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Apostila dicas de Ex concurseira - Direito Penal

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@dicas.exconcurseira 
 
 
1 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
Introdução ao Direito Penal (Aula 01).................................................................................................................................................3 
Princípios do Direito Penal (Aulas 02 e 03) .........................................................................................................................................9 
Lei Penal (Aulas 04 e 05) ...................................................................................................................................................................19 
Infração Penal: Crime e Contravenção (Aulas 06 a 08) ....................................................................................................................28 
Erro de Tipo (Aula 09) .......................................................................................................................................................................40 
Crime Comissivo e Crime Omissivo + Elementos do Fato Típico (resultado e nexo causal) – Aulas 10 a 12.....................................45 
Iter Criminis, Crime Consumado, Tentativa, Desistência Voluntária e Arrependimento Posterior, Crime Impossível (Aula 13)......61 
Concurso de Pessoas + Autoria (Aula 14). ........................................................................................................................................69 
Prescrição (Aula 15)...........................................................................................................................................................................76 
Culpabilidade (Aula 16) ....................................................................................................................................................................84 
 
 
MÓDULO II 
Pena (Aulas 01 a 03) ........................................................................................................................................................................93 
Penas Restritivas de Direito (Aula 04) ............................................................................................................................................114 
Suspensão Condicional do Processo (Aula 05) ...............................................................................................................................121 
Medida de Segurança (Aula 06) ......................................................................................................................................................126 
Efeitos da Condenação (Aula 07) ....................................................................................................................................................128 
Concurso de Crimes (Aula 08) ........................................................................................................................................................133 
 
MÓDULO III 
Crimes contra a vida........................................................................................................................................................................137 
Crimes contra a honra.....................................................................................................................................................................144 
Crimes contra a liberdade individual..............................................................................................................................................147 
Crimes contra o patrimônio............................................................................................................................................................149 
Crimes contra a propriedade intelectual.........................................................................................................................................164 
Crimes contra a dignidade sexual....................................................................................................................................................165 
Crimes contra a saúde pública........................................................................................................................................................173 
Crimes contra a paz pública............................................................................................................................................................174 
Crimes contra a fé pública...............................................................................................................................................................174 
Crimes contra a Administração Pública...........................................................................................................................................179 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
3 
MÓDULO I 
 
Aula 01 
 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
Direito Penal: conceito 
 
a) Aspecto formal/estático: direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como 
infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhe aplicadas. 
 
b) Aspectos material: direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo 
social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade. 
 
c) Aspecto sociológico/dinâmico: direito penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária 
disciplina para a harmônica convivência em sociedade. 
 ~ Aprofundando o enfoque sociológico: 
 * a manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes 
 * quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais); 
 
ATENÇÃO! 
 - Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do 
Estado, valendo do Direito Penal. 
 
IMPORTANTE! 
 O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica, qual seja: pena privativa de liberdade 
(é o princípio da intervenção mínima). 
 
ATENÇÃO! IMPORTANTE DIFERENCIAR: 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA (Ciência Penal) POLÍTICA CRIMINAL (Ciência Penal) 
Analisa os fatos humanos indesejados, 
define quais devem ser rotulados como 
crime ou contravenção, anunciando as 
penas. 
Ciência empírica que estuda o crime, o 
criminoso, a vítima e o comportamento 
da sociedade. 
Trabalha as estratégias e meios de 
controle social da criminalidade. 
Ocupa-se do crime enquanto norma. Ocupa-se do crime enquanto fato. Ocupa-se do crime enquanto valor. 
Ex: define como crime lesão no 
ambiente doméstico e familiar. 
Ex: quais fatores contribuem para a 
violência doméstica e familiar. 
Ex: estuda como diminuir a violência 
doméstica e familiar. 
 
Direito Penal: missão 
 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: 
 1 – Missão Mediata 
 2 – Missão Imediata 
 
 1 – Missão MEDIATA: 
 a) Controle Social 
 b) Limitação ao poder punitivo do Estado 
 OBS: Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites; de outro lado, é necessário também limitar o seu 
poder de controle, evitando a hipertrofia da punição 
 
2 – Missão IMEDIATA à a doutrina diverge: 
 1ª Corrente: a missão do direito penal é proteger bens jurídicos essenciais para a convivência em sociedade (ROXIN, 
Funcionalismo Teleológico); 
 2ª Corrente: a missão do direito penal é assegurar o ordenamento jurídico, a vigência da norma (JAKOBS, Funcionalismo 
Sistêmico). 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
4 
Direito Penal: classificação doutrinária 
 
Direito Penal Substantivo Direito Penal Adjetivo 
É o direito penal material (crime/pena) É o direito processual penal (processo, procedimento). 
Esta classificação é ultrapassada, da época em que o direito 
processual não tinha autonomia.Direito Penal Objetivo Direito Penal Subjetivo 
Traduz o conjunto de leis penais em vigor no país. Ex: CP, Lei 
de Drogas, Lei das organizações criminosas 
Refere-se ao direito de punir do Estado e divide-se em: 
i) Direito Penal Subjetivo Positivo: capacidade de criar e 
executar normas penais. Compete ao Estado. 
ii) Direito Penal Subjetivo Negativo: poder de derrogar 
normas penais ou restringir o seu alcance. Controle judicial. 
 
CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO/INCONDICIONADO/ILIMITADO: 
 Limites do direito de punir estatal: 
1 – Quanto ao modo; 
2 – Quanto ao espaço; 
3 – Quando ao tempo. 
 
1 – Quanto ao MODO: 
 Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente autorizado a 
editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, liberdades e garantias do 
homem e do cidadão. 
 
2 – Quanto ao ESPAÇO: 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional. à Princípio da Territorialidade mitigada. 
 
3 – Quanto ao TEMPO: 
 Por mais grave que seja o crime, ele prescreve, extinguindo o poder punitivo estatal. 
 OBS: o direito de punir é monopólio estatal, ficando proibida a justiça privada. 
 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
 
 CUIDADO! Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal: 
Estatuto do Índio, art.57, Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções 
penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a 
pena de morte. 
 
 O TPI é exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? Não! O TPI só intervirá quando ajustiça repressiva interna 
falhar, for omissa ou ineficiente. 
Estatuto de Roma, Artigo 1o - O Tribunal - É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O 
Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com 
alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e 
o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto. à princípio da complementariedade 
Direito Penal de Urgência Direito Penal Promocional/Político/Demagogo 
Atendendo as demandas de criminalização, o Estado cria 
normas de repressão ignorando garantias do cidadão. 
O Estado, visando a consecução dos seus objetivos políticos, 
emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção 
mínima. 
Finalidade: devolver o sentimento de tranquilidade para a 
sociedade. 
Finalidade: usar o direito penal para a transformação social. 
Ex: lei dos crimes hediondos – sequestro do Abilio Diniz 
(pressão da mídia) 
Ex: Estado criando contravenção penal de mendicância 
(revogada) para acabar com os mendigos, ao invés de melhorar 
políticas públicas. 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
5 
DIREITO PENAL SIMBÓLICO? É a lei penal que nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social (ex: lei das palmadas). 
 
 
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL (Silva Sánchez) 
 
Trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa. 
 
