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DIREITO PENAL II - PARTE ESPECIAL

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DIREITO PENAL II - 
PARTE ESPECIAL 
Autores: Lenice Kelner
 Rodrigo Koenig França
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Rodrigo Koenig França 
 Revisão Gramatical: Camila Thaisa Alves
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
345
K299d Kelner, Lenice
 Direito penal II : parte especial / Lenice Kelner; 
 Rodrigo Koenig França. Indaial : Uniasselvi, 2012.
 200 p. : il.
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-514-7
 1. Direito penal.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Rodrigo Koenig França
Possui Graduação em Direito pelo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
UNIASSELVI – (2006) e Pós-Graduação em 
Direito Penal pela Universidade do Sul de Santa 
Catarina – UDESC – (2009). Atualmente é Assistente 
de Promotoria do Ministério Público de Santa Catarina 
e Professor Universitário pelo Centro Universitário 
Leonardo da Vinci - UNIASSELVI. Tem experiência 
na área de Direito Público, com ênfase em 
Direito Penal e Ambiental.
Lenice Kelner
Lenice Kelner, Graduada em Direito. 
Mestre em Ciências Jurídicas. Especialista em 
Direito Penal e Processual Penal. Especialista 
em Direito Civil. Advogada na área criminal e cível. 
Professora do Curso de Direito da FURB. Professora 
dos Cursos de Especialização em Direito Penal e 
Processo Penal. Professora da Escola Superior da 
Magistratura do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. 
Coordenadora do Programa de Extensão Gestão de 
Conflitos Penais na Comarca de Blumenau e Projeto 
de Assistência Jurídica aos detentos do Presídio 
Regional de Blumenau. 
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Crimes Contra a Pessoa ........................................................ 9 
CAPÍTULO 2
Crimes Contra o Patrimônio ............................................... 39
CAPÍTULO 3
Crimes Contra a Honra ....................................................... 77
CAPÍTULO 4
Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o 
Respeito aos Mortos .......................................................... 91
CAPÍTULO 5
Crimes Contra a Dignidade Sexual ...................................123
CAPÍTULO 6
Crimes Contra a Família .................................................... 147
CAPÍTULO 7
Crimes Contra a Administração Pública .........................165
CAPÍTULO 8
Crimes Ambientais – Lei nº 9.605/98....................................185
7
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Este caderno de estudos contém textos e reflexões relacionados com a 
parte especial do Código Penal Brasileiro e legislações esparsas. O seu caráter 
funcional será de expor, de forma concisa, mas densa e pragmática, os mais 
variados crimes previstos na legislação penal brasileira. O texto se apresenta 
dentro de uma metodologia dialógica, a fim de suscitar a reflexão, a dúvida, os 
questionamentos acerca de temas tão relevantes para todos os operadores do 
Direito. As leituras que fornecem subsídios para aprofundamento dos temas 
encontram-se ao longo do texto. 
O caderno abordará o tema em 8 capítulos. O primeiro capítulo tratará dos 
crimes contra a pessoa, especialmente a abordagem dos crimes de homicídio, 
participação em suicídio, infanticídio, aborto e lesão corporal. O segundo capítulo 
abordará os crimes contra o patrimônio, especialmente, os crimes de furto, roubo, 
latrocínio, extorsão, extorsão mediante sequestro, apropriação indébita, estelionato 
e receptação. O terceiro capítulo trará uma abordagem dos crimes contra a 
honra, destacando os crimes de calúnia, difamação e injúria. Por conseguinte, o 
quarto capítulo discorrerá sobre os crimes contra a dignidade sexual, destacando 
o crime de estupro, estupro de vulnerável, assédio sexual e o favorecimento da 
prostituição. O quinto capítulo tratará dos crimes contra a família, discorrendo 
sobre a bigamia, simulação de casamento, registro de nascimento inexistente, 
abandono material e intelectual. No sexto capítulo estudar-se-á os crimes 
contra o sentimento religioso, destacando-se o ultraje a culto, o impedimento de 
cerimônia funerária, a violação de sepultura e a destruição, subtração, ocultação 
e vilipêndio de cadáver. No sétimo capítulo abordar-se-á os crimes contra a 
administração pública, abrangendo o peculato, a concussão, a corrupção passiva 
e a prevaricação. Por fim, o último capítulo trará o estudo dos crimes contra o 
meio ambiente, identificando os crimes contra a fauna e os crimes contra a flora. 
Convidamos você a iniciar este diálogo e aprofundamento nos estudos. 
É com grande satisfação que trazemos nosso trabalho. 
Professora Msc. Lenice Kelner
Professor Rodrigo Koenig França
CAPÍTULO 1
Crimes Contra a Pessoa
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conceituar os crimes contra a vida. 
 3 Identificar e distinguir os crimes contra a vida diante de casos reais. 
 3 Buscar na jurisprudência casos julgados pelos Tribunais e apresentar 
comentário crítico referente ao crime pesquisado. 
11
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Contextualização
Neste capítulo, estudaremos os “Crimes contra a pessoa”, que são aqueles 
delitos que ofendem a vida e a integridade física das pessoas. São eles: Homicídio 
(CP, art. 121), Participação em Suicídio (CP, art. 122), Infanticídio (CP, art. 123), 
Aborto (CP, art. 125, 126, 127 e 128) e Lesões Corporais (art. 129 do CP). O 
estudo dos crimes contra a pessoa é de primordial importância, pois trata do bem 
jurídico mais importante a ser tutelado, que é a vida humana.
A proteção de tão relevante bem jurídico é imperativo de ordem constitucional, 
assegurado no artigo 5º, caput, que garante que “todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida [...]”. 
Diariamente, a imprensa nos traz notícias de crimes de homicídio brutais, 
abortos em clínicas clandestinas, brigas entre grupos rivais etc. A importância do 
estudo destes crimes será para você, operador do direito, distinguir e dar a correta 
aplicação dos tipos penais, aprofundando os conhecimentos que já possui acerca 
do tema. 
 
Homicídio
O homicídio, já na época de Roma, em 753 a. C. era considerado um crime 
público. A Lei das XII Tábuas (450 a. C) já previa a designação de juízes especiais 
para julgamento do delito de homicídio. Conferimos que na Idade Média, o 
homicídio era usualmente punido com a pena de morte. Conferindo a legislação 
brasileira com as Ordenações Filipinas, o crime de homicídio tinha pena aplicada 
a critério do julgador, que punia seus autores com pena de morte, imposição de 
mutilação e confisco de bens. Já desde o Código Penal do Império em 1830 e 
o Código Penal em vigor (1940) prescrevem, como a punição aos autores dos 
crimes de homicídio, a pena privativa de liberdade. 
a) Conceituação
Nas palavras de Capez (2011, p. 22), “homicídio é a morte de um homem 
provocada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa praticada 
por outra”. Importante definir o homicídio como a eliminação da vida humana 
extrauterina praticada por outrem. Pois, como alerta Mirabete (2011, p. 26), “tal 
conceito evita a confusão com o delitode aborto e com o suicídio”.
Mas afinal, quando começa a vida? 
12
 Direito Penal II - Parte Especial 
Bitencourt (2011, p. 48), com precisão, esclarece:
A vida começa com o início do parto, com o rompimento 
do saco amniótico; é suficiente a vida, sendo indiferente a 
capacidade de viver. Antes do início do parto, o crime será de 
aborto. Assim, a simples destruição da vida biológica do feto, 
no início do parto, já constitui crime de homicídio.
Enfim, para a configuração do delito em tela, a vítima deve estar 
viva, manifestando-se a vida com a respiração, não importando seu grau 
de vitalidade ou se exista a capacidade de sobrevivência. 
Para melhor compreensão deste contexto, assista o filme 
“Risco Duplo”.
b) Classificação Doutrinária
Como o crime de homicídio pode ser praticado de vários modos, a doutrina 
penal assim classifica o crime de homicídio: 
• crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa; 
• crime simples: atinge apenas um bem jurídico;
• crime de dano: exige a efetiva lesão de um bem jurídico;
• crime de ação livre: pode ser praticado por qualquer meio, comissivo ou 
omissivo;
• crime instantâneo de efeitos permanentes: a consumação ocorre em um só 
momento, mas seus efeitos são irreversíveis;
• crime material: só se consuma com a efetiva ocorrência do resultado morte, 
ou seja, com a cessação da atividade encefálica.
c) Tipo Penal
O crime de homicídio sempre terá um sujeito ativo, aquele que 
causou a morte, e o sujeito passivo, também chamado de vítima, ou a 
pessoa morta. 
O sujeito ativo, ou seja, aquele que pode praticar o delito, nesse 
caso pode ser qualquer pessoa. Por esse motivo, classifica-se em 
crime comum.
A vida começa com 
o início do parto, 
com o rompimento 
do saco amniótico
O crime de 
homicídio sempre 
terá um sujeito 
ativo, aquele que 
causou a morte, e 
o sujeito passivo, 
também chamado 
de vítima, ou a 
pessoa morta.
13
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
O sujeito passivo, ou seja, a vítima, pode ser qualquer pessoa também. O 
núcleo do tipo, que é o verbo descreve a conduta, no presente caso é matar.
