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AULA 1 ESTRATÉGIAS DE MÍDIAS SOCIAIS Profª Anelise Ferraz Korilo 2 TEMA 1 – O QUE SÃO REDES SOCIAIS Segundo Martino (2015, p. 55), as redes sociais “podem ser entendidas como um tipo de relação entre seres humanos pautada pela flexibilidade de sua estrutura e pela dinâmica entre seus participantes”. Por sua característica horizontal, as redes sociais não possuem uma hierarquia rígida e podem ser fundadas por meio de vínculos em comum, como valores compartilhados. Ainda, segundo Martino: Ao longo da história, vários tipos de organização social foram desenvolvidas, cada uma delas fundada sobre um tipo específico de vínculo ou laço, isto é, o elemento que forma a base da conivência. Na família ou com os amigos, por exemplo, o vínculo principal é o afeto, enquanto nas religiões um dos principais laços é a fé compartilhada entre os adeptos, e nas empresas vínculos se pautam no desejo comum de sucesso. (Martino, 2015, p. 55) Recuero (2009, p. 24) defende que a formação de redes faz parte da própria condição humana, sendo “uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores”. Somos seres sociais e sempre vivemos em rede, e estas redes também podem estar no mundo virtual. Transpondo estes apontamentos para a Internet, os agrupamentos sociais online também são comumente chamados de “redes sociais”, “redes sociais digitais”, “redes sociais on-line”, entre outros. Sendo mediado por tecnologia, as “redes sociais na internet são constituídas de representações dos atores sociais e de suas conexões”. Essas representações “são, geralmente, individualizadas e personalizadas” (2009, p. 38). Relacionamento é a palavra-chave para as redes sociais, sejam pessoais ou virtuais. 1.1 Cultura da Convergência Segundo Henry Jenkins, o conceito de Cultura da Convergência aborda as transformações nas formas de comunicação, compreendendo as mudanças de comportamento do consumidor e sua relação com diversos tipos de canais e mídias. Ela acontece na interação entre esses indivíduos, que passa a ser um produtor de mensagens, acrescentando suas próprias contribuições no compartilhamento de ideias e mensagens. 3 Bem-vindo à cultura da convergência, na qual as velhas e as novas mídias colidem, em que mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, em que o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis. (Jenkins, 2009, p. 9) O conceito também compreende os diferentes canais e como os indivíduos transitam entre eles em busca de conteúdo do seu interesse. Jenkins (2009, p. 9) aponta que “no mundo da convergência de mídias, toda história importante é contada, toda marca é vendida e todo consumidor é cortejado por múltiplas plataformas de mídia”. Além disso, todos os padrões de mídia se cruzam e a troca de informação prevalece. Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos por meio de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (Jenkins, 2009, p. 29) Ainda segundo o autor, a cultura da convergência é baseada em três conceitos: convergência, cultura participativa e inteligência coletiva. Quadro 1 – Conceitos da cultura da convergência Conceitos Definições Convergência Compreende a convergência de mídias on-line e off-line; corporativas e alternativas; e com base em produtores e consumidores. A questão da convergência não está propriamente relacionada aos meios, mas ao consumo das informações. Cultura participativa Termo que propõe a noção de público passivo, remetendo ao modelo convencional de espectadores dos meios de comunicação. Sob a perspectiva da cultura participativa, produtores e consumidores de mídia deixam de exercer papéis separados, pois ambos se tornam participantes interativos de acordo com os novos processos e comportamentos derivados das mídias sociais e da difusão do acesso à internet nas últimas décadas. Inteligência coletiva Esse conceito se consagrou na década de 1990 com a emblemática obra A inteligência coletiva, do ciberteórico francês Pierre Lévy (2015). Na obra, o autor aborda as construções compartilhadas de uma inteligência que acaba por ser muito maior que as inteligências individuais, derivada da troca de informações e da interação que ocorre nas diversas comunidades virtuais. Fonte: Costa, 2017. 