Buscar

aula 7 TEORIA GERAL DOS RECURSOS E APELAÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

AULA 7 – Princípios e Teoria Geral dos Recursos. Recurso adesivo. Apelação
Situação Problema: Maria Colombina Silva pleiteou em Ação de ressarcimento por danos morais o equivalente a 10 salários-mínimos nacionais, além de danos materiais de seis salários, e lucros cessantes devido a um acidente de carros. A autora é motorista de aplicativos.
Na sentença o magistrado, concedeu Danos materiais de seis salários, em função das comprovações juntadas e mais danos morais de dez mil, porém não deu os lucros cessantes por entender não serem cabíveis, apesar de o autor ter ficado impedido de trabalhar em função do dano. Intimados do resultado, o autor se dá por satisfeito, mas o requerido propõe Apelação, rebatendo a condenação em todos os seus termos. Maria, aborrecida, pretende responder ao recurso. Nesse caso:
a) O pedido, que não consta na Apelação significa um problema sem solução para Maria?
b) Se for possível resgatar o pedido não mencionado como ficará com a parte contraria?
1. CONCEITO DE RECURSO
Recursos são os remédios processuais de que se podem valer as partes, o Ministério Público e eventuais terceiros prejudicados para submeter uma decisão judicial a nova apreciação, em regra, por um órgão diferente daquele que a proferiu. 
Recursos têm por finalidade modificar, invalidar, esclarecer ou complementar a decisão.
2. CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS
2.1. Interposição na mesma relação processual: recursos não criam um novo processo. Eles são interpostos na mesma relação processual e têm o condão de prolongá-la. 
2.2. A aptidão para retardar ou impedir a preclusão ou a coisa julgada: enquanto há recurso pendente, a decisão impugnada não se terá tornado definitiva. Não havendo recurso com efeito suspensivo, a decisão produzirá efeitos desde logo, mas eles não serão definitivos, porque ela ainda pode ser modificada.
2.3. Correção de erros de forma ou de conteúdo: ao fundamentar o seu recurso, o interessado poderá postular a anulação (error in procedendo) ou a substituição da decisão por outra (error in judicando). 
2.4. Impossibilidade, em regra, de inovação: não se pode invocar, em recurso, matérias que não tenham sido arguidas e discutidas anteriormente. Ou seja, não se pode inovar no recurso. Exceções: questões de fato que não tenha invocado no juízo inferior por motivo de força maior (art. 1.014, CPC); e questões de ordem pública, que podem ser conhecidas a qualquer tempo. 
2.5. Interposição perante o órgão a quo: em regra, os recursos não são interpostos perante o órgão ad quem. Exceção: agravo de instrumento, interposto diretamente perante o Tribunal.
2.6. A decisão do órgão ad quem que julga o mérito do recurso substitui a do órgão a quo: quando o órgão ad quem conhece do recurso, negando-lhe ou não provimento, a decisão proferida substitui a recorrida. O que deverá ser cumprido e executado é o acórdão, e não mais a decisão ou sentença.
2.7. O não conhecimento do recurso e o trânsito em julgado: o recurso, ainda que não venha a ser conhecido, impede o trânsito em julgado, salvo em caso de má-fé (Súmula 401 do STJ)
2.8. Pronunciamentos judiciais sujeitos a recurso: os recursos são cabíveis contra as sentenças, as decisões interlocutórias, as decisões monocráticas proferidas pelo relator, e os acórdãos.
3. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS
3.1. Requisitos intrínsecos: são as condições para que o recurso possa ser examinado pelo mérito. São eles:
3.1.1. Cabimento: os recursos são apenas aqueles criados por lei. O art. 994 do CPC enumera os recursos. Nada impede que lei especial crie outros.
3.1.2. Legitimidade recursal: Para interpor recurso é preciso ter legitimidade. São legitimados: as partes e intervenientes; o Ministério Público; o terceiro prejudicado; o advogado quando o objeto do recurso forem os seus honorários. 
