Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ESTÔMAGO A parede do estômago é constituída por: mucosa, submucosa, muscular e serosa. Características morfológicas diferenciais entre os órgãos do sistema digestório. ESÔFAGO: EPITÉLIO (DA MUCOSA): estratificado pavimentoso GLÂNDULAS INTRAMURAIS: na camada submucosa e às vezes na lâmina própria MUSCULAR EXTERNA DO ÓRGÃO: músculo estriado esquelético e liso OUTRAS MUDANÇAS ANATÔMICAS: pregas longitudinais transitórias ESTÔMAGO: EPITÉLIO (DA MUCOSA): cilíndrico simples secretor GLÂNDULAS INTRAMURAIS: camada mucosa MUSCULAR EXTERNA DO ÓRGÃO: músculo liso (espessamento no esfíncter pilórico) OUTRAS MUDANÇAS ANATÔMICAS: Rugae (dobras de mucosa e submucosa) INTESTINO DELGADO: EPITÉLIO (DA MUCOSA): cilíndrico simples absortivo e secretor GLÂNDULAS INTRAMURAIS: camada mucosa e submucosa (essa última apenas no duodeno) MUSCULAR EXTERNA DO ÓRGÃO: músculo liso OUTRAS MUDANÇAS ANATÔMICAS: vilosidades (dobras de mucosa), Plicae circularis (dobra de mucosa e submucosa) INTESTINO GROSSO: EPITÉLIO (DA MUCOSA): cilíndrico simples absortivo e secretor GLÂNDULAS INTRAMURAIS: camada mucosa MUSCULAR EXTERNA DO ÓRGÃO: músculo liso (espessamento nas tênias do cólon) OUTRAS MUDANÇAS ANATÔMICAS: pregas transversais do reto, apêndices epiploicos, saculações, colunas anais O estômago é um órgão sacular em forma de J, com um volume de 1.200ml a 1.500ml e origina-se como uma dilatação do intestino anterior primitivo no embrião. É contínuo com o esôfago superiormente e com o duodeno inferiormente. Situado na parte superior do abdômen (epigastro – hipocôndrio esquerdo). O estômago é responsável pela digestão parcial dos alimentos e secreção de enzimas e hormônios (funções exócrinas e endócrinas). Sua principal função é transformar o bolo alimentar em uma massa viscosa (quimo) por meio da atividade muscular e química. A digestão química se deve a: Continuação da digestão de carboidratos iniciada na boca; Adição de fluido ácido (HCl) ao alimento ingerido; Digestão parcial de proteínas (ação da pepsina); Digestão parcial de triglicerídeos (lipase gástrica e lingual); Produção do fator intrínseco e hormônios. Possui duas convexidades (curvatura maior e curvatura menor). Todo o estômago é revestido por peritônio que desce da curvatura maior com o nome de omento maior. O interior do estômago foi dividido em 5 regiões em sentido súpero-inferior: CÁRDIA: é uma zona pequena, indistinta macroscopicamente, que se estende por uma curta distância a partir da junção gastroesofágica. FUNDO: é a parte superior em forma de cúpula, situada à esquerda do cárdia e que se estende acima de uma linha horizontal traçada através da junção gastroesofágica. CORPO: constitui dois terços do órgão e desce do fundo até a região mais inferior. ANTRO: é o terço distal do estômago que começa na incisura. É posicionado horizontalmente e estende-se do corpo ao esfíncter pilórico. 2 ESFÍNCTER PILÓRICO: é o segmento tubular mais distal do estômago, totalmente circundado pela camada muscular espessa que orienta a passagem do alimento para o duodeno. Ramos das artérias celíaca, hepática e esplênica são responsáveis pelo suprimento sanguíneo do estômago. As veias gástricas drenam diretamente para o sistema porta ou indiretamente, através das veias esplênica e mesentérica superior. Um rico plexo de canais linfáticos drena para os linfonodos gástricos e outros regionais. Ambos os nervos vagos são responsáveis pela inervação parassimpática do estômago, e o plexo celíaco é responsável pela inervação simpática. O aspecto histológico da mucosa gástrica varia de acordo com a região anatômica. A superfície tem um epitélio colunar, secretor de muco, que se estende até o interior de inúmeras fovéolas ou depressões. Estas representam os orifícios de milhões de glândulas tubulares ramificadas. Fovéolas ou fossetas gástricas (seta) LP= lâmina própria PAS = Muco Há três tipos de glândulas: As glândulas do cárdia - cárdia As glândulas oxínticas (parietais) – corpo e fundo As glândulas pilóricas – antro e piloro As glândulas gástricas contêm cinco tipos celulares: Células zimogênicas (principais) Células parietais (oxínticas) Células cervicais mucosas Células endócrinas (neuroendócrinas enteroendócrinas/enterocromafins) Células indiferenciadas 3 CÉLULAS ZIMOGÊNICAS (PRINCIPAIS): estão na porção inferior da glândula gástrica, são basofílicas, cheias de grânulos de zimogênio que contêm pepsinogênio (ricas em ribossomos – síntese protéica ativa). CÉLULAS PARIETAIS (OXÍNTICAS): estão na metade superior da glândula gástrica, são células eosinófilas que secretam ácido clorídrico (mitocôndrias – energia para o transporte iônico necessário para a secreção de ácido). Além do HCl: lipase, amilase e gelatinase. Além de serem fonte de ácido clorídrico as células parietais nos seres humanos são a fonte de fator intrínseco, necessário para a absorção de vitamina B12. CÉLULAS CERVICAIS MUCOSAS: estão interpostas entre as células parietais, no colo da glândula, são basófilas (mais ribossomas e grânulos de muco do que as superficiais, água, bicarbonato). CÉLULAS ENDÓCRINAS: estão dispersas nas glândulas gástricas entre as células e a membrana basal e contêm aminas biogênicas como a serotonina (corpo) e grelina, no antro e piloro gastrina (hormônios polipeptídicos) (ex.: gastrina-G produção de HCl, inibida pela somatostatina e colecistoquinina, outras produtoras de histamina- ECL, glucagon-A, polipeptídio intestinal vasoativo-VIP). CÉLULAS DAS GLÂNDULAS PILÓRICAS: possuem células semelhantes às cervicais mucosas e células endócrinas (células G) que secretam gastrina. CÉLULAS DAS GLÂNDULAS CÁRDICAS: são revestidas por células semelhantes às cervicais mucosas e as glândulas pilóricas, mas não possuem células G. CÉLULAS SUPERFICIAIS: que revestem a superfície e as fossetas – epitélio colunar simples e todas as células secretam muco alcalino (95% água, glicoproteínas e lipídios). Secretam também bicarbonato formando um gradiente de pH de 1,0 (lúmem) a 7,0 na superfície celular. Junções de oclusão servem como barreira. Vascularização da lâmina própria. Células zimogênicas ou pépticas ou principais (Pc) Células parietais (PI) Células endócrinas (E) Muscular da mucosa (M) Células secretora de gastrina (G) (célula enteroendócrina) Mais concentrada na base das glândulas Faz parte do sistema APUD (Amine precursor uptake descarboxilation), DNES, argentafins, enterocromafins 31 dias – desenvolvimento do intestino: origem endoderma 4 Gastrosquise (1 a 5 – 10.000) Onfalocele (2,5 – 10.000) DISTÚRBIOS CONGÊNITOS ESTENOSE PILÓRICA CONGÊNITA (aumento concêntrico do esfíncter pilórico 2-4/1000 e estreitamento do canal pilórico). Hérnia diafragmática congênita. Duplicações divertículos e cistos. Situs inversus, pâncreas ectópico, atresias parciais, membranas pilóricas e antrais. ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS GASTRITE HEMORRÁGICA (EROSIVA) AGUDA: caracteriza-se por necrose focal da mucosa em um estômago normal sob outros aspectos. A necrose acompanha-se de resposta inflamatória aguda e, com frequência hemorragia. PATOGENIA: a gastrite hemorrágica aguda associa-se com frequência à ingestão de AAS, outros anti-inflamatórios não- esteróides (PGI2 e PGE), excesso de álcool ou lesão isquêmica, qualquer doença grave que se acompanhe de alterações fisiológicas profundas, que exija intervenção clínica ou cirúrgica, torna a mucosa mais vulnerável à gastrite hemorrágica aguda devido à isquemia da mucosa. Esses agentes/mecanismos causam lesão direta da mucosa gástrica. ÚLCERAS E EROSÕES POR STRESS: conhecidas após queimaduras graves(úlceras de Curling), resultando em hemorragia grave ou perfuração. Às vezes são gástricas e duodenais. TRAUMATISMO DO SNC: acidental ou cirúrgico (úlcera de Cushing) é outra causa de úlceras gástricas de stress. Às vezes são esofágicas e duodenais também (descerebração – aumento do tônus vagal – aumento da secreção de ácido). O TRAUMATISMO GRAVE, em especial se acompanhado de choque, sépsis prolongada e incapacitação oriunda de muitas doenças crônicas debilitantes, também predispõe à gastrite hemorrágica aguda. ALTERAÇÕES MICROCIRCULATÓRIAS NO ESTÔMAGO induzidas no choque ou sepse sugerem que a lesão isquêmica contribua para