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RESENHA CRÍTICA DOENÇAS CAUSADAS PELO AMIANTO

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Resenha Crítica de Caso 
ERICA MELO CORREA
Trabalho Da Disciplina Processo Civil Coletivo
 Tutor: Prof. Carlos Eduardo A M Miguel 
Porto Velho-RO 
2020
MINERAÇÃO SUL-AFRICANA E DOENÇAS RELACIONADAS AO AMIANTO OU ASBESTOS (A)
Referência: 
Caso Harvard sobre Mineração Sul- Africana e doenças relacionadas ao amianto ou asbestos(a), Harvard Bussines School. Acesso em: 20 de Maio de 2020.
INTRODUÇÃO: O artigo objeto da presente resenha crítica relata a história dos mineradores sul-africanos que foram explorados pela indústria do amianto, especialmente o amianto azul. A história iniciou-se sendo narrada por Audrey Van Schalwyk, que desde a sua infância foi explorada pelas grandes industrias de amianto, vez que ia acompanhar seus pais que laboravam nas minerações, e ao alcançar a idade adulta, cerca de 30 a 40 anos após começou a sentir sintomas de uma das doenças relacionadas ao amianto. Conta ainda, as dificuldades enfrentadas pelos sul-africanos para conseguir a reparação judicial pelos danos sofridos em razão das atividades nas industrias de amianto, e as diferenças comparado ao direito dos trabalhadores da Grã-Bretanha, que inclusive determinava que houvesse avaliação periódica do trabalhador.
RESUMO: Em meados de 1950, no continente Sul-Africano, a enfermeira senio Audrey Van Schalkwyk, no auge dos seus 12 (doze) anos, pela primeira vez acompanhou seus pais em um cenário de extração de amianto azul, e relata que por não ter com quem ficar, acabava tendo que acompanhar seus pais no labor, e desde cedo iniciou os trabalhos, já que seu pai lascava as pedras de amianto, e a mesma em conjunto com sua mãe quebrava e extraia as fibras, que em seguida era encaminhado todo o material para a fábrica.
De forma suscinta a enfermeira informou que laborou na mineração até 3 (três) anos antes de concluir os seus estudos em enfermagem, e que com o passar dos anos acabou contraindo asbestose, doença tida como incurável, desenvolvida devido ao contato com o amianto, o que prejudica os pulmões, podendo até levar o paciente a óbito.
Alem da enfermeira Audrey, toda a sua família também foi diagnosticada com a doença tida como asbestose, sendo que seu pai faleceu no ano de 1993, e no decorrer de anos, a enfermeira acompanhou o tratamento, oferecendo os cuidados aos pacientes que possuíam a mesma enfermidade, sendo que acompanhou centenas de morte, o que lhe deixou extremamente assustada com a situação causada pela indústria do amianto e todos os danos causados aos trabalhadores e moradores próximos.
A doença causada pelo amianto, se espalhou por aproximadamente 100 (cem) anos, em diversas cidades do Cabo Setentrional e Limpopo na África do sul, que também era conhecida naquela época por Província Setentrional.
Após todas as descobertas, por volta do ano de 1990, a maioria das industrias de minas instaladas naquela região já haviam sido fechadas, contudo, a substancia já havia se espalhado, e estava presente em todos os cenários daquela comunidade, em todo os lugares.
Apesar da dimensão dos prejuízos, muitas famílias ficaram sem as devidas reparações judicias, por inúmeros motivos, sendo que o principal, foi decorrente de que muitas das grandes empresas sequer ainda estavam em funcionamento naquela localidade, e ainda, por não haver provas de que laboraram nas minas, por não possuir qualquer vínculo trabalhista, ou seja, acabavam de certa forma sendo invisíveis aos olhos da justiça, vindo a falecer em decorrência de complicações em relação as doenças contraídas.
Foi constatado que o amianto causa grandes danos a saúde, e é substancia com enorme potencia cancerígena, podendo causar câncer no pulmão, cólon e esôfago, e as complicações se dão devido ao mesmo possuir fibras tão pequenas, que não são detectadas pela proteção respiratória, e que ao adentrar ao organismo, por não possuir capacidade de degradação dentro do corpo humano, finda por causar problemas, justamente por ficar presa aos pulmões e tecidos do corpo.