3.1.3. Interesse recursal: é preciso que, por meio do recurso, se possa conseguir uma situação mais favorável do que a obtida com a decisão ou a sentença. Só tem interesse em recorrer quem tiver sofrido sucumbência, que existirá quando não se tiver obtido o melhor resultado possível no processo.
3.2. Requisitos extrínsecos: relacionam-se a fatores externos, que não guardam relação
com a decisão recorrida. São eles:
3.2.1. Tempestividade: todo recurso deve ser interposto dentro do prazo estabelecido em lei. O MP, a Fazenda Pública e a Defensoria Pública têm os prazos recursais e de contrarrazões em dobro. 
3.2.2. Preparo: aquele que recorre deve pagar as despesas com o processamento do recurso. A falta de comprovação do recolhimento do preparo no ato de interposição não é causa de rejeição liminar do recurso. O recorrente deverá ser intimado para proceder ao recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
Em caso de insuficiência do preparo, o recurso será considerado deserto se a diferença não for recolhida em cinco dias (art. 1.007, §2º, CPC). Estão isentos do preparo: o MP, a Fazenda Pública os beneficiários da justiça gratuita.
3.2.3. Regularidade formal: os recursos devem ser, em regra, apresentados por escrito. Todo recurso deve vir acompanhado das respectivas razões, já no ato de interposição. O recorrente deve formular a sua pretensão recursal, aduzindo se pretende a reforma ou a anulação da decisão, ou de parte dela, indicando os fundamentos para tanto.
3.2.4. Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: são os pressupostos negativos de admissibilidade, isto é, circunstâncias que não podem estar presentes para que o recurso seja admitido. Os fatos extintivos são a renúncia ao recurso (art. 999, CPC) e a concordância (art. 1.000, CPC) expressa ou tácita com a decisão; o fato impeditivo é a desistência do recurso (art. 998, CPC), que pode ser manifestada até o início do julgamento do recurso e ser expressa ou tácita.
4. MODO DE INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS — O RECURSO PRINCIPAL E O ADESIVO
O recurso adesivo não é uma espécie, mas uma forma de interposição de alguns recursos. Podem ser opostos sob a forma adesiva a apelação, o recurso especial e o extraordinário. Caberá ao recorrente, quando possível, optar entre interpô-los sob a forma principal ou adesiva.
São dois os requisitos do recurso adesivo:
■ que tenha havido sucumbência recíproca, isto é, que nenhum dos litigantes tenha obtido no processo o melhor resultado possível;
■ que tenha havido recurso do adversário: caráter acessório do recurso adesivo. 
O recurso adesivo deve ser apresentado no prazo das contrarrazões, mas em peças distintas. Afinal, os fundamentos serão completamente diferentes: nas contrarrazões, o apelado postulará a manutenção do que lhe foi concedido; e, no recurso adesivo, a reforma da sentença, naquilo que lhe foi negado.
Os requisitos de admissibilidade são os mesmos do recurso principal, tanto os extrínsecos como
os intrínsecos (art. 997, § 2º, do CPC). Como ele é subordinado ao principal, se este não for admitido, for julgado deserto ou houver desistência, aquele ficará prejudicado.
Aquele que apelou sob a forma principal, não pode, posteriormente, recorrer sob a forma adesiva. 
5. PRINCÍPIOS DOS RECURSOS
5.1. Princípio da taxatividade: só existem os recursos previstos em lei. O art. 994 do CPC enumera os recursos cabíveis. Podem ser acrescentados outros por leis especiais.
5.2. Princípio da singularidade ou da unirrecorribilidade: para cada ato judicial cabe, em regra, um único tipo de recurso adequado. 