o desenvolvimento da gastrite hemorrágica aguda. Como o conteúdo gástrico é altamente tóxico para qualquer tecido fora do trato gastrointestinal, os mecanismos protetores da mucosa gástrica parecem ser a importante defesa contra a lesão mucosa. É provável que a patogenia da gastrite aguda envolva o comprometimento de fatores locais de defesa: muco gástrico, prostaglandinas teciduais, renovação epitelial e pH intramural. PATOLOGIA: macroscopicamente petéquias disseminadas em qualquer parte do estômago, ou regiões de hemorragias confluentes na mucosa e submucosa. MICROSCOPICAMENTE: resposta inflamatória aguda com PMN, necrose da mucosa (erosões) às vezes estendendo-se à submucosa. A cicatrização completa- se em alguns dias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: variam desde desconforto abdominal vago até hemorragia intensa, com risco de vida, ou perfuração gástrica. Os pacientes com gastrite causada por AAS ou outros antiinflamatórios não-esteróides podem apresentar anemia hipocrômica, microcítica causada por hemorragia crônica não detectada. GASTRITE CRÔNICA: é um grupo de doenças inflamatórias crônicas do estômago, que variam de envolvimento superficial leve da mucosa gástrica à atrofia grave. Pelo menos 4 condições principais, definidas por suas etiologias e histopatologia, são classificadas como gastrite 5 crônica: gastrite atrófica autoimune, gastrite atrófica multifocal, gastrite por Helicobacter pylori e gastropatia química. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA GASTRITE CRÔNICA: o sintoma predominante é a dispepsia. Entretanto a gastrite crônica é tão comum e essas queixas sintomáticas tão inespecíficas, que qualquer associação com sintomas específicos é suspeita. Pode também ser assintomática e descoberta por rastreamento endoscópico. GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE: é uma doença inflamatória, crônica do estômago, restrita ao corpo e ao fundo e associada a fenômenos autoimunes. Tipicamente apresenta as seguintes características: Gastrite atrófica, no corpo e no fundo, sem comprometimento ou envolvimento mínimo do antro. Anticorpos contra células parietais e fator intrínseco. Redução significativa ou ausência de secreção gástrica inclusive de ácido. Aumento da gastrina sérica devido à hiperplasia de células G da mucosa do antro. Hiperplasia de células semelhantes às enterocromafins na mucosa oxínticas atrófica devido à estimulação pela gastrina. A anemia perniciosa é uma anemia megaloblástica causada por má absorção de vitamina B12, ocasionada por uma deficiência de fator intrínseco. Na grande maioria dos casos, a anemia perniciosa é uma complicação da gastrite autoimune. Essa também está associada a doenças autoimunes extragástricas (tireoidite crônica, doença de Graves, doença de Addison, vitiligo, diabetes tipo I e miastenia gravis). PATOGENIA: a gastrite autoimune é assim designada devido à presença de autoanticorpos e à associação com outras doenças com patologia semelhante. ANTICORPOS CITOTÓXICOS: dos anticorpos circulantes contra as células parietais (alguns deles citotóxicos) são encontrados em até 90% dos pacientes com anemia perniciosa. Os auto anticorpos contra as células parietais reagem com as subunidades da bomba de prótons (H+/ K+/ ATPase). Essa enzima que é a principal proteína dos canalículos secretores das células parietais, medeia a secreção de H+ na troca por K+. ANTICORPOS CONTRA O FATOR INTRÍNSECO: além da destruição imunológica das células parietais, o local da síntese de fator intrínseco nos seres humanos, dois outros tipos de anticorpos são comuns na anemia perniciosa. Cerca de 70% dos pacientes possuem um anticorpo contra o fator intrínseco, bloqueando sua combinação com a vitamina B12, evitando, assim, a formação do complexo que posteriormente é absorvido no íleo. Metade dos pacientes com esse tipo de anticorpo também possui um anticorpo que se liga ao complexo fator intrínsecovitamina B12 e interfere em sua absorção. OUTROS ANTICORPOS: metade dos pacientes com anemia perniciosa (megaloblástica) possui anticorpos circulantes contra o tecido tireóideo. Inversamente, 