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LAUREEN KAROLINE BITENCOURT DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
A TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVO HAMBURGO, RS 
2019 
 
 
 
 
 
Segundo estudos, a Teoria da Imputação Objetiva surgiu pela primeira 
vez, em 1927, pelo civilista alemão Larenz, que em sua tese de doutoramento 
dita como “A teoria da imputação de Hegel e o conceito de imputação objetiva”, 
somente seria possível a imputação diante de um evento naturalístico realizado 
pelo próprio autor do fato. Larenz se baseou na teoria da imputação dos estudos 
realizados por Hegel. 
Larenz acreditava que o resultado não poderia apenas ser mostrado 
apenas como uma sucessão de causa e efeitos, mas sim, como um todo, do qual 
a realização está a cargo do agente, podendo ser a ele imputado. 
Entretanto, é no ano de 1930, que o jurista Honing traz para o âmbito do 
Direito Penal, o conceito de imputação objetiva. 
Segundo ele, o direito não deve aceitar suficiente para a imputação do 
resultado à ação a apuração do nexo causal, é essencial, que vá além, a 
apuração de um nexo normativo, o qual deve ser construído tendo por estudos 
critérios fornecidos pelo ordenamento jurídico. 
No ano de 1970, Claus Roxin, jurista alemão, um dos mais influentes 
dogmáticos do direito penal alemão, tendo conquistado reputação nacional e 
internacional neste ramo, cria uma teoria geral da imputação, tendo como pilar o 
princípio do risco. 
Para Claus Roxin, o resultado somente será imputável ao agente quando, 
sua conduta tiver criado um perigo para um bem jurídico não coberto pelo risco 
permitido, e por fim, esse perigo se realizar em um resultado concreto que esteja 
dentro do âmbito da norma. 
Segundo a teoria da imputação objetiva de Roxin, aquele que instiga, 
possibilita ou auxilia tal auto colocação em perigo não é punível por homicídio ou 
por lesões corporais. Esta decisão é o principal sucesso que a teoria da 
imputação objetiva conseguiu até hoje nas práxis jurisprudenciais alemãs. 
 
 
 
 
 Antes de desenvolver a teoria da imputação objetiva, a punição só por 
tentativa de homicídio correspondia à opinião que era dominante na Alemanha. 
Opinião essa, que, estudava-se o caso sob o aspecto do desvio no curso causai, 
tendo-se criado a tese de que o dolo deveria atingir o curso causai em suas 
linhas gerais. Portanto, se tratando de um desvio essencial, sendo assim, 
excluindo o dolo. 
Enquanto a teoria da imputação objetiva considera já o tipo não 
preenchido, a teoria mais antiga, que também é defendida pela jurisprudência, 
exclui somente o dolo. Dito isso, aqui nada mais é que, se trata de um problema 
de dolo é uma solução aparente, pois o decisivo é exatamente se existe ou não 
um desvio essencial, e sendo assim é um critério objetivo. Certo que, vendo isso, 
o conceito de ‘essencialidade’ ainda precisa ser preenchido com algum 
conteúdo, porque de fato refere-se a uma opinião muito vaga. 
Porém, um desvio é essencial, quando nisso, não se realiza o risco 
contido na ação de tentativa. Portanto, vejamos que o deslocamento do 
problema para a doutrina do dolo não faz mais que dar uma roupagem subjetiva 
a uma questão de imputação objetiva, faz-se por esquecer, além deste, a 
solução, através do uso de elementos pobres de conteúdo como a 
‘essencialidade’. 
A teoria da imputação objetiva desenvolveu critérios de imputação ainda 
mais precisos: para o preenchimento do tipo objetivo não basta que haja um 
nexo entre o resultado e o risco não permitido criado pelo causador. E preciso, 
além disso, que o resultado esteja abrangido pelo fim de proteção da norma de 
cuidado. (ROXIN, Claus. A Teoria da Imputação Objetiva. Estudos de Direito 
Penal, p. 111). A teoria confirma ao tipo objetivo uma importância muito maior do 
que ele até então tinha, quanto na concepção causai, como na final. 
ROXIN, diz em seus estudos do direito penal, que a teoria da imputação 
objetiva fornece regras genéricas a respeito de quais causações de alguma lesão 
corporal, dano ou morte constituem em ações de que realmente seria lesionar, 
danificar ou matar, e quais não. Portanto, ela soluciona, e além de tudo, mostra 
uma limitação político-criminalmente plausível da responsabilidade por culpa, 
 
