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TRAUMATISMO DENTÁRIO EM ODONTOPEDIATRIA Fabiana Saraiva Prevalência / Tipo de Acidente Queda...................................................................79,8% Impacto/criança..................................................6,1% Impacto/objeto...................................................6,1% Bicicleta.................................................................5,3% (Garcia-Godoy & colab., 1987) Prevalência / Idade Dentição Decídua 12-36 meses ...................................... Kilian e col.,1978 18-30 meses ............................. Josell e Abrams,1982 5-6 anos ................. Telford,1972 / Andreasen,1981 Prevalência / Idade Dentição Permanente 7-10 anos .......................................... Camargo,1979 8-11 anos ......................................... Andreasen,1981 Prevalência / Sexo Dentição Decídua pouca diferença Dentição Permanente 2 masc. : 1 fem. (Bijella, 1972 / Andreasen, 1984) Prevalência / Oclusão Maxila 75% Mandíbula 25% (Bijela, 1972) Prevalência / Tipo de Trauma Dentição decídua estruturas de suporte Dentição Permanente fratura de coroa (Andreasen, 1984) Diagnóstico Limpeza Anamnese Exame Clínico: Avaliação extra-bucal, buco-dental e de rotina Exames Complementares: Ex. Radiográfico Como ? Quando ? Onde ? Mecanismo Trauma direto no dente Trauma indireto no mento, e pode levar à fratura de côndilo, sínfise ou elementos posteriores Obs.: A direção do impacto pode nos dar a idéia do tipo de traumatismo que ocorreu Classificação OMS Classificação Internacional das Doenças, aplicação à Odontologia e Estomatologia A classificação adotada pela OMS inclui lesões aos dentes e estruturas de sustentação, e é aplicada tanto para a dentadura decídua como para a permanente (Andreasen, 1984) Fatores Predisponentes Classe II, divisão 1ª de Angle Fatores Predisponentes Classe I, com protrusão (Proteção insuficiente dos lábios) Lesões dos Tecidos Periodontais Concussão ou Comoção Subluxação Luxação intrusiva (intrusão) Luxação extrusiva (extrusão) Lesões dos Tecidos Periodontais Luxação Lateral Extrusão Total (Avulsão, Exarticulação) Concussão ou Comoção ❖ Lesão das estruturas de sustentação do dente, sem mobilidade ou deslocamento anormal, mas com evidente reação à percussão Concussão ou Comoção Impacto hemorragia e edema no ligamento periodontal (intacto) dente firme no alvéolo sem sangramento no sulco gengival sensível à percussão e mastigação RX NDN Concussão Tratamento imediato ou tardio: - alívio O - evitar somatória de estímulos - dieta leve - controle clínico e RX ( mensal até 3 meses, semestral, anual) Obs.: possibilidade de escurecimento do dente (hemorragia primária ou secundária) Subluxação ❖ Lesão das estruturas de sustentação, afrouxamento anormal, mas sem deslocamento do dente Subluxação Impacto ruptura do ligamento periodontal dente com mobilidade anormal (sem deslocamento) sensível à percussão e mastigação possibilidade de ligeiro sangramento sulco gengival Subluxação Tratamento imediato: - alívio O - evitar somatória de estímulos - dieta leve - contenção (esplintagem) (2 semanas) - controle clínico e RX (mensal até 3 meses / semestral / anual) Obs.: possibilidade de escurecimento do dente Subluxação Tratamento tardio: - dente com mobilidade: contenção - dente sem mobilidade: observar Luxação lateral ❖Deslocamento do dente em direção diferente da axial (pode apresentar fragmentação ou fratura da cavidade alveolar) Luxação Lateral - deslocamento V, L ou lateral do dente - zonas de ruptura de fibras do ligamento periodontal - aparência do dente em posição anormal Luxação Lateral Tratamento imediato: - redução precoce do deslocamento (pressão digital) - contenção (15 dias) - controle RX (observar obliteração pulpar/ rad.: calcificação marmórea da polpa) Obs.: possibilidade de escurecimento do dente Tratamento tardio em dente decíduo: - exodontia Extrusão (Luxação extrusiva) ❖Deslocamento parcial do dente