília, no 
âmbito da solução de controvérsia do Mercosul. 
• Revogação implícita ou tácita: tratado posterior regula totalmente a matéria do tratado 
anterior. 
Como caiu em prova: 
Diplomata 2015 (CESPE): Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de terminá-lo 
for comum às partes coobrigadas. 
Certo. 
Extingue-se um tratado por ab-rogação sempre que a vontade de terminá-lo é comum às partes por ele 
obrigadas, seja ela manifestada no momento da assinatura ou durante sua execução (Rezek). 
 
 
 
 
 
 
32 
2ª hipótese: SEM comum acordo, ou unilateral. 
É a chamada DENÚNCIA: 
- ato unilateral 
- pelo qual um Estado manifesta o seu desejo de não mais se submeter a determinado tratado, 
- desobrigando-se de cumprir as obrigações estabelecidas em seu bojo 
- sem que isso enseje a possibilidade de responsabilização internacional. 
 
Logicamente, a denúncia extingue o tratado bilateral. Nos atos multilaterais, a denúncia implica 
apenas a retirada da parte do acordo, cujos efeitos cessam para o denunciante, mas permanecem para 
os demais signatários. Cabe destacar que autores como Seitenfus chamam a denúncia de compromissos 
multilaterais de “retirada”. (Portela) 
 
Efeitos da denúncia: 
A denúncia isenta o Estado signatário de cumprir as normas dos tratados. Entretanto, é ato que produz 
efeitos ex nunc, não excluindo as obrigações estatais relativas a atos ou omissões ocorridos antes da 
data em que venha a produzir efeitos. (Portela) 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO (MPT, 2012): A retirada de um Estado-membro da Organização Internacional do Trabalho 
não afetará a validade das obrigações decorrentes da convenção por ele ratificada, ou a ela relativas, 
durante o período previsto pela mesma convenção. 
Certo. 
 
Hipóteses em que a denúncia não é permitida: 
a) o tratado expressamente proibir. Assim, só pode ser extinto por deliberação das partes. 
b) pela natureza do tratado ou intenção das partes essa proibição de denúncia for implícita. Ocorre 
especialmente em tratados perenes de fronteira, ex: tratado de Itaipú (não pode ser rescindido 
unilateralmente pela sua natureza), pelos esforços que foram feitos na construção da barreira na 
fronteira. 
 
Então, é possível que haja um tratado que pela sua natureza não seja submetido a denúncia?Sim, especialmente os chamados TRATADOS PERENES, como é o caso dos tratados de fronteira. 
Também o tratado de Itaipu, por exemplo, não pode ser rescindido unilateralmente pela sua natureza, 
 
 
 
 
 
33 
porque há uma barragem feita por uma união de esforços, o Brasil financiou a barragem, que se 
encontra na fronteira dos dois estados e por isso merece uma solução negociada. Por isso não pode ser 
uma cláusula unilateral. 
Valério Mazzuoli não admite a denúncia de tratados de direitos humanos que passaram a 
adquirir status constitucional formal com fulcro no parágrafo 3º do artigo 5º, por conta do fato de estes 
terem passado a fazer parte do texto constitucional como emendas constitucionais, passando, 
portanto, a serem insuscetíveis de reforma. 
 
O que é cláusula de pré-aviso? 
Com efeito, a maioria dos tratados admitem a denúncia. Ocorre assim o que foi denominado de 
cláusula de pré-aviso, que consiste no prazo no qual após a denúncia o estado ainda continua obrigado 
perante o tratado (ex: Convenção Americana de Direitos Humanos, se um Estado a denunciar, continua 
vinculado por um ano depois da denúncia, em 2012 a Venezuela veio a denunciar, observou-o até 2013 
e hoje não é parte da referida convenção). 
Segundo Portela é comum que a denúncia seja condicionada a um aviso prévio, que deve ser de pelo 
menos doze meses (1ano) (Convenção de Viena, de 1969, art. 56 par. 2º). A denúncia deve também ser 
feita por escrito e é, em geral, relativa a todo o ato, embora possa ser permitida a denúncia parcial, 
desde que não se refira à cláusula que afetem a aplicação do acordo como um todo. (Portela) 
Como caiu em prova: 
QUESTÃO (MPT 2012): Consoante a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a parte deve 
notificar, com pelo menos 12 (doze) meses de antecedência, a sua intenção de proceder à denúncia 
ou à sua retirada de um tratado que não contenha disposições sobre denúncia ou retirada. 
Certo. 
 
