Buscar

Resumo Feminicidio

Prévia do material em texto

FACI WYDEN 
PROFESSORA: BETHÂNIA VINAGRE
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CURSO: DIREITO 9º SEMESTRE - NOTURNO
ACADÊMICAS: ANA CAROLINE DE OLIVEIRA ALMEIDA MATRÍCULA: 161131517; BRENDA LETICIA SILVA GOMES BACELAR MATRÍCULA: 162130487.
A qualificadora do feminicídio e a lei Maria da penha trazem um conceito para o contexto que traz a importância do acesso à justiça nesses casos. O debate em relação a esses temas têm se tornado cada vez mais comentado seja com a visão negativa ou positiva, tais críticas sobre a criminalização do feminicídio são abordadas pelo artigo, considerando uma reflexão sobre o significado destas lutas pela judicialização diante da afirmação que estes fatos sociais envolvidos nas relações de poder pertencentes às estruturas sociais, diante do cenário feminista, e com a intenção de demonstrar que a criminalização do feminicídio é útil simbolicamente, mas sua proposta geral é, além disso, uma instituição de um instrumento político concreto para enfrentar às violências de gênero.
A metodologia adotada para a produção deste artigo tem como base a coleta de boletins e artigos publicados sobre o tema, posteriormente à Lei nº 13.104/ 15, a revisão legal do processo de criminalização, a perspectiva da teoria política feminista que trazem a análise tanto individual quanto estrutural, a epistemologia feminista, o referencial teórico neorrepublicano de Philip Pettit, tendo como geradores de instrumentos positivos para o desenvolvimento do entendimento central que conclui que a criminalização do feminicídio traz ganhos simbólicos e concretos: o conceito de liberdade como “não dominação” e os resultados normativos para pensar a sociedade contemporânea. 
A lei 13.104/ 15 possui antecedentes históricos relacionados com a luta pela garantia do direito das mulheres no Brasil, principalmente relaciona-se com a efetividade da Lei Maria da Penha.
Em 2001, uma pesquisa da Fundação Abramo levantou que a cada 15 segundos uma mulher sofria violência doméstica e familiar no Brasil, dez anos depois a cada 24 segundos uma mulher ainda sofria o mesmo. Diante disso, em 2012, o Brasil começou a contar os homicídios de mulheres e mais do que números, diversos estudos continuamente descobriam os empecilhos para esta lei ser definitivamente imposta.
Com isso, o Congresso Nacional instaura a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, conhecida como CPMI da violência doméstica, com objetivo de “no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil e apurar denúncias de omissão por parte do poder público com relação à aplicação de instrumentos instituídos em lei para proteger as mulheres em situação de violência”. 
Em resumo, consolidaram-se propostas para alterar a lei penal e a Lei Maria da Penha, como por exemplo, a criação do agravante de feminicídio definindo-o como uma forma extrema de violência de gênero contra as mulheres, que se caracteriza pelo assassinato da mulher quando presentes circunstâncias de violência doméstica e familiar, violência sexual ou mutilação ou desfiguração da vítima. Desta forma, influenciando assim o contexto internacional e políticas locais para o enfrentamento das mais diversas violências contra a mulher.
Neste contexto complexo que se deu diante este cenário, que se iniciou o processo legislativo para a nova lei, tendo como inicio o projeto de Lei 292/13, com a proposta de alterar o Código Penal brasileiro incluindo o feminicídio como qualificadora do crime de homicídio. Os termos finais desta proposta alterados pela Câmara substituiu o termo “gênero” por “sexo feminino”, esclarecendo que este termo poderia ser aplicado a homossexuais, portanto concluiu que seria melhor usar o termo “biológico” e não “social” por conta da suposta confusão provocada. Então, pode se afirmar que os travestis e transexuais não estão vinculados a esta lei, porém infelizmente estão ao desprezo e desigualdade de gêneros perpétuos que se destinam por conta de sua opção social.