Perceba que o crime de homicídio pode ocorrer por ação ou omissão do 
agente. Ex.: “A” esfaqueia “B” como intenção de matar. “B” morre pela ação de 
“A”. Já na omissão, “A” quer matar “B” que está sob sua guarda e para isso deixa 
de alimentá-lo. “B” morre de inanição. “A” responde por homicídio por omissão. 
• Para obter mais informações sobre o tipo penal, sugerimos 
acessar o site:
 http://pt.scribd.com/doc/39843090/Penal
• Leia a lei nº 9434/97, que trata de transplante de órgãos, 
encontrada no site:
 www.senado.gov.br
d) Homicídio Simples
No Código Penal Brasileiro, o homicídio simples é previsto no art. 
121, caput, com a seguinte redação: 
Art. 121 - Matar alguém: 
Pena - reclusão, de 6 a 20 anos.
No parágrafo 1º do Art. 121 do Código Penal Brasileiro, é definido o 
crime de homicídio privilegiado, como um caso de diminuição de pena.
• Caso de diminuição de pena (Homicídio privilegiado)
§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social (diz respeito a interesses da coletividade, como, por ex., matar traidor da 
pátria, matar bandido perigoso, desde que não se trate de atuação de justiceiro) 
ou moral (refere-se a sentimento pessoal do agente, como no caso da eutanásia), 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação 
O homicídio 
simples é previsto 
no art. 121, caput, 
com a seguinte 
redação: 
Art. 121 - 
Matar alguém: 
Pena - reclusão, 
de 6 a 20 anos.
http://pt.scribd.com/doc/39843090/Penal
http://www.senado.gov.br
14
 Direito Penal II - Parte Especial 
da vítima (existência de emoção intensa - ex.: tirar o agente totalmente do sério; 
injusta provocação da vítima - ex.: xingar, fazer brincadeiras de mau gosto, 
flagrante de adultério; reação imediata - “logo em seguida”), o juiz pode (deve) 
reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
Em seu parágrafo 2º, o art. 121 contém as formas qualificadas do homicídio, 
aplicando pena superior à do homicídio simples, visto que os motivos do crime, os 
meios empregados ou até os recursos demonstram maior periculosidade do agente.
e) Homicídio qualificado
Importante lembrar que o homicídio qualificado é “crime hediondo” 
quando praticado em atividade típica de grupos de extermínio, mesmo 
que por uma só pessoa.
No segundo parágrafo do Art. 121 do Código Penal Brasileiro, há a 
seguinte afirmação: 
§ 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe (motivo vil, repugnante, que demonstra depravação moral do 
agente - ex.: matar para conseguir herança, por rivalidade profissional, por 
inveja, porque a vítima não quis ter relação sexual);
II - por motivo fútil (matar por motivo de pequena importância, insignificante; 
falta de proporção entre a causa e o crime - ex.: matar dono de um bar que 
não lhe serviu bebida, matar a esposa que teria feito jantar considerado ruim);
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso (é o uso de uma armadilha ou de uma fraude para atingir 
a vítima sem que ela perceba que está ocorrendo um crime, como, por 
ex., sabotagem de freio de veículo ou de motor de avião) ou cruel (outro 
meio cruel além da tortura - ex.: morte provocada por pisoteamento, 
espancamento, pauladas), ou de que possa resultar perigo comum (ex.: 
provocar desabamento ou inundação);
IV - à traição (quebra de confiança depositada pela vítima ao agente, que 
desta se aproveita para matá-la - ex.: matar a mulher durante o ato sexual), 
de emboscada (ou tocaia; o agente aguarda escondido a passagem da 
vítima por um determinado local para, em seguida, alvejá-la), ou mediante 
dissimulação (é a utilização de um recurso qualquer para enganar a vítima, 
O homicídio 
qualificado é 
“crime hediondo” 
quando praticado 
em atividade típica 
de grupos de 
extermínio, mesmo 
que por uma 
só pessoa.
15
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
visando possibilitar uma aproximação para que o agente possa executar o 
ato homicida - ex.: uso de disfarce ou método análogo para se aproximar da 
vítima, dar falsas provas de amizade ou de admiração para possibilitar uma 
aproximação) ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa 
do ofendido (surpresa; efetuar disparo pelas costas, matar a vítima que está 
dormindo, em coma alcoólico);
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: quando o homicídio é praticado para assegurar a execução 
de outro crime - ex.: matar um segurança para conseguir sequestrar um 
empresário (homicídio qualificado em concurso material com extorsão 
mediante sequestro). Ou quando o homicídio visa assegurar a ocultação (o 
sujeito quer evitar que se descubra que o crime foi praticado), impunidade (o 
sujeito mata alguém que poderia incriminá-lo - ex.: morte de testemunha do 
crime anterior) ou vantagem de outro crime (ex.: matar coautor de roubo para 
ficar com todo o dinheiro, ou a pessoa que estava fazendo o pagamento do 
resgate no crime de extorsão mediante sequestro).
 Pena - reclusão, de 12 a 30 anos.
Lembre-se que, havendo mais de uma qualificadora no caso 
concreto, o juiz usará uma para qualificar o homicídio e as demais 
como agravantes genéricas.
O Código Penal Brasileiro também prevê a possibilidade do homicídio 
culposo, ou seja, quando o resultado morte ocorre por negligência, imprudência 
ou imperícia. 
e) Homicídio culposo
No terceiro parágrafo do Art. 121 do Código Penal Brasileiro há a seguinte 
afirmação: 
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
Importante verificar que, se a morte culposa ocorreu no trânsito, deveremos 
16
 Direito Penal II - Parte Especial 
buscar pelo novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23-9-97). Eis a 
redação do crime: 
Sobre o princípio da especialidade, leia comentário nosite:
www.jusbrasil.com.br/topicos/297796/principio-da-especialidade
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB – 
LEI Nº 9503 DE 1997
Capítulo XIX - Dos Crimes de Trânsito
Seção II - Dos Crimes em Espécie
Art. 302, CTB - Praticar homicídio culposo na direção de veículo 
automotor:
Penas - detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ único - No homicídio culposo cometido na direção de veículo 
automotor, a pena é aumentada de 1/3 a 1/2, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo 
veículo de transporte de passageiros.
Fonte: DENATRAN. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível 
em: <http://www.denatran.gov.br/ctb.htm>. Acesso em: 29 ago. 2011.
O Código Penal Brasileiro prevê em seu art. 121, parágrafo 4º, a possibilidade 
de o homicídio culposo ser qualificado, e nesses casos a pena será aumentada 
em 1/3: 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/297796/principio-da-especialidade
17
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
• Aumento de pena
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o crime resulta 
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (ex.: médico que 
não esteriliza instrumento cirúrgico, dando causa a uma infecção da qual decorre 
a morte da vítima), ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima 
(se a vítima é socorrida imediatamente por terceiro; se ele não é prestado porque 
o agente não possuía condições de fazê-lo ou por haver risco pessoal a ele; se a 
vítima estiver morta - não incide o aumento da pena), não procura diminuir as 
consequências do seu ato (ex.: após atropelar a vítima, nega-se a transportá-
la de um hospital a outro, depois de ter sido ela socorrida por terceiros), ou foge 
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio (homicídio doloso), 
a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
anos ou maior de 60 anos.
Importante lembrar que, no homicídio culposo, há a previsão de 
ser aplicado o perdão judicial. Confira o enunciado da lei penal: 
§ 5º (Perdão judicial) - Na hipótese de homicídio culposo, 
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária.
Como você pode observar, a sentença que reconhece e concede 
o perdão tem natureza declaratória da extinção da punibilidade, não existindo 
qualquer efeito secundário, inclusive a obrigação de reparar o dano.
Prado (2010, p. 90), no mesmo sentido, ensina que “há extinção da 
punibilidade, portanto, se as consequências da infração (homicídio culposo) 
atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”.
Podemos verificar que a morte de pessoas estreitamente ligadas ao agente 
(por vínculo de parentesco ou amizade) pode ser a maior e a mais severa pena 
a ser aplicada, pois sempre se sentirá culpado pela morte da vítima, causada por 
falta de atenção ou cautela. 
Mirabete (2011, p. 46) nos alerta que:
O que dever ser examinado é se existem os requisitos exigidos 
pelo parágrafo 5º do art. 121, de caráter objetivo e subjetivo, 
e quanto a este exige a presunção da dor moral causada 
pela morte da vítima quando, entre esta e o agente, há 
ligações de caráter afetivo. Para isso é necessário que reste 
Homicídio culposo, o 
juiz poderá deixar de 
aplicar a pena, se as 
consequências da 
infração atingirem 
o próprio agente de 
forma tão grave que 
a sanção penal se 
torne desnecessária.
18
 Direito Penal II - Parte Especial 
cumpridamente provado nos autos que as consequências 
do crime atingiram de forma grave o agente de forma que a 
sanção penal é desnecessária. 
A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
Atividade de Estudos: 
1) Ao dirigir seu automóvel, sóbrio e em velocidade compatível com 
a situação da estrada em que se encontrava, um pai de família 
não consegue controlar o veículo, batendo de frente contra um 
poste da via pública. Em consequência do choque, sua esposa, 
que viajava no banco dianteiro, e seus filhos, no banco de trás, 
vêm a falecer. Questiona-se da possibilidade de aplicação do 
contido no artigo 121, § 5o, do CP.