1/3 dos pacientes com tireoidite crônica possui auto-anticorpos gástricos. FATORES GENÉTICOS: a anemia perniciosa mostra uma tendência familiar. Dez a 15% dos parentes em primeiro grau de pacientes com anemia perniciosa demonstram gastrite atrófica grave, embora possam não apresentar anemia megaloblástica. Além disso quase todos apresentam acloridria, 2/3 possuem anticorpos contra as células parietais e 1/5 possui anticorpos contra o fator intrínseco. GASTRITE ATRÓFICA MULTIFOCAL (GASTRITE ATRÓFICA METAPLÁSICA AMBIENTAL): é uma doença de etiologia incerta que, de modo típico, envolve o antro e áreas adjacentes do corpo. Essa forma de gastrite crônica tem as seguintes características: É consideravelmente mais comum que a forma autoimune de gastrite atrófica, talvez 4 vezes mais frequente entre brancos que em outras raças. Não se associa a fenômenos autoimunes. De modo semelhante à gastrite autoimune, frequentemente se associa a redução da secreção de ácido (hipocloridria). Ausência completa da secreção de ácido (acloridria) e anemia perniciosa são raras. EPIDEMIOLOGIA E PATOGENIA: a distribuição etária e geográfica da gastrite atrófica ambiental é paralela à do carcinoma gástrico, e acredita-se que esse tipo de gastrite seja um precursor do câncer. 6 A doença é mais comum na Ásia, Escandinávia, parte da Europa e da América Latina. 90% dos japoneses com mais de 60 anos. Infecção por H. pylori e alimentação. PATOLOGIA: as características patológicas da gastrite atrófica autoimune e multifocal são semelhantes, exceto pela localização da forma autoimune no fundo e no corpo e a forma multifocal principalmente no antro. MACROSCOPICAMENTE: observa-se perda das pregas, mas pode ser difícil reconhecer a atrofia (histopatologia). MICROSCOPICAMENTE: GASTRITE SUPERFICIAL: linfócitos e plasmócitos, e algumas vezes neutrófilos na lâmina própria da mucosa do antro, ou no corpo, ou em ambos. O epitélio colunar normal torna-se mais cúbico e contém menos mucina. Embora não haja envolvimento das glândulas gástricas, há comprometimento da secreção de ácido e pepsina estimulada pela histamina. GASTRITE ATRÓFICA: como na gastrite superficial, caracteriza-se por inflamação crônica proeminente na lâmina própria. Entretanto, os linfócitos e os plasmócitos estendem-se nas partes mais profundas da mucosa. O envolvimento das glândulas gástricas provoca alterações degenerativas em suas células epiteliais, com redução visível do número de glândulas (atrofia). METAPLASIA INTESTINAL: é uma lesão comum e importante dos tipos autoimune e multifocal de gastrite atrófica. Nessa resposta da mucosa gástrica lesada, o epitélio normal é substituído por um conjunto de células do tipo intestinal (células caliciformes, enterócitos, células de Paneth, células endócrinas com disposição intestinal). As células metaplásicas além de morfologicamente semelhantes às células intestinais, contêm enzimas características do intestino (fosfatase alcalina, aminopeptidase) e as célulascaliciformes do epitélio metaplásico produzem as mucinas ácidas intestinais típicas. Atrofia de mucosa gástrica Metaplasia intestinal GASTRITE ATRÓFICA E CÂNCER: as pessoas com gastrite atrófica autoimune e multifocal possuem maior incidência de carcinoma gástrico. É difícil obter estatísticas confiáveis desta relação porque a gastrite atrófica é assintomática, e, em geral não chega ao exame médico. Os pacientes com anemia perniciosa, que invariavelmente possuem gastrite atrófica, apresentam um pequeno aumento do risco (3 vezes) de desenvolver adenocarcinoma gástrico e um risco 13 vezes maior de tumores carcinóides. A metaplasia intestinal do estômago é identificada como uma lesão pré-neoplásica por várias razões: Estômagos que tem câncer (maior incidência e intensidade de metaplasia intestinal). O câncer gástrico mostrou originar-se em áreas de epitélio metaplásico. Metade de todos os cânceres do estômago é do tipo células intestinais. Muitos casos de carcinoma do estômago mostram atividade da aminopeptidase semelhante à observada em áreas de metaplasia. Todos os graus de displasia epitelial foram observados no epitélio intestinal metaplásico e são considerados precursores do câncer gástrico. GASTRITE POR HELICOBACTER PYLORI: é uma doença inflamatória crônica do antro e do corpo gástricos, causada pelo H.pylori (bacilos gram negativos espiralados descobertos em 1983) e, ocasionalmente H. heilmanii. A infecção por H. pylori também está associada a úlcera péptica do estômago e duodeno. 