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CONTABILIDADE AVANÇADA II CIÊNCIAS CONTÁBEIS Profº Andrio Dutra CONTEÚDO ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA E OPERAÇÃO DESCONTINUADA ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Normas IFRS 5 – Non-Current Assets Held for Sale and Discontinued Operations (IASB) CPC 31 – Ativo Não circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada Deliberação CVM nº 598/09 Resolução CFC no 1.188/09 Obrigatório para as companhias abertas e empresas de grande porte ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Características Os ativos mantidos para venda serão mensurados pelo menor valor entre seu valor contábil e seu valor justo menos as despesas de vender. Desde que existam evidências de que a venda irá se realizar em até 12 meses. Os ativos sujeitos à classificação de “mantido para venda” são os Ativos Não Circulantes. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA A classificação como “mantido para venda” pode ser utilizada para: Um ativo isolado; Um grupo de ativos colocados à disposição com objetivo de venda; ou Uma operação descontinuada. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Grupo de Ativos à Disposição: É um grupo de ativos líquidos que não mais está em uso nas operações e do qual a empresa pretende se desfazer, pela venda de cada um separadamente ou de outra forma, em conjunto (o grupo todo) em uma única transação. Além dos ativos, devem estar inclusos no grupo, os passivos diretamente relacionados e que serão transferidos com a transação, bem como algum ágio por rentabilidade futura (goodwill) alocado. A denominação utilizada é “grupo de ativos colocados à venda”. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Alguns ativos não se sujeitam às exigências de mensuração da norma e, portanto, estão fora do escopo de aplicação da norma no requisito de mensuração. São eles: Ativos fiscais diferidos, que são tratados no CPC 32 – Tributos sobre o Lucro; Ativos gerados em planos de benefícios a empregados conforme CPC 33 – Benefícios a Empregados; Ativos financeiros dentro do escopo do CPC 48 – Instrumentos Financeiros; ativos não circulantes contabilizados pelo valor justo nos termos do CPC 28 – Propriedade para Investimento; Ativos não circulantes contabilizados pelo valor justo líquido das despesas para vender nos termos CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola; e Direitos contratuais por contratos de seguros dentro do escopo do CPC 11 – Contratos de Seguros. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Classificação Para classificar um ativo não circulante (ou um grupo à disposição) como mantido para venda é preciso que a recuperação esperada do seu valor contábil venha a ocorrer, principalmente, por meio de uma transação de venda em vez do uso contínuo. O ativo (ou grupo à disposição) deve estar disponível para uma possível venda imediata (nas condições em que ele se encontra) e, que a venda seja altamente provável. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Classificação Um ativo não circulante (ou grupo de ativos) que estiver para ser abandonado não pode ser classificado como mantido para venda, já que a recuperação de seu valor contábil será principalmente pelo uso contínuo até o seu descarte e não pela venda. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Classificação Para classificar um ativo ou grupo de ativos como mantido para venda, não basta apenas a “intenção” da empresa. A entidade deve estar comprometida com o plano de venda, já tendo inclusive iniciado a procura por interessados. Também, deve ser altamente provável que o desfecho da transação ocorra em até um ano. Esse ativo será apresentado no ativo circulante da empresa. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Mensuração Devem ser mensurados e classificados como mantido para venda pelo menor dentre seu valor contábil e seu valor justo menos as despesas para vender. As despesas para vender (ou distribuir) são as despesas incrementais diretamente atribuíveis à venda (ou à distribuição quando for o caso), excluídas as despesas financeiras e os tributos sobre o lucro. São despesas que não seriam incorridas se a venda (ou distribuição) não tivesse ocorrido. Exemplo: comissões de venda a serem pagas a corretores. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Mensuração Qualquer redução do saldo contábil do ativo (ou grupo à disposição) que estiver classificado como mantido para venda deve ser entendida (e contabilizada) como uma perda por redução ao valor recuperável. Um ativo (ou grupo de ativos) cuja estimativa inicial de venda é para um período maior de 12 meses não pode ser classificado como mantido para venda, em virtude da liquidez. