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UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA ANA CAROLINA OLIVEIRA PISCICULTURA Transcrição da aula de Piscicultura CONSTRUÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS VILA VELHA 30/04/2020 Construção de Tanques e Viveiros Para piscicultura, temos os tanques e viveiros para criação de peixes. Podemos observar tanques do lado esquerdo, e viveiros do lado direito. Conseguimos observar algumas diferenças entre eles, como por exemplo: as divisórias. Os tanques são construídos, geralmente, de alvenaria. Os viveiros são naturais, são escavados no solo. Os tanques são reservatórios de pequenas dimensões, que podem ser de alvenaria, de concreto, de plástico, de fibra de vidro, de polietileno (é um plastico mais grosso). - Na imagem temos essas caixas pretas de polietileno, que é um plástico bem resistente. - Nessa foto temos um tanque de alvenaria azulejado. - Podemos ter também, caixa d'água onde são principalmente utilizadas em laboratórios. Todos esses reservatórios dão bom resultado quando utilizados em laboratório. Então, podemos ter uma pessoa piscicultura tanto com tanques, e/ou viveiros. O QUE É MELHOR? TANQUES OU VIVEIROS? Depende da topografia do terreno. Geralmente, observamos a topografia do terreno. Quando temos um terreno que é possível escavar e construir os viveiros, o produtor prefere construir os viveiros. Pois eles oferecem um ambiente mais natural para o peixe. Mas, quando a topografia do terreno da propriedade (o relevo, por exemplo) impede a construção de viveiros, o produtor acaba preferindo construir os tanques. Os tanques são mais caros, mas eles têm uma maior durabilidade. Os viveiros são mais baratos, porém ele precisa de uma constante manutenção. A medida que as paredes vão desmoronando (pois são feitas de terra), deve-se fazer uma raspagem do fundo jogando e jogar essa terra na parede de novo, para manter essa parede. Exemplos de tanques nas imagens ao lado. São tanques de alvenaria, com sistema de abastecimento de água vindo do barranco, e saindo do lado oposto (não é possível ver na imagem). Os viveiros, que são mais naturais, eles possuem fundo e paredes de terra. Às vezes, pela topografia do terreno, não é possível construir tanques (como nessa propriedade ao lado). Então, por exemplo, se quisermos construir um tanque lá no meio daquela estradinha no morro, primeiro teríamos que abrir uma parte do morro para deixar um pouco plano para construir, mas com o tempo ele poderia desmoronar, então nesse caso seria melhor construir tanques. ESCOLHA DO LOCAL Para a escolha do local, devemos levar em consideração: 1- ÁGUA E SOLO: Se tem água, por exemplo. Pois sem água não tem como criar o peixe. Precisamos verificar a qualidade dessa água Como é o solo dessa propriedade. Existem solos que ajudam a reter água e existem os que não ajudam a reter a água. Solos argilosos ajudam a assegurar água, mas, a água fica com muitas partículas de argila. O solo arenoso não ajuda a reter água. A água passa por ele direto. Então precisamos de um solo areno-argiloso, meio a meio. 2- PROXIMIDADE DE MERCADO e 3 – FACILIDADE DE ACESSO AO LOCAL O local onde esses peixes serão criados, precisam ser próximos ao mercado. Então não adianta montar uma piscicultura se por perto não tiver ninguém querendo comprar os peixes. Exemplo: Se o produtor escolheu criar alevinos, ou seja, ele vai vender os filhotes. Mas não tem ninguém perto na região querendo comprar alevinos. Acaba prejudicando a comercialização. Se o criador tem que entregar o peixe naquela semana, choveu e a estrada está horrível, ele não consegue entregar. Ele vai acabar tendo prejuízo. Se ele não tiver frigorifico ou freezer para armazenar o peixe, ele vai precisar continuar com aquele peixe na água, e então ele acaba ficando caro para esse criador, pois ele já chegou na idade de abate e terá que ser mantido na água. Tendo assim um consumo maior com ração. Esse local deve apresentar uma facilidade de acesso. 