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realismo o cortiço

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Universidade de Brasília 
Instituto de Letras – Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Professora Dra. Deane Maria Fonseca 
Aluna: Amanda Clemente – 160023190
Resumo da obra O Cortiço de Aluísio de Azevedo 
O Cortiço, obra de Aluísio de Azevedo publicada em 1890 traz o que seria uma retratação do contexto histórico e cultural do Brasil no final do século XIX. A história se passa no Rio de Janeiro e apresenta parte da vida de personagens diversos que compõem a submoradia coletiva provinda de um processo de urbanização desorganizada, denominada nesse caso como cortiço.
O primeiro personagem a ser levado em consideração é João Romão, um português que tinha acabado de receber um pequeno comércio como pagamento e enxerga esse ato como sua grande oportunidade de atingir as próprias ambições. Com total ausência de escrúpulos e moralidade, Romão se aproxima de outra personalidade importante para construção do enredo: Bertoleza, escrava que almejava sua liberdade mais do que qualquer outra coisa e guardava algumas economias para comprar, então, sua carta de alforria. O trabalho árduo de João Romão e as suas jogadas espertas, que incluem a exploração de Bertoleza, possibilitaram a compra de terras ao redor de sua venda, onde se começaram várias construções e, a partir dali, a formação de um grande cortiço. 
Faces trabalhadoras e retratos de miséria começaram a compor o espaço. Partindo daí, o cortiço foi criando pouco a pouco uma identidade própria, pessoas submetidas a uma mesma realidade, o comportamento humano condicionado ao meio em que se vive. 
Antônio Cândido traz em sua crítica “De cortiço a cortiço” o cortiço como uma alegoria, uma retratação do Brasil da época, enfatizando as raças miscigenadas e a disparidade entre elas. O estrangeiro capitalista e explorador e o impacto que essa composição tem enquanto cortiço compondo um personagem, que influencia o seu espaço e as pessoas que o coabitam. 
Os personagens aparecem no cortiço como representações também, em que João Romão e sua busca incessante por dinheiro, poder e status representam o capitalismo selvagem. Jerônimo, que chegou inserido dentro de padrões morais portugueses, vai se corrompendo durante o enredo por conta de sua grande paixão por Rita Baiana e vai se entregando à “natureza brasileira”, que no livro é retratada por uma verdadeira degeneração. Bertoleza, condicionada pela escravidão que a época lhe submeteu, é caracterizada pela ingenuidade que a fez apostar sua chance de liberdade nas mãos do homem branco que se aproveita e a engana em cima das esperanças que lhe restam. Miranda por sua vez, vem ilustrando os privilégios da burguesia, porque mesmo que João Romão estivesse na mesma condição de homem europeu branco dele, o burguês obteve vantagens em relação a Romão por conta da condição socioeconômica a que eles estavam subordinados. Essas e outras personalidades que compõem a história enfatizam o determinismo presente na obra, que apresentou o cortiço como meio condicionante e deu um fim trágico aos seus personagens, que estavam destinados as suas próprias desgraças por conta do ambiente inóspito que habitavam, destacando o caminho que levou a infeliz morte de Bertoleza, que após se ver enganada, roubada, trocada e desgraçada pelo egoísmo de Romão, prefere morrer a voltar para a escravidão que, na verdade, sempre havia feito parte de sua vida.
A obra de Azevedo passeia pelo determinismo, por denúncias político-sociais e outras características do naturalismo como a ausência da análise psicológica dos personagens, entretanto as alegorias utilizadas ao decorrer da história trazem também o realismo para o seu trabalho, esse que surge exatamente para retratar e analisar os valores impostos pela burguesia da época, trazendo a tona críticas que se tornariam futuramente um tipo de voz para as classes sociais compostas pelas minorias desprivilegiadas. 
Referências Bibliográficas:
Referências bibliográficas: 
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 22ª ed. Ática. São Paulo. 1990.
CÂNDIDO, Antônio. De cortiço a cortiço. Novos Estudos CEBRAP, nº 30 de julho, pp 111-129. 1991.

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