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Reconhecimento de Perdas O ativo (ou grupo), assim que reclassificado, deixa de ser depreciado. Mantém o saldo contábil do ativo pelo menor de dois valores: contábil ou recuperável pela venda. Nas mensurações subsequentes as perdas reconhecidas podem ser total ou parcialmente revertidas, sendo contabilmente reconhecidas como um ganho. De forma geral, essa reversão não pode exceder o saldo contábil que o ativo teria caso nenhuma perda tivesse sido reconhecida. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Reconhecimento de Perdas Um ganho ou perda adicional são reconhecidos somente caso o valor final da venda do ativo (ou grupo à disposição) fosse diferente do saldo contábil do ativo na data da venda. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Exemplo Uma transportadora possui grande frota e delibera alienar 50 de seus 300 caminhões em conformidade com a revisão da estratégia do negócio que estabeleceu que a empresa não fosse mais operar em determinado segmento de clientes. E os caminhões que estavam dedicados no atendimento desse segmento não têm como ser aproveitados nas operações junto a outros segmentos de clientes. Em primeiro momento, apesar de já haver deliberado pela desativação e venda dos caminhões, eles continuam trabalhando normalmente até o término ou cancelamento dos contratos de serviço firmados. Isso, por enquanto, impede a classificação dos ativos como mantidos para venda e, em consequência, sua transferência para o ativo circulante. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Dois meses depois, os contratos são cancelados ou extintos e, também, providências são tomadas para iniciar o processo de venda dos ativos, com a definição dos meios de divulgação dessa decisão: as parcelas restantes do financiamento desses caminhões são pagas, de forma que não há passivos vinculados a esses ativos a serem classificados como destinados à venda; os caminhões são retirados do uso nas operações e adicionalmente uma vistoria e uma manutenção são feitas visando facilitar a negociação e, portanto, esses caminhões já se encontram nas condições de venda pretendidas; as despesas para vender, incluindo os gastos com o item (b), são estimadas em $ 225 mil e são aprovadas; e utilizando-se fonte independente de informação de preço corrente de mercado para tais ativos, a estimativa do valor total pela venda desses ativos é de $ 2.500 mil. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Pelo acima disposto, é somente agora que as condições exigidas para a classificação como ativo mantido para venda são atendidas. Assim, na data em que tais condições são atendidas, primeiro devemos ajustar o saldo contábil do ativo por depreciação e testá-lo contra seu valor recuperável. Lembre que agora esses caminhões não têm valor de uso, pois não mais serão utilizados nas operações de transporte dos clientes da transportadora. Suponhamos que, imediatamente antes da classificação como mantido para venda, o conjunto de caminhões totalize um saldo contábil, líquido da depreciação acumulada, de $ 3 milhões. Como exigido pelo CPC 31, antes de se proceder à classificação e, portanto, à baixa do imobilizado para o reconhecimento inicial de um ativo mantido para venda, precisamos aplicar o CPC 01. Nesse sentido, vale observar que a mudança na forma de uso do ativo (sua desativação) constitui uma evidência de que o valor recuperável do ativo esteja afetado,como determinado na letra (f) do item 12 do CPC 01 (planos para descontinuidade ou reestruturação da operação à qual um ativo pertence). ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Portanto, como o valor em uso é zero (o ativo não mais irá gerar caixa futuro porque não mais será utilizado nas operações), então tanto para fins do CPC 01 (valor recuperável), quanto para o reconhecimento inicial de um conjunto de ativos mantidos para a venda, o valor a ser considerado é $ 2.275 mil ($2.500 – $225), ou seja, valor justo líquido das despesas para vender do conjunto de caminhões. Assim, imediatamente antes da classificação como mantido para venda a empresa deve, pela aplicação do CPC 01 ainda como ativo imobilizado, reconhecer uma perda de $725 ($ 3.000 – $ 2.275) pela redução do ativo ao seu valor recuperável. Essa perda poderá ser revertida caso o valor de venda dos caminhões e/ou as despesas para vender venham a sofrer algum aumento. Entretanto, caso o valor justo líquido das despesas para vender nas mensurações subsequentes venha a sofrer alguma redução, uma perda adicional deverá ser reconhecida, aumentando o saldo das perdas acumuladas por impairment. O valor dos caminhões mantidos para venda será de R$2.275 mil. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Exercício ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Alteração no plano de venda ou em plano de distribuição aos proprietários Quando um ativo (ou grupo à disposição) classificado como mantido para venda ou como mantido para distribuição aos proprietários não mais atender aos critérios para tal classificação, a entidade não deve mais mantê-lo nessa classificação. Sendo mensurado pelo valor mais baixo entre o seu valor contábil que teria caso não tivesse sido classificado como mantido para venda ou como mantido para distribuição aos proprietários (ajustado por qualquer depreciação, amortização ou reavaliação quando permitida legalmente) e o valor recuperável da data em que a decisão de não vender ou não distribuir foi tomada (ou a data em que a venda ou a distribuição deixou de se tornar altamente provável). ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Apresentação e Divulgação Os ativos não circulantes (ou grupos à disposição) classificados como mantidos para venda devem ser apresentados separadamente de outros ativos no Balanço Patrimonial. Da mesma forma, os passivos que fizerem parte de um grupo à disposição classificado como mantido para venda devem ser apresentados separadamente dos outros passivos. Isso implica dizer que uma apresentação em bases líquidas (ativos menos passivos), ou seja, apresentada em um único montante, não é permitida pela norma. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Apresentação e Divulgação O CPC 31 estabelece que deve ser apresentado em notas explicativas: descrição do ativo ou do grupo à disposição; descrição dos fatos e circunstâncias da venda ou que levaram à venda esperada e, se for esse o caso, também a forma e o momento esperados para a venda do ativo ou grupo à disposição; e as perdas por redução ao valor recuperável e reversões reconhecidas caso esses itens não sejam apresentados separadamente na demonstração de resultado do período (se foram, então se divulga somente o nome da conta onde foram apresentados). ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Apresentação e Divulgação Quando um ativo não circulante (ou grupo à disposição) deixar de ser classificado como mantido para venda, a entidade deve divulgar, no período em que foi tomada a decisão de alterar a condição de colocado à venda, uma descrição dos fatos e das circunstâncias que levaram a essa decisão e do efeito dessa decisão nos resultados das operações para esse período e qualquer período anterior apresentado. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Apresentação e Divulgação Na Demonstração do Resultado do Período, apesar de não obrigatório, recomenda-se apresentar separadamente das demais despesas e receitas as perdas (por redução ao valor recuperável) e respectivas reversões relativas a ativos não circulantes (ou grupos à disposição) mantidos para venda e, do contrário, elas devem ser apresentadas em nota explicativa. ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA Apresentação e Divulgação OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Operações Descontinuadas: São operações que foram ou estão sendo descontinuadas, ou seja, que serão abandonadas ou descartadas e que estão sendo classificadas como mantidas para venda. OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Operações Descontinuadas: Para ser entendida como uma operação em descontinuidade é exigido que ela possa ser operacionalmente separada do resto da empresa e também que atenda aos seguintes critérios: a operação representa uma importante e distinta linha de negócios ou uma área geográfica; a operação integra um único plano coordenado para vender uma importante e distinta linha de negócios ou área geográfica; ou a operação é uma controlada adquirida exclusivamente para ser vendida. OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Introdução Uma operação descontinuada é um componente da entidade que foi colocado à disposição para descarte (abandono) ou, de outro modo, que foi classificado como mantido para venda. OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Introdução O objetivo principal dessa forma de evidenciação é destacar a capacidade de geração de resultados tanto das operações em continuidade quanto daquelas que foram descontinuadas, aumentando a relevância da informação contábil acerca do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade, auxiliando a tomada de decisões por parte do usuário da informação. OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Exercício O Frigorífico Eta S.A. atua em três diferentes segmentos, que durante X1 apresentaram os seguintes resultados, apurados