4 TEMA 2 – DIFERENÇAS ENTRE REDES SOCIAIS E MÍDIAS SOCIAIS Normalmente associados, existem diferenças entre os termos redes sociais e mídias sociais que serão explorados a seguir. O elemento de ligação entre indivíduos é comumente chamado de “laço social”. Ele pode ser formado por laços afetivos, comerciais, entre outros. As redes na internet reúnem indivíduos em um ambiente monitorado em que a interação e os laços podem ser individualizados e personalizados. Ao listar a quantidade de pessoas que você conhece, independente da proximidade, você terá um tipo de mapa de relacionamento. Ao partir para a classificação desse mapa, você terá uma lista separada por conhecidos, amigos, melhores amigos, e assim por diante. A partir desta classificação, é possível verificar a força de cada laço que possui, classificando-os em fortes e fracos. Segundo Recuero, os laços fortes são “aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexão entre duas pessoas”. Já os laços fracos, “caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade” (2009, p. 2). Seu conceito de rede social é apoiado na interação e na troca social. Martino (2017) cita Granovetter e sua divisão de laços em três categorias: fortes, fracos e ausentes. Neste modelo, é citado que “os laços fracos podem ter uma importância maior na dinâmica de funcionamento das redes por conta de seu tamanho – quantitativamente, o número de “conhecidos” é maior que o de “amigos” e “familiares”, aumentando a amplitude de divulgação de dados existentes nesse tipo de contato” (207, p. 69). Enquanto os laços fortes estabelecem ligações com pessoas muito próximas, os laços fracos permitem criar elos com pessoas física e socialmente distantes. 5 Quadro 2 – Tipos de laços nas redes sociais Tipo de conexão Caráter Investimento Benefício rede Benefício indivíduo Emergente Forte Criação e manutenção de perfil Confiança Presença Legitimação Criação e manutenção de conexões sociais Proximidade Clusterização Suporte social Legitimação Compartilhamento de recursos Confiança Cooperação Suporte social Fraca Criação e manutenção de perfil Confiança Legitimação Criação e manutenção de conexões sociais Informação Visibilidade Compartilhamento de recursos Confiança Informação Autoridade Reputação Associativa Fraca Criação e manutenção de perfil Informação Presença Criação e manutenção de conexões sociais Informação Filtragem Visibilidade Popularidade Compartilhamento de recursos Informação Filtragem Informação Visibilidade Popularidade Fonte: Recuero, 2005. A respeito da diferença entre os dois termos, Costa (2017) descreve de maneira simplificada e visual: Quadro 3 – Mídias sociais versus redes sociais Mídias sociais Redes sociais O compartilhamento é a chave das mídias sociais. O relacionamento é a chave das redes sociais. Mídias sociais compreendem o conceito amplo de meios de comunicação que permitem e facilitam o compartilhamento. As redes sociais estão no grupo dos sites de relacionamento. O principalfoco das redes sociais é, desta forma, criar um ambiente favorável à interação social. Fonte: Costa, 2017. Enquanto nas redes sociais o destaque é para o relacionamento, nas mídias sociais o destaque fica para o compartilhamento. Scott também exemplifica e sugere as diferenças entre mídias sociais e redes sociais de maneira bem clara: (1) Mídias sociais fornecem maneiras para as pessoas partilharem ideias, conteúdo, pensamentos e relações on-line. Diferem da mídia tradicional porque qualquer um pode criar, comentar ou acrescentar algo aos conteúdos na web. (2) Um subconjunto da mídia social é a rede social, termo que uso para me referir à interação das pessoas no Facebook, no LinkedIn, no MySpace e em sites semelhantes. A rede social ocorre quando pessoas criam um perfil social e interagem para se tornar parte de uma comunidade, formada por amigos e pessoas que pensam semelhantemente, e para partilhar informação. (Scott, p. 44) Colaboração e co-criação: para o usuário e pelo usuário. 