4- INFRA ESTRUTURA: O ideal é que seja escolhido um local, que tenha infraestrutura. O que seria uma infraestrutura? - Energia elétrica; - Um telefone; - Uma estrutura correta para armazenar a ração; 5- DADOS METEREOLÓGICOS: O criador precisa conhecer ao longo do ano quais são os meses mais quentes e quais são os meses mais frios. Quais são os meses com mais ou menos chuva. ➢ TOPOGRAFIA/RELEVO: A primeira coisa que vamos fazer quando formos construir um viveiro é observar onde está chegando mais à água. É preciso fazer um levantamento topográfico para saber qual é a parte mais alta e qual é a parte mais baixa da propriedade. É necessário fazer o abastecimento da água de preferência por gravidade, para não precisar ligar uma bomba elétrica. O local onde essa água será coletada deve ser mais alto do que os viveiros A água devem correr por gravidade naturalmente para os viveiros. Para que isso ocorra, o terreno deve ter uma declividade em torno de 2 a 5%. Ou seja, a cada a 100m é importante que tenha um declive de 2 a 5m, não é um terreno totalmente plano, é ideal que ele tenha ligeiramente uma queda para a água poder escorrer e abastecer por gravidade. Se o terreno for totalmente plano, é necessário que faça uma declividade com um trator nesse terreno para não precisar usar uma bomba elétrica. ➢ TIPO DE SOLO: O tipo ideal de solo é um solo argilo-arenoso. Com 60% de argila e 40% de areia, ou 60% de areia e 40% de argila, sendo areno-argiloso. Esses são solos bons pra piscicultura, retém bem a água. As características químicas do solo influenciam na composição química da água, porque o solo (principalmente nos viveiros) estão em contato com a água. Então, se esse solo, por exemplo, for ácido, então teremos uma água ácida. Precisamos fazer os mesmos procedimentos que fazemos na forragicultura, faremos uma calagem para corrigir o pH, vamos adubar para que esse viveiro tenha fitoplâncton. Precisamos conhecer o solo para saber se ele vai influenciar na água ou não. ➢ RECURSOS HIDRICOS: Água: qualidade e quantidade. A água pode vir: - Nascentes - De poço artesiano; - De rios e de riacho; Todos esses tipos de água podem estar abastecendo uma psicultura. O melhor seria a água da nascente e que essa nascente estivesse dentro de sua propriedade. Essa nascente estando dentro de sua propriedade, você tem a certeza que ela não está poluída. Por exemplo, pode ser que a nascente está na propriedade do seu vizinho, ela forma um córrego e passa pela sua propriedade, e aí você vai usar essa água. Mas vamos supor que o produtor vizinho usou um agrotóxico que poluiu a água de nascente, você terá uma água de péssima qualidade. A água de poço artesiano também pode ser usada, porém deve-se fazer uma análise química completa dessa água, para ver se essa água de poço não tem substância tóxica. A água de poço artesiano tem um baixo teor de oxigênio, então, geralmente, quem faz uso dessa água, tem um custo mais alto, porque vai ter que ligar a bomba tendo custo com energia elétrica. Geralmente, os produtores a deixam escorrer livremente num canal antes dela cair dentro dos viveiros, para que possa pegar oxigênio por difusão atmosférica. Essa água vem do lençol freático, quando a bomba é ligada, puxa de baixo e deixa a água cair dentro de um canal aberto escorrendo, para que ela possa pegar oxigénio até cair no viveiro. A água pode ser de rios e riachos também. A natureza do sistema de cultivo causa uma influência no oxigênio dissolvido, de amônia, de sólidos totais suspensos, ou seja, pode ser que o produtor tenha uma água de excelente qualidade e o manejo errado pode influenciar no teor de oxigênio. Em relaçãoa quantidade de água. É necessária uma quantidade suficiente para renovar 5% ao dia. Pois é perdido devido a evaporação e um pouco de infiltração. A infiltração geralmente ocorre quando o viveiro é novo. Quando o viveiro acabou de ser construído, aquele solo ainda não está totalmente encharcado, nos primeiros dias ocorre uma infiltração. A recomendação técnica é de que tenha 10l/s/ha (litros por segundo para cada hectare) de área de viveiro ou tanques. Então para cada 10mil m² de tanque ou viveiro, é necessário 10l/s/ha. Com relação aos aspectos quantitativos, para fazer um calcula da vazão é recomendado de 8-10l/s/ha. Q = VAZÃO Vazão é igual volume dividido pelo tempo. 