para fora de seu alvéolo Extrusão Forças oblíquas forçam o dente para fora do alvéolo fibras palatinas do ligamento periodontal impedem a avulsão total Extrusão - dente deslocado para fora do alvéolo - dano à polpa e ligamento periodontal - RX = aumento do espaço periodontal - extrema mobilidade do dente (Andreasen, 1991) Extrusão Tratamento imediato: - reposição digital do dente em sua posição normal - contenção (15 dias) - controle RX (observar obliteração pulpar/ radicular: calcificação marmórea da polpa) - em geral, terapia endodôntica Obs.: possibilidade de escurecimento do dente Extrusão Tratamento tardio em dente decíduo: - exodontia Intrusão (Luxação intrusiva) ❖ Deslocamento do dente no osso alveolar (pode apresentar fragmentação ou fratura da cavidade alveolar) Intrusão Impacto axial injúria extensa à polpa e ligamento periodontal - penetração do dente no interior do alvéolo - dano à polpa e periodonto - dano ao sucessor permanente (Andreasen, 1991) Intrusão quase completa do Incisivo lateral decíduo RX: proximidade do ápice do dente decíduo intruido com a coroa do sucessor permanente Intrusão Tratamento: Dente Decíduo - RX (ver se existe ou não fratura, ruptura da tábua óssea V) - aguardar re-erupção (até 4 meses) - se não re-erupcionar: exodontia - intrusão + fratura, abscesso: exodontia - controle clínico e RX (1semana / 1 mês / a cada 2 meses durante 6 meses) Obs.: alertar sobre possíveis seqüelas na dentição permanente (possibilidade de dilaceração dentária do germe permanente) Intrusão Tratamento: Dente Permanente Depende da rizogênese: • Raiz incompleta: - aguardar re-erupção espontânea (2-4 meses) - controle RX (3, 4 e 6 semanas após a injúria) - terapia pulpar Intrusão • Raiz completa: - tração ortodôntica - terapia pulpar (necrose 100%) (Andreasen, 1992) Avulsão (Extrusão total, Exarticulação) ❖Deslocamento completo do dente para fora do alvéolo Avulsão Impacto frontal avulsão injúria à polpa e ligamento periodontal Avulsão Tratamento: Dente Decíduo • contra-indicado o reimplante (risco de anquilose, dano maior ao permanente) (Andreasen, 1994) Avulsão Tratamento: Dente Permanente • reimplante terá sucesso quando: - dano mínimo à polpa e ligamento periodontal - ausência de cárie extensa - ausência de alteração periodontal anterior - estocagem fisiológica do dente (Andreasen, 1991) Avulsão Reimplante de dente permanente - sucesso: tempo 20 a 30 minutos, no máximo - colocar dente avulsionado em sol. fisiológica (debaixo da língua, leite) - limpar ligamento periodontal e forame apical com sol. fisiológica - irrigar alvéolo com sol. fisiológica Avulsão - reimplantar o dente com suave pressão digital - contenção semi-rígida (1 semana) - antibioticoterapia imediata - vacina antitetânica, se necessária (Andreasen, 1991) Avulsão Reimplante de dente permanente - ápice aberto (+ de 1 mm de ) = a revascularização é possível - raiz completa = terapia pulpar na mesma sessão de remoção da contenção (Andreasen, 1991) Caso Clínico Faculdade ❖ Paciente T., 8 anos, foi atropelada há 1 mês (compareceu na UNIBAN em 06/03/13): ❖ Avulsão imediata dos dentes 21, 22 e 23 ❖ Muito sangramento (pontos de sutura na região de “gengiva” superior) Caso Clínico Faculdade ❖ Na limpeza, avulsão do dente 11 (que “já estava solto”) ❖ Foi radiografada (RX frontal, telerradiografia) ❖ Medicação indicada ❖ Mandaram para casa Caso Clínico Faculdade Caso Clínico Faculdade ❖ Receitas, Encaminhamentos.... ❖ ??????????? Caso Clínico Faculdade Avulsão Conseqüências: - avulsão de dente decíduo antes da erupção dos caninosdecíduos: possibilidade de perda de espaço na região anterior (Levine, 1982) mantenedor de espaço Avulsão - avulsão de dente decíduo após a erupção dos caninos decíduos geralmente não ocorre perda de espaço, mas sim problemas estéticos,fonéticos ou geração de hábitos Lesões dos Tecidos Duros Dentários e da Polpa Trinca da Coroa (Trinca no E): fratura incompleta do E, sem perda de substância dentária (pouco