6 TEMA 3 – RELACIONAMENTO PESSOAL VERSUS RELACIONAMENTO COMERCIAL NAS MÍDIAS SOCIAIS Recuero analisa as redes sociais online como ambientes em que os indivíduos se reúnem publicamente, por meio da tecnologia, nos quais as informações são disseminadas, reverberadas, discutidas e repassadas com algumas características específicas, como a persistência da informação, a capacidade de busca e a replicabilidade. Gabriel ressalta que “tanto redes sociais como mídias sociais, em sua essência, não têm nada a ver com tecnologia, mas com pessoas e conexões humanas” (2010, p. 202). Para entender e atender às necessidades do seu público-alvo, é essencial analisar o cenário, bem como suas oportunidades e ameaças. As estatísticas de acesso em redes sociais on-line demonstram dados como: Há mais mulheres que homens interagindo nas redes sociais; Jovens interagem mais que idosos; De 10% a 20% dos usuários das redes sociais geram de 80$ a 90% de todo o conteúdo produzido nas redes sociais; 40% do que é falado nas redes sociais é bobagem; A retenção nos perfis de redes sociais é na ordem de 40% tendo em média 60% de abandono. (Gabriel, 2010, p. 298) O que fazemos em nossas redes sociais físicas é a mesma coisa que fazemos nas redes sociais on-line. O indivíduo é o mesmo. “O que muda são as formas de se relacionar com novos recursos digitais que amplificam a sua atenção nessas redes, mas ele se comporta da mesma maneira” (Gabriel, 2010, p. 299). A segmentação sociográfica dos indivíduos pode auxiliar na compreensão de como os indivíduos interagem e se engajam nas mídias sociais. O socialgraphics é “um tipo de segmentação sociográfica das pessoas que olha além da segmentação demográfica (demographics), geográfica (geographics) e psicográfica (psychographic) e tenta compreender o comportamento sociográfico (socialgraphic) do público-alvo” (Gabriel, 2010, p. 302). Esta segmentação propõe uma pirâmide de comportamento que envolve: assistir, compartilhar, comentar, produzir e fazer curadoria. 7 Quadro 4 – Pirâmide de comportamento Fonte: Gabriel, 2010. Voltando ao exemplo da sua loja de produtos naturais. Você já possui o seu perfil pessoal em alguma plataforma de mídias sociais e está montando o da sua loja. Neste contexto, é importante saber separar a figura do proprietário e seu perfil pessoal da figura corporativa da sua loja. Isso não quer dizer que o perfil da sua loja precise ser “seco” e sem graça. É preciso entender que um relacionamento comercial deve seguir a persona definida, respeitando a especificidade de cada mídia social. Além disso, é preciso entender e se relacionar com os consumidores que interagem nas mídias sociais, buscando criar laços virtuais com o objetivo de gerar vendas reais. Complementando este contexto, segundo Bueno (2015, p. 41) “falava-se há alguns anos em conquistar o cliente, depois em satisfazer; hoje, fidelizar o cliente e estreitar relacionamentos com o conjunto dos stakeholders faz parte da pauta da gestão empresarial”, com o principal objetivo do retorno financeiro “que pode, por sua vez, transformar-se em retorno mercadológico, imagético e reputacional”. 3.1 Comportamento do consumidor em relação às marcas O comportamento dos indivíduos em ralação às marcas nas redes sociais é um tema bastante abordado em marketing digital. Fazer curadoria Indivíduos engajados em sites como Wikipédia ou quadros de dicussão Produzir Indivíduos que criam e publicam seu próprio conteúdo Comentar Indivíduos que respondem ao conteúdo de outros indivíduos Compartilhar Indivíduos que atualizam seus perfis e compartilham informações com seus pares Assitir Indivíduos que apenas consomem o conteúdo 8 Gabriel cita em seu livro os doze principais motivos para uma pessoa tornar-se amiga de uma marca: “receber descontos e promoções (40%), mostrar aos outros o seu apoio à empresa (39%), ganhar um brinde (36%), manter-se informado sobre as atividades da empresa (34%), receber atualizações sobre novos produtos (33%), receber informações sobre vendas futuras (30%), diversão ou entretenimento (29%), ter acesso a conteúdos exclusivos (25%), recomendação de alguém (22%), saber mais sobre a empresa (21%), saber mais sobre um tema específico da empresa (13%), interagir (compartilhar ideias, dar feedback etc.) (13%)” (2010, p. 306). TEMA 4 – CRONOLOGIA DAS MÍDIAS SOCIAIS Para sinalizar a cronologia das mídias sociais é necessária uma contextualização anterior a fim