1ª VELOCIDADE: enfatiza infrações penais mais graves, punidas com penas privativas de liberdade, exigindo procedimento mais 
demorado, observando todas as garantias penais e processuais. 
 
2ª VELOCIDADE: flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em contrapartida, prevê 
penas alternativas. 
 
3ª VELOCIDADE: mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade. Ex: lei das organizações criminosas. 
 - defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1ª velocidade) 
 - permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2ª velocidade). 
 
1ª VELOCIDADE 2ª VELOCIDADE 3ª VELOCIDADE 
Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade 
Procedimento garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado 
Ex: CPP Ex: Lei 9.099 Ex: Lei 12.850/13 
 
 Hoje, temos doutrina anunciado a 4ª VELOCIDADE do Direito Penal, ligada ao Direito Penal Internacional, mirando suas 
normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de 
forma grave tratados internacionais de tutela de direitos humanos. Para tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal 
Penal Internacional. Trata-se da primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para 
processar e julgar crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade 
internacional em seu conjunto. 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
 
 Lugar de onde vem e com se exterioriza o Direito Penal. 
1 – Fonte material à a “fábrica” = União/Congresso Nacional + Estados, via LC, pode legislar sobre questões específicas 
2 – Fonte formal à quem propaga o produto fabricado 
 
1 – FONTE MATERIAL (“fábrica”) 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
IMPORTANTE! Lei complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre Direito Penal incriminador no seu âmbito. 
Art.22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias 
relacionadas neste artigo. 
 
2 – FONTE FORMAL (“propagar o produto fabricado”) 
 
FONTE FORMAL 
(Doutrina clássica) 
Fonte FORMAL 
(Doutrina moderna) 
Imediata: Lei Imediatas: 
1 – Lei 
2 – CF 
3 – TIDH 
4 – Jurisprudência 
5 – Princípios 
6 – Atos administrativos (complementam norma penal em 
branco) 
Mediatas: 
1 – Costumes 
2 – Princípios gerais de Direito 
Mediata: 
1 - Doutrina 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
6 
FONTES FORMAIS 
a) IMEDIATAS (doutrina moderna) 
a.1) Lei: única capaz de criar crime e cominar pena 
a.2) Constituição Federal 
 
ATENÇÃO! 
 Se a CF é superior à lei, por que ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções? Em razão do seu processo 
rígido/moroso de alteração. Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a CF nos revela o Direito Penal 
estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a intervenção penal não se 
pode reduzir. Exemplos de mandados constitucionais de criminalização: 
Art.5º, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
 
Art.5º, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
 
Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? Sim! Com a finalidade de evitar a intervenção 
deficiente do Estado: são os imperativos de tutela. Ex: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento 
jurídico, porque a CF garante o direito à vida. 
OBS: Com base neste mandado constitucional de criminalização implícito (direito à vida), questiona-se a legalidade dos 
movimentos pró-aborto. 
 
a.3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) 
 Podem ingressar no nosso ordenamento jurídico de 2 formas: 
 
 
 
ATENÇÃO! Respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre direitos humanos (e 
somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem (sempre) caráter constitucional, a 
teoria do disposto nos §§1º e 2º, do art.5º, da CF (Flávia Piovesan). 
 
CUIDADO! Importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação 
de penas para o direito interno. Assim, antes do advento dasLeis 12.694/12 e 12.850/12 (que definiram, sucessivamente, 
organização criminosa), o STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dada pela 
Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC nº 96007). 
 
a.4) Jurisprudência 
Ex: CP, Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, 
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto a dois terços. à “crime continuado” à STF: intervalo máximo entre um crime e outro é de 30 dias 
(entendimento que se aplica aos crimes patrimoniais). 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
7 
a.5) Princípios 
 Não raras as vezes, os tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípios. 
 
a.6) Atos Administrativos 
 Complementam norma pena em branco (ex: Lei de Drogas à definição de “drogas” por portaria da ANVISA). 
 
b) MEDIATA 
b.1) Doutrina 
 
 E os costumes? São considerados fontes informais. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, chega a um 
resultado. 
 Interpretação: 
1 – Quanto ao sujeito 
2 – Quanto ao modo 
3 – Quanto ao resultado 
 
1 – Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM) 
 
a) Interpretação AUTÊNTICA/LEGISLATIVA 
CP, Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública. 
§1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
 A interpretação autêntica/legislativa fornecida pela própria lei subdivide-se em: 
 
i) Contextual: editada conjuntamente com a norma penal que conceitua. Ex: lei das organizações criminosas. 
ii) Posterior: lei distinta e posterior conceitua o objeto de interpretação. Muito comum em norma penal em branco. 
 
b) Interpretação DOUTRINÁRIA/CIENTÍFICA 
c) Interpretação JURISPRUDENCIAL 
 
CUIDADO! Exposição de motivos do CP à interpretação doutrinária 
 Exposição de motivos do CPP à interpretação autêntica 
 
2 – Interpretação quanto ao MODO 
a) GRAMATICAL/FILOLÓGICA/LITERAL 
b) TELEOLÓGICA: intenção objetivada na lei 
c) HISTÓRICA: indaga a origem da lei 
d) SISTÊMICA: feita em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do Direito 
e) PROGRESSIVA/EVOLUTIVA: busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência 
 
3 – Interpretação quanto ao RESULTADO 
a) DECLARATIVA/DECLARATÓRIA: a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer 
b) RESTRITIVA: reduz o alcance das palavras 
c) EXTENSIVA (+ cai em concurso!): amplia-se o alcance das palavras 
 
Interpretação quanto ao SUJEITO Interpretação quanto ao MODO Interpretação quanto ao RESULTADO 
1 – Autêntica/Legislativa 
2 – Doutrinária 
3 – Jurisprudencial 
1 – Literal 
2 – Teleológica 
3 – Histórica 
4 – Sistemática 
5 – Progressiva/Evolutiva 
1 – Declarativa 
2 – Restritiva 
3 - Extensiva 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
8 
ATENÇÃO! A doutrina ainda cita 2 espécies de interpretação: 
 
1 – Interpretação “SUI GENERIS” 
 Subdivide-se em: 
a) Exofórica 
b) Endofórica 
 
a) EXOFÓRICA: o significado da norma interpretada não está no ordenamento normativo. Ex: art.20, CP (“tipo”). Quem define o 
que é “tipo legal” é a doutrina, e não a lei. 
 
b) ENDOFÓRICA: o texto normativo interpretado empresta o sentido de outros textos do próprio ordenamento normativo 
(interpretação mais utilizada nas normas penais em branco). Ex: art.237, CP – a expressão “impedimento para casamento” é 
interpretada de acordo com o Código Civil. 
 
CP, Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
2 – INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO 
 - A CF informa e conforma as normas hierarquicamente inferiores. 
 - Assume nítido relevo dentro da perspectiva do Estado Democrático de Direito. 
 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA (aprofundado) 
 
 Admite-se intepretação extensiva contra o réu? 
 
1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu (a tarefa do 
intérprete é evitar injustiças). 
OBS: a CF não proíbe interpretação extensiva contra o réu. 
 