observada na dentadura decídua) Fratura não complicada da Coroa: fratura E ou E + D Fratura complicada da Coroa: fratura E + D + P Trinca da Coroa (Trinca de Esmalte) ❖ fratura incompleta do E, sem perda de substância dentária (pouco observada na dentadura decídua) Trinca da Coroa (Trinca de Esmalte) Lesões dos Tecidos Duros Dentários e da Polpa Fratura não complicada da Coroa / Raiz: fratura E + D + C Fratura complicada da coroa / raiz: fratura E + D + C + P Fratura radicular: fratura D + C + P Trinca de Esmalte Tratamento: nenhum - evitar choques térmicos - boa escovação - ATF - acompanhamento: RX inicial / RX após 1 ano Fratura de Esmalte Tratamento: - alisamento das bordas cortantes (fratura mínima) - ATF - restauração RC (fratura maior) - exame clínico e exame RX (15 dias / trimestral por 1 ano) Fratura de Esmalte + Dentina Tratamento: - restauração RC Trauma bebê Faculdade http://bp3.blogger.com/_vTpfP0Z0wdE/RsITiHG3TPI/AAAAAAAAAMc/eLbc9AirIt0/s1600-h/DSC01047.JPG http://bp3.blogger.com/_vTpfP0Z0wdE/RsITsHG3TQI/AAAAAAAAAMk/NLrbuTUvj-g/s1600-h/DSC01055.JPG Incisivo central superior direito fraturado. Colagem de fragmento em um incisivo central superior direito. Antes Depois Depois Antes Fratura de Esmalte + Dentina + Polpa Tratamento imediato: - crianças 18 meses de idade, ápice radicular aberto pulpotomia + restauração RC - crianças 18 meses de idade, ápice radicular fechado pulpectomia + restauração RC - exame clínico e exame RX (1 semana / controle bi ou trimestral) Fratura de Esmalte + Dentina + Cemento Rara, grave, complexa e de difícil tratamento conservador - se houver possibilidade de restaurar: pulpectomia + rest. RC - quando parte fraturada estiver totalmente “solta”: colagem com adesivos + pulpectomia Fratura de Esmalte + Dentina + Cemento - quando não existe possibilidade de restaração: exodontia - exame clínico + exame RX (retorno: 1 semana) Fratura de Esmalte + Dentina + Polpa + Cemento Rara, grave, complexa e de difícil tratamento conservador - se o remanescente puder ser recuperado: pulpectomia + restauração RC - fratura com fragmentos: colagem do fragmento + pulpectomia Fratura de Esmalte + Dentina + Polpa + Cemento - quando não existe possibilidade de realizar colagem: exodontia - exame clínico + exame RX (1 semana / controle bi ou trimestral) Caso trauma Faculdade Fratura de Cemento + Dentina + Polpa ( = fratura radicular) Na dentadura decídua: 1/3 apical: maior ocorrência 1/3 médio: de difícil ocorrência 1/3 gengival: raras Fraturas Radiculares Horizontais Verticais Oblíquas 1/3 apical 1/3 médio 1/3 cervical Fraturas Radiculares Tratamento imediato: - fratura 1/3 gengival: exodontia - fratura do terço apical ou médio: contenção de 4 a 6 meses O fragmento apical da raiz é reabsorvido normalmente Fraturas Radiculares Obs.: Segundo autores: - não aparecimento de complicação pulpar em dentes decíduos - reabsorção dos fragmentos - erupção do permanente sem complicações - exame clínico + exame RX ( 1 semana + controle trimestral) Fraturas Radiculares Tratamento tardio: •Pouca mobilidade: - tentar esplintagem (contenção) (4-6 meses) - maior ocorrência de complicações pulpares - endodontia com o dente esplintado Fraturas Radiculares •Grande mobilidade: - exodontia (da parte coronária e do fragmento radicular) Obs.: muito cuidado para não lesionar o germe do dente permanente em desenvolvimento - exame clínico e exame RX (1 semana + controle trimestral) Fraturas Radiculares Cicatrização: • polpa intacta = calo dentinário: deposição de cemento Fraturas Radiculares • ruptura da polpa: - cicatrização por união de tecido duro - cicatrização pela interposição de tecido conjuntivo - invasão bacteriana = tecido de granulação não ocorre cicatrização (Andreasen, 1991) Seqüelas nos dentes traumatizados - hiperemia pulpar - hemorragia pulpar -metamorfose cálcica (calcif. progressiva do canal) - reabsorção interna - reabsorção externa Seqüelas nos dentes em desenvolvimento - descoloração branca ou