Em rol taxativo, as doenças causadas a exposição, inalação e ingestão do amianto são: câncer de pulmão, asbestose, efusão pleural e mesotelioma, sendo que as mesmas não possuem cura.
A extração do amianto se deu devido o material possuir grande flexibilidade, resistências química, térmica, elétrica e à tracção muito elevadas, começou no Cabo Setentrional e em Limpopo, se expandindo posteriormente a Mpumalanga no ano de 1880.
Em 1950, segundo o artigo, 97% do amianto azul do mundo era produzido no continente Sul-Africano, sendo esta a variedade mais letal da família do referido minério, vez que basta apenas uma pequena quantidade do material para ser fatal a um humano.
Houve uma expansão do minério do amianto em período posterior a 2ª guerra mundial, sendo que naquele período chegou a aproximadamente 15 mil funcionários no ano de 1976.
Foi alastrada a poeira do amianto nas cidades de Kuruman, Pomfret, Koengas e Prieska, cidades esta centro da indústria do amianto azul.
A Extração e trituração de amianto na Cidade de Preska somente foi finalizada no ano de 1960, quando Kuruman veio a se tornar a principal produtora de amianto naquele continente.
Considerando que a maioria dos trabalhadores das minerações eram negros, com o apartheid findou piorando a situação de trabalho nas minas, que contavam também com o apoio de imigrantes que viviam em situação desumana, pois não eram fornecidos aos trabalhadores estrutura de trabalho, nem comida e moradia.
Notável era a deficiência de vitaminas, e os trabalhadores eram ainda forçados a comprar mantimentos nas lojas das próprias mineradoras, que revendiam aos trabalhadores em preços abusivos, e a todo momento eram enganados pelos gerentes de mineração que contabilizavam o preço de forma diferente, sempre à menor do que realmente eram levados pelos trabalhadores.
Somente no ano de 1987, que a condição de trabalho nas minas melhorou, quando sindicatos negros se tornaram legítimos, houve enorme diferença nas condições de trabalho nas minas geridas pelas mesmas empresas do continente africano e em outros países não africanos, de modo que, fez com que fossem fechadas minas que estavam em funcionamento desde 1970, tendo como a principal causa a queda do preço do minério, e ressalta que não houve qualquer restauração do meio ambiente degradado pela atividade de mineração de amianto.
CONCLUSÃO: A indústria mineradora tinha conhecimento desde o ano de 1930, que a exposição ao amianto causava sérios riscos à saúde, contudo, se manteve inerte, continuando suas atividades e expondo toda a população próxima a mineradora, de modo que se conclui que a indústria em geral, bem como, a Cape tirou proveito da ausência de previsão legal trabalhista à época, da mão de obra barata e expos trabalhadores e a comunidade a uma exposição 30 (trinta) vezes maior do que o limite legal.
Os pesquisadores relataram que mesmo as pessoas que não haviam morado nas áreas de Prieska, Koegas, Kuruman e Penge, mesmo não tendo sofrido exposição industrial e inalação do amianto, estavam também propensas a contrair as enfermidades causadas pela ingestão e inalação de amianto, que haviam vários casos de populares que haviam contraído mesoteliona no norte do cabo ocidental, que não eram de natureza industrial.
Foi recomendado pelo funcionário do governo responsável pela pesquisa, o Dr. L. G. Walters, que o controle da poeira de amianto deveria ser controlada, com o descarte do referido minérioo, a fim de ser eficaz a proteção a saúde.
A atividade de mineração do amianto seguiu por 15 (quinze) longos anos, e os últimos a saberem dos resultados obtidos com as pesquisas financiadas pelas principais mineradoras, foram os mineradores, principalmente os rurais, que acabavam tendo contato direto com o minério.
Somente em 1994, a Africa do Sul elaborou uma Constituição com a finalidade de garantir os direitos fundamentais dos trabalhadores, porem, não era eficaz, devido a falta derecursos e acesso a justiça, havia impedimento de indenização a funcionários que sofressem por doença ocupacional, e o tribunal ainda era bastante conservador no tocante ao reconhecimento de dos danos e a respectiva indenização por todos os prejuízos materiais e morais, sendo que tanto Audrey Van Schalkwykl e todos aqueles que sofreram fortes consequencias em razão da exposição ao amianto lutam até hoje para resguardar a saúde e os prejuízos sofridos.
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