 ____________________________________________________
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Induzimento, Auxílio ou Instigação 
ao Suicídio (ou Participação em 
Suicídio)
Estudaremos agora os crimes de Participação em Suicídio, que podem 
ocorrer sob três modalidades: induzimento ao suicídio, auxílio ao suicídio ou 
instigação ao suicídio. 
Podemos dizer que a denominação “participar em suicídio” pode acontecer 
sob três espécies diferentes de ações. Por outro lado, se ao mesmo tempo o 
autor instiga e auxilia a mesma vítima ao suicídio, cometerá somente um crime. 
19
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
a) Conceituação 
Suicídio é a deliberada destruição da própria vida. O suicídio somente não é 
um ilícito penal. 
Porém, Capez (2011, p. 121) nos ensina que, “Embora o Código Penal não 
incrimine o ato de dispor da própria vida, [...], considera crime toda e qualquer 
conduta tendente a destruir a vida alheia”. 
Bitencourt (2011, p. 129) esclarece que 
A conduta típica consiste em induzir (suscitar, fazer surgir 
uma ideia inexistente), instigar (animar, estimular, reforçar 
uma ideia já existente) ou auxiliar (ajudar materialmente) 
alguém a suicidar-se. Trata-se de um tipo penal 
de conteúdo variado, isto é, ainda que o agente 
pratique, cumulativamente, todas as condutas 
descritas nos verbos nucleares, em relação à 
mesma vítima, praticará um mesmo crime. 
Então podemos concluir que é autor do crime previsto no artigo 
122 do Código Penal Brasileiro aquele quem induz, instiga ou auxilia 
alguém a suicidar-se. 
Como sugestão, assista ao filme “Roleta Russa”, que dá uma 
ideia de instigação, induzimento e auxílio ao suicídio. 
b) Tipo Penal 
O crime de participação em suicídio terá um sujeito ativo, aquele que instigou, 
induziu ou prestou auxílio no suicídio de alguém, e o sujeito passivo, também 
chamado suicida. 
O sujeito ativo, ou seja, aquele que pode praticar o delito, nesse caso pode 
ser qualquer pessoa, exceto o suicida. Por esse motivo, classifica-se de crime 
comum.
O sujeito passivo, ou seja, a vítima, pode ser qualquer pessoa com 
capacidade de ser induzida, instigada ou auxiliada a suicidar-se. Aquele que 
não tem capacidade de autodeteminar-se não será vítima desse crime e sim de 
É autor do crime 
previsto no artigo 
122 do Código Penal 
Brasileiro aquele 
quem induz, instiga 
ou auxilia alguém a 
suicidar-se.
20
 Direito Penal II - Parte Especial 
homicídio. Ex.: um adulto fala para uma criança de 10 anos pular de um cobertura 
e ela pula e morre, será homicídio e não o tipo penal desse artigo.
Já apresentamos os conceitos de sujeito ativo e passivo quando 
abordamos o Homicídio. Nesta situação, a compreensão é diferente. 
A principal diferença entre o crime de homicídio e participação em 
suicídio é se a vítima é capaz (tem capacidade de entendimento) ou 
não (menores, doentes mentais etc.).
Confira o que diz o art. 122 do Código Penal Brasileiro: 
Art. 122 - Induzir (participação moral; significa dar a ideia do suicídio a 
alguém que ainda não tinha tido esse pensamento)ou instigar (participação 
moral – significa reforçar a intenção suicida já existente) alguém (pessoa ou 
pessoas determinadas) a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça 
(participação material; significa colaborar materialmente com a prática do suicídio, 
quer dando instruções, quer emprestando objetos para que a vítima se suicide; 
essa participação deve ser secundária, acessória, pois se a ajuda for a causa 
direta e imediata da morte da vítima, o crime será o de “homicídio”):
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma; 
ou reclusão, de 1 a 3 anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão 
corporal de natureza grave.
Importante a distinção que Capez (2011, p.123) faz sobre as 
condutas do autor de crime de participação em suicídio: 
Três são as ações previstas pelo tipo penal:
a) Induzir: significa sucitar a ideia, sugerir o suicídio. Ocorre 
o induzimento quando a ideia de autodestruição é inserida 
na mente suicida, que não havia desenvolvido o pensamento 
por si só. Por exemplo: indivíduo que perde o emprego e é 
sugestionado pelo seu colega a suicidar-se por ser a única 
forma de solucionar os seus problemas.
b) Instigar: significa reforçar, estimular, encorajar um desejo já 
existente. Na instigação, o sujeito ativo potencializa a ideia de 
suicídio que já havia na mente da vítima. Cite-se o exemplo que 
nos é dado por E. Magalhães Noronha: “induz o pai que, ciente 
do desígnio suicida da filha seduzida, lhe conta que assim 
também agiu determinada mulher, revelando honra e brio”.
Três são as ações 
previstas pelo tipo 
penal:
a) Induzir: significa 
sucitar a ideia, 
sugerir o suicídio.
b) Instigar: significa 
reforçar, estimular, 
encorajar um 
desejo já existente.
c) Prestar auxílio: 
consiste na 
prestação de ajuda 
material, que tem 
caráter meramente 
secundário.
21
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
c) Prestar auxílio: consiste na prestação de ajuda material, 
que tem caráter meramente secundário. O auxílio pode ser 
concedido antes ou durante a prática do suicídio. [...] o auxíio é 
eminentemente acessório, limitando-se o agente, in exemplis, 
a fornecer meios ( arma, o veneno etc), a ministrar instruções 
sobre o modo de empregá-los, a criar condições de viabiliadde 
do suicídio, a frustar a vigilância de outrem, a impedir ou 
dificultar o imediato socorro. 
O delito de participação em suicídio é qualificado, ou seja, a pena será maior 
quando: 
c) Aumento de pena
A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico (ex.: para ficar com 
a herança da vítima, com o seu cargo);
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, 
a capacidade de resistência (ex.: vítima está embriagada, com 
depressão).
CRIME DE PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
Podemos concluir, sobre o crime de participação em suicídio, 
que:
1. não admite tentativa;
2. consuma-se no momento da morte da vítima ou quando ela sofre 
lesões corporais graves; resultando lesões leves o fato é atípico;
3. deve haver relação de causa e efeito entre a conduta do agente e 
a da vítima;
4. deve haver seriedade na conduta do agente. Se alguém, em tom 
de brincadeira, diz à vítima que a única solução é “se matar” e ela 
efetivamente se mata, o fato é atípico por ausência de dolo;
5. a vítima deve ter capacidade de entendimento (de que sua 
conduta irá provocar sua morte) e resistência. Assim, quem induz 
A pena é duplicada:
Se o crime é 
praticado por motivo 
egoístico.
Se a vítima é menor 
ou tem diminuída, 
por qualquer causa, 
a capacidade de 
resistência
22
 Direito Penal II - Parte Especial 
criança de pouca idade ou pessoa com grave enfermidade mental 
a se atirar de um prédio responde por “homicídio”;
6. se várias pessoas fazem roleta-russa em grupo, uns estimulando 
os outros, os sobreviventes respondem por este crime.
7. se duas pessoas fazem um pacto de morte e um deles se mata e 
o outro desiste, o sobrevivente responderá por este crime.
8. se duas pessoas decidem morrer juntamente, se trancam em 
um compartimento fechado e um deles liga o gás, mas apenas o 
outro morre, haverá “homicídio” por parte daquele que executou 
a conduta de abrir a torneira do botijão de gás.
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAKrwAD/
direito-penal-parte-especial>. Acesso em: 10 dez. 2011.
A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do 
Júri.
Atividade de Estudos: 
1) Pedro e Tiago, desanimados da vida, conversam entre si e chegam 
à conclusão de tirarem suas próprias vidas. Considerando que 
ambos não sabem nadar, combinam de atirarem-se no rio das 
Antas, cuja profundidade é de 10 metros. Assim, de mãos dadas, 
jogam-se no rio. Em atitude de desespero (instinto de defesa), 
Tiago consegue nadar e chegar à margem do rio, mas a mesma 
sorte não acompanha Pedro, que vem a óbito.
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23
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Infanticídio
Estudaremos agora o crime de Infanticídio, ou seja, a morte do filho pela mãe 
sob a influência do estado puerperal. Conferimos que, no Direito Romano, a morte 
dada ao filho pela mãe era equiparada ao crime de homicídio. Temos registro que, 
na Lei das XII Tábuas (século V a.C.), havia permissão para que o pai matasse o 
filho que nascesse disforme ou de aspecto monstruoso, mediante o julgamento de 
cinco vizinhos. A lei penal atual não tem mais o mesmo entendimento, e determina 
punição para qualquer pessoa que matar seu filho. 
a) Conceituação 
Infanticídio é considerado pela doutrina como um homicídio 
privilegiado, ou seja, por ser cometido pela mãe contra o filho em 
condições especiais. 
Mirabete (2011, p. 53) nos ensina que “o infanticídio é um crime 
próprio, praticado pela mãe da vítima, já que o dispositivo se refere ao 
‘próprio filho’ e ao ‘estado puerperal’”. 