amarela/marrom do E - descoloração branca ou amarela/marrom e hipoplasia do E Seqüelas nos dentes em desenvolvimento - dilaceração da coroa - malformação em forma de odontoma Seqüelas nos dentes em desenvolvimento - duplicação radicular - parada parcial/completa da formação radicular - seqüestro do germe do dente permanente - alteração na erupção - odontomas Considerações e orientações aos pais: - idade: quanto idade da criança quando da ocorrência da lesão na dentadura decídua, maior a possibilidade de seqüela na dentadura permanente Considerações e Orientações aos pais: - tipo: intrusão e avulsão na dentadura decídua são as que apresentam maior probabilidade de causar alterações nos dentes permanentes Considerações e Orientações aos pais: - controle: alertar p/ retorno RX, principalmente crianças com idades entre 5-6 anos - comprovar ou não lesões do tipo dilacerações dentárias Caso 1 Injuria no 61, aparentemente sem gravidade Paciente com 3 anos e meio. Ao contrário do que ocorre em outros casos, o dente não foi intruído e sim extruído. No dia seguinte o dentes tinha voltado parcialmente para seu lugar. O paciente estava tranqüilo e foi radiografado. A radiografia mostrou que houve fratura radicular do decíduo. Aparentemente o germe do Incisivo permanente não foi afetado. E, surpresa, um supranumerário (mesiodente). http://www.cleber.com.br/super_congresso/injuria_incisivos/joao_traumax.jpg Foi feita pulpotomia e o decíduo desgastado aliviando o trauma oclusal. O caso será acompanhado periodicamente. É de esperar que a raiz fraturada seja reabsorvida. O tempo irá mostrar o caminho a seguir. Caso 2 Injuria no 61, aparentemente sem gravidade. Na ocasião da injúria o decíduo desapareceu, não houve explicação se foi engolido ou não encontrado. Não haviam sinais de que estivesse submergido. De qualquer maneira, foi feita radiografia Constatou-se que a raiz foi fraturada, e ficou um fragmento dela. Não houve nenhuma sintomatologia anormal. Nenhuma atitude clínica foi tomada. O caso ficou em observação, na expectativa de que o fragmento de raiz viesse a ser reabsorvido pelo permanente. Injúria no 61 com grave comprometimento do 21 Irrompimento normal de incisivos http://www.cleber.com.br/super_congresso/incisivo_dilacerado/ http://www.cleber.com.br/super_congresso/mariane/ Imagem da região com ausência dentária Radiografia do local Depois de 17 dias, foi feita nova radiografia da região e restauração no dente 11 com resina fotoativada. Um mês após o acidente foi colocado um dispositivo fixo que serviu de mantenedor de espaço e restaurador da estética, devolvendo a auto-estima do paciente. (Mantenedor de espaço inicial) Decorrido mais um mês, a peça deslocou- se da área onde foi fixada, provavelmente pela pressão exercida pelo lábio, língua e ao movimento de alavanca produzido no corte de alimentos durante a mastigação. Planejada a confecção de uma prótese flexível (termoplástica) para que os requisitos funcionais e estéticos fossem preenchidos. Moldagem, escolha da cor do dente e o delineamento do modelo - confeccionada com material termoplástico flexiplus (Flexite®,São Paulo, Brasil). Escolha de cor Modelo delineado Prótese termoplástica em posição no modelo Instalação da prótese, ajustes oclusais e fisiológicos necessários Controles posteriores com 30 dias e 8 meses, constatando a manutenção da higiene, tanto na peça protética, quanto nos dentes permanentes. Não foi verificada inflamação nos tecidos periodontais, e o paciente se mostrou muito satisfeito. Vista oclusal na instalaçãoPrótese instalada 8 meses após instalação Etiopatogenia das luxações Em traumatismo difuso podem afetar vários dentes. Neste caso: fraturas de coroas, intrusão e avulsão Pequenas fraturas na coroa dos incisivos decíduos (origem traumática) Incisivo esquerdo com luxação extrusiva, com conseqüente lesão do ligamento periodontal Trauma Uniban Boas Provas!!!!! ❖BOM CARNAVAL!!!!
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