de compreendermos melhor os paradigmas que elas nos apresentam. Em 1960, a Guerra Fria marcou a disputa entre Estados Unidos e União Soviética pelo poder de influência política e econômica. Os fins militares nesta disputa fizeram surgir a necessidade de uma troca ágil e sigilosa de informações. Castells demonstra em seu livro que, naquele contexto, os Estados Unidos criaram a Advanced Research Projects Agency (ARPANET). Um sistema em que as informações eram compartilhadas por meio da transmissão de dados em redes de computadores. As informações eram divididas em pequenos pacotes que continham trechos de dados, o endereço do destinatário e informações para remontar a mensagem original. Data-se que a primeira mensagem enviada por esta plataforma saiu da UCLA para o Stanford Institute, em 1969. Sua apresentação pública veio a acontecer apenas em 1972. 9 Figura 1 – Primeiro log IMP da ARPANET com a transcrição da primeira mensagem enviada pela plataforma, em 29/10/1969 Fonte: Canaltech, S.d. À medida em que o acesso à rede foi expandido, em 1978 surgiu a Usenet. A ferramenta permitia que os usuários se inscrevessem para acompanhar tópicos de conversas. Figura 2 – Exemplo de menu utilizado na UseNet Fonte: Canaltech, S.d. Segundo Castells, em 1978 a ARPANET passou a utilizar o protocolo TCP/IP e, com a chegada da computação pessoal, a CompuServe foi uma das pioneiras em oferecer conexão com a internet internacionalmente. Para ter acesso, utilizava-se um cliente de acesso próprio, que oferecia serviços de e-mail e fóruns. Este serviço tornou-se popular e fundido a AOL (meados de 1994). 10 Figura 3 – Interface CompuServe Fonte: Canaltech, S.d. Em 1990, esta tecnologia passou a ser acessível aos indivíduos em geral com o desenvolvimento da World Wide Web pelo engenheiro inglês Tim Berness- Lee. Ela veio como um projeto de plataforma de hipertexto que permitiria o trabalho em conjunto com os indivíduos em uma espécie de rede de documentos. “Por hipertexto, entende-se a escrita de texto não sequencial, que permite ao usuário fazer conexão entre informação e documentos por meio de palavras que contêm ligações com outros textos (hiperlinks), em um processo semelhante ao funcionamento do nosso cérebro” (Telles, 2010). De acordo com uma matéria especial, desenvolvidapelo site Canaltech, em 1994, o Geocities se popularizou com a possibilidade de publicar sites rudimentares da rede, na mesma época em que a conexão discada com a internet também se popularizava. Em 1999, o Yahoo! adquiriu o Geocities, permanecendo no ar até 2009. Figura 4 – Exemplo de página criada com o Geocities em 1990 Fonte: Canaltech, S.d. 11 Após, em 1997, houve o lançamento do Instant Messenger da AOL, precursor de ferramentas como o ICQ e o Messenger. Conhecido como AIM, a ferramenta trouxe e popularizou ainda mais o que foi chamado de “mensageiro instantâneo”, com uma interface mais agradável para quem não tinha conhecimentos de programação. Figura 5 – Tela do AOL Fonte: Canaltech, S.d. Em 1997, surgem as redes sociais. De acordo com informações do Canaltech, o SixDegrees foi a primeira rede social on-line. De maneira simplificada, a rede permitia que os usuários criassem perfis e adicionassem seus amigos, chegando a 3,5 milhões de usuários. Figura 6 – Tela do SixDegrees Fonte: Canaltech, S.d. 12 Seu sucesso no exterior permitiu, em 2002, o surgimento do Friendster, precursor das redes sociais on-line como conhecemos. Figura 7 – Tela do Friendster Fonte: Canaltech, S.d. Nos anos 2000, mais de 100 milhões de pessoas estavam conectadas à rede diariamente para realizar pesquisas e download de músicas e, foi nesse contexto, que surgiu o MySpace. De acordo com dados da Wikipedia, em seu lançamento a ideia era ser uma rede social mais genérica, mas a possibilidade de publicar músicas em perfis dos seus usuários fez com que a plataforma se transformasse em uma rede social musical, em que artistas lançavam suas faixas e até mesmo seus álbuns completos. Essa particularidade fez com que todos os tipos de usuários entrassem na rede para ficar em contato direto com os artistas. Com esta oportunidade de segmentação, em 2003, Reid Hoffman, Allen Blue, Konstantin Guericke, Eric Ly e Jean-Luc