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EFEITOS DOS RECURSOS PROFESSOR RICARDO DA SILVEIRA E SILVA • EFEITOS • São as consequências que o processo sofre com a sua interposição. • Não decorrem da vontade das partes ou do juiz, mas de determinação legal. • É a lei que estabelece quais os efeitos de que um recurso é dotado. • Constituem matéria de ordem pública, não sujeita a preclusão. O julgador que tenha, por equívoco, atribuído a determinado recurso efeitos de que ele seja desprovido deverá voltar atrás, afastando-os. • EFEITO OBSTATIVO • A interposição de qualquer recurso adia a formação da coisa julgada • O recurso impede ou obsta, tratando-se de provimento acerca do mérito, o nascimento da eficácia de coisa julgada (art. 502) • O processo se prolongará até o julgamento do recurso. • OBS: apenas o recurso admissível, ou seja, o que preencheu o conjunto das condições de admissibilidade, inibe a formação da coisa julgada. • O trânsito em julgado do pronunciamento sujeito a recurso inadmissível ocorrerá na data em que se verificou a causa da admissibilidade, em regra no momento da interposição • Qualquer decisão passa em julgado desde que não haja (ou já não haja) recurso admissível; logo, a interposição de recurso inadmissível não é empecilho à coisa julgada. • EFEITO DEVOLUTIVO • Consiste na aptidão que todo recurso tem de devolver ao conhecimento do órgão “ad quem” o conhecimento da matéria impugnada. • Todo recurso exibe efeito devolutivo • A formação do mérito do próprio processo, submetido à iniciativa das partes (art. 141), a do mérito do recurso, e, conseguintemente, a devolução nele operada, baseia-se no princípio dispositivo ou, mais propriamente, no princípio da demanda. • O destinatário do recurso “só poderá julgar o que o recorrente tiver requerido nas razões do recurso, encerradas com o pedido de nova decisão”. • A devolução transfere ao tribunal o objeto da cognição do primeiro grau • Nem toda a construção do primeiro grau, necessariamente, submete-se ao crivo do tribunal. • O segundo grau como instância revisora, e não renovação do procedimento de primeiro grau • Definição: remessa ao conhecimento do mesmo ou de outro órgão judiciário da matéria julgada e impugnada • O órgão ad quem deverá observar os limites do recurso, conhecendo apenas aquilo que foi contestado. • Se o recurso é parcial, o tribunal não pode, por força do efeito devolutivo, ir além daquilo que é objeto da pretensão recursal. • Ele é consequência da inércia do Judiciário: não lhe cabe reapreciar aquilo que, não tendo sido impugnado, presume-se aceito pelo interessado. • Também no que concerne aos recursos, o Judiciário só age mediante provocação, limitando-se a examinar o objeto do recurso • Extensão do efeito devolutivo • Aquele que vai a juízo formula pretensões e expõe os fundamentos pelos quais pretende que elas sejam acolhidas. • O juiz, nas decisões que profere, examina-as, acolhendo-as ou rejeitando-as. • A parte a quem a decisão prejudicar pode recorrer. Ao fazê-lo, indicará qual das pretensões rejeitadas pelo juiz pretende que seja reexaminada. • A parte sucumbente pode ficar inconformada com a rejeição de todas as suas pretensões, ou de apenas algumas delas. • Se o recurso for parcial, a tribunal só reexaminará a parte recorrida. • O recurso devolve ao conhecimento do tribunal tão somente a reapreciação daquilo que foi impugnado. • CPC Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. • EFEITO SUSPENSIVO • Efeito suspensivo impede a produção dos efeitos próprios do provimento. • O comando contido na decisão atacada não será cumprido, até o julgamento do recurso. • A apelação é o único recurso dotado, como regra, desse efeito, embora a lei permita que o relator, preenchidos determinados requisitos, atribua efeito suspensivo a outros recursos, que normalmente não são dele dotados. • Tem, por fundamento, o princípio da segurança. • Ponto de equilíbrio entre dois interesses legítimos: de um lado, o do vencedor, ansioso por ver realizado, na prática, o direito já reconhecido; de outro, o do vencido em impedir que ato decisório injusto produza efeitos irreversíveis. • CPC Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. • Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. • Recursos dotados de efeito suspensivo • É preciso distinguir duas categorias de recursos, em relação ao efeito suspensivo: a daqueles que, em regra, são dotados desse efeito, salvo expressa previsão legal; e o daqueles que não o são, mas aos quais ele poderá ser atribuído, excepcionalmente. • A apelação é a única que se enquadra entre os primeiros. A regra é que tenha o efeito, mas há exceções, previstas no art. 1.012 do CPC e em leis especiais. • CPC Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. • § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: • I - homologa divisão ou demarcação de terras; • II - condena a pagar alimentos; • III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; • IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; • V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; • VI - decreta a interdição. • Os demais recursos se enquadram na segunda categoria. • O agravo de instrumento, em regra, não tem efeito suspensivo, mas é possível ao agravante postulá-lo ao relator, conforme o art. 1.019, I, do CPC. • Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo, mas a eficácia da decisão também poderá ser suspensa, na hipótese do art. 1.026, § 1º. • O recurso ordinário, o especial, o extraordinário e os embargos de divergência não são dotados de efeito suspensivo, mas o recorrente poderá requerê-lo, na forma do art. 1.029, § 5º, do CPC. • Os arts. 1.012, § 3º, 1.019, I, 1.026, § 1º, e 1.029, § 5º, do CPC concedem ao relator o poder de atribuir ao recurso efeito suspensivo, nos casos em que ele não o tenha, em numerosas hipóteses, que podem ser resumidas pela fórmula “sempre que houver risco de lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação”. • Tal providência depende de requerimento do recorrente, não sendo possível