5.3. Princípio da fungibilidade dos recursos: o juiz ou o tribunal poderia conhecer de um recurso pelo outro, em caso de dúvida objetiva a respeito do recurso apropriado. Deve haver controvérsia efetiva, na doutrina ou na jurisprudência, quanto à natureza da decisão recorrida. 
5.4. Princípio da proibição da reformatio in pejus: aquele que recorre só o faz para melhorar a sua situação. Daí decorre que, no exame do recurso de um dos litigantes, a sua situação não poderá ser piorada. A situação só pode ser piorada se houver recurso de seu adversário ou se o
órgão ad quem examinar de ofício matérias de ordem pública, ainda que não sejamalegadas. 
6. EFEITOS DOS RECURSOS
6.1. Efeito devolutivo: aptidão que todo recurso tem de devolver ao conhecimento do órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada. Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo. O tribunal não pode ir além daquilo que é objeto da pretensão recursal.
6.1.1. Extensão do efeito devolutivo: o recurso devolve ao conhecimento do tribunal tão somente a reapreciação daquilo que foi impugnado: tantum devolutum quantum appellatum (art. 1.013, caput, CPC).
6.1.2. Profundidade do efeito devolutivo: não diz respeito às pretensões formuladas, mas aos fundamentos que a embasam. Será dado ao tribunal, dentro dos limites do julgamento, reexaminar todos os fundamentos invocados, ainda que não tenham sido apreciados na decisão ou sentença (art. 1.013, §§1º e 2º, CPC). 
6.1.3. Teoria da causa madura: permite ao tribunal, em determinadas situações, julgar os pedidos, mesmo que a primeira instância não o tenha feito, nas hipóteses de sentença terminativa; sentença ultra ou extra petita; omissão na sentença quanto a um dos pedidos; sentença nula por falta de fundamentação (o art. 1.013, § 3º, CPC). 
Para proceder ao julgamento do mérito desde logo é necessário, porém, que ele já esteja em condições de julgamento. Se a causa não estiver madura para julgamento, o tribunal deve anular a sentença e devolver o processo à primeira instância, determinando o seu prosseguimento, até que nova sentença venha a ser proferida.
6.2. Efeito suspensivo: é a qualidade de impedir que a sentença proferida se torne eficaz até que ele seja examinado. O comando contido na sentença não será cumprido, até a decisão do recurso. A apelação é o único recurso dotado por lei desse efeito, embora a lei permita que o relator, preenchidos determinados requisitos, atribua efeito suspensivo a outros recursos.
6.3. Efeito translativo: é a aptidão que os recursos têm de permitir ao órgão ad quem examinar de ofício matérias de ordem pública, conhecendo-as ainda que não integrem o objeto do recurso. É decorrência natural de elas poderem ser conhecidas pelo juízo independentemente de arguição. Exemplos: prescrição, decadência, falta de condições da ação ou de pressupostos processuais.
6.4. Efeito expansivo: possibilita que o resultado do recurso estenda-se a litigantes que não tenham recorrido (efeito expansivo subjetivo); ou a pretensões que não o integrem (efeito expansivo objetivo).
6.4.1. Efeito expansivo subjetivo: o recurso interposto por um dos litisconsortes pode, dependendo das circunstâncias, beneficiar aqueles que não recorreram: quando for unitário, ou, sendo simples, as matérias alegadas pelo recorrente forem comuns aos demais.
Por exemplo, se em ação de indenização ajuizada por vítima de acidente de trânsito em face daquele que dirigia o veículo e do seu proprietário houver a condenação de ambos, acolhido o
recurso interposto somente por este, para alegar inexistência de dano, ou culpa exclusiva da vítima, o corréu haverá de se beneficiar, uma vez que a matéria alegada é comum.
6.4.2. Efeito expansivo objetivo: há pedidos interdependentes, que mantêm entre si relação de prejudicialidade. Não é possível modificar a decisão a respeito de um deles sem que haja repercussão sobre os demais. Nessa situação, ainda que haja recurso apenas em relação a um deles, o provimento repercutirá sobre os outros, ainda que estes não sejam especificamente impugnados. 
