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APELAÇÃO CIVEL

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AO JUÍZO DA 6º VARA CÍVEL DA COMARCA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC.
Autos n. xxx
ANA CLARA LEITE, de nacionalidade brasileira, casada, comerciante, portadora da cédula de identidade RG nº xxx, inscrita no CPF/MF nº xxx, com endereço eletrônico xxx, residente e domiciliada na Rua xxx, nº xxx, Bairro xx, nesta cidade de Balneário Camboriú, nos autos da Ação de Reparação de Danos Morais , em epígrafe, promovida contra ISABELA FREITAS - BELLA PERSONALIZADOS - EI, empresária individual, inscrita no CNPJ n. 12.345.678/0001-99, com sede e foro na Rua Alberto Roberto, nº 777, Bairro Cordeiros, na cidade de Itajaí/SC, por seu advogado que ao final assina, não se conformando com a sentença proferida às fls. X do evento nº xxx, vem perante esse honrado juízo interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL, requerendo a sua remessa ao egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina para a devida apreciação.
E. R.
Deferimento.
Balneário Camboriú, 22/04/2020.
Advogado
OAB/UF ...
RAZÓES DO RECURSO
Egrégio Tribunal
Colendos Julgadores
RAZÕES DO RECURSO
1. Do Cabimento e da Tempestividade
Trata-se de recurso interposto de sentença que julgou improcedente a ação de reparação por danos morais, portanto cabível nos termos do art.1009 §1º do CPC,
Verifica-se da documentação anexa que a decisão recorrida foi publicada em 01/04/2020 e contado o prazo de 15 (quinze) dias, o presente recurso protocolado em 22/04/2020, preenche o requisito de tempestividade.
2. Relato dos Fatos e Síntese e dos autos
ANA CLARA, adquiriu da empresa de ISABELA FREITAS camisetas personalizadas para sua loja, a compra foi paga com três cheques pré-datados, sendo o primeiro para o dia 10/02/2019 e os demais para 10/03/2019 e 10/04/2019 respectivamente. Ocorreu que, a empresa não cumpriu com o acordado e levou a desconto os cheques pré-datados todos no dia 20/02/2019, fazendo com que fossem devolvidos por insuficiência de fundos.
Trata-se de Ação de Reparação de Danos Morais proposta por ANA CLARA em face de BELLA PERSONALIZADOS, com o objetivo de reparar os danos morais causados pelo desconto antecipado dos cheques pré-datados, fazendo com que fossem devolvidos por insuficiência de fundos, os cheques foram reapresentados e ANA CLARA teve seu nome inscrito no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos – CCF e SPC/SERASA. 
O juiz de primeiro grau julgou improcedente a ação promovida por ANA CLARA sob o fundamento de que o cheque, por definição legal, é ordem de pagamento à vista e de acordo com o art. 33 da Lei 7357/85, é pagável à vista, considerando-se não escrita qualquer menção em contrário.
3. Da Decisão Recorrida
A sentença ora recorrida foi proferida pelo MM. Juiz de primeira instância, às fls. xxx julgando improcedente o pedido formulado por ANA CLARA para o fim condenar BELLA PERSONALIZADOS a reparação de danos morais.
4. Preliminarmente
Tendo em vista o que preceitua o artigo. 1009, 1º, Código de Processo Civil, é cabível apelação nas sentença onde as questões resolvidas na fase de conhecimento não comportem agravo de instrumento.
5 Razões do Inconformismo 
A sentença ora recorrida não pode ser mantida porque embora constitua ordem de pagamento à vista, a utilização do cheque para apresentação futura é prática usual nas relações comerciais, daí por que o comerciante que aceita receber a cártula como forma de caução ou pagamento, com o comprometimento de somente efetuar o depósito na data convencionada, incidirá em manifesta afronta à boa-fé (objetiva) contratual se age de forma contrária, apresentando o cheque ao banco sacado antes do dia convencionado.