7 PATOGENIA: As espécies de Helicobacter são bastões gram- negativos, curvos, pequenos (proteobacteria) que possuem flagelos polares e exibem movimento semelhante a de um saca- rolhas. Dois terços das pessoas infectadas por H. pylori apresentam evidências histopatológicas de gastrite crônica. As razões para se aceitar o H. pylori como patógeno responsável pela gastrite crônica do antro, e não como um comensal que coloniza a mucosa gástrica lesada, são as seguintes: Pessoas saudáveis desenvolvem gastrite após a ingestão do microrganismo H. Pylori fixa-se ao epitélio em áreas de gastrite crônica e não está presente em áreas sadias da mucosa A erradicação da infecção com bismuto ou antibióticos cura a gastrite Os anticorpos contra h. Pylori são encontrados rotineiramente em pessoas com gastrite crônica A prevalência de infecção por h. Pylori com o avanço da idade assemelha-se à da gastrite crônica PATOLOGIA: os bacilos curvos são encontrados no muco superficial das células epiteliais e nas fovéolas gástricas. A gastrite ativa apresenta leucócitos PMN no colo das glândulas e números aumentados de plasmócitos e linfócitos na lâmina própria. H. Pylori na superfície epitelial GASTROPATIA QUÍMICA: a gastropatia por refluxo refere-se à lesão gástrica crônica (gastropatia química) que resulta do refluxo do conteúdo duodenal alcalino, secreções pancreáticas e bile para o estômago. Os aspectos histopatológicos predominantes são hiperplasia foveolar, edema, vasodilatação e congestão, proliferação fibromuscular na lâmina própria e escassez de células inflamatórias. É comum após gastroduodenostomia ou gastrojejunostomia, uma forma mais leve é identificada em estômagos intactos de pacientes com úlcera péptica gástrica, dispepsia por cálculos biliares, distúrbios motores do estômago, uso de sondas e exposição prolongada a anti-inflamatórios não-esteróides. DOENÇA DE MENETRIER (GASTROPATIA HIPERSECRETORA HIPERPLÁSICA): é um distúrbio raro do estômago caracterizado por pregas aumentadas. Com frequência acompanha-se de uma grande perda de proteínas plasmáticas (incluindo albumina) pela mucosa gástrica alterada. A doença ocorre de duas formas: uma infantil (decorrente de infecção por citomegalovírus) e uma forma adulta, atribuída à expressão excessiva do fator de transformação do crescimento alfa (TNF-α). SISTEMA DE SYDNEY (WCOG 90) Tentativa de padronização para diagnóstico das Gastrites Correlação o Endoscopia / Histologia / Topografia / Etiologia Diferentes fases evolutivas Correlação com doenças associadas (úlceras, neoplasia, pólipos) 8 Reclassificação das Gastrites com foco na evidência do Hp e de outras causas bem determinadas de injúria mucosa sem inflamação UPDATED SYDNEY SYSTEM Consenso de 20 Patologistas – Houston Gastritis Workshop, 1994. Atualização Princípios levemente modificados Terminologia melhorada Ênfase à distinção Atrofia / Não Atrofia Nomenclaturas aceitas por patologistas e endoscopistas NEOPLASIAS BENIGNAS: epiteliais (pólipos – inflamatórios, hiperplásicos e adenomatosos com potencial maligno de 5% a 75%). Não epiteliais: lipomas, leiomiomas, fibromas… MALIGNAS: Adenocarcinoma → fatores relacionados: alimentares (nitrosaminas), genéticos, idade e sexo (predomínio 50 anos e sexo masculino), infecção pelo H. pylori, baixo nível socioeconômico. Pode ser polipóide, ulcerativo ou infiltrativo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: emagrecimento e anorexia, a maioria dos pacientes queixa-se de dor epigástrica ou de dor lombar, um sintoma que imita a úlcera gástrica benigna e, inicialmente, alivia com o uso de antiácidos ou antagonistas do receptor H2. Quando inicial o câncer gástrico é assintomático. 