Pergunta, o Brasil deve consultar o Congresso no caso de denúncia? 
Segundo Portela, no passado, entendia-se não haver razão para que a denúncia fosse sujeita à anuência 
do Legislativo dos Estados porque estes, quando autorizavam a ratificação, o faziam no tocante ao 
tratado como um todo, incluindo as cláusulas de denúncia. 
Entretanto, a partir do momento em que os Estados passam a concluir tratados de direitos humanos, 
incluem nos respectivos universos jurídicos normas cuja denúncia poderia ser, no mínimo, danosa para 
a dignidade humana. Além disso, alguns Estados conferem status constitucional às normas 
internacionais de direitos humanos, retirando-lhes, ainda, a possibilidade de serem excluídas do 
ordenamento jurídico, tornando-as aquilo que no Brasil se chama de “cláusula pétrea”. 
 
 
 
 
 
34 
Com isso, a denúncia de um tratado de direitos humanos sem a autorização parlamentar passou a 
configurar a concessão de um diferencial de poder excessivo para o Chefe de Estado. 
Neste sentido, no Brasil, a denúncia é ato privativo e discricionário do Presidente da República, 
materializado por meio de Decreto e que, por enquanto, NÃO se encontra sujeito à autorização prévia 
ou referendo posterior do Congresso Nacional. 
Entretanto, existe uma tendência a que passe a ser exigida a autorização congressual para que o 
Presidente da República possa proceder à denúncia de um tratado. É o que revela o julgamento da ADI 
1625, ora ainda em curso, dentro do qual vem prevalecendo a orientação de que não é possível ao 
Presidente da República denunciar tratado sem o consentimento do Congresso Nacional. 
 
É possível retratação da denúncia? 
SIM. A retratação da denúncia pode ser permitida, desde que ainda não tenha gerado efeitos jurídicos. 
 
Outras hipóteses de término dos tratados: 
 
Extinção do contrato pelo descumprimento da outra parte: 
i) tratados sinalagmáticos/tradicionais: a violação do tratado pela outra parte justifica a sua extinção. 
O art. 60 da Convenção de Viena sobre direito dos tratados estabelece que uma parte não é obrigada a 
cumprir a sua prestação, se a contraprestação não for cumprida. E dispõe ainda que é possível a 
extinção do tratado por violação do seu conteúdo pela outra parte: 
Artigo 60 - Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em Consequência de sua Violação 
1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar a 
violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte. 
2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza: 
 
a)as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado, no todo ou em 
parte, ou a extinguirem o tratado, quer: 
i)nas relações entre elas e o Estado faltoso; 
ii)entre todas as partes; 
 
b)uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para suspender a execução do 
tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso; 
 
 
 
 
 
 
35 
c)qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para suspender a execução 
do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado for de tal natureza que uma violação 
substancial de suas disposições por parte modifique radicalmente a situação de cada uma das partes quanto 
ao cumprimento posterior de suas obrigações decorrentes do tratado. 
3. Uma violação substancial de um tratado, para os fins deste artigo, consiste: 
a)numa rejeição do tratado não sancionada pela presente Convenção; ou 
b)na violação de uma disposição essencial para a consecução do objeto ou da finalidade do tratado. 
4. Os parágrafos anteriores não prejudicam qualquer disposição do tratado aplicável em caso de violação. 
 
5. Os parágrafos 1 a 3 não se aplicam às disposições sobre a proteção da pessoa humana contidas em 
tratados de caráter humanitário, especialmente às disposições que proíbem qualquer forma de represália 
contra pessoas protegidas por tais tratados 
 
Segundo Portela (2016) a violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a 
outra parte a invocar tal transgressão como causa de extinção ou de suspensão da execução de tratado, 
no todo ou em parte. 
 A violação substancial de um tratado multilateral por uma parte autoriza as outras a suspenderem a 
execução do acordo, no todo ou parcialmente, ou a extinguirem o ato, quer na relação entre elas e o 
ente faltoso, quer entre todos os signatários, desde que a partir de seu consentimento unânime. 
(Portela, 2016) 
Como caiu em prova: 
TRF1 2015 (CESPE): É vedada a extinção de um tratado multilateral em virtude de violação substancial 
de suas disposições por uma das partes. 
Errado. 
 
 
ii) Extinção do Tratado por impossibilidade do seu cumprimento. 
Também é possível a extinção pela impossibilidade do seu cumprimento. Nesse caso deve a parte 
COMPROVAR A IMPOSSIBILIDADE do seu cumprimento, por exemplo, por uma força maior ou caso 
fortuito. 
Artigo 61 - Impossibilidade Superveniente de Cumprimento 
1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para extinguir o tratado ou 
dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desaparecimento definitivo de um objeto 
 
 
 
 
 
36 
indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, pode ser invocada somente 
como causa para suspender a execução do tratado. 
2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como causa para extinguir 
um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a impossibilidade resultar de uma 
violação, por essa parte, quer de uma obrigação decorrente do tratado, quer de qualquer outra obrigação 
internacional em relação a qualquer outra parte no tratado. 
 
iii) Extinção do Tratado por mudança fundamental das circunstâncias pode levar a necessária extinção 
do Tratado (clausula rebus sic

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