No mesmo sentido, Bitencourt (2011, p. 148) esclarece:
A ação nuclear descrita no tipo penal é exatamente a 
mesma do homicídio: matar. Assim, toda e qualquer conduta 
que produzir a supressão da vida humana, tal como no 
homicídio, pode sinalizar o início da adequação típica do 
crime de infanticídio. Contudo, a norma que emerge do 
art. 123, definidor do crime de infanticídio, é produto de lex 
specialis, que exige, consequentemente, a presença de outros 
elementos da estrutura típica. A condita típica consiste em 
matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após. 
Enfim, Prado (2010, p. 108) alerta que “admite-se qualquer meio de execução 
hábil a produzir a morte do ser humano nascente ou recém-nascido (delito de 
forma livre).”
A morte pode ser ocasionada por uma conduta comissiva (sufocação, 
estrangulamento, traumatismo, asfixia) ou omissiva (falta de sutura do cordão 
umbilical, inanição, não prestação de cuidados especiais). 
b) Tipo Penal 
O crime de infanticídio terá um sujeito ativo, aquele(a) que retirou a vida de 
seu(sua) filho(a), e um sujeito passivo, o(a) filho(a) morto(a). 
O infanticídio é 
um crime próprio, 
praticado pela mãe 
da vítima, já que o 
dispositivo se refere 
ao ‘próprio filho’ e ao 
‘estado puerperal’.
24
 Direito Penal II - Parte Especial 
O sujeito ativo, ou seja, aquele que pode praticar o delito, nesse 
caso somente poderá ser a mãe do nascente ou recém-nascido. Por 
esse motivo, classifica-se de crime próprio.
Importante: O terceiro que participa do crime, junto com a mãe, 
responde por infanticídio seguindo a regrado art. 30 do CP.
O sujeito passivo, ou seja, a vítima, é o nascente ou neonato.
Infanticídio é definido, no Código Penal Brasileiro, nos seguintes 
termos: 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal (é uma perturbação 
psíquica que acomete grande parte das mulheres durante o fenômeno do parto 
e, ainda, algum tempo depois do nascimento da criança; em princípio, deve ser 
provado, mas, se houver dúvida no caso concreto, presume-se que ele ocorreu), 
o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 a 6 anos.
Percebemos que o crime de infanticídio acontece no estado puerperal, mas o 
que é estado puerperal?
Buscamos então os ensinamentos dos médicos Almeida Júnior e Costa 
Júnior (1977, p. 381), na clássica obra de medicina legal: 
Puerpério (de puer e parere) é o período que vai da 
dequitação (isto é, do deslocamento e expulsão da placenta) 
à volta do organismo materno à condições pré-gravídicas” (r. 
Briquet). Sua Duração é, pois, de seis a oito semanas (Lee), 
conquanto alguns limitem o uso da expressão “puerpério” 
ao prazo de seis a oito dias, em que a mulher se conserva 
no leito. Fenômeno não bem definido, o estado puerperal é 
por vezes confundido com perturbações à saúde mental, 
sendo até negada sua existência por alguns autores. Merece 
ser transcrita a explicação dos autores já citados: “Nele 
se incluem os casos em que a mulher, mentalmete sã, mas 
abalada pela dor física do fenômeno obstétrico, fatigada, 
enervada, sacudida pela emoção, vem a sofrer um colapso do 
senso moral, uma liberação de impulsos maldosos, chegando 
por isso a matar o próprio filho. De um lado, nem alienação 
mental, nem semialinenação (casos estes já regulados 
genericamente pelo Código). De outro modo, tampouco frieza 
de cálculo, a ausência de emoção, a pura crueldade (que 
caracterizam, então o homicídio). Mas a situação intermédia, 
podemos dizer até normal, da mulher que, sob o trauma da 
parturição e dominada por elementos psicológicos peculiares, 
se defronta com o produto talvez não desejado, e temido, de 
suas entranhas. 
O crime de 
infanticídio terá 
um sujeito ativo, 
aquele(a) que 
retirou a vida de 
seu(sua) filho(a), e 
um sujeito passivo, 
o(a) filho(a) 
morto(a).
25
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Pode-se concluir que, a respeito da expressão “logo após o parto”, não há 
fixação precisa. A jurisprudência admite que, enquanto durar o estado puerperal, 
será “logo após o parto”. 
Importante: se a mãe preencher todos os requisitos do tipo, porém imagina 
ser seu filho e é o filho de outra pessoa, responderá por infanticídio, na hipótese 
de erro sobre a pessoa. (art. 20, § 3º, CP).
Admite-se a tentativa, desde que o resultado morte não ocorra por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
A competência para julgar os crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do 
Júri.
Atividade de Estudos: 
1) Durante o parto, o médico, antes de retirar a criança do ventre 
materno, sabendo que a criança não sobreviverá por muitos dias, 
porém sendo essa informação de completo desconhecimento 
da mãe, acaba estrangulando a mesma com o cordão umbilical, 
dentro do ventre materno, matando-a. Qual a conduta criminosa 
do médico?
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Aborto
Estudaremos agora o crime de aborto, ou seja, a morte do feto pela própria 
gestante. Porém, o aborto também poderá ser praticado por médico, pelo marido, 
pelo namorado, tendo ou não o consentimento da gestante.
Verificamos que, em Roma, nos primeiros tempos, o aborto não era tratado 
como crime. Para os romanos, o feto era tido como parte do corpo da gestante e 
esta poderia dele livremente dispor. Porém, sob a influência do Cristianismo, por 
volta de 374 d.C., o Direito Canônico reprovou a prática do aborto, entendendo 
que o feto, ou o nascituro, morreria sem ser batizado.
26
 Direito Penal II - Parte Especial 
a) Conceituação 
É a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto. Mirabete 
(2011, p. 57) conceitua de forma clara o crime de aborto: 
Aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do 
produto da concepção. É a morte do ovo (até três semanas 
de gestação), embrião (de três semanas a três meses) ou 
feto (após três meses), não implicando necessariamente 
sua expulsão. O produto da concepção pode ser dissolvido, 
reabsorvido pelo organismo da mulher ou até mumificado, ou 
pode a gestante morrer antes de sua expulsão. Não deixará 
de haver, no caso, o aborto. 
Em síntese, Bitencourt (2011, p. 160) esclarece que “aborto é a interrupção 
da gravidez antes de atingir o limite fisiológico, isto é, durante o período 
compreendido entre a concepção e o início do parto, que é o marco final da 
vida intrauterina”. 
Existe uma classificação para os tipos de aborto, sendo que em algumas 
situações não há punição por não ser considerado crime ou ser o aborto permitido. 
Veja o quadro abaixo:
Quadro 1 – Tipos de aborto e suas consequências legais
Tipos de aborto Consequência e punição 
Aborto natural É a interrupção espontânea da gravidez (impunível).
Aborto Acidental 
Acontece em consequência de traumatismo (impunível) - ex.: 
queda, acidente em geral.
Aborto Criminoso Encontra-se previsto nos artigos 124 a 127 do Código Penal.
Aborto legal ou permitido Encontra-se previsto no art. 128 do Código Penal 
Fonte: Os autores.
b) Meios de Praticar o Aborto
Há várias formas de provocar o aborto. Sobre esta questão, Gonçalves 
(1999, p. 42) afirma que:
Os métodos mais usuais são ingestão de medicamentos 
abortivos, introdução de objetos pontiagudos no útero, raspagem 
ou curetagem e sucção; é ainda possível a utilização de agentes 
elétricos ou contundentes para causar o abortamento.
Aborto é a 
interrupção da 
gravidez com 
a destruição 
do produto da 
concepção.
27
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Importante: se o feto já estiver morto (absoluta impropriedade 
do objeto) ou o meio utilizado pelo agente não puder provocar o 
aborto (absoluta ineficácia do meio), é crime impossível.
c) Tipo Penal
O crime de aborto pode ter tipos penais e penas diferentes, dependendo 
quem cometeu o aborto (por exemplo: própria gestante, médico, namorado etc.) e 
se o aborto aconteceu com ou sem consentimento da gestante. 
O art. 124 do Código Penal Brasileiro prevê o aborto provocado pela gestante 
(autoaborto) ou com seu consentimento. Vejamos: 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho 
provoque:
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
Perceba que a gestante que consente, incide nesse artigo, enquanto o terceiro 
que executa o aborto, com concordância da gestante, responde pelo art. 126.
Importante: é crime próprio, já que nelas o sujeito ativo é a 
gestante; é crime de mão própria, uma vez que não admite coautoria, 
mas apenas participação.
O art. 125 do Código Penal Brasileiro prevê o aborto provocado sem o 
consentimento da gestante. Vejamos: 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos.
O art. 126 do Código Penal Brasileiro prevê o aborto provocado com o 
consentimento da gestante. Vejamos: 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
28
 Direito Penal II - Parte Especial 
§ único - Aplica-se a pena do artigo anterior se a gestante não é maior de 
14 anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante 
fraude, grave ameaça ou violência.