9 OUTROS TUMORES MALIGNOS: Não-epiteliais: sarcomas Metástases: para o estômago são raras, é comum o envolvimento do estômago em leucemias e linfomas. CA gástrico ulcerado DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA A “DUP” refere-se a aberturas na mucosa do estômago e do intestino delgado, principalmente no duodeno proximal, produzidas pela ação das secreções gástricas. Estima-se que as ulcerações pépticas acometem 10% da população nos países industrializados. Embora a ulceração péptica possa ocorrer em posição alta (esôfago de Barrett) e mais baixa (divertículo de Meckel com heterotopia gástrica), para fins práticos, a úlcera péptica afeta a porção distal do estômago e a porção proximal do duodeno. Muitas características clínicas distinguem as úlceras gástricas das duodenais, o fator comum entre elas é a secreção gástrica de ácido clorídrico. EPIDEMIOLOGIA: O perfil etário da úlcera péptica aumentou progressivamente nos últimos 50 anos. A incidência máxima de úlcera duodenal agora se dá entre 30 e 60 anos de idade, embora o distúrbio possa ocorrer em qualquer faixa etária, e mesmo em lactentes. As úlceras gástricas afetam mais as pessoas de meia-idade e idosas do que os jovens. A distribuição sexual das úlceras duodenais mostrou uma alteração surpreendente, de um acentuado predomínio feminino no século XIX para um predomínio masculino atualmente. Já a incidência das úlceras gástricas é semelhante em homens e mulheres. No meio urbano ocidental todos os grupos étnicos são suscetíveis. PATOGENIA: vários fatores etiológicos foram implicados na patogenia das úlceras pépticas, mas não parece haver um agente causal isolado como responsável. FATORES AMBIENTAIS: embora a sabedoria popular afirme que os alimentos condimentados e a cafeína são ulcerogênicos, há poucas evidências que confirmem que o consumo de qualquer alimento ou bebida, contribua para o desenvolvimento ou a persistência de úlceras pépticas. Embora altas concentrações de álcool possam resultar em gastrite hemorrágica e possam estimular a secreção de ácido, nenhum dado relaciona o consumo de álcool com úlceras gástricas ou duodenais. A cirrose, por qualquer causa está associada a maior incidência de úlceras pépticas. 10 Drogas tipo a aspirina e outros anti-inflamatórios não- esteroides e analgésicos são fatores importantes na gênese de úlceras duodenais egástricas. O tratamento prolongado com altas doses de corticosteroides aumenta um pouco o risco de úlcera péptica. O tabagismo é um fator de risco definido para úlceras duodenais e gástricas, particularmente as gástricas. Os mecanismos pelos quais o tabagismo predispõe a úlceras pépticas são controversos. FATORES GENÉTICOS: parentes em primeiro grau de pacientes com úlceras duodenais têm risco três vezes maior de desenvolver uma úlcera duodenal, mas não apresentam um aumento semelhante do risco de desenvolvimento de uma úlcera gástrica. Os antígenos do grupo sanguíneo: fornecem outras evidências do papel dos fatores genéticos. O risco de úlcera duodenal é cerca de 30% maior em pessoas com sangue tipo O do que naqueles com tipos A, B e AB. A quarta parte da população que não secreta antígenos do grupo sanguíneo na saliva e no suco gástrico está sob risco 50% maior de desenvolver úlcera duodenal. O pepsinogênio é secretado pelas células principais e mucosas e está presente no suco gástrico, no sangue e na urina. Os níveis séricos dessa pró-enzima estão relacionados com a capacidade gástrica de secreção de ácido e são considerados uma medida da massa de células parietais. Uma pessoa com um alto nível circulante de pepsinogênio I tem risco 5x maior do que o normal para desenvolver uma úlcera duodenal. FATORES PSICOLÓGICOS: o estresse tem sido relacionado com casos de úlcera péptica há pelo menos um século, e o estresse reprimido foi considerado particularmente ulcerogênico. O exame epidemiológico e experimental mais rigoroso já realizado, lançou sérias dúvidas a esse respeito e, atualmente muitos não levam em conta a relação entre estresse e úlceras. ÁCIDO CLORÍDRICO: a formação e a persistência de úlceras pépticas no estômago e no duodeno exigem a secreção gástrica de ácido. Todos os pacientes com úlceras