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Perdas e Danos 1) Consequências do Inadimplemento Culposo Da Obrigação → Perdas e danos: traduzem o prejuízo material ou moral, causado por uma parte à outra, em razão do descumprimento da obrigação. → Se o descumprimento da obrigação derivar de atuação culposa do devedor, causadora de prejuízo material ou moral, será obrigado a compensar civilmente o credor, indenizando-o. → Pagar “perdas e danos”, significa: indenizar aquele que experimentou um prejuízo, uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por força do comportamento ilícito do transgressor da norma. → ressalvadas hipóteses especialíssimas como as decorrentes das relações de consumo, as perdas e danos em geral, devidas em razão de inadimplemento contratual, exigem: ↳ A prova do dano ↳ O reconhecimento da culpa do devedor Obs.: se havia um negócio jurídico anterior vinculando as partes, o descumprimento negocial de uma delas firma implícita presunção de culpa. Obs.: o inadimplemento relativo (mora), que se caracteriza quando a prestação, posto realizável, não é cumprida no tempo, lugar e forma devidos, também autoriza o pagamento das perdas e danos, correspondentes ao prejuízo derivado do retardamento imputável ao credor ou ao devedor. “pagamento de perdas e danos” X “pagamento do equivalente” → primeira se refere a todo tipo de prejuízo material ou moral decorrente do descumprimento. ↳ abstraídas as hipóteses de responsabilidade civil objetiva, há de se verificar quem agiu com o elemento culpa para se exigirem as perdas e danos → O segundo refere-se à devolução de valores pagos ou adiantados, evitando-se o enriquecimento indevido de um dos sujeitos da relação obrigacional. ↳ busca da restituição das coisas ao status quo ante ↳ impõe a devolução de valores pagos, ainda que o descumprimento da obrigação tenha sido fortuito. 2) Perdas e Danos Vale lembrar: → A legislação codificada, a despeito de não a definir com precisão, preferiu simplesmente traçar os seus contornos, delimitando o seu alcance, e deixando para a doutrina a missão de apresentar uma conceituação teórica a seu respeito. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. As perdas e danos devidas ao credor deverão compreender: ↳ o dano emergente (o que efetivamente perdeu). ↳ o lucro cessante (o que razoavelmente deixou de lucrar). Ex.: Imagine que uma indústria de veículos haja celebrado um contrato de compra e venda com um fornecedor de pastilhas de freios, que se comprometera a entregar-lhe um lote de dez mil peças até o dia 10. O pagamento efetivou-se no ato da celebração do contrato. No dia fixado, o fornecedor, sem justificativa razoável, comunicou ao adquirente que não mais produziria as referidas peças. ↳ Abriu-se ao credor a possibilidade de resolver o negócio, podendo exigir as perdas e danos, que compreenderiam o dano efetivo causado pelo descumprimento obrigacional (as suas máquinas ficaram paradas, tendo a receita mensal diminuído consideravelmente), e, bem assim, o que razoavelmente deixou de lucrar (se as pastilhas de freio houvessem chegado a tempo, os carros teriam sido concluídos, e as vendas aos consumidores efetivadas). Ex.: Um indivíduo, guiando imprudentemente o seu veículo, abalroa um táxi que estava corretamente estacionado. ↳ o causador do dano, por sua atuação ilícita, será obrigado a indenizar a vítima, pagando-lhe as perdas e danos, que compreenderão, conforme já vimos, o dano emergente (correspondente ao efetivo prejuízo material do veículo), e, bem assim, os lucros cessantes (referentes aos valores a que faria jus o taxista durante todo o tempo em que o seu veículo ficou parado, em conserto na oficina). Obs.: o dano emergente e os lucros cessantes devem ser devidamente comprovados na ação indenizatória ajuizada contra o agente causador do dano. Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. ↳ Excluídos os danos remotos. Ex.: O descumprido um determinado contrato, não se deve admitir como indenizável o dano emocional causado na esposa do credor que, confiando no êxito do negócio que o seu marido pactuou com o devedor, já fazia planos de viajar para a Europa. Obs.: Danos em ricochete → Não são suportados pelos próprios sujeitos da relação jurídica principal, todavia, atingem pessoas próximas, e são perfeitamente indenizáveis, por derivarem diretamente da atuação ilícita do infrator. Ex.: Uma pessoa, que presta alimentos a outra pessoa, vem a perecer em consequência de um fato que atingiu o alimentante, privando o alimentando do benefício. Requisitos Para Considerar o Dano Indenizável. a) efetividade ou certeza: uma vez que a lesão ao bem jurídico, material ou moral, não poderá ser, simplesmente, hipotética. O dano poderá ter até repercussões futuras, a exemplo do sujeito que perdeu um braço em virtude de acidente, mas nunca poderá ser incerto ou abstrato; b) subsistência: no sentido de que se já foi reparado, não há o que indenizar; c) lesão a um interesse juridicamente tutelado, de natureza material ou moral: obviamente que o dano deverá caracterizar violação a um interesse tutelado por uma norma jurídica, quer seja material (um automóvel, uma casa), quer seja moral (a honra, a imagem). 2.1) Introdução ao Dano Moral Definição: É aquele representativo de uma lesão a bens e interesses jurídicos imateriais, pecuniariamente inestimáveis Ex.: honra, imagem, saúde, integridade psicológica etc. → Consiste no prejuízo ou lesão de direitos, cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro, como é o caso dos direitos da personalidade, a saber, o direito à vida, à integridade física (direito ao corpo, vivo ou morto, e à voz), à integridade psíquica (liberda-de, pensamento, criações intelectuais, privacidade e segredo) e à integridade moral (honra, imagem e identidade) Obs.: A Constituição Federal de 1988 admitiu expressamente a reparabilidade do dano moral, sem que o houvesse atrelado inseparavelmente ao dano patrimonial. CF ART. 5.º: V- É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral, ou à imagem X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Obs.: São juridicamente autônomas, as indenizações por danos materiais e morais, oriundas do mesmo fato. Além disso poderão ser cumuladas. (STF: Súmula 37.) Obs.: Vale lembrar: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. 3) Juros → o rendimento do capital, preço do seu uso, preço locativo ou aluguel do dinheiro, prêmio pelo risco corrido decorrente do empréstimo, cabendo aos economistas o estudo de sua incidência, da taxa normal em determinada situação e de suas repercussões na vida do país. → Em linhas gerais, os juros fixados, legais (determinados por lei) ou convencionais (fixados pelas próprias partes), subdividem-se em: a) compensatórios: objetivam remunerar o credor pelo simples fato de haver desfalcado o seu patrimônio, concedendo o numerário solicitado pelo devedor b) moratórios: traduzem uma indenização devida ao credor por força do retardamento culposo no cumprimento da obrigação. Obs.: celebrado um contrato de empréstimo a juros (mútuofeneratício), o devedor pagará ao credor os juros compensatórios devidos pela utilização do capital ex.: se tomou 10, devolverá 12. Obs.: Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula de n. 382, que define que a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não caracteriza abuso, entendendo-se que é necessário analisar cada caso concreto. → Se, entretanto, no dia do vencimento, atrasar o cumprimento da prestação, pagará os juros de mora, que são contabilizados dia a dia, sendo devidos independentemente da comprovação do prejuízo. OBS.: CF/88: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram Quanto aos juros legais moratórios: Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Juros flutuantes: uma vez que não estabelece o percentual máximo para a fixação de juros, empregando, como base, a taxa que estiver em vigor para a mora dos impostos devidos à Fazenda Nacional, o que importa reconhecer. Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. Obs.: taxa não se confunde com os juros → por ter natureza jurídica completamente diversa, levando-se em conta que compreende, a um só tempo, juros moratórios (que são os unicamente tratados no art. 406 do CC/2002), juros compensatórios ou remuneratórios, e indisfarçável conotação de correção monetária, além das denunciadas constitucionalidade e legalidade duvidosas. Assim: Na ausência de pactuação de juros moratórios em relações civis, há de se continuar aplicando o percentual de 1%, a teor do art. 161, § 1.º , do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de 25-10-1966), isto é, 1% ao mês ou 12% ao ano. Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. No caso de mora caracterizada antes da vigência do novo Código Civil, incidem as regras anteriores desde a citação até o término da sua vacatio legis, e, a partir daí, o limite do art. 406.
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