2ª Corrente (LFG/Defensoria Pública): socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, não se admite interpretação extensiva 
contra o réu (na dúvida, o juiz deve interpretar em seu benefício). Art.22, §2º, Estatuto de Roma: em caso de ambiguidade, a lei 
será interpretada a favor do acusado/condenado. 
 
3ª Corrente (Zaffaroni): em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa resultar 
num escândalo por sua notória irracionalidade. 
OBS: presente nos julgados dos tribunais superiores. Ex: art.157, §2º, I à emprego de “arma”. 
 
CUIDADO! Não podemos confundir INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM) 
 
 O Código, atento ao princípio da legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite 
que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo. São exemplos seguidos de fórmula 
genérica de encerramento. 
Ex 1: art.121, §2º, I, II e V, CP: 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
 
Ex 2: art.306, CTB: 
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine dependência: 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
9 
ATENÇÃO! A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA 
 ANALOGIA à lacuna + integração. Analogia não é forma de interpretação, mas sim de integração. 
 Na analogia, parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é 
preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. 
 
 Pressupostos da analogia no direito penal: 
 a) Certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; 
 b) Existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador). OBS: a omissão voluntária 
não admite a analogia à é o que o STF chama de “silêncio eloquente”. 
 Ex 1: art.181, I, CP à o legislador não lembrou da união estável à possível analogia in bonam partem. 
 
CP, Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; à possível abranger a união estável. 
 
Ex 2: art.155, §2º, CP – Furto privilegiado não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção voluntária do legislador é 
não privilegiar este tipo de crime. 
 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA 
Forma de interpretação Forma de interpretação Forma de integração 
Existe norma para o caso concreto Existe norma para o caso concreto Não existe norma para o caso 
concreto 
Amplia-se o alcance da palavra Exemplos seguidos de encerramento 
genérico 
Cria-se nova norma a partir de outra 
(só quando favorável ao réu) 
 
 
 
Aula 02 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
Princípios relacionados com 
a MISSÃO FUNDAMENTAL 
do direito penal 
Princípios relacionado com o 
FATO DOAGENTE 
Princípios relacionados com 
o AGENTE DO FATO 
Princípios relacionados com 
a PENA 
1.1. Princípio da exclusiva 
proteção de bens jurídicos 
2.1. Princípio da 
exteriorização ou 
materialização do fato 
3.1. Princípio da 
responsabilidade pessoal 
4.1. Princípio da dignidade 
da pessoa humana 
1.2. Princípio da Intervenção 
Mínima 
2.2. Princípio da legalidade 3.2. Princípio da 
responsabilidade subjetiva 
4.2. Princípio da 
individualização da pena 
 2.3. Princípio da ofensividade 
ou lesividade 
3.3. Princípio da 
culpabilidade 
4.3. Princípio da 
proporcionalidade 
 3.4. Princípio da isonomia 4.4. Princípio da 
pessoalidade 
 3.5. Princípio da presunção 
de inocência 
4.5. Princípio da vedação ao 
bis in idem 
 
1º - Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL do Direito Penal 
 
1.1. Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
 
 Conceito de bem jurídico: é um ente material (patrimônio) ou imaterial (honra), haurido do contexto social, de 
titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em 
sociedade. 
 O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, indisponíveis ao convívio em sociedade. 
 O que é a espiritualização/desmaterialização/dinamização/liquefação do direito penal? É a tendência do direito penal 
de proteger bens metaindividuais, direitos difusos e coletivos, como o meio ambiente. 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
10 
1.2. Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA à SUBSIDIARIEDADE + FRAGMENTARIEDADE 
 
 O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada 
ao fracasso das demais esferas de controle (caráter SUBSIDIÁRIO), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter FRAGMENTÁRIO). 
 
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da intervenção mínima? Da 
fragmentariedade! 
 O princípio da insignificância/bagatela é um princípio limitador do direito penal e possui natureza jurídica de causa de 
atipicidade material da conduta. 
 
 De acordo com os tribunais superiores, são os requisitos do princípio da insignificância: BIZU-MARI 
 i) Mínima ofensividade da conduta do agente 
 ii) Ausência de periculosidade social da ação 
 iii) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
 iv) Inexpressividade da lesão jurídica causada 
 
Observações sobre o princípio da insignificância: 
à STF + STJ: para aplicação deste princípio, consideram a capacidade econômica da vítima. 
à STF + STJ: prevalece ser incabível a aplicação deste princípio ao reincidente, portador de maus antecedentes ou criminoso 
habitual. 
à STF + STJ: prevalece não ser possível a aplicação deste princípio no furto qualificado. 
à STF + STJ: não admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente no crime de moeda 
falsa. 
à STF admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público. 
 STJ não admite. 
 
No entanto, STF + STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por 
particulares. 
à STF + STJ: prevalece não ser possível o princípio da insignificância no porte de drogas para uso pessoal. 
à STF + STJ: não admitem o princípio da insignificância em nenhuma forma de tráfico. 
à STF + STJ: possuem decisões admitindo o princípio da insignificância em crimes ambientais (mas há divergência sobre o 
assunto). 
 
IMPORTANTE DIFERENCIAR! 
 
Princípio da bagatela PRÓPRIA Princípio da bagatela IMPRÓPRIA 
Os fatos já nascem irrelevantes para o direito penal Embora relevante a infração penal praticada, a pena, diante 
do caso concreto, é desnecessária 
Causa de atipicidade material Hipótese de falta de interesse de punir. O fato é típico, ilícito, 
culpável, mas não punível. 
Ex: subtração de caneta bic. Ex: perdão judicial no homicídio culposo. 
 
CUIDADO! Não podemos confundir o princípio da insignificância com o princípio da adequação social. Ambos objetivam limitar o 
direito penal, mas... 
 
Princípio da insignificância Princípio da adequação social 
Irrelevância da lesão ao bem jurídico tutelado Aceitação da conduta pela sociedade. Ex: jogo do bicho. 
Apesar de uma conduta se ajustar a um tipo penal, não será 
considerada típica se for socialmente adequada ou 
reconhecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
11 
JURISPRUDÊNCIAS SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA! à Especialmente relevante para provas de Defensoria Pública! 
 
Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele sendo reincidente, desde que seja 
insignificante o bem subtraído 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do 
caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal 
ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser 
insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para 
criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. 
HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938). 
 
STF reconheceu que o valor econômico do bem furtado era muito pequeno, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-
lo aplicando o princípio da insignificância, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos 
Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras 
palavras, o agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a insignificância do bem subtraído, 
mas, como o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para 
conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Em razão da reincidência, o STF entendeu que 
não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída 
por restritiva de direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 28/8/2018 (Info 913). 
 
É possível a aplicação do princípio da insignificância para o furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e 
três quilos de feijão 
Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação penal pelo mesmo delito) é um 
parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. 
Excepcionalmente, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento dessa regra e a aplicação do 
princípio, com base na ideia da proporcionalidade. É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma 
galinha garnizé e três quilos de feijão, bens avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve 
emprego de violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de 
reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal instaurada por 
igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico. A excepcionalidade também se justifica por se tratar de 
hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no 
sentido de atribuir relevância a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 
(Info 911). 
 