O art. 127 do Código Penal Brasileiro contém as formas qualificadas pelo 
resultado. Vejamos: 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (arts. 125 e 
126) são aumentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios 
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza 
grave; e são duplicadasse, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
O artigo 128 do Código Penal Brasileiro prevê o aborto legal ou permitido. De 
acordo como texto legal, não se pune o aborto praticado por médico.
d) Aborto necessário - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante
No conceito de Estefam (2010, p. 151), “dá-se quando o ato é praticado por 
médico, verificando-se não existir outro meio de salvar a vida da gestante. É a 
interrupção artificial da gravidez para conjurar perigo certo, e inevitável por outro 
modo, à vida da gestante”.
Para Greco (2010, p. 235), “no caso do aborto necessário, também conhecido 
por aborto terapêutico ou profilático, não temos dúvida em afirmar que se trata de 
uma causa de justificação correspondente ao estado de necessidade”.
e) Aborto sentimental
Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
A lei também autoriza o aborto quando a gravidez resulta de estupro, e sempre 
que houver, neste caso, consentimento da gestante ou de seu representante legal. 
Estefam (2010, p. 152) ressalva que “o legislador brasileiro 
priorizou que não se pode obrigar uma mulher a levar até o final uma 
gravidez que a fará recordar, diária e permanentemente, de uma odiosa 
violência a que fora submetida”. 
Greco (2010, p. 238) ensina que “o legislador cuidou de uma 
hipótese de inexigibilidade de conduta diversa, não se podendo 
exigir da gestante que sofreu a violência sexual a manutenção de 
sua gravidez”. 
A lei também 
autoriza o aborto 
quando a gravidez 
resulta de estupro, 
e sempre que 
houver, neste caso, 
consentimento da 
gestante ou de seu 
representante legal.
29
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Leia o livro de Maria Tereza Verardo: “Aborto: um direito ou 
um crime”. Editora Moderna. 
Atividade de Estudos: 
1) Elmira Schons recebeu em sua casa Laurinda Zacaron e 
Zildanabel Tavares a fim de praticar as manobras abortivas que 
levaram à consumação do delito em relação a ambas, tendo estas 
últimas consentido no resultado lesivo. Dê o enquadramento legal 
do(s) comportamento(s) de Elmira, Laurinda e Zildanabel.
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Lesões Corporais
Estudaremos agora o crime de lesões corporais, ou seja, a ofensa à 
integridade física da vítima. 
a) Conceituação
No conceito apresentado por Bitencourt (2011, p. 186), lesão 
corporal “consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, 
sem animus necandi, à integridade física ou à saúde de outrem”.
Segundo Capez (2011, p.166), as lesões corporais consistem: 
em qualquer dano ocasionado à integridade 
física e à saúde fisiológica ou mental do homem 
sem, contudo, o animus necandi. A integridade 
física diz respeito à alteração anatômica interna 
ou externa do corpo humano, geralmente 
As lesões corporais 
consistem: 
em qualquer dano 
ocasionado à 
integridade física e à 
saúde fisiológica ou 
mental do homem 
sem, contudo, o 
animus necandi.
30
 Direito Penal II - Parte Especial 
produzida por violência física ou mecânica: por exemplo, 
produzir ferimentos no corpo, amputar membros, furar os 
olhos etc., não se exigindo o derramamento de sangue. A 
saúde fisiológica do corpo humano diz respeito ao equilíbrio 
funcional do organismo, cuja lesão normalmente não produz 
alteração anatômica, ou seja, dano, mas apenas perturbação 
de sua normalidade funcional que produz ofensa à saúde, por 
exemplo: ingerir substância que altere o funcionamento normal 
do organismo. A saúde mental diz respeito à perturbação de 
ordem psíquica (p. ex., choque nervoso decorrente de um 
susto, estado de inconsciência, insanidade mental). Ressalve-
se que a dor não integra o conceito de lesão corporal, até 
porque a sua análise é de índole estritamente subjetiva. 
Podemos, então, assim resumir: 
OFENSA À 
INTEGRIDADE FÍSICA 
Abrange qualquer alteração anatômica prejudicial ao corpo hu-
mano - ex.: fraturas, cortes, escoriações, luxações, queimaduras, 
equimose, hematomas etc.; eritemas e a simples dor não consti-
tuem lesões.
OFENSA À SAÚDE 
Abrange a provocação de perturbações fisiológicas (vômitos, 
paralisia corporal momentânea, transmissão intencional de doença 
etc.) ou psicológicas.
Importante: a prova da materialidade deve ser feita através de 
exame de corpo de delito, mas, para o oferecimento da denúncia, 
basta qualquer boletim médico ou prova equivalente (art. 77, § 1°, L. 
nº 9.099/95).
b) Tipo Penal 
O crime de lesão corporal pode ser assim classificado pelo Código Penal 
Brasileiro:
MODALIDADES PREVISÃO LEGAL 
Lesão corporal leve Art. 129, caput
Lesão corporal grave Art. 129, parágrafo 1º
Lesão corporal gravíssima Art. 129, parágrafo 2º
Lesão corporal culposa Art. 129, parágrafo 6º
Lesão corporal seguida de morte Art. 129, parágrafo 3º 
O artigo 129, caput, do Código Penal Brasileiro prevê o crime de lesões 
corporais leves. Vejamos: 
31
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano.
Lesões Corporais Leves são as lesões corporais que não 
determinam as consequências previstas nos §§ 1°, 2° e 3° do art. 
129 do CP; são representadas frequentemente por danos superficiais 
comprometendo a pele, a hipoderme, os vasos arteriais e venosos 
capilares ou pouco calibrosos - ex.: o desnudamento da pele ou 
escoriação, o hematoma, a equimose, ferida contusa, luxação, edema, 
torcicolo traumático, choque nervoso, convulsões ou outras alterações 
patológicas congêneres obtidas à custa de reiteradas ameaças.
No mesmo sentido, Capez (2011, p. 173) conceitua como sendo 
dano à integridade física ou à saúde que não constitua lesão grave ou 
gravíssima. 
Na lesão corporal leve, a ação penal é pública condicionada à 
representação (art. nº 88, L. 9.099/95).
Na aplicação da pena no crime de lesões corporais leves, o Código Penal 
prevê que o juiz pode substituir a pena. Vejamos: 
§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir 
a pena de detenção pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do § 4° (agente comete o crime impelido 
por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção; logo em seguida a injusta provocação da vítima);
II - se as lesões são recíprocas.
Já o crime de lesões corporais graves vem descrito no artigo 129, parágrafo 
primeiro, conforme segue: 
§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Lesões Corporais 
Leves são as lesões 
corporais que não 
determinam as 
consequências 
previstas nos §§ 
1°, 2° e 3° do art. 
129 do CP; são 
representadas 
frequentemente por 
danos superficiais 
comprometendo a 
pele, a hipoderme, 
os vasos arteriais e 
venosos capilares 
ou pouco calibrosos.
32
 Direito Penal II - Parte Especial 
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.
Em síntese, as lesões corporais graves podem ser caracterizadas, 
resumidamente, de acordo com o apresentado no quadro a seguir: 
Quadro 2 – Lesões graves e suas características
TIPOS DE LESÕES 
GRAVES CARACTERIZAÇÃO
Incapacidade para as 
ocupações habituais por 
mais de 30 dias
É quando o ofendido não pode retornar a todas as suas comuns 
atividades corporais antes de transcorridos 30 dias, contados da 
data da lesão; a incapacidade não precisa ser absoluta, basta 
que a lesão caracterize perigo ou imprudência no exercício das 
ocupações habituais por mais de 30 dias.
Perigo de vida
É a probabilidade concreta e objetivade morte (não pode nunca 
ser suposto, nem presumido, mas real, clínica e obrigatoriamente 
diagnosticado); é a situação clínica em que resultará a morte do 
ofendido se não for socorrido adequadamente, em tempo hábil; 
ele se apresenta como um relâmpago, num átimo, ou no curso 
evolutivo do dano, desde que seja antes do trintídio - ex.: hemor-
ragia por seção de vaso calibroso, prontamente coibida; trauma-
tismo cranioencefálico, feridas penetrantes do abdome, lesão de 
lobo hepático, comoção medular, queimaduras em áreas extensas 
corporais, colapso total de um pulmão etc.
Debilidade permanente 
de membro, sentido (são 
as funções perceptivas 
que permitem ao indivíduo 
contatar os objetos do 
mundo exterior) ou função 
(é o modo de ação de um 
órgão, aparelho ou sistema 
do corpo)
É a lesão consequente à fraqueza, à debilitação, ao enfraqueci-
mento duradouro, mas não perpétuo ou impossível de tratamento 
ortopédico, do uso da energia de membro, sentido ou função, sem 
comprometimento do bem-estar do organismo, de origem traumáti-
ca; por permanente entende-se a fixação definitiva da incapacidade 
parcial, após tratamento rotineiro que não logra o resultado almeja-
do, resultando, portanto, verdadeira enfermidade; a ablação ou inu-
tilização de um órgão duplo, mantido o outro íntegro e não abolida 
a função, constitui lesão grave (debilidade permanente); a ablação 
ou inutilização de um órgão duplo e debilitação da forma do órgão 
remanescente, trata-se de lesão gravíssima (perda de membro, 
sentido ou função); a eliminação ou inutilização total de um órgão 
ímpar que tenha suas funções compensadas por outros órgãos, 
bem como a diminuição da função genésica peniana consequente a 
um traumatismo, tratam-se de lesão grave (debilidade permanente); 
a perda de dente, em princípio, não é considerada lesão grave, nem 
gravíssima, compete aos peritos odontólogos apurar e afirmar, de 
forma inconteste, a debilidade da função mastigadora; a perda de 
dente poderá eventualmente integrar a qualificadora deformidade 
permanente se complexar o ofendido a ponto de interferir negativa-
mente em seu relacionamento econômico e social.