Tal conduta viola o princípio da boa-fé objetiva, constante no artigo 422 do CC/2002, que assim dispõe: “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.
Ressalte-se que a apresentação antecipada de cheque pré-datado pode provocar uma série de transtornos ao correntista, como por exemplo, ter seu cheque devolvido por falta de provisão de fundos, ter que pagar altos juros em razão do uso do cheque especial, ter seu nome inserido no serviço de proteção ao crédito (SPC), no Cadastro de Cheques sem Fundos (CCF), e até mesmo ter sua conta encerrada.
Conforme a previsão da Súmula 370 do STJ, a apresentação antecipada de cheque pré-datado gera dano moral, vejamos;
Súmula n 370 do STJ 
 “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
Oportuna torna-se aqui a referência à doutrina de Marlon Tomazette:
“Como já mencionado, o cheque é sempre pagável a vista, considerando-se não escrita para o sacado qualquer menção em sentido contrário (Lei nº 7.357/85 - art. 32). Em outras, palavras não importa o que consta do cheque ou de qualquer outro documento, o cheque será exigível no momento da sua apresentação ao sacado. Este pagará o cheque guando lhe for apresentado, independentemente da data que estiver nele consignada. Apesar disso, é certo que a pactuação da pós-datação é lícita e vincula os pactuantes. Assim sendo, se o beneficiário descumprir sua obrigação e apresentar o cheque antes da data combinada, ele irá responder por perdas e danos nos termos do artigo 389 do Código Civil. Se ele assumiu uma obrigação contratual e a descumpriu, ele terá que responder pela perdas e danos que seu inadimplemento contratual causou, indenizando aquele que sofreu com o seu comportamento. Nesse sentido, o STJ já decidiu que “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado” (Súmula 370).”
Nesse sentido merece ser reformada a fim de que a parte Ré seja condenada a indenizar a Autora pelos Danos Morais sofridos, assim tem sido o entendimento dos tribunais a respeito do tema aqui debatido;
CONSUMIDOR. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO. CONDENAÇÃO EM INDENIZAR OS DANOS MORAIS SOBREVINDOS DE TAL FATO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. QUANTUM INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO DO VALOR ARBITRADO. RECURSO NÃO PROVIDO. I - E fato incontroverso que ocorreu o ato ilícito, que, pelo teor da súmula 370 do STJ, deve ser indenizado: "Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado". II - Resta devidamente provado nos autos, pelo extrato de fl.20, que demonstra que o saldo na conta da autora no dia 20/02/2017 era de apenas R$701,71 tendo o cheque (pré-datado para 15/03/2017) de R$1.400,00 sido descontado nessa data, negativando a conta da autora em R$698,29. III - O valor fixado pela sentença de base merece ser mantido, o que atende às orientações da jurisprudência pátria. IV - Recurso não provido.
(TJ-MA - AC: 00010484620178100033 MA 0158982019, Relator: JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO, Data de Julgamento: 31/10/2019, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 08/11/2019 00:00:00) grifamos
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO. SÚMULA 370 DO STJ. DANO MORAL PURO. QUANTUM FIXADO EM R$ 400,00 MAJORADO PARA R$ 2.000,00, A FIM DE ATENDER AOS PRINCÍPIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE, BEM COMO AOS PARÂMETROS DAS TURMAS RECURSAIS CÍVEIS, EM CASOS ANÁLOGOS. RECURSO PROVIDO, EM PARTE. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº 71007862816, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca, Julgado em 24/04/2019).
(TJ-RS - Recurso Cível: 71007862816 RS, Relator: Elaine Maria Canto da Fonseca, Data de Julgamento: 24/04/2019, Segunda Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/05/2019) grifamos
5. Do Pedido
Em virtude do exposto, o Apelante requer que o presente recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar a sentença recorrida, no sentido de acolher o pedido inicial do Autor Apelante e condenar a empresa Ré a indenizar a Autora a título de danos morais, no valor de R$ XXXXX, por ser de inteira Justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Lugar, data
Advogado
OAB/UF

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