Furto simples 
Se o valor do bem éacima de 10% do salário mínimo vigente na época, o STJ tem negado a aplicação do princípio da insignificância. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558547/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2015. 
 
Furto qualificado 
Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas hipóteses de furto qualificado, tendo em vista 
que tal circunstância denota, em tese, maior ofensividade e reprovabilidade da conduta. Deve-se, todavia, considerar as 
circunstâncias peculiares de cada caso concreto, de maneira a verificar se, diante do quadro completo do delito, a conduta do 
agente representa maior reprovabilidade a desautorizar a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
785755/MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/11/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 746011/MT, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/11/2015. 
 
Se o juiz negou o princípio da insignificância ao furto, mas cogitou conceder o benefício, neste caso, deverá aplicar o regime 
inicial aberto 
Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da insignificância por furto, 
em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra 
geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da 
proporcionalidade. STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 
3/8/2015 (Info 793). 
 
Roubo 
Não se aplica ao crime de roubo porque se trata de delito complexo que envolve patrimônio, grave ameaça e a integridade física 
e psicológica da vítima, havendo, portanto, interesse estatal na sua repressão. Assim, tal conduta não pode ser considerada 
 
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como de mínima ofensividade, desprovido de periculosidade social, de reduzido grau de reprovabilidade e de inexpressividade. 
STJ. 6ª Turma. RHC 56431/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 18/06/2015. 
 
(In) aplicabilidade do princípio da bagatela no caso do crime previsto no art. 34 da Lei 9.605/98 
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar 
em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três 
anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades 
superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª 
Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 
Obs: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não se aplica ao crime 
previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, 
excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será 
cobrado no enunciado da prova. 
 
Crimes ambientais 
É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas 
do caso concreto para se verificar a atipicidade da conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. 
STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). 
 
Crimes tributários e o limite de 20 mil reais 
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil reais (tanto para o STF 
como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário 
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as 
atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 137595 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 07/05/2018. STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info 898). 
 
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não 
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações 
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 2ª Turma. HC 155347, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 
17/04/2018. 
 
Princípio da insignificância, crimes contra a ordem tributária e descaminho 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não 
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações 
efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
Reiteração criminosa no crime de descaminho e princípio da insignificância 
A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância nos crimes de descaminho, ressalvada a possibilidade 
de, no caso concreto, as instâncias ordinárias verificarem que a medida é socialmente recomendável. Assim, pode-se afirmar 
que: 
• Em regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticou descaminho se ficar demonstrada a sua 
reiteração criminosa (criminoso habitual). 
• Exceção: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades do caso concreto, entender que a 
medida é socialmente recomendável. STJ. 3ª Seção. EREsp 1217514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
9/12/2015 (Info 575). 
 
Súmula 606-STJ 
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via 
radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, 
DJe 17/04/2018. 
 
 
 
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In(aplicabilidade) do princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. STJ. Corte Especial. 
Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017. 
 
Apropriação indébita previdenciária (não se aplica o princípio da insignificância. Posição do STF) 
O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. 
Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que 
esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico 
supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª 
Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 21/06/2016. 
 
Apropriação indébita previdenciária (pode ser aplicado o princípio da insignificância. Posição do STJ) 
O STJ já firmou o entendimento de que é possível a aplicação do princípio da insignificânciaao delito de apropriação indébita 
previdenciária, desde que o total dos valores retidos não ultrapasse o valor utilizado pela Fazenda Público como limite mínimo 
para que sejam ajuizadas as execuções fiscais (20 mil reais). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1241697/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, 
julgado em 06/08/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/04/2016. 
 
Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário): não se aplica o princípio da insignificância 
A jurisprudência NÃO aplica o princípio sob o argumento de que esse tipo de conduta contribui negativamente com o déficit da 
Previdência. Defende-se que, não obstante ser ínfimo o valor obtido com o estelionato praticado, se a prática de tal crime se 
tornar comum, sem qualquer repressão penal da conduta, certamente se agravará a situação da Previdência, responsável pelos 
pagamentos das aposentadorias e dos demais benefícios dos trabalhadores brasileiros. Daí porque se conclui que é elevado o 
grau de reprovabilidade da conduta praticada. Desse modo, o princípio da insignificância não pode ser aplicado para abrigar 
conduta cuja lesividade transcende o âmbito individual e abala a esfera coletiva. STF. 1ª Turma. HC 111918, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 29/05/2012. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 627891/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. 
 
Delitos praticados em violência doméstica: não se aplica o princípio da insignificância 
Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com 
violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão 
jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a 
aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave 
ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o 
casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª Turma. HC 
333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). 
 
Posse ou porte de arma ou munição: não se aplica o princípio da insignificância 
O STJ possui posição consolidada no sentido de que o princípio da insignificância não é aplicável aos crimes de posse e de porte 
de arma de fogo, por se tratarem de crimes de perigo abstrato, sendo irrelevante inquirir a quantidade de munição apreendida. 
STJ. 5ª Turma. HC 338153/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2016. 
 
Tráfico internacional de arma de fogo ou munição: não se aplica o princípio da insignificância 
O tráfico internacional de armas e munições tem como maior clientela o crime organizado transnacional, que, via de regra, 
abastece o seu arsenal por meio do mercado ilegal, nacional ou internacional, de armas. Mostra-se irrelevante, no caso, cogitar-
se da mínima ofensividade da conduta (em face da quantidade apreendida), ou, também, da ausência de periculosidade da 
ação, porque a hipótese é de crime de perigo abstrato, para o qual não importa o resultado concreto da ação, o que também 
afasta a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância. STF. 1ª Turma. HC 97777, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 26/10/2010. 
 
Tráfico de drogas: não se aplica o princípio da insignificância 
Não se aplica ao tráfico de drogas, visto se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido, sendo, portanto, irrelevante a 
quantidade de droga apreendida. STJ. 5ª Turma. HC 318936/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/10/2015. STJ. 6ª Turma. 
EDcl-HC 463.656/SP , Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/10/2018. 
 
Porte de droga para consumo pessoal 
Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio, é possível aplicar o princípio da 
insignificância? STJ: não é possível aplicar o princípio da insignificância A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou 
 
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entendimento de que o crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou 
abstrato e a pequena quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o 
princípio da insignificância (STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541). STF: 
possui um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475 , Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/02/2012. 
 
Moeda falsa: não se aplica o princípio da insignificância 
Ainda que seja apenas uma nota e de pequeno valor, não se aplica o princípio por tratar-se de delito contra a fé pública, 
havendo interesse estatal na sua repressão. O bem violado é a fé pública, a qual é um bem intangível e que corresponde à 
confiança que a população deposita em sua moeda, não se tratando, assim, da simples análise do valor material por ela 
representado. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 558790/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/10/2015. 
 
Contrabando: não se aplica o princípio da insignificância 
Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai 
além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a 
comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. STJ. 5ª Turma. AgRg 
no REsp 1744739/RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1717048/RS, Rel. Min. 
Nefi Cordeiro, julgado em 11/09/2018. STF. 1ª Turma. HC 133958 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 06/09/2016. Vale ressaltar, 
no entanto, que o STJ possui alguns precedentes admitindo, de forma excepcional, a aplicação deste princípio para o caso de 
contrabando de pequena quantidade de medicamento para uso próprio: A importação de pequena quantidade de medicamento 
destinada a uso próprio denota a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada, tudo a autorizar a 
excepcional aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan 
Paciornik, julgado em 24/04/2018. 
 