1) MEDIÇÃO DIREITA: Volume de recipiente conhecido e contar quanto tempo esse recipiente demora pra encher. Então, por exemplo: O recipiente tem 1L – coloco na torneira e deixo encher - marco quanto tempo leva para encher. Na hora que encher, parar de marcar o tempo. Então você conhecera o tempo que ela demora para encher. Vamos supor que ela demorou 30s para encher, então a vazão é de 1L a cada 30 segundo. Nesta imagem temos um rio e nele foi feita uma barragem. Tem um cano atravessando essa barragem e um homem com um balde de um volume conhecido e vai deixar essa balde encher. Vamos supor que esse balde que ele está enchendo tenha 20 L. Então qual vai ser a vazão? vamos supor que levou 10 segundos para encher o balde. A fórmula vai ficar: Q=20/10 Q=2 Precisamos fazer essa conta 3 vezes para tirar a média do tempo que gastou. Nesse exemplo a média foi 10segundos. A vazão desse rio então é 2l/s. Então a cada segundo está passando 2l de água. Na piscicultura, sabemos que é necessário 8-10l para construir 1ha de viveiro. Com essa quantidade de água que vimos no exemplo não é possível construir um viveiro, pois faltará água. 2) PROCESSO DO FLUTUADOR: Nem sempre é possível fazer a medição da água diretamente. Temos situações como essa demonstrada na imagem: Um rio onde não conseguimos pegar toda a água com um balde, não foi feita uma barragem, toda a água está passando por um canal. Iremos fazer semelhante ao que fizemos na aula prática: - Colocamos uma pedra em uma parte do canal para demarcar o ponto A. - Pegamos uma fita métrica e medimos 10m e marcamos o ponto B. Então marcamos um trecho nesse canal de água de 10m. - 5m antes do ponto A soltamos um flutuador. Quando esse objeto flutuador passou pelo ponto A, marcamos o tempo que ele ia gastar até atingir o ponto B. Fizemos isso 3 vezes. Na primeira vez o objeto gastou 12s. Na segunda vez o objeto gastou 13s. E na terceira vez o objeto gastou 14s. Dessa forma conseguimos calcular a vazão quando não conseguimos coletar toda a água naquele momento e a medição direta não é possível. Mais utilizados em rios e córregos. Iremos utilizar essa fórmula: Marcamos o trecho de A - B de 10 e calculamos o tempo que esse objeto levou para percorrer, com isso conseguimos tirar a média do tempo e conseguiremos calcular a velocidade superficial desse objeto. VELOCIDADE SUPERFICIAL = DISTÂNCIA/TEMPO A distância =10m. Tempo = 12,13,14s – tiramos a média = 13s A velocidade superficial será = 0,769 Q=10/13 Q= 0,769 – arredondando 0,77 VS= 0,77m/s Só que a parede desse curso d’água influencia na velocidade desse objeto, então teremos 3 fatores de correção: 1- Para canais com paredes lisas utilizaremos o fator de correção entre 0,85 a 0,95 e multiplicar pelo VS encontrado. E então encontramos a velocidade média. Vm= (0,85 a 0,95). Vs 2- Para canais com parede pouco lisas utilizaremos 0,75 a 0,85). Vm= (0,75 a 0,95). Vs 3- Para canais com paredes irregulares: Vm = (0,65 a 0,75). Vs Primeiro calculamos o Vs pra depois descobrimos a Vm. Pois a Vm será influenciada pelo tipo de parede. O canal que vimos na aula prática era de alvenaria, então sua parede era lisa. Então iremos utilizar o fator de correção = 0,9, por exemplo. A água corre com uma velocidade bem melhor do que se a parede fosse pouco lisa ou irregular. Vamos multiplicar pela velocidade superficial e acharemos a velocidade média. Vm = 0,7m/s A área do canal é medida pela sua largura vezes altura, no caso de um retângulo, como vimos na aula prática. Nesse caso a altura considerada foi a largura vezes altura (profundidade). - Então, medimos a largura e profundidade no ponto A. - Medimos a largura e profundidade entre A e B. - E no ponto B medimos a largura do trecho e a profundidade do ponto B. DADOS: Iremos calcular a área do ponto A= Área do meio do A ao B = Área do ponto B = Colocar na fórmula: S = área de onde a água está passando Para medir a profundidade, pegamos um galho e mergulhamos ele na água. Medimos quantos cm ele afundou. Tenho a altura. Fizemos três vezes, no ponto A, entre A e B e no ponto B. Com esses dados, podemos calcular a área, multiplicando a largura e altura entre os três pontos.
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