em 31/12, em milhares de reais: OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Devido à baixa rentabilidade do segmento de aves, a direção do frigorífico Eta S.A deu início, em novembro de X1, a um plano para vender esse segmento de negócios, tendo iniciado um programa firme para localizar um comprador e concluir o plano. OPERAÇÕES DESCONTINUADAS O segmento estava disponível para venda imediata em suas condições atuais e a direção da companhia acreditava ser altamente provável que a venda estivesse concluída até o final do primeiro semestre de X2. Durante dezembro de X1 a direção do Frigorídico Eta S.A passou a discutir a possibilidade de concentrar suas atividades apenas no segmento de suínos, devida a sua maior rentabilidade, e coloca à venda também o seguimento de bovinos. Nas demonstrações contábeis do Frigorífico Eta S.A relativas a X1, o resultado líquido das operações continuadas será apresentado por: a) 980.000,00 b) 2.100.000,00 c) 2.240.000,00 d) 2.940.000,00 e) 3.080.000,00 OPERAÇÕES DESCONTINUADAS Portanto, o Resultado líquido das operações continuadas relativas a x1 será de: Manual de Contabilidade Societária.pdf Como já comentado, quando a empresa deixar de classificar como mantida para venda uma operação descontinuada, o CPC 31 exige que os resultados dessa operação que tiverem sido até então apresentados como operações descontinuadas, sejam reclassificados para integrar os resultados das operações em continuidade para todos os períodos previamente apresentados. Então, os montantes apresentados para os períodos anteriores deverão ser descritos nas demonstrações contábeis como sendo reapresentados (CPC 31, item 36). Os ganhos ou perdas relativos à mensuração subsequente de ativo não circulante classificado como mantido para venda, mas que não satisfaça a definição de operação descontinuada, devem ser incluídos nos resultados das operações em continuidade. Para melhor entendimento, veja exemplo no item a seguir. I – Exemplo No exemplo apresentado no item anterior, o foco era os ativos (ou grupos à disposição) classificados como mantidos para venda, e o aspecto mais relevante era a forma de apresentação no Balanço Patrimonial desses ativos. Agora, o exemplo a seguir apresentado centra-se nas operações em descontinuidade e o aspectomais relevante é a Demonstração do Resultado do Exercício, já que os resultados das operações em descontinuidade devem ser segregados dos resultados das operações em continuidade. O resultado gerado pelas operações descontinuadas deve aparecer logo após o lucro (ou prejuízo) do exercício proveniente das operações em continuidade, líquido dos impostos, como apresentado a seguir. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 20X1 20X0 OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE X X Faturamento por vendas e serviços prestados X X (–) Deduções da receita, abatimentos e impostos X X (=) Receita líquida das vendas e serviços prestados X X (–) Custo dos produtos vendidos e serviços prestados X X (=) Lucro bruto X X (–) Despesas com vendas X X (–) Despesas gerais e administrativas X X (–) Outras Despesas X X (+) Outras Receitas X X (–) Resultado financeiro líquido X X (+/–) Resultado com Coligadas e Controladas em Conjunto X X (=) Resultado antes dos tributos sobre o Lucro X X (–) Despesa de imposto de renda e contribuição social X X (=) Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidade X X OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE X X (+/–) Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade X X (=) Lucro (ou prejuízo) líquido do exercício X X 25.4 Atribuível aos: Proprietários da controladora X X Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidade X X Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade X X Sócios não controladores X X Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidade X X Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade X X Como mencionado, o valor apresentado na DRE referente a operações descontinuadas deve estar líquido dos impostos e, neste caso, a análise de tal valor seria evidenciada em notas explicativas, como comentado anteriormente. Ainda, não se pode esquecer que a primeira linha da DRE, de acordo com as das regras internacionais, é a da Receita Líquida; as informações sobre faturamento e deduções serão explicitadas em notas explicativas. Tratamento para as pequenas e médias empresas Os conceitos abordados neste capítulo relativos aos “ativos não correntes mantidos para a venda e operação continuada” são aplicáveis também às entidades de pequeno e médio porte. Entretanto, o Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para
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