Crimes militares. Aplica-se o princípio da insignificância? 
Trata-se de tema extremamente polêmico, mas a posição majoritária é no sentido de que não se aplica o princípio da 
insignificância aos crimes militares, sob pena de afronta à autoridade, hierarquia e disciplina, bens jurídicos cuja preservação é 
importante para o regular funcionamento das instituições militares. O caso mais comum e que é provável que seja cobrado em 
sua prova é o crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à administração militar (art. 290 do CPM). O Plenário 
do STF já assentou a inaplicabilidade do princípio da insignificância à posse de quantidade reduzida de substância entorpecente 
em lugar sujeito à administração militar (art. 290 do CPM). STF. 2ª Turma. HC 118255, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 19/11/2013. STF. 2ª Turma. ARE 856183 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2015. 
 
Falsificação de documento público: não se aplica o princípio da insignificância 
Não se aplica o princípio da insignificância para crimes contra a fé pública, como é o caso do delito de falsificação de documento 
público. STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/03/2014. 
 
Violação de direito autoral: não se aplica o princípio da insignificância 
Segundo o STJ, não se aplica o princípio da insignificância ao crimede violação de direito autoral (§ 2º do art. 184 do CP). Em 
que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVDs, com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a 
conduta, que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não 
escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1380149/RS, Rel. Min. Og 
Fernandes, julgado em 27/08/2013. 
 
Estelionato envolvendo o seguro-desemprego: não se aplica o princípio da insignificância 
Não se aplica o princípio da insignificância para estelionato envolvendo o seguro-desemprego considerando que se trata de bem 
protegido a partir do interesse público. STF. 1ª Turma. HC 108674, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/08/2012. 
 
Estelionato envolvendo FGTS: não se aplica o princípio da insignificância 
O STF já decidiu que não deve ser aplicado o princípio da insignificância em caso de estelionato envolvendo o FGTS porque a 
conduta do agente é dotada de acentuado grau de reprovabilidade, “na medida em que a fraude foi perpetrada contra 
programa social do governo que beneficia inúmeros trabalhadores”. Essa circunstância, aliada à expressividade financeira do 
valor auferido pela paciente à época dos fatos, inibe a aplicabilidade do postulado da insignificância ao caso concreto. STF. 1ª 
Turma. HC 110845, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/04/2012. 
 
Princípio da insignificância e trânsito em julgado 
O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença condenatória. HC 95570, 
Relator Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, julgado em 01/06/2010. 
 
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2º - Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE 
 
2.1. Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO do fato 
 
O Estado só pode punir condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. 
 ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do Autor, consistente na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos, 
desejos e estilo de vida. 
 CONCLUSÃO: o direito penal brasileiro segue o direito penal do fato. 
 
CP, Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução 
e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
 O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal do fato, mas considera circunstâncias 
relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena (para garantir a individualização da pena). 
 OBS: vadiagem é contravenção penal. Agora, só a vadiagem do pobre (kkkkk). 
 
2.2. Princípio da OFENSIVIDADE/LESIVIDADE 
 
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
CRIME DE DANO CRIME DE PERIGO 
Ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Basta risco de lesão ao bem jurídico. 
Ex: homicídio. Ex: embriaguez ao volante. 
 
CRIME DE PERIGO ABSTRATO CRIME DE PERIGO CONCRETO 
O risco de lesão é absolutamente presumido por lei a) De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado, 
indicando pessoa certa em perigo; 
b) De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado, 
dispensando vítima determinada. 
 
 Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o 
perigo significa, em última análise, que o perigo não existe. 
 Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo 
abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado. 
 Ex: embriaguez ao voltante à STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o crime, 
bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato). 
 Ex: arma desmuniciada à para o STF, é crime de perigo abstrato. Visa proteger a segurança e a paz pública. 
 
2.3. Princípio da LEGALIDADE 
 Será visto na próxima aula. 
 
3º - Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 
 
3.1. Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
 
Convenção Americana de Direitos Humanos/Pacto São José da Costa Rica, art.8º, 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a 
que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em 
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
 
CF, art.5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
 
 A CF adota o princípio da presunção de inocência ou de não culpa? 
 Concurso da Defensoria Pública: trabalha com o princípio da presunção de inocência. 
 Demais concursos: trabalham com os princípios como sinônimos. 
 
 Desdobramentos do princípio da presunção de inocência: 
a) Qualquer restrição à liberdade do investigado/acusado somente é possível após a condenação definitiva, salvo a 
hipótese de prisão preventiva, quando imprescindível. 
 
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b) Cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu. 
c) A condenação deve resultar da certeza do julgador, isto é, consagra-se o in dubio pro reo. 
 
 
Aula 03 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
CF, art.5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
 
CF, art.5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
CP, Art. 1º - Não há crime (+ contravenção) sem lei anterior que o defina. Não há pena (+ medida de segurança) sem prévia 
cominação legal. 
 
 Quais documentos internacionais tratam do princípio da legalidade? 
 
a) Convênio para a proteção dos direitos humanos e liberdade fundamentais (Roma, 1950) 
b) Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) 
c) Estatuto de Roma (1982) 
 
1. Conceito: real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais. 
OBS: daí a sua inclusão na CF (art.5º) e nos tratados internacionais de direitos humanos. 
 
LEGALIDADE = RESERVA LEGAL (“não há crime sem lei”) + ANTERIORIDADE (“lei anterior”) 
 
2. Fundamentos do Principio da Legalidade 
2.1. Fundamento Político: vincula o Poder Executivo e o Judiciário a leis formuladas de forma abstrata. Impede o poder punitivo 
arbitrário. 
2.2. Fundamento Democrático: representa o respeito ao princípio da separação dos poderes (cumpre ao parlamento a missão 
de elaborar as leis). 
 
2.3. Fundamento Jurídico: lei prévia e clara produz importante efeito intimidador. 
 
3. Desdobramentos do Principio da Legalidade 
 
a) Não há crime ou pena sem LEI à L.O. ou L.C. 
 Principio da reserva legal: 
 - lei ordinária (regra) 
 - lei complementar 
 
 Medida provisória pode criar crime? Claro que não! Não sendo lei, mas ato executivo com força normativa, a MP não 
cria crime, nem comina penal. 
 É possível MP versando sobre direito penal não incriminador? Medida provisória pode extinguir a punibilidade? 
Lembrando: o art.62, §1º, I, “b”, CF proíbe MP versando sobre direito penal. 
 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
 
 A doutrina diverge: 
 1ª Corrente (prevalece entre os constitucionalistas): com o advento da EC 32/01, ficou claro que MP não pode versar 
sobre direito penal (incriminador ou não incriminador). 
 2ª Corrente (STF): a EC 32/02 reforça a proibição de MP sobre direito penal incriminador, permitindo matéria de Direito 
Penal não incriminador. Ex: o STF admitiu a MP não-incriminadora nº 417/2008, que impedia a tipificação de determinados 
comportamentos relacionados com a posse de arma de fogo. 
 