O feminicídio, segundo autoras, é um crime de poder, pois está relacionado à submissão que o corpo feminino ou feminizado deve se posicionar em meio a sociedade, que o critério espacial é limitado em diversas questões, e ainda deve se tornar morta não só biologicamente mas socialmente, naquilo que são impedida de ser ou de estar.
A crítica contrária à ideia da criminalização do feminicídio aponta que é um reforço da ideologia patriarcal ao seguir e sustentar o viés punitivista e que não possui efeitos reais, que a judicialização deve passar por outras esferas que não a criminal e ainda acreditam que outros motivos de qualificadoras do homicídio são torpes e fúteis, considerando até mesmo como antiética e contrária aos princípios cristãos. Essas discussões ainda perpassam sobre questões como a falência do sistema penal, a presença de um conjunto de falhas técnicas no corpo legal e a ausência de proteção específica aos homens, instituindo critérios desiguais na lei penal.
O artigo aborda que antes mesmo concorda com o pensamento da falência do sistema penal, não cumprindo com sua função preventiva, porém reforça que anteriormente a implantação da categoria feminicídio as mortes de mulheres já era presente as penas qualificadas, neste caso a proposta é apenas para uma mudança nominativa que abrangesse a existência deste fenômeno recorrente e produzisse o juízo de valor correspondente no plano legal.
Apesar de considerar como desqualificado o meio penal para uma solução definitiva, deve ser considerado o fato de que surgiu ao longo dos anos uma importante estratégia de enfrentamento que possibilita a desconstrução de paradigmas e que deve ser analisada como falha técnica a supressão do termo gênero substituído por sexo como já discutido anteriormente, que fique frisado que isso é apenas um meio de diminuir a potência e o alcance que vai além da questão simbólica. Por fim, podemos concluir que a afirmativa de que a lei institui parâmetros desiguais se torna desmerecida de toda e qualquer defesa ao percebermos que a morte de mulheres em relação ao gênero não atinge de modo equivalente a dos homens, já que estas morrem por conta do companheiro ou ex-companheiro na maioria dos casos, diante dos números e fato obviamente notados devemos adequar a proteção dos homens nessas situações às medidas já existentes na lei penal.
Ao tornar público, notório e discutível a relação de desigualdade de gênero nos cabe destacar que existe o papel fundamental das teorias e dos movimentos feministas, que buscam a possibilidade de autonomia, um assunto que só pode ser abordado após nos tornarmos atentos às estruturas e sistemas de opressão e dominação, quanto menor as disparidades de poder entre as pessoas, mais iguais elas serão e, portanto, desfrutarão das mesmas condições de cidadania. 
Então surge o conceito da liberdade como não dominação que é individual, pois lida com o conceito de não estar sob o arbítrio de outra pessoa, existindo dois conjuntos de requisitos para essa liberdade de critérios objetivos e subjetivos que respectivamente corresponde a estar seguro da intromissão arbitrária e ter o reconhecimento comum para desfrutar a liberdade.
A cidadania é em relação ao outro, daí a relevância da reprovação pública. É defendida a questão que a criminalização é responsável não só simbólico, mas que na verdade esta causa uma reprovação pública que possui efeito concreto no aumento de segurança que promove a construção de uma sociedade com menos disparidades, não se resumindo apenas a esta como uma solução, porém considerando como um passo, um meio efetivo para chegar a esta.
Ao longo dos anos, percebemos com as teorias feministas que há complexidade em afirmar algo geral em nome das mulheres, pois estas carregam diferentes experiências e divisões tais como: classe, etnia, geração, orientação ou vivência de sua sexualidade. E estimula-se a desenvolver mais destes conceitos e afirmações mesmo diante dos riscos do essencialismo e da criação da falsa imagem de mulher universal, pois deve se chegar na conclusãode limitações gerais que as mulheres enfrentam independente de contexto mas não relacionar estas restrições com sua personalidade e a forma com que lida com isso.

Continue navegando