duodenais e quase todos com úlceras gástricas secretam ácido. A produção experimental de úlceras em animais requer a produção de ácido. Há hipersecreção de ácido em muitos, mas não em todos os pacientes com úlceras duodenais. O tratamento cirúrgico ou clínico para a redução da produção de ácido resulta na cicatrização de úlceras pépticas. NOTA: a secreção gástrica de pepsina, que também pode ter um papel na produção de úlceras pépticas, é semelhante à de ácido clorídrico. FATORES FISIOLÓGICOS NAS ÚLCERAS DUODENAIS: a capacidade máxima de produção de ácido pelo estômago é um reflexo da massa total de células parietais. Tanto a massa de células parietais quanto a secreção de ácido estão aumentadas em até 2x nos pacientes com úlcera duodenal. O aumento das células parietais acompanha-se de um aumento comparável das células principais, uma situação compatível com o aumento da prevalência de hiperpepsinogenemia em pacientes com úlcera. A secreção gástrica de ácido estimulada pelo alimento tem sua magnitude e duração aumentadas em pacientes com úlcera duodenal. A secreção de ácido em pacientes com úlceras duodenais também pode ser mais sensível que o normal a secretagogos gástricos como a gastrina, possivelmente devido ao aumento do tônus vagal ou a uma afinidade maior das células parietais pela gastrina. É possível, ainda, que uma súbita secreção de ácido após uma refeição seja estimulada por aumento do tônus vagal. Observou-se aceleração do esvaziamento gástrico, um distúrbio que poderia provocar excessiva acidificação do duodeno em paciente com úlcera duodenal. Em geral a acidificação do bulbo duodenal inibe o esvaziamento gástrico. Relatou-se que, na maioria dos pacientes com úlcera duodenal esse mecanismo inibitório está ausente. O pH do bulbo duodenal reflete o equilíbrio entre a oferta de suco gástrico e sua neutralização por secreções biliares, pancreáticas e duodenais. A formação de úlcera duodenal requer um pH ácido no bulbo, isto é, um excesso de ácido em relação às secreções neutralizadoras. Em pacientes com úlcera, o pH duodenal após uma refeição diminui até um nível menor e permanece deprimido por um tempo maior do que em pessoas normais. Essa hiperacidez reflete os mecanismos gástricos, já o papel dos fatores neutralizadores, particularmente a secreção de bicarbonato pelo pâncreas (estimulada pela secretina), e a secreção de bicarbonato pela mucosa duodenal, é incerto. FATORES FISIOLÓGICOS NAS ÚLCERAS GÁSTRICAS: as úlceras gástricas quase que invariavelmente se originam na presença de 11 gastrite por H. pylori ou gastrite química que resulta em lesão do epitélio. Os mecanismos pelos quais a gastrite predispõe as úlceras gástricas é ainda obscuro. A maioria dos pacientes com úlceras gástricas secreta menos ácido que aqueles com úlceras duodenais e até menos que as pessoas normais. A causa da hipossecreção ácida e sua relação com a gastrite crônica é controversa. Os fatores implicados incluem: Difusão retrógrada de ácido para a mucosa; Diminuição da massa de células parietais; Anormalidades das próprias células parietais. NOTA: Uma minoria de pacientes com úlcera gástrica tem hiperssecreção de ácido, e nesses, as úlceras estão geralmente próximas do piloro e são consideradas variantes das úlceras duodenais. É interessante observar que a hipersecreção gástrica intensa que ocorre na síndrome de Zollinger-Ellison está associada a ulceração grave do duodeno e até mesmo do jejuno, mas raramente há úlceras no estômago. A ocorrência de úlceras gástricas com hipossecreção gástrica indica as seguintes possibilidades: A mucosa gástrica é, de alguma forma, sensível a baixas concentrações de ácido; Alguma outra substância, que não o ácido, lesa a mucosa, particularmente os anti-inflamatórios não-esteroides; A mucosa gástrica é exposta por um período muito longo a agentes que podem causar lesão. A barreira mucosa à ação do ácido, e talvez dos outros conteúdos gástricos, pode estar comprometida em alguns pacientes com úlceras gástricas, embora as evidências ainda não sejam conclusivas. O refluxo de bile e de secreções pancreáticas foi sugerido como causa de úlceras