33
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
 Aceleração de parto
Consiste na antecipação quanto à data ou ocasião do parto, mas 
necessariamente depois do tempo mínimo para a possibilidade 
de vida extrauterina e desencadeada por traumatismos físicos ou 
psíquicos; na aceleração do parto, o concepto deve nascer vivo e 
continuar com vida, dado o seu grau de maturação; no aborto, o 
concepto é expulso morto, ou sem viabilidade, se sobreviver.
Fonte: extraído e adaptado de: <http://resumos.netsaber.com.br/
ver_resumo_c_2043.html>. Acesso em: 10 dez. 2011.
O crime de lesões corporais gravíssimas está previsto no art. 129, parágrafo 
2º. Confira: 
§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V – aborto 
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos.
Em síntese, as lesões corporais gravíssimas podem ser caracterizadas, de 
forma resumida, de acordo com o apresentado no quadro a seguir: 
Quadro 3 - lesões corporais gravíssimas e suas características
TIPOS DE LESÕES 
GRAVÍSSIMAS CARACTERIZAÇÃO
Incapacidade permanente 
para o trabalho
É caracterizada pela inabilitação ou invalidez de duração in-
calculável, mas não perpétua, para todo e qualquer trabalho.
Enfermidade 
incurável
É a ausência ou o exercício imperfeito ou irregular de deter-
minadas funções em indivíduo que goza de aparente saúde.
Perda ou 
inutilização de membro, 
sentido ou função
Perda (é a amputação ou mutilação do membro ou órgão) 
ou inutilização (é a falta de habilitação do membro ou 
órgão à sua função específica) de membro, sentido 
ou função – é caracterizada pela perda, parcial ou total, 
de membro, sentido, ou função, consequente à amputação, à 
mutilação ou à inutilização.
34
 Direito Penal II - Parte Especial 
Deformidade 
permanente
É o dano estético irreparável pelos meios comuns, ou por si 
mesmo, capaz de provocar sensação de repulsa no observa-
dor, sem, contudo, atingir o aspecto de coisa horripilante, mas 
que cause complexo ou interfira negativamente na vida social 
ou econômica do ofendido; se o portador de deformidade 
permanente se submeta, de bom grado, à cirurgia plástica 
corretora, a atuação do réu, amiúde, será considerada gravís-
sima, todavia, será desclassificada para lesão corporal menos 
grave, se ainda não foi prolatada a sentença.
Aborto
É a interrupção da gravidez, normal e não patológica, em 
qualquer fase do processo gestatório, haja ou não a expulsão 
do concepto morto, ou, se vivo, que morra logo após pela 
inaptidão para a vida extrauterina; se resultante de ofensa 
corporal ou violência psíquica, constitui lesão gravíssima; 
no aborto, o produto da concepção é expulso morto ou sem 
viabilidade; na aceleração do parto, a criança nasce antes da 
data prevista, porém viva e em condições de sobreviver.
Fonte: extraído e adaptado de: <http://resumos.netsaber.com.br/
ver_resumo_c_2043.html>. Acesso em: 10 dez. 2011.
O crime de lesões corporais seguido de morte está previsto no art. 
129, parágrafo 3º, do Código Penal: 
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o 
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.
Nesse caso, é “crime preterdoloso”, o agente quer apenas 
lesionar a vítima e acaba provocando sua morte de forma não 
intencional, mas culposa.
Confira que o crime de lesão corporal prevê a possibilidade de 
diminuição de pena (forma privilegiada): 
§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir 
a pena de 1/6 a 1/3.
Da mesma forma o juiz pode aumentar a pena dependendo da qualidade da 
vítima, veja: 
§ 7º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 anos e maior de 60 anos.
O crime de lesões 
corporais seguido 
de morte está 
previsto no art. 129, 
parágrafo 3º, do 
Código Penal: 
§ 3º - Se resulta 
morte e as 
circunstâncias 
evidenciam que o 
agente não quis 
o resultado, nem 
assumiu o risco de 
produzi-lo: 
Pena - reclusão, de 
4 a 12 anos.
35
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
O crime de lesão corporal culposa está previsto no art. 129, parágrafo 6º, 
confira: 
§ 6º - Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano.
No crime de lesão corporal culposa, o juiz pode aumentar a pena quando: 
§ 7º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime resulta de inobservância de 
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu 
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
No crime de lesão corporal culposa também há possibilidade de perdão 
judicial, como já explica no crime de homicídio culposo: 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 (o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio 
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária).
Importante: se as lesões corporais acontecem na direção de veículo 
automotor, será aplicado o Código de Trânsito Brasileiro, confira:
Art. 303, CTB - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo 
automotor:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Aumenta-se a pena de 1/3 a 1/2 se ocorrer qualquer das hipóteses do § único 
do artigo anterior (não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; 
praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; deixar de prestar socorro, quando 
possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; no exercício de sua 
profissão ou atividade,estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros).
Atividade de Estudos: 
1) No dia 11 de maio de 2001, por volta de 18h30min, na rua geral 
Colônia Santa Luzia, Pagará, no bar denominado “Bar da Sra. 
Maria”, o Neri Domingos de Souza, por motivos de somenos 
36
 Direito Penal II - Parte Especial 
importância, desferiu um murro na vítima José Anízio Machado, 
fazendo com que a mesma caísse pesadamente ao solo, 
provocando na mesma traumatismo cranioencefálico, vindo 
a vítima a falecer em 15/05/2001, ou seja, quatro dias após 
a agressão, em consequência de hemorragia intracraniana, 
conforme atesta o laudo pericial de exame cadavérico. Dê o 
enquadramento legal do(s) comportamento(s).
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Algumas Considerações
Neste capítulo, estudamos os crimes contra a pessoa, especialmente a 
abordagem dos crimes de homicídio, participação em suicídio, infanticídio, aborto 
e lesão corporal. . 
Nos crimes analisados no presente tópico, todos os crimes, com exceção do 
crime de lesão corporal, são julgados pelo Tribunal do Júri brasileiro. Percebemos 
que o legislador quer dar um julgamento mais democrático aos crimes desta 
natureza, ou seja, pessoas do povo escolhidas e julgando se o acusado será 
condenado ou não, mas sempre respeitando e de acordo com as normas de 
direito constitucional.
Para finalizar, é importante ressaltar a importância do princípio da inocência, 
do devido processo legal e da legalidade para julgamento justo de todos que 
respondem a um processo por crimes desta natureza. 
37
Crimes Contra a Pessoa Capítulo 1 
Referências 
ALMEIDA JR., A., COSTA JUNIOR, J. B. O. Lições de Medicina Legal. 14. ed. 
São Paulo: Nacional, 1977. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte especial 2. 11. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial. 11. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. v. 2
DENATRAN. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível em: <http://
www.denatran.gov.br/ctb.htm>. Acesso em: 29 ago. 2011.
ESTEFAM, André. Direito Penal: Parte especial. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Sinopses jurídicas: dos crimes contra a 
pessoa. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2010. v. 2.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal: parte especial. 28. ed. São 
Paulo: Atlas, 2011. v. 2
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 9. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2010. v. 2
CAPÍTULO 2
Crimes Contra o Patrimônio
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conceituar os crimes contra o patrimônio. 
 3 Identificar e distinguir os crimes contra o patrimônio diante de casos reais. 
 3 Buscar na jurisprudência casos julgados pelos Tribunais e apresentar 
comentário crítico referente ao crime pesquisado. 
41
Crimes Contra o Patrimônio Capítulo 2 
Contextualização 
Neste capítulo, estudaremos os “Crimes contra o patrimônio”, que são 
aqueles delitos que ofendem o patrimônio das pessoas. São eles: furto (CP, art. 
155), roubo (CP, art. 157), latrocínio (CP, art. 157, parágrafo 3º.), extorsão (CP, art. 
158), extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), apropriação indébita (CP, art. 
168), estelionato (CP, art. 171) e receptação (CP, art. 180).
O estudo dos crimes contra o patrimônio é de grande importância, pois trata 
da proteção de um bem jurídico importante a ser tutelado, que é o seu patrimônio, 
ou seja, tudo aquilo que você conseguiu adquirir com seu trabalho e dedicação. 
Diariamente, a imprensa nos traz notícias de crimes de roubos, latrocínios 
e, ainda hoje, pessoas são vítimas do golpe do bilhete premiado. A importância 
do estudo destes crimes será, para você, operador do direito, distinguir e dar a 
correta aplicação dos tipos penais, aprofundando os conhecimentos que já possui 
acerca do tema. 
Do Furto
Estudaremos agora o crime de furto, que pode ocorrer de várias formas, 
algumas vezes de formas simples, com a simples subtração da coisa alheia, 
e em outras vezes mais elaborado, como furto com destreza, em concurso de 
mais pessoas, com arrombamento, escalada, destreza, enfim, modalidades mais 
elaboradas de subtrair o patrimônio alheio. 
a) Conceituação 
Mirabette (2011, p. 189) conceitua o furto como a “subtração de coisa alheia 
móvel para si ou para outrem. É, pois, o assenhoramento da coisa com o fim de 
apoderar-se dela de modo definitivo.