 
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 Resoluções de quaisquer espécies podem criar infrações penais e cominar penas? Ex: Resoluções do TSE, CNJ, CNMP, 
etc. Não sendo leis em sentido estrito, não podem criar crimes nem cominar penas. 
 CUIDADO! As menções a condutas criminosasindicadas nas Resoluções do TSE são meras consolidações de tipos penais 
previamente tipificados em lei. 
 
b) Não há crime ou pena sem lei ANTERIOR 
 - Princípio da anterioridade 
 - Proibição da retroatividade maléfica da lei penal (a retroatividade benéfica é garantia constitucional do cidadão) 
 
c) Não há crime ou pena sem lei ESCRITA 
 - Proibe-se o costume incriminador 
 Para que serve o costume no Direito Penal? Para a interpretação, aclarar texto/palavra/expressão (ex: no crime de 
furto, a expressão “repouso noturno”). É o costume interpretativo, secundum legem. 
 Costume pode revogar infração penal? OBS: no adultério foi revogado pelo princípio da intervenção mínima, e não pelo 
costume, afinal o adultério ainda é recriminado pela sociedade. Discute-se na contravenção do jogo do bicho. 
 
1ª Corrente (Defensoria Pública): admite-se o costume abolicionista ou revogador da lei nos casos em que a infração penal não 
mais contraria o interesse social, deixando de repercutir negativamente na sociedade. 
CONCLUSÃO: jogo do bicho não deve mais ser punido, pois a contravenção foi formal e materialmente revogada pelo costume. 
 
2ª Corrente: não é possível o costume abolicionista. Entretanto, quando o fato já não é mais indesejado pelo meio social, a lei 
não deve ser aplicada pelo magistrado. 
CONCLUSÃO: jogo do bicho, apesar de formalmente ser uma contravenção, não serve para punir o autor da conduta, pois 
materialmente revogada. 
 
3ª Corrente (prevalece): somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista. 
CONCLUSÃO: jogo do bicho permanece infração penal, servindo a lei para punir o contraventor enquanto não revogada por 
outra lei. 
 
ATENÇÃO! O STF indeferiu HC em que a Defensoria Pública requeria, com base no princípio da adequação social, a declaração da 
atipicidade da conduta imputada a condenado como incurso nas penas do art.184, §2º, CP. Sustentava-se que a referida 
conduta seria socialmente adequada, haja vista que a coletividade não recriminaria o vendedor de CDs e DVDs reproduzidos 
sem autorização do titular do direito autoral, mas, ao contrário, estimularia a sua prática em virtude dos altos preços desses 
produtos, insuscetíveis de serem adquiridos por grande parte da população. De acordo com o STF, o fato de a sociedade tolerar 
a prática do delito em questão não implicaria dizer que o comportamento do paciente poderia ser considerado lícito. Salientou-
se, ademais, que a violação de direito autoral e a comercialização de produtos “piratas” sempre fora objeto de fiscalização e 
repressão. 
 
 O STJ afastou essa tese, editando a Súmula 502: 
Súmula 502, STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art.184, §2º, CP, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
 
d) Não há crime ou pena sem lei ESTRITA 
 
 Proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador (a analogia in bonam partem é admitida). 
 Ex: art.155, §3º, CP abrange sinal de tv à cabo (§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico)? 
 1ª Corrente (Bittencourt): sinal de TV não é energia, pois não se gasta, não se consome. 
 2ª Corrente (Nucci): sinal de TV é espécie de energia, caracterizando crime. 
 3ª Corrente (STF): a 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 97.261, declarou a atipicidade da conduta do agente que 
subtrai sinal de TV à cabo, asseverando ser impossível analogia incriminadora com o crime de furto de energia elétrica. 
 
e) Não há crime ou pena sem lei CERTA 
 
 - Princípio da taxatividade (ou da determinação) 
 OBS: exige-se clareza dos tipos penais, que devem ser de fácil compreensão. 
CP, Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar (?), milícia particular (?), grupo ou 
esquadrão (?) com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: à cadê a clareza? 
 
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f) Não há crime ou pena sem lei NECESSÁRIA 
 Desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. 
 Orienta onde e como o Estado deve proibir, e onde o Estado deve deixar de proibir. 
 O princípio da legalidade é o vetor basilar do garantismo. 
 Garantismo é o mínimo poder punitivo do Estado em face das máximas garantias do cidadão. 
 
Legalidade FORMAL Legalidade MATERIAL 
Obediência ao devido processo legislativo Conteúdo do tipo deve respeitar direitos e garantias do 
cidadão 
Lei vigente Lei válida 
 
Ex: regime integral fechado para crimes hediondos à STF: esta obrigatoriedade viola o princípio da dignidade da pessoa 
humana, da individualização da pena, dentre outros. Trata-se, portanto, de lei vigente, mas não válida. 
 
DE OLHO NA JURIS! O regime inicial de pena nos crimes hediondos não precisa ser obrigatoriamente o fechado 
A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional mais gravoso, pois o juízo, em atenção 
aos princípios constitucionais da individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve 
motivar o regime imposto observando a singularidade do caso concreto. Assim, é inconstitucional a fixação de regime inicial 
fechado com base unicamente na hediondez do delito. STF. 1ª Turma. ARE 935967 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
15/03/2016. STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/05/2016. É inconstitucional a fixação ex lege, 
com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos 
parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal. STF. Plenário. ARE 1052700 RG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
02/11/2017. 
 
Regime inicial de pena no caso do crime de tortura 
O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 
8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial 
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura. Dessa forma, não é 
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no regime prisional fechado. STJ. 5ª Turma. HC 
383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 11/10/2016. Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de tortura 
deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso que se trata de 
uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão 
de praticidade do que de tese jurídica. Isso porque os demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas 
corpus, considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à tese do Relator. Não há 
fundamento que justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime inicial fechado para crimes hediondos) ter 
sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra semelhante para um crime equiparado a 
hediondo) não o ser. Em provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação do enunciado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 04 
 
LEI PENAL 
 
1. Classificação 
a) Lei penal COMPLETA: é aquela que dispensa complemento valorativo (dado pelo juiz) ou normativo (dado por outra norma). 
Ex: art.121, CP. 
 
b) Lei penal INCOMPLETA: é a norma que depende de complemento valorativo (tipo aberto) ou complemento normativo 
(norma penal em branco). 
 
TIPO ABERTO 
Conceito: espécie de lei penal incompleta, que depende de complemento dado pelo juiz, na análise do caso concreto. 
Ex: crimes culposos (são descritos em tipos abertos, pois o legislador não enuncia as formas de negligência, ficando a cargo do 
juiz na análisedo caso cocreto). 
 
ATENÇÃO! Para não ofender o princípio da legalidade, a redação típica deve trazer o mínimo de determinação. 
 
Excepcionalmente, como na receptação culposa (art.180, §3º, CP), o legislador descreveu a negligência (em sentido 
amplo), subtraindo do juiz, de forma legítima, a sua valoração no caso concreto. 
 
NORMA PENAL EM BRANCO 
 
Conceito: é espécie de lei penal incompleta que depende de complemento normativo, isto é, dado por outra norma. 
 