gástricas. O PAPEL DO H. PYLORI: o H. pylori tem sido isolado no antro gástrico em praticamente todos os pacientes com úlceras duodenais, mas o inverso não é verdadeiro. Assim, a infecção por H. pylori pode ser aceita como uma condição necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento de úlcera péptica do duodeno. Os mecanismos pelos quais a infecção por H. pylori predispõe a úlceras duodenais não são conhecidos. As citocinas produzidas pelas células inflamatórias que respondem à infecção por H. pylori estimulam a liberação de gastrina e suprimem a secreção de somatostatina. Os efeitos das citocinas, juntamente com a liberação de metabólitos da histamina do próprio organismo, podem estimular a secreção basal de ácido gástrico. Além disso as citocinas luminais do estômago podem penetrar no epitélio duodenal, causando sua lesão. Existem evidências que a infecção por H. pylori bloqueia sinais inibidores do antro tanto para as células produtoras de gastrina quanto para a região das células parietais, resultando em aumento da liberação de gastrina e comprometimento da inibição da secreção de ácido gástrico. Esse efeito do H. pylori poderia levar a um aumento da quantidade de ácido no duodeno, contribuindo assim para o desenvolvimento de úlceras duodenais. Devido à acidificação do bulbo duodenal, surgem ilhotas de mucosa gástrica metaplásica em muitos pacientes com úlceras pépticas duodenais. Algumas vezes, esse epitélio metaplásico está colonizado por H. pylori. A infecção por H. pylori também é importante na patogenia das úlceras gástricas, porque este microorganismo é responsável pela maioria dos casos de gastrite crônica subjacente a essa doença. Estima-se que 75% dos pacientes com úlcerasgástricas são portadores de H. pylori. Os 25% restantes podem representar uma associação com outros tipos de gastrite crônica. Possíveis mecanismos na patogenia da úlcera duodenal associada ao H. pylori: 12 DOENÇAS ASSOCIADAS: Cirrose (10x maior incidência de úlceras duodenais e mortalidade 5x maior); Insuficiência renal crônica incidência aumentada; Síndromes endócrinas hereditárias; Deficiência de α-1- antitripsina; Doença pulmonar crônica. PATOLOGIA: uma úlcera péptica pode ser considerada crônica quando não cicatriza facilmente e causa fibrose na base da úlcera, o que impede a restauração completa da submucosa normal e da muscular da mucosa. A maioria das úlceras pépticas tem origem na curvatura menor, nas regiões antral e pré-pilórica, e na primeira porção do duodeno. As úlceras gástricas geralmente são isoladas e medem menos de 2 cm de diâmetro, podendo atingir até 10 cm ou mais (pequena curvatura). As úlceras localizadas na pequena curvatura geralmente estão associadas com gastrite crônica, e as localizadas na grande curvatura estão associadas com o uso de AINE. Ao exame macroscópico pode ser extremamente difícil distinguir a úlcera péptica gástrica de um carcinoma gástrico ulcerativo. Ao examinar o estômago o endoscopista deverá colher múltiplas amostras de biópsia das bordas e do leito de qualquer úlcera. As úlceras duodenais estão comumente localizadas na parede anterior ou posterior da primeira porção do duodeno, geralmente solitárias. MICROSCOPICAMENTE, DA LUZ PARA FORA OBSERVAM-SE: Uma zona superficial de exsudato fibrinopurulento; Tecido necrótico; Tecido de granulação; Tecido fibrótico na base da úlcera com graus variados de inflamação crônica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: os sintomas das úlceras gástricas e duodenais são semelhantes; classicamente: dor epigástrica em queimação que surge 1 a 3 horas após a refeição ou que desperta o paciente à noite. Os sintomas são aliviados com álcalis ou com alimentos. Metade dos pacientes apresenta sintomas associados a doença da vesícula biliar como: intolerância a alimentos gordurosos, distensão abdominal e eructações. COMPLICAÇÕES: Hemorragia; Perfuração e penetração; Obstrução pilórica; 13 Desenvolvimento de úlceras combinadas; Transformação maligna de uma úlcera gástrica benigna (menos de 1%) não existe para as úlceras duodenais. Úlcera duodenal Úlcera gástrica
Compartilhar