Vailant, lançaram o LinkedIn, uma rede social voltada a contatos profissionais. Nesta rede, profissionais de diversas áreas podem divulgar conteúdos de autoria própria a fim de gerar oportunidades de trabalho. (LinkedIn, 2003) Segundo o Canaltech, no Brasil, a primeira rede social lançada foi a Tantofaz.net, em 2000. De origem norte-americana, a rede se propunha a agradar jovens com uma comunicação mais informal e descontraída. Entretanto, em agosto de 2000, a proprietária da plataforma decidiu encerrar suas atividades no Brasil relatando altos custos. A rede chegou a ter 370 mil usuários e 18 milhões de pageviews por mês. Neste cenário, os brasileiros já familiarizados com o tema migraram para o Fotolog. Lançada em 2002 pela Hi-Media Group, a plataforma permitia publicar 13 fotos e receber comentários ilimitados. O crescimento rápido e imprevisto da plataforma fez com que a rede passasse por muitos problemas técnicos e que assim surgisse a restrição diária de novos membros, postagem de apenas 1 imagem ao dia e o limite de 20 comentários por publicação. Em 2005, a rede evoluiu para permitir que mil novos membros fossem aceitos diariamente e, em 2006, essa limitação foi banida, fazendo com que mais usuários pudessem participar, oferecendo grupos temáticos administrados por usuários e a publicação de até 50 fotos por dia. Em 2007, a rede possuía um valor de mercado calculado em 90 milhões de dólares, mas passou a cair após a popularização do Orkut. Figura 8 – Exemplo de perfil no Fotolog Fonte: Google, S.d. Criado por Orkut Büyükkökten em janeiro de 2004, o Orkut fez grande sucesso no Brasil, chegando a ter mais de 80 milhões de usuários. Entre suas características estavam alguns recursos inéditos, como informações secundárias de preferências de filmes, músicas, enquetes, inserir vídeos do YouTube, saber o usuário que visitou o perfil, a possibilidade de os amigos votarem em outros amigos para definir qual era sexy, legal ou confiável, entre outros. Foi também responsável por classificar os laços sociais dos contatos entre conhecidos, desconhecidos, amigos, bons amigos e melhores amigos, de acordo com as definições de Raquel Recuero, citadas nos temas anteriores. Com o impacto que passou a sofrer com a popularização do Facebook, em 2009, remodelou seu layout para incluir feed de publicações. 14 Segundo informações do site Techtudo, em 2012 a rede ainda possuía 34,3 milhões de usuários frente aos 36,1 milhões de usuários do Facebook. Logo em 2013, a rede social perdeu mais de 95% dos acessos brasileiros, fazendo com que, em 2014, fosse descontinuada. Figura 9 – Tela do Orkut Fonte: Google, S.d. Lançado em 2004 por Mark Zuckerberg, “TheFacebook.com” era um protótipo de rede social exclusiva para estudantes de Harvard. Nela, os estudantes montavam perfis e se conectavam com indivíduos do campus. Só em 2006 a plataforma foi aberta para que qualquer pessoa pudesse se cadastrar. Figura 10 – Tela do “thefacebook” Fonte: Google, S.d. Neste mesmo período, a rede social inovou ao disponibilizar o feed de notícias, em que os participantes poderiam escrever sobre qualquer tema e que seus amigos iriam ver. À medida em que cresceu, foi permitindo publicar fotos e 15 vídeos no feed, além de curtir publicações, enviar mensagens privadas e criar eventos. O YouTube surgiu em 2005 permitindo a publicação de vídeos. Tornou-se uma rede à medida em que possibilitou avaliar, seguir e comentar em vídeos de outros contatos. (YouTube). Em 2006, surge o Twitter com uma proposta de compartilhamento de mensagens curtas e uma comunicação mais rápida. Enquanto as principais redes da época incentivavam a conexão entre pessoas, esta incentivava a propagação da informação e o famoso “what are you doing?”