Espécies de norma penal em branco: 
 
a) Norma penal em branco própria/em sentido estrito/heterogênea: o complemento normativo não emana do legislador, mas 
sim de outra fonte normativa diversa. Ex: Portaria 344/98 da ANVISA, que define o que é “droga”. 
 
b) Norma penal em branco imprópria/em sentido amplo/homogênea: o complemento normativo emana do próprio legislador. 
 
Norma penal em branco imprópria 
HOMOVITELINA/HOMÓLOGA 
Norma penal em branco imprópria 
HETEROVITELINA/HETERÓLOGA 
Lei penal à Lei penal Lei penal à Lei extrapenal 
Ex: peculato (art.312, CP) à a expressão “funcionário 
público” é esclarecida no art.327, CP. 
Ex: ocultação de impedimento para casamento (art.237, CP) 
à a expressão “impedimento” está no CC/02. 
 
 O que é norma penal em branco ao revés? O complemento da norma penal em branco ao revés refere-se à sanção 
penal/preceito secundário (e não ao conteúdo proibitivo/preceito primário). Ex: art.1º da lei de genocídio. 
 
 A norma penal em branco própria/heterogênea é constitucional? 
 
 1ª Corrente: a norma penal em branco heterogênea impossibilita a discussão amadurecida da sociedade a respeito do 
complemento no Congresso Nacional, violando o fundamento democrático do princípio da legalidade e da separação das 
funções. 
 2ª Corrente (STF): a norma penal em branco heterogênea é constitucional. O legislador cria o tipo penal com todos os 
requisitos básicos. A remissão ao Executivo é absolutamente excepcional e necessária por razões de técnica legislativa. O 
Executivo só esclarece um requisito do tipo. 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Como decorrência do princípio da legalidade – que tem como um dos desdobramentos a anterioridade -, aplica-se, em 
regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum). Excepcionalmente, no entanto, será 
permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, desde que benéfica ao réu. É possível, pois, que a lei 
penal se movimente no tempo; fenômeno ao qual se dá o nome de extra-atividade da lei penal. 
 
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20 
 Extra-atividade da lei penal é gênero que possui duas espécies: 
a) ultra-atividade: a lei revogada continua sendo aplicada para os fatos praticados durante a sua vigência, pois a lei 
posterior revogadora é mais gravosa. 
b) retroatividade: a lei posterior revogadora alcança os fatos passados, pois mais benéfica do que a lei revogada. 
 
TEMPO DO CRIME 
 
 Quando, no tempo, um crime se considera praticado? 
1 – Teoria da ATIVIDADE: considera-se praticado o crime no momento da conduta. à Código Penal brasileiro! 
 
2 – Teoria do RESULTADO: considera-se praticado o crime no momento do resultado. 
 
3 – Teoria MISTA/UBIQUIDADE: considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. 
 
CP, art.4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
 
ATENÇÃO! Teorias aplicadas ao LUGAR DO CRIME e ao TEMPO DO CRIME à BIZU: LUTA 
• Lugar do Crime à Teoria da Ubiquidade 
• Tempo do Crime à Teoria da Atividade 
 
Observações: 
OBS1: Princípio da coincidência/congruência/simultaneidade: todos os elementos do crime (fato típico + ilicitude + 
culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta. 
 
OBS2: O tempo do crime, em regra, marca a lei que vai reger o caso concreto. 
 
SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO 
 
 A regra é a irretroatividade da lei penal, excetuada somente quando lei posterior for mais benéfica (retroatividade). 
 
Tempo da Conduta Lei Posterior (IR)RETROATIVIDADE 
Fato ATÍPICO Fato TÍPICO IRRETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Aumento de pena, por ex. IRRETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Supressão da figura criminosa RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Diminuição de pena, por ex. RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Migra o conteúdo criminoso para outro tipo penal Princípio da continuidade 
normativo-tipica 
 
DE OLHO NA JURIS! (Ir)retroatividade da norma que altera a natureza de ação penal 
A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. STJ. 6ª Turma. HC 182714-RJ, Rel. Min. 
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012. 
 
1 – SUCESSÃO DA LEI INCRIMINADORA (NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA) 
 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR)RETROATIVIDADE 
Fato ATÍPICO Fato TÍPICO IRRETROATIVIDADE 
 
CP, ART.1º. Não há crime (INFRAÇÃO PENAL) sem lei anterior que o defina. Não há pena (SANÇÃO PENAL) sem prévia cominação 
legal. 
 
Ex: Lei 12.550/2011 (cola eletrônica). Antes, segundo STF e STJ, a cola eletrônica era fato atípico. Depois, passou a estar prevista 
no art.311-A, CP à neocriminalização (a lei é irretroativa). 
 
2 – NOVATIO LEGIS IN PEJUS/ LEX GRAVIOR 
 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR)RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO (ultra-ativa) Aumento de pena IRRETROATIVIDADE 
 
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Ex: Lei 12.234/10. Antes, o prazo prescricional para crimes com pena inferior a 1 ano era de 2 anos. Depois, o prazo prescricional 
passou a ser de 3 anos. Desta forma, a lei anterior é ultra-ativa para os crimes praticados sob a sua vigência. 
 
OBS: Sucessão de lei mais grave no crime continuado e no crime permanente. 
Súmula 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência. 
 
CONCLUSÃO: Aplica-se a lei vigente no momento em que cessar a continuidade ou a permanência, ainda que mais gravosa. 
CUIDADO! Na prova para DP, pode-se sustentar que esta súmula só se aplica ao crime permanente, mas não ao continuado. 
 
 
3 – ABOLITIO CRIMINIS 
 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR)RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Supressão da figura criminosa RETROATIVIDADE 
 
 É a revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora. 
 Trata-se de desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. 
 Ex: adultério deixou de ser crime. 
 Natureza jurídica: 1ª Corrente: é causa extintiva da tipicidade (Flávio Monteiro de Barros) 
 2ª Corrente (CP): é causa extintiva da punibilidade (art.107, III, CP) 
 
CP, art.2º. Ninguém pode ser punido por fato* que a lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
* princípio da exteriorização do fato. 
 
Consequências da abolitio criminis: 
a) Faz cessar a execução penal à lei abolicionista não respeita coisa julgada. Mas e o art.5º, XXXVI, CF/88 que diz que a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada? O art.5º é uma garantia do cidadão contra o Estado, e 
não do Estado contra o indivíduo. 
 
b) Faz cessar os efeitos PENAIS da condenação à os efeitos extrapenais são mantidos. 
* REINCIDÊNCIA é efeito PENAL SECUNDÁRIO da condenação, que DESAPARECE com a abolitio criminis. 
* REPARAÇÃO DO DANO é efeito EXTRAPENAL genérico, preservado mesmo com a abolitio criminis. 
 
 
4 – NOVATIO LEGIS IN MELLIUS/LEX MITIOR 
 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR)RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Diminuição de pena RETROATIVIDADE 
 
Ex: Antes, a posse de droga para consumo pessoal era punida com detenção de 6 meses a 2 anos. Depois, com a Lei 11.343/06, 
não é mais punida com pena privativa de liberdade, mas sim restritivas de direitos. 
 
 Depois do trânsito em julgado, qual o juiz competente para aplicar a lei mais benéfica? 
 