que o relator a conceda de ofício. Da decisão monocrática do relator a respeito, caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, nos termos do art. 1.021, caput, do CPC. • EFEITO SUBSTITUTIVO • Todo ato decisório ainda passível de recurso é ato condicional. Submete-se, realmente, à condição de que não sobrevenha pronunciamento ulterior sobre o respectivo conteúdo • Dependendo da existência, ou não, de efeito suspensivo no recurso porventura cabível, o evento futuro e incerto (julgamento) assumirá o papel de condição suspensiva ou resolutiva (do desfecho). • A condição se implementa quando o pronunciamento se torna imune a impugnações. (trânsito em julgado) • HIPÓTESES: • A) quando nenhum recurso cabe contra o pronunciamento, ou • B) o recurso interposto é inadmissível, seja por motivo originário (v.g., a intempestividade), seja por razão superveniente (v.g., a desistência). • Vencida a árdua barreira da admissibilidade pelo recurso e ocorrendo o respectivo julgamento desaparece a possibilidade de verificar-se a condição mencionada. • Ao contrário, opera-se a substituição do ato impugnado pelo “julgamento” emanado do órgão ad quem. • Acórdão no lugar da sentença, p. ex. • CPC Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. • DEFINIÇÃO: força do julgamento de qualquer recurso de substituir, para todos os efeitos, a decisão recorrida, nos limitesda impugnação • Trata-se de um derivativo do efeito devolutivo. • A última decisão, portanto, i.e., a do recurso, é que prevalecerá. • ESPÉCIES: TOTAL OU PARCIAL (capítulos impugnados) • PROVIMENTO PARCIAL – a decisão inferior se vê substituída em parte por outra de igual conteúdo e em parte por outra de conteúdo diferente • Os julgamentos sucessivos hão de se somar, formando estrutura complexa, em que cada um deles representará parcela do todo. • Objeto da substituição - o julgamento, no mérito, dos recursos arrolados no art. 994 • Substituições sucessivas. A sentença que acolheu o pedido foi reformada pelo tribunal e o acórdão, por sua vez, reformado por força do provimento de recurso especial. • Em tal situação, costuma-se dizer que o último acórdão “restaurou” a sentença, “mas tal linguagem é atécnica: a decisão anteriormente substituída não ressuscita com a reforma da que a reformara • Para que a substituição ocorra, todavia, hão de ser observados alguns requisitos: • O recurso deverá ter sido conhecido e julgado pelo mérito; se o caso for de não admissão do recurso, por questão preliminar, ou se o julgamento for de anulação do julgado recorrido, não haverá como o decidido no recurso substituir a decisão originária; • Deverá o novo julgamento compreender todo o tema que foi objeto da decisão recorrida; se a impugnação tiver sido parcial, a substituição operará nos limites da devolução apenas. • PETIÇÃO INICIAL – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA • SENTENÇA REVOGA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA • ACÓRDÃO ANULA SENTENÇA • COMO FICA A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA? • EFEITO TRANSLATIVO • Por força do efeito devolutivo, em regra o recurso transfere o conhecimento da causa para o juízo recursal nos limites da impugnação formulada pelo recorrente, uma vez que se admite o ataque à decisão “no todo ou em parte” (CPC, art. 1.002), e que o julgamento do tribunal deva substituir a decisão impugnada “no que tiver sido objeto do recurso” (CPC, art. 1.008) • O recurso, como desdobramento do direito de ação, rege-se pelo princípio dispositivo. • Cabe à parte definir o objeto da impugnação, limitando a devolução de conhecimento da causa ao tribunal àquilo que o recorrente lhe haja transferido por meio do efeito devolutivo. • Contudo, da transferência compreendida nos termos do recurso, existem matérias de que o tribunal ad quem poderá conhecer, independentemente da devolução operada pela vontade impugnante do recorrente • Questões de ordem pública, como aquelas ligadas às condições da ação e aos pressupostos processuais, e outras que, por força de lei, os tribunais têm de apreciar e resolver ex officio, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição. • Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: • (...) • IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; • V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; • VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; • (...) • IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e • § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. • A afetação de tais temas à cognição do tribunal ad quem recebe da doutrina a denominação de efeito translativo do recurso, para diferenciar do efeito devolutivo provocado pela vontade do recorrente. • Enquanto o efeito devolutivo emana do princípio dispositivo (que impera enquanto se acha em jogo interesses disponíveis da parte), o efeito translativo (que de certa forma conecta-se com o efeito devolutivo) é uma decorrência direta do princípio inquisitivo, que atua no direito processual nos domínios do interesse coletivo, ultrapassando a esfera dos interesses individuais em conflito no processo. • Essa eficácia recursal, que é comum a todos os recursos, inclusive o extraordinário e o especial, faz que, uma vez conhecido o recurso, o tribunal superior, constatando a ausência de algum pressuposto processual, de alguma condição da ação, possa apreciá-la de ofício. • O efeito translativo nada tem a ver com o poder da parte de definir o objeto da impugnação recursal • EFEITO EXPANSIVO • Variação do efeito devolutivo • Duas dimensões para a expansão do efeito recursal: • (i) uma no plano horizontal, que permite a abordagem pelo tribunal ad quem de questões novas, como as de ordem pública e os pedidos que não chegaram a ser enfrentados pelo julgado recorrido (art. 1.013, § 2º); e, • (ii) outra no plano vertical, que atinge as questões precedentes levantadas no processo e que interferem, ou deveriam interferir, em caráter prejudicial, na decisão recorrida (art. 1.013, § 1º). 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