No mesmo sentido, Capez (2011, p. 426) conceitua “o verbo subtrair, que 
significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem sua permissão, com o fim de 
assenhoramento definitivo”. Chegamos à conclusão que a subtração implica 
sempre a retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário. 
Mas observem que a subtração pode acontecer até mesmo à vista deles. 
Por exemplo, o sujeito que entra em uma loja e, sob vigilância do comerciente, se 
apodera da mercadoria, saindo em fuga depois.
42
 Direito Penal II - Parte Especial 
No Código Penal Brasileiro, o furto simples é previsto no art. 155, caput, com 
a seguinte redação: 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
Agora, descrevemos algumas particularidades do crime de furto: 
Quadro 4 – Furto e suas particularidades.
Quando ocorre a consumação do 
furto?
Se dá quando o objeto é tirado da esfera de vigilância da 
vítima, e o agente, ainda que por breve espaço de tempo, 
consegue ter sua posse tranquila; por isso, há mera 
tentativa se o sujeito pega um objeto, mas a vítima sai em 
perseguição imediata e consegue detê-lo.
“Furto de uso” não é crime ?
Ilícito civil, mas o agente deve devolver a coisa no mesmo 
local e estado em que se encontrava por livre e espontâ-
nea vontade, sem ser forçado por terceiro.
O que é o furto famélico?
É o praticado por quem, em estado de extrema penúria, é 
impelido pela fome a subtrair alimentos ou animais para 
poder alimentar-se; não há crime nesse caso, pois o agen-
te atuou sob a excludente do estado de necessidade.
O que é o “furto de bagatela” 
(“princípio da insignificância”)?
O valor da coisa é inexpressivo, juridicamente irrelevante 
(ex.: furtar uma agulha); ocasiona a exclusão da tipicidade.
E se um ladrão furta outro ladrão? O primeiro proprietário sofrerá dois furtos, pois a lei penal não protege a posse do ladrão.
E se o agente, após 
furtar, destrói o objeto? 
O crime de “dano” fica absorvido; trata-se de post fac-
tum impunível, pois não há novo prejuízo à vítima.
Se o agente, após furtar, vende o 
objeto a terceiro de boa-fé? 
Tecnicamente haveria dois crimes, pois existem duas 
vítimas diferentes, uma do “furto” e outro do crime de 
“disposição de coisa alheia como própria” (art. 171, 
§ 2°, I), porém a jurisprudência, por razões de política 
criminal, vem entendendo que o subtipo do “estelionato” 
fica absorvido, pois com a venda o agente estaria apenas 
fazendo lucro em relação aos objetos subtraídos.
E no caso da “trombada”, o crime 
será de furto ou de roubo? 
Ela, a “trombada”, só serviu para desviar a atenção da vítima 
(“furto qualificado” pelo arrebatamento ou destreza). Se 
houve agressão ou vias de fato contra a vítima, ocorre o 
“roubo”. 
Fonte: Os autores. 
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Crimes Contra o Patrimônio Capítulo 2 
No parágrafo 1º do art. 155 do Código Penal Brasileiro, é descrita uma causa 
deaumento de pena: 
Causas de aumento de pena (furto noturno)
§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante 
o repouso noturno.
Mas afinal, o que é o repouso noturno?
Perceba que noite é a ausência de luz solar, mas o repouso 
noturno é período em que as pessoas de uma certa localidade descansam, 
dormem, devendo a análise ser feita de acordo com as características da região 
(rural, urbana etc.) (CESCHIN, 2011).
Esta causa de aumento de pena somente se aplica ao “furto simples”; 
prevalece o entendimento de que o aumento só é cabível quando a subtração 
ocorre em casa ou em alguns de seus compartimentos (não tem aplicação se 
ele é praticado na rua, em estabelecimentos comerciais etc.) e em local habitado 
(excluem-se as casas desabitadas, abandonadas, residência de veraneio na 
ausência dos donos, casas que estejam vazias em face de viagem dos moradores 
etc.) (CESCHIN, 2011).
No parágrafo 2º do Art. 155 do Código Penal Brasileiro, é descrita uma causa 
de diminuição de pena, também denominada de furto privilegiado: 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o 
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, 
ou aplicar somente a pena de multa (CESCHIN, 2011).
Conforme exige a lei, deverão obrigatoriamente estar presentes os dois 
requisitos acima para o juiz conceder o privilégio legal, ou seja, o autor deverá ser 
primário e a coisa furtada deverá ser de pequeno valor. 
Importante esclarecer que o autor primário é aquele que não é reincidente 
em outro crime, mas se a condenação anterior for por contravenção penal, não 
retira a primariedade. A coisa de pequeno valor é aquela que não excede um 
salário mínimo, ou seja, a jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o 
furto é mínimo quando a coisa subtraída não alcança o valor correspondente a um 
salário mínimo vigente à época do fato (CESCHIN, 2011).
A lei equiparou à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
A pena aumenta-se 
de 1/3, se o crime é 
praticado durante o 
repouso noturno.
44
 Direito Penal II - Parte Especial 
Confira a descrição legal do art. 155, parágrafo terceiro:
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico. 
Usando de interpretação analógica, podemos concluir que também configura 
crime em tela o furto de energia térmica, mecânica, nuclear, genética etc. 
No parágrafo 4º do art. 155 do Código Penal Brasileiro, estão previstas as 
hipóteses de furto qualificado, sendo aplicada pena maior ao furto. 
Com o quadro abaixo, ficará mais fácil compreender as formas qualificadas: 
Quadro 5 – Modalidades de furtos qualificados
I – Destruição ou rompimento 
de obstáculo à subtração da 
coisa
A violência deve ser contra o obstáculo e não contra a coisa; a 
simples remoção do obstáculo e o fato de desligar um alarme 
não qualificam o crime.
II.a – Abuso de confiança
A vítima que, por algum motivo, deposite uma especial con-
fiança no agente (amizade, parentesco, relações profissionais 
etc.) e que o agente se aproveite de alguma facilidade decor-
rente dessa confiança para executar a subtração - ex.: furto 
praticado por empregada que trabalha muito tempo na casa; 
se o agente pratica o furto de uma maneira que qualquer outra 
pessoa poderia tê-lo cometido, não haverá a qualificadora. 
II.b – Mediante fraude
É o artifício, o meio enganoso usado pelo agente, capaz de 
reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do bem - 
ex.: o uso de disfarce ou de falsificações; a jurisprudência vem 
entendendo existir o “furto qualificado” mediante fraude 
na hipótese em que alguém, fingindo-se interessado na aqui-
sição de um veículo, pede para experimentá-lo e desaparece 
com ele.
II.c – Escalada
É a utilização de via anormal para adentrar o local onde o furto 
será praticado; a jurisprudência vem exigindo para a concre-
tização dessa qualificadora o uso de instrumentos, como cor-
das, escadas ou, ao menos, que o agente tenha necessidade 
de realizar um grande esforço para adentrar no local (transpor 
um muro alto, janela elevada, telhado etc.); a escavação de 
túnel é utilização de via anormal; quem consegue ingressar 
no local do crime pulando um muro baixo ou uma janela térrea 
não incide na forma qualificada.
45
Crimes Contra o Patrimônio Capítulo 2 
II.d – Destreza
É a habilidade física ou manual que permite ao agente 
executar uma subtração sem que a vítima perceba que está 
sendo despojada de seus bens; tem aplicação quando a 
vítima traz seus pertences junto a si, pois apenas nesse caso 
é que a destreza tem relevância (no bolso do paletó, em uma 
bolsa, um anel, um colar etc.); se a vítima percebe a conduta 
do sujeito, não há a qualificadora, haverá “tentativa de 
furto simples”; se a conduta do agente é vista por terceiro, 
que impede a subtração sem que a vítima perceba o ato, há 
“tentativa de furto qualificado” pela destreza; se a 
subtração é feita em pessoa que está dormindo ou embriaga-
da, existe apenas “furto simples”, pois não é necessário 
habilidade para tal subtração.
III - com emprego de 
chave falsa
Chave falsa: é a imitação da verdadeira, obtida de 
forma clandestina (cópia feita sem autorização); qualquer 
instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir uma 
fechadura sem arrombá-la (ex.: grampos, “mixas”, chaves 
de fenda, tesouras etc.); não se aplica essa qualificadora na 
chamada “ligação direta”.
IV - mediante concurso de 
duas ou mais pessoas
Concurso de duas ou mais pessoas: basta saber 
que o agente não agiu sozinho; prevalece na jurisprudência o 
entendimento de que a qualificadora atinge todas as pessoas 
envolvidas na infração penal, ainda que não tenham pratica-
do atos executórios e mesmo que uma só tenha estado no 
locus delicti. 
 
Fonte: extraído e adaptado de: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAAAKrwAD/direito-penal-parte-especial>. Acesso em: 10 dez. 2011.