Prova objetiva à Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação 
da lei mais benigna.Prova escrita à 1ª Corrente: juiz da execução (Súmula 611, STF) 
 2ª Corrente (LFG): depende do caso concreto. 
Se a lei nova for de aplicação meramente matemática, será o juiz da execução (ex: cria causa de diminuição no caso de 
o bem roubado ter valor inferior a 1 salário mínimo). 
Se a nova lei implicar em juízo de valor, deve ser ajuizada revisão criminal (ex: cria causa de diminuição no caso de 
haver pequeno prejuízo à vítima). 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
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 É possível aplicação da lei mais benéfica durante o seu período de vacati legis? 
 
 1ª Corrente (Alberto Silva Franco, Rogério Greco): Sim. O tempo de vacatio tem como finalidade promover o 
conhecimento da ei promulgada. Não faz sentido, portanto, que aqueles que já enteiraram do teor da lei nova fiquem 
impedidos de lhe prestar obediência. 
 
2ª Corrente (Damásio, Nucci, Frederico Marques): Não. No período de vacatio legis, a lei penal não possui eficácia 
jurídica ou social. 
 
 Para beneficiar o réu, admite-se a combinação de lei penais? 
 
 1ª Corrente (Hungria): não. O juiz, ao combinar leis, deixa de julgar e passa a legislar. 
 
2ª Corrente (Rogério Greco): sim. Se o juiz pode aplicar o todo de uma lei ou de outra para favorecer o sujeito, pode 
escolher parte de uma ou de outra para o mesmo fim. 
 O STJ sumulou entendimento vedando a combinação de leis! 
Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na 
íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
 
 Como proceder em caso de dúvida sobre qual a lei mais benéfica? Nelson Hungria sugere que a defesa seja consultada. 
Aliás, o STJ tem precedentes neste sentido. 
 
DE OLHO NA JURIS! Abolitio criminis promovida pela Lei 13.654/2018 no roubo 
O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação operada pela Lei nº 13.654/2018, 
que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. Diante disso, constata-se que houve abolitio criminis, devendo a Lei 
nº 13.654/2018 ser aplicada retroativamente para excluir a referida causa de aumento da pena imposta aos réus condenados 
por roubo majorado pelo emprego de arma branca. Trata-se da aplicação da novatio legis in mellius, prevista no art. 5º, 
XL da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018 (Info 626). STJ. 6ª 
Turma. AgRg no AREsp 1249427/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018. 
 
 
5 – PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA 
 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR)RETROATIVIDADE 
Fato TÍPICO Migra o conteúdo criminoso para outro 
tipo 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE 
NORMATIVO-TÍPICA 
 
 Este princípio também observa a irretroatividade da lei prejudicial e a retroatividade da lei mais benéfica. 
 Ex: antes da Lei 12.015/09, o estupro era previsto no art.213 e o atentado violento ao pudor era previsto no art.214. 
Depois desta lei, o art.214 foi revogado e seu conteúdo migrou para o art.213, CP. 
 
DE OLHO NA JURIS! O crime de estupro é tipo misto alternativo 
O estupro (art. 213 do CP), com redação da pela Lei 12.015/2009, é tipo penal misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo 
contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP. A 
Lei 12.015/2009, ao revogar o art. 214 do CP, não promoveu a descriminalização do atentado violento ao pudor (não houve 
abolitio criminis). Ocorreu, no caso, a continuidade normativo-típica, considerando que a nova Lei inseriu a mesma conduta no 
art. 213. Houve, então, apenas uma mudança no local onde o delito era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa 
conduta se trata de crime. É possível aplicar retroativamente a Lei 12.015/2009 para o agente que praticou estupro e atentado 
violento ao pudor, no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, e que havia sido condenado pelos dois crimes (arts. 213 
e 214) em concurso. Segundo entende o STJ, como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado violento ao 
pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de crime único na conduta do agente, caso as condutas 
tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático, devendo-se aplicar essa orientação aos delitos 
cometidos antes da vigência da Lei nº 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 05/08/2014. STJ. 6ª Turma. HC 212305/DF, Rel. 
Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE), julgado em 24/04/2014 (Info 543). 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 
 
 
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LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA à são ultra-ativas 
 
CP, Art.3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstancias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. 
 
* Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela instituída por um prazo determinado. Tem prefixado no seu texto 
o tempo de duração. 
 
* Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: editada em função de algum evento transitório. Perdura enquanto 
existir/persistir o estado de emergência que justificou a sua criação. 
 
Características das leis temporária e excepcional 
 
1 – Autorrevogabilidade (lei intermitente): consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo pré-fixado (lei temporária) 
ou cessada a situação de emergência (lei excepcional). 
 
2 – Ultra-atividade: pois são leis que alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que revogadas. ATENÇÃO! 
Trata-se de hipótese excepcional de ultra-atividade maléfica. Ex: Lei da Copa. OBS: a doutrina observa que, por serem de curta 
duração, se não tivessem a característica da ultra-atividade, perderiam sua força intimidativa. 
 CUIDADO! As leis temporária/excepcional não se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se houver lei expressa 
com esse fim. 
 
 
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL NO CASO DE NORMA PENAL EM BRANCO 
 
 1ª Corrente (Paulo José da Costa Jr.): a alteração do complemento da N.P.B deve sempre retroagir, desde que mais 
benéfica ao réu. 
 
 2ª Corrente (Frederico Marques): a alteração do complemento da N.P.B, mesmo que benéfica, é irretroativa. A norma 
principal não é revogada com a simples alteração de complementos. 
 
 3ª Corrente (Mirabete): só tem importância a variação do complemento da N.P.B quando esta provoca uma real 
modificação da figura abstrata do direito penal, e não quando importe a mera modificação de circunstancia que, na realidade, 
deixa subsistente a norma penal. 
 
 4ª Corrente (Zafaroni, STF): a alteração do complemento da N.P.B homogênea terá efeitos retroativos, se benéfica. 
Agora, quando se tratar de N.P.B heterogênea, a alteração mais benéfica só ocorre quando a legislação complementar não se 
reveste de excepcionalidade/situação emergencial (se excepcional, não retroage). 
 
 
LEI INTERMEDIÁRIA 
 
Lei A à pena: 1 a 4 anos Lei B à pena 6 meses a 2 anos Lei C à pena: 2 a 5 anos 
 
 CONCLUSÃO: a “Lei B” tem duplo efeito: 
• “Lei B” é retroativa aos fatos praticados durante a “Lei A”. 
• “Lei B” é ultra-ativa para impedir os efeitos da “Lei C” durante a vigência da “Lei B” 
 
Há que se falar em retroatividade da jurisprudência? 
- A CF se refere somente a retroatividade da lei, se benéfica. 
 - O CP também só disciplina a retroatividade da lei (e não jurisprudência). 
O entendimento que prevalece é o de que a extra-atividade só se refere à lei, não se estendendo à jurisprudência. 
 
ATENÇÃO! Concurso DP: Paulo Queiroz defende que deve ser proibida a retroatividade desfavorável da jurisprudência e 
aplicada a retroatividade benéfica, autorizando revisão criminal. 
 
CUIDADO! Não se pode negar a retroatividade da jurisprudência

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