. Jack Dorsey, Evan Williams, Biz Stone e Noah Glass criaram assim o Twitter. Figura 11 – Tela do Twitter Fonte: Google, S.d. A rede de microblogging ficou conhecida por trazer de forma rápida a possibilidade de acompanhar eventos, notícias e pensamentos aleatórios, além da disseminação da utilização de hashtags. Com a democratização das plataformas sociais online, mais redes passaram a ser lançadas. Em 2010, Paul Sciarra, Evan Sharp e Ben Silbermann lançaram o Pinterest. Com um layout simples e a proposta de compartilhamento de fotos, a rede ganhou popularidade por permitir a personalização dos “quadros de inspirações”. Segundo Recuero, tornou-se popular no Brasil a partir de 2012. Com a força que as imagens ganharam ao longo do tempo, em 2010 temos o nascimento do Instagram. Criada por Kevin Systrom e Mike Krieger, em seu início a rede funcionava apenas no IOS, atingindo 10 milhões de usuários em 16 2011. Com a chegada do aplicativo para Android no ano seguinte, em apenas 1 dia o Instagram já havia sido baixado mais de 1 milhão de vezes na Google Play. Ainda em 2012, a rede foi comprada pelo Facebook que passou a integrar outras funcionalidades, como o stories e, mais recentemente, o IG TV. Atualmente, a rede possui mais de 800 milhões de usuários ativos por mês, 25 milhões de perfis corporativos e mais de 1 milhão de anunciantes. (Facebook). TEMA 5 – REDES SOCIAIS MAIS USADAS Apesar de novas plataformas surgirem constantemente, algumas mídias sociais tornaram-se populares no Brasil e no mundo. Suas respectivas estatísticas são atualizadas constantemente, entretanto, algumas tendências podem ser verificadas. Entre elas, Gabriel (2010, p. 18) cita “o aumento da difusão das redes sociais online em todas as camadas sociais e em todos os países, e o tipo de perfil de usuário e assuntos de interesse nos principais sites de redes sociais no Brasil e no mundo”. Para demonstrar as mudanças de preferência em mídias sociais, Gabriel cita uma pesquisa realizada em 2010 nos Estados Unidos por uma empresa chamada Anderson Analytics.Neste período, as redes mais utilizadas eram o Facebook, MySpace, Twitter e LinkedIn. Apesar de algumas redes não estarem atualmente no ranking das mais utilizadas, algumas informações continuam relevantes: 45% dos usuários de redes sociais se conectam apenas à família e amigos e outros 18% só interagem com pessoas que conheceram pessoalmente; Apenas 10% dos pesquisados responderam que interagem com qualquer pessoa; Há grande sobreposição de usuários que estão simultaneamente no Facebook, Twitter e LinkedIn; 82% dos usuários do LinkedIn estão também no Facebook e 31% também no Twitter; 91% dos usuários do Twitter estão também no Facebook e 21% no LinkedIn. (Gabriel, 2010, p. 203-204) Uma recente pesquisa realizada em 2017 pela Nielsen Social, nos Estado Unidos, aponta que as mídias sociais continuam com força. A pesquisa também reafirma as informações listadas no item 3.1 (“Comportamento do consumidor em relação às marcas”), de que os indivíduos interagem e tornam-se amigos das marcas nas redes sociais a fim de obter vantagens, demonstrar apoio, buscar produtos e serviços, entre outros. O gráfico a seguir traz novamente este fato: 17 Tabela 1 – Usuários em rede sociais em interação com as marcas Fonte: Adaptado de Nielsen, 2017, p. 9. Costa demonstra em seu livro dados de um estudo realizado em 239 países, chamado Global Digital 2017. Segundo a autora, “os resultados indicam que o uso de internet, além de estar em constante crescimento, tem um acréscimo de novos usuários de 8% ao ano. Mais da metade dos usuários acessam a internet via dispositivo móvel” (2017, p. 109). Citando, ainda, a mesma pesquisa, Costa destaca o gráfico que demonstra que o Facebook segue como a rede social mais utilizada pelos indivíduos: 18 Gráfico 1 – Global Digital: usuários ativos mundiais por plataforma social, em milhões Fonte: Adaptado de Kemp, 2017, p. 46. Com base nesta análise, é possível perceber que o Facebook, o WhatsApp, o YouTube e o Instagram continuam mantendo a liderança em sua utilização e que se faz necessário incluir estas mídias sociais no planejamento de marketing digital das empresas. 19 REFERÊNCIAS BUENO, W. da C. Estratégias de comunicação nas mídias sociais. São Paulo: Manole, 2015. CASTELLS, M. A Galáxia da Internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2003. COSTA, C. G. A. Gestão de Mídias Sociais. Curitiba: InterSaberes, 2017. DÂMASO, L. A história do Orkut. Techtudo, 24 jan. 2016. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/07/historia-do-orkut.html>. Acesso em: 17 out. 2018. DIGITAL in 2017: Global Overview. We Are Social. 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