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 Direito Penal II - Parte Especial 
Se forem reconhecidas duas ou mais qualificadoras, uma delas servirá para 
qualificar o “furto” e as demais serão aplicadas como “circunstâncias judiciais”, 
já que o artigo 59 estabelece que, na fixação da pena-base, o juiz levará em conta 
as circunstâncias do crime, e todas as qualificadoras do § 4° referem-se aos 
meios de execução (circunstâncias) do delito (CESCHIN, 2011).
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para 
outro Estado ou para o exterior, o furto também será qualificado.
Confira o artigo 155, parágrafo quinto, do Código Penal Brasileiro:
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
Trata-se de qualificadora que, ao contrário de todas as demais, não se 
refere ao meio de execução do “furto”, mas sim a um resultado posterior, ou 
seja, o transporte do veículo automotor para outro Estado da Federação ou para 
outro país.
Somente terá aplicação quando, por ocasião do “furto”, já havia intenção 
de ser efetuado tal transporte; sendo assim, uma pessoa que não teve qualquer 
participação anterior no “furto” e é contratada posteriormente apenas para 
efetivar o transporte responde pelo crime de “receptação”, e não pelo “furto 
qualificado”, que somente existirá para os verdadeiros responsáveis pela 
subtração (CESCHIN, 2011).
Se o serviço de transporte já havia sido contratado antes da subtração, 
haverá “furto qualificado” também para o transportador, pois este, ao aceitar o 
encargo, teria estimulado a prática do “furto” e, assim, concorrido para o delito. 
Essa qualificadora somente se aperfeiçoa quando o veículo automotor 
efetivamente transpõe a divisa de Estado ou a fronteira com outro país; a tentativa 
somente é possível se o agente, estando próximo da divisa, apodera-se de um 
veículo e é perseguido de imediato até que transponha o marco divisório entre os 
Estados, masacaba sendo preso sem que tenha conseguido a posse tranquila do 
bem (CESCHIN, 2011).
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Crimes Contra o Patrimônio Capítulo 2 
Atividade de Estudos: 
1) Dois indivíduos, previamente ajustados, saem de um 
supermercado com mercadorias, sem passar pelo caixa, 
vindo um deles a ser preso em flagrante no estacionamento 
do supermercado, com parte das mercadorias, enquanto seu 
comparsa consegue fugir com o restante. Com relação à situação 
apresentada, é correto afirmar que o indivíduo preso em flagrante 
responderá por qual crime? 
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Roubo
Estudaremos agora o crime de roubo, que pode ocorrer de várias maneiras, 
mas sempre existindo a subtração de coisa alheia com o emprego de violência 
contra a pessoa. 
Pode-se dizer que o crime de roubo pode ser classificado como simples, ou 
seja, há subtração e o emprego de violência contra a pessoa. Mas em outras 
circunstâncias o crime de roubo pode ser classificado como qualificado, pois 
acontece com o emprego de arma de fogo, ou em concurso de várias pessoas, ou 
quando o veículo subtraído é transportado para outro Estado ou país. 
a) Conceituação 
Para Capez (2011, p. 461), “o crime de roubo constitui crime complexo, pois 
é composto por fatos que individualmente constituem crimes”. São eles: furto, 
mais constrangimento ilegal, mais lesão corporal leve. 
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 Direito Penal II - Parte Especial 
Por outro lado, Greco (2010, p. 54) esclarece que “o que torna o roubo 
especial em realção ao furto é justamente o emprego de violência à pessoa ou 
da grave ameaça, com a finalidade de subtrair a coisa alheia móvel para si ou 
para outrem”. 
Confira o art. 157 do Código Penal Brasileiro e sua pena: 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer 
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
Ressalta-se que, no crime de roubo, sempre existirá a grave ameaça ou o 
emprego de violência contra a pessoa para a subtração da coisa.
Mas, enfim, qual é a diferença entre a grave ameaça e a violência? 
- grave ameaça: é a promessa de um mal grave e iminente 
(de morte, de lesões corporais, de praticar atos sexuais contra 
a vítima de “roubo” etc.); a simulação de arma e a utilização 
de arma de brinquedo constituem “grave ameaça”; tem-se 
entendido que o fato do agente abordar a vítima de surpresa 
gritando que se trata de um assalto e exigindo a entrega dos 
bens, constitui “roubo”, ainda que não tenha sido mostrada 
qualquer arma e não tenha sido proferida ameaça expressa, 
já que, em tal situação, a vítima sente-se atemorizada pelas 
próprias circunstâncias da abordagem.
- violência contra a pessoa: caracteriza-se pelo emprego 
de qualquer desforço físico sobre a vítima a fim de possibilitar 
a subtração (ex.: socos, pontapés, facada, disparo de arma 
de fogo, paulada, amarrar a vítima, violentos empurrões ou 
trombadas - se forem leves, desferidos apenas para desviar 
a atenção da vítima, de acordo com a jurisprudência, não 
caracteriza o “roubo”) (CESCHIN, 2011, grifo do autor).
Enfim, a lei apresenta que haja qualquer outro meio que reduza 
a vítima à incapacidade de resistência. Diante disso, podemos dar 
como exemplo o uso de soníferos, hipnose, superioridade numérica etc.
Podemos concluir que o roubo é um crime complexo, pois atinge 
mais de um bem jurídico: o patrimônio e a liberdade individual (no caso 
de ser empregada “grave ameaça”) ou a integridade corporal (nas 
hipóteses de “violência”).
O roubo é um 
crime complexo, 
pois atinge mais de 
um bem jurídico: 
o patrimônio e a 
liberdade individual 
ou a integridade 
corporal.
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Crimes Contra o Patrimônio Capítulo 2 
As vítimas de roubo, também chamadas de sujeitos passivos, podem ser o 
proprietário, o possuidor ou detentor da coisa, bem como qualquer outra pessoa 
que seja atingida pela “violência” ou “grave ameaça” (CESCHIN, 2011).
Lembre-se que se o agente emprega “grave ameaça” concomitantemente 
contra duas pessoas, mas subtrai objetos de apenas uma delas, pratica crime 
único de “roubo”, já que apenas um patrimônio foi lesado; não obstante, esse 
crime possui duas vítimas (CESCHIN, 2011).
Por outro lado, se o agente, em um só contexto fático, emprega “grave 
ameaça” contra duas pessoas e subtrai objetos de ambas, responde por dois 
crimes de “roubo” em concurso formal, já que houve somente uma ação (ainda 
que composta de dois atos) - ex.: assaltante que entra em ônibus, subjuga vários 
passageiros e leva seus pertences (CESCHIN, 2011).
A situação é diferente se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra 
ela emprega “grave ameaça”, mas com esta conduta subtrai bens de pessoas 
distintas que estavam em poder da primeira, comete crimes de “roubo” em 
concurso formal, desde que o roubador tenha consciência de que está lesando 
patrimônios autônomos - ex.: assaltante que aborda o funcionário do caixa de um 
banco e leva dinheiro da instituição, bem como o relógio de pulso do funcionário, 
tem total ciência de que está lesando patrimônios distintos (CESCHIN, 2011).
O parágrafo primeiro do artigo 157 do Código Penal Brasileiro também prevê 
a possibilidade do crime de roubo, confira: 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a 
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
Então, podemos dizer que a doutrina faz distinção no crime de roubo, 
classificando em roubo próprio e roubo impróprio.
No “roubo próprio” (“caput” do art. 157), a “violência” ou “grave ameaça” 
são empregadas antes ou durante a subtração, pois constituem meio para que 
o agente consiga efetivá-la; no “roubo impróprio” (§ 1° do art. 157), o agente 
inicialmente quer apenas praticar um “furto” e, já se tendo apoderado do bem, 
emprega “violência” ou “grave ameaça” para garantir a impunidade do “furto” 
que estava em andamento ou assegurar a detenção do bem (CESCHIN, 2011).
Perceba que o “roubo próprio” pode ser cometido mediante “violência”, 
50
 Direito Penal II - Parte Especial 
“grave ameaça” ou “qualquer outro meio que reduza a vítima à incapacidade 
de resistência”; o “roubo impróprio” não admite a fórmula genérica por último 
mencionada, somente podendo ser cometido mediante “violência” ou “grave 
ameaça” (CESCHIN, 2011).
O “roubo próprio” consuma-se, segundo entendimento do STF, no exato 
instante em que o agente, após empregar a “violência” ou “grave ameaça”, 
consegue apoderar-se do bem da vítima, ainda que seja preso no próprio 
local, sem que tenha conseguido a posse tranquila da res furtiva; o “roubo 
impróprio” consuma-se no exato momento em que é empregada a “violência” 
ou a “grave ameaça”, mesmo que o sujeito não consiga atingir sua finalidade 
de garantir a impunidade ou assegurar a posse dos objetos subtraídos 
(CESCHIN, 2011).
O “princípio da insignificância” não é aceito no crime de “roubo”.
O parágrafo segundo do artigo 157 do Código Penal Brasileiro também prevê 
a possibilidade de causas de aumento de pena para o crime de roubo, confira: 
§ 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até 1/2:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma (própria ou 
imprópria).
A aplicação da majoração só se justifica quando a arma tem 
real potencial ofensivo.
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas (v. 
comentários ao art. 155, § 4°, IV); 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e 
o agente conhece tal circunstância; 
- ex.: roubo a carro-forte, a office-boys

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