 
 
 
que foi excessivo estendida pela jurisprudência alemã, nos caminhos do 
pensamento causai. 
A teoria da imputação objetiva constrói, uma dogmática do ilícito culposo 
totalmente nova, que ainda não é tão reconhecida. Os antigos critérios do delito 
culposo ainda são usados de forma irregular. 
Dito isso, deveria consolidar-se o conhecimento de que a imputação da 
culpa na esfera do tipo é determinada unicamente pelos critérios da imputação 
objetiva. A teoria da imputação objetiva tem mais expressão prática na 
determinação do ilícito culposo, mesmo que, nos delitos dolosos também tenha 
seu destaque, importância. 
Na questão do subjetivo na imputação objetiva, ROXIN nos explica que, 
a imputação depende não apenas de fatores objetivos com também subjetivos. 
Fatores subjetivos desempenham comumente um papel decisivo também 
no alcance do tipo (...). Struensee chegou mesmo a desenvolver a tese segundo 
a qual o delito culposo sempre pressuporia um tipo subjetivo, consistindo este 
no conhecimento e na realização finalista de fatores fundamentais do risco. 
Aquele que, p.ex: sabe que está dirigindo pelo cruzamento com o sinal vermelho, 
ou que está ultrapassando em uma curva sem visibilidade, realiza de modo 
culposo o acidente que daí decorre. Struensee engana-se, contudo, ao 
considerar o conhecimento dos fatores fundamentadores do risco um 
pressuposto necessário da culpa: quem for tão desatento a ponto de sequer 
notar o sinal vermelho ou a curva, também cria o risco não permitido e age 
culposamente. Mas é ainda correto que o conhecimento das circunstâncias 
fundamentadoras do risco seja um fator relevante para a imputação ao tipo 
objetivo. Nada disso, contudo, é um argumento válido contra a teoria da 
imputação objetiva. Fica provado, unicamente, que também fatores subjetivos 
podem desempenhar um papel na imputação objetiva. A imputação objetiva se 
chama ‘objetiva’ não porque circunstâncias subjetivas lhe sejam irrelevantes, 
mas porque a ação típica constituída pela imputação é algo objetivo, ao qual só 
posteriormente, se for o caso, se acrescenta o dolo, no tipo subjetivo. (ROXIN, 
 
 
 
 
Claus. A Teoria da Imputação Objetiva. Estudos do Direito Penal. P 120, 121, 
122). 
De qualquer forma, é necessário saber que, a imputação objetiva é 
também influenciada por critérios subjetivos. Ações típicas e humanas, sempre 
estão entrelaçadas de momentos objetivos e subjetivos. 
A imputação nada mais é do que uma tentativa de distinguir o próprio ato 
de acontecimentos casuais. 
 A imputação objetiva integra o conceito de ação, é correto se dizer isto, 
pois, aquilo que expressamente se considera uma ação de lesão, homicídio e 
etc; é afirmado pelos critérios de imputação. Sendo assim, nada disso tem 
relação alguma com a finalidade. 
Segundo os estudos de ROXIN, a nova teoria da imputação, é mais ampla 
que em seus primórdios. Os resultados da teoria velha limitavam-se, em 
essência, como dito antes, aquilo que já à época se podia conhecer pela teoria 
da relevância ou da adequação. 
Por fim, diz ROXIN, em sua teoria que, Larenz e Honig se interessavam 
somente em excluir o acaso, mas podemos dizer que a teoria da imputação 
objetiva se entende em diversos pontos de vista, não podendo se reduzir-se 
apenas em um só. Por exemplo, a análise de risco e superação do risco 
permitido, os princípios da responsabilidade da vítima e de terceiros, entre 
diversos outrospontos de vista, caracterizam, cada qual, os aspectos de 
imputação. 
Portanto, a teoria da imputação objetiva tem uma extensa base teórica 
que é completa no que diz respeito às exigências de uma sistemática fundada 
sobre finalidades político-criminais. Mas, de qualquer forma, a teoria da 
imputação objetiva está longe de constituir apenas uma única linha de raciocínio 
para uma série de problemas diferentes e sem nexos, como achava Hirsch. Bem 
diferente dessa linha defendida por Hirsch, para ROXIN, é exatamente a teoria 
que também está a mostrar que a moderna dogmática jurídico-penal não se deve 
ficar estagnada nos conhecimentos obtidos por Welzel e pelo finalismo.

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