Exemplo: se, em ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos, o réu recorrer contra a procedência do pedido declaratório de paternidade, o acolhimento do recurso afetará também a pretensão condenatória a alimentos, já que guardam relação de prejudicialidade entre si.
6.5 Efeito regressivo: permite a reconsideração da decisão proferida pelo juízo a quo. O recurso de agravo de instrumento e o de agravo interno são dotados de efeito regressivo, pois sempre permitem ao prolator da decisão reconsiderá-la.
7. APELAÇÃO: Conceito
A apelação é o recurso que cabe contra sentença, definida como o pronunciamento que, proferido com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
Além das sentenças, também as decisões interlocutórias contra as quais não cabe agravo de instrumento (as que não constam do art. 1.015) poderão ser reexaminadas pelo Tribunal, se suscitadas como preliminar de apelação ou nas contrarrazões.
8. Requisitos de admissibilidade da Apelação
A Apelação deverá ser interposta no juízo a quo por petição, acompanhada das respectivas razões (art. 1.010), no prazo de 15 dias. A petição é endereçada ao juiz da causa, e não ao Tribunal. As razões, no entanto, são dirigidas ao Tribunal, pois competirá a ele examiná-las.
O Apelante deverá apresentar a exposição do fato e do direito e as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade, com o pedido de nova decisão. As razões devem acompanhar o recurso no ato de interposição, não podendo ser apresentadas posteriormente.
9. Efeitos da apelação
Como todos os recursos de nosso ordenamento jurídico, a apelação é dotada de efeito devolutivo. 
Em regra, é também dotada de efeito suspensivo. Mas há casos em que a lei lhe retira esse efeito (art. 1.012, §1º, CPC).
A apelação só será dotada de efeito regressivo quando interposta contra a sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485, § 7º, CPC) ou de improcedência liminar (art. 332, §3º, CPC).
A Apelação é dotada de efeito translativo, o que permite ao tribunal conhecer de ofício das matérias de ordem pública, ainda que não suscitadas.
10. Processamento da apelação
O processamento do recurso não poderá ser indeferido pelo juízo a quo, ainda que se verifique o não preenchimento de algum dos requisitos de admissibilidade. Como não cabe ao juiz receber ou indeferir a apelação, também não cabe a ele atribuir-lhe efeitos, já que eles decorrem de lei. 
Apresentada a apelação, o juiz determinará a intimação do adversário para as contrarrazões, no
prazo de 15 dias. Após o cumprimento dessas formalidades, os autos serão remetidos ao Tribunal, a quem caberá receber ou não o recurso, verificando o preenchimento dos requisitos de admissibilidade.
Os autos serão registrados, distribuídos de acordo com o regimento interno e encaminhados ao
relator, que, em 30 dias, depois de elaborar o voto, os devolverá à Secretaria.
Será marcada data para o julgamento, no qual haverá a participação de três juízes. Qualquer um
poderá, durante o julgamento, pedir vista dos autos, se ainda não se sentir habilitado a proferir
imediatamente o seu voto.
O relator poderá determinar a conversão do julgamento em diligência, para produção de prova considerada necessária. A prova será realizada no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução (art. 938, §2º, CPC).
11. O julgamento da APELAÇÃO
No julgamento votarão três juízes, e o resultado será colhido por maioria. As questões referentes à admissibilidade do recurso devem ser votadas em primeiro lugar. Se houver mais de uma questão, cada qual deve ser votada separadamente, sob pena de falseamento do resultado. Também cada um dos fundamentos do recurso deve ser votado separadamente. 
Depois de proferidos os votos, será anunciado o resultado e redigido o acórdão, pelo relator ou,
se ele for vencido, pelo juiz que proferiu o primeiro voto vencedor.
Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores (art. 942, caput).

Outros materiais