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Salus J Health Sci. 2017; 3 (2): 1-13 DOI: https://dx.doi.org/10.5935/2447-7826.20170011 1 ARTIGO ORIGINAL A sistematização da assistência de enfermagem e atuação do enfermeiro ao paciente infartado Janaína Leite Frigini1; Braulio Luna Filho2; Rita Simone Moreira3; Bruno Henrique Fiorin4 Trabalho Submetido em 06/06/2016 Aprovado: 17/02/2017 Palavras Chaves Infarto do Miocárdio; Cuidados de Enfermagem; Doença da Artéria Coronariana Resumo Objetivo: Descrever o papel do enfermeiro na assistência ao paciente no IAM, apontar sua atuação no atendimento ao paciente infartado nas emergências e identificar os principais Diagnósticos de Enfermagem. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada através de busca da literatura nos principais meios eletrônicos de divulgação cientifica, considerando os trabalhos publicados entre os anos de 2011 a 2015, e consultas de site oficiais para coleta de dados atualizados e embasamento legal. Resultados: O enfermeiro capacitado com conhecimento teórico e prático pode ser o diferencial na assistência ao infartado. Com um olhar diferencial para interpretar os sinais e sintomas o enfermeiro atua com foco a antecipar e prevenir as complicações. O enfermeiro primordial na assistência ao infartado tem na Sistematização da Assistência de Enfermagem um instrumento que legitima sua atuação e favorece sua comunicação com a equipe multi e interdicisplinar, além de permitir um atendimento individualizado que atenda as necessidades humanas, e contribui para uma assistência resolutiva. Conclusão: A atuação do enfermeiro é fundamental tanto na abordagem inicial ao paciente com IAM bem como no processo de acompanhamento e orientações que estimule os cuidados. *Autor para correspondência: brunohenf@hotmail.com 1 Especialista em Urgência - EMESCAM - (Enfermeira), 2 Doutor em Cardiologia - UNIFESP - (Cardiologista, Professor Titular- UNIFESP). 3 Doutora em Cardiologia - UNIFESP - (Chefe da Residência Multiprofissional em Cardiologia - UNIFESP). 4 Doutorando em Ciências da Saúde/ UNIFESP - (Professor Assistente). Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 2 INTRODUÇÃO Dentre as Doenças Cardiovasculares (DCV), o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é considerado um problema de saúde pública, pois a alta taxa de mortalidade no Brasil apresenta um impacto socioeconômico significativo por atingir indivíduos no ápice sua capacidade produtiva1. Segundo o DATASUS, está em primeiro lugar como causa de óbito no Brasil, com cerca de 100 mil mortes anuais, sendo que só no ano de 2012 a incidência de óbito foi de 123/100.000hab. na faixa etária de 30-69 anos, o IAM por ter início súbito e evolução rápida, apresenta uma ocorrência de morte de 40 a 65% na primeira hora, e até 80% nas primeiras 24 horas, portanto tendo o tempo um importante papel no prognostico2, 3. Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)3 o Infarto Agudo do Miocárdio deve ser assim entendido quando há evidencias de isquemia miocárdica, num contexto clinico isquêmico característico acompanhado de elevações dos marcadores de necrose miocárdica. Ainda, o IAM ocorre quando há lesão isquêmica no músculo cardíaco, devido à inadequada oferta de oxigênio, por evento de redução do fluxo sanguíneo nas artérias coronariana, provocado pela oclusão da artéria por trombo formado por placa aterosclerótica ou embólico4. Seus sintomas por ser diversos e às vezes inespecíficos, faz com que o atendimento médico especializado seja retardado. Dentre a sintomatologia mais comum encontra-se a dor torácica, sudorese, dor na mandíbula, mal estar estomacal, falta de ar e formigamento nos braços. O tempo entre início da sintomatologia e o atendimento pode determinar o prognóstico, reduzir a mortalidade e o custo no tratamento da insuficiência isquêmica e sua sequelas1. Portanto um dos fatores para reduzir a mortalidade no IAM, está no rápido atendimento, e o profissional enfermeiro muitas das vezes é o primeiro contato quando o paciente dá entrada na unidade hospitalar, devendo ser responsável ao ofertar um atendimento com competência técnica, científica, ética e humanista, de forma pré-estabelecida e sincrônica visando à eficiência, rapidez, prioridade, alta qualidade e contensão de custo5. Estudos apontam a assistência de enfermagem a vítima do IAM, como primordial, na unidade emergencial, mas que para isso, este deve ser portador de conhecimento das patologias cardiovasculares, para distinguir a sintomatologia do infarto, desta forma ofertar uma assistência qualificada. Pois através dos primeiros cuidados realizados com eficácia ao paciente com IAM, poderá ser possibilitado melhor prognostico, e consequentemente minimizar complicações futuras4. Desta forma, todo estudo voltado para melhorar e agilizar a assistência ao infartado, pode ajudar a reduzir os números impactantes na atualidade, e contribuir para uma melhor qualidade de vida pós-infarto da população afetada. Por isso o presente estudo se apoia na problemática: Pode a Sistematização da Assistência de Enfermagem colaborar para melhorar a assistência de enfermagem a vítima do IAM? Sendo assim, descrever o papel do enfermeiro na assistência ao paciente no IAM é o objetivo geral deste estudo, e para isso os objetivos específicos são: descrever brevemente o processo dinâmico do IAM; apontar a atuação do enfermeiro na assistência ao paciente infartado na emergência; e identificar os principais Diagnósticos de Enfermagem; conforme estudo já publicados. 2 MÉTODO Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 3 O estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, pois basear-se no levantamento e análise das informações já publicadas dentro de um período predeterminado, levando o pesquisador ao contato direto com o assunto estudado6. Foi realizada revisão bibliográfica nos meses de janeiro a maio/2016utilizando para o trabalho artigos publicados a partir de 2011,na língua portuguesa, completos, divulgados na Scientific Eletronic Library Online (Scielo), na Literatura Latino- americano (Lilacs), no Ministério da Saúde pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),na Base de Dados da Enfermagem (DBENF), e na Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de consulta nos sites oficiais do Ministério de Saúde (DATASUS), e Conselho Federal de Enfermagem, aonde foi coletado dados atualizados e embasamento legal. Os temas selecionados para o estudo foram: Conceitos do Infarto agudo do miocárdio, Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente infartado, e Atuação do enfermeiro no atendimento ao paciente acometido de infarto agudo do miocárdio. Para tanto os descritores utilizado foram: Infarto do miocárdio, assistência de enfermagem, emergência e enfermagem em emergência. Sendo que os artigos localizados foram separados por linha de pesquisa, tabelados e criteriosamente analisados. 3 RESULTADOS Durante a busca pela literatura nos meios eletrônicos de divulgação de trabalhos científicos utilizando os descritores propostos dentro dos critérios de inclusão, os resultados foram os seguintes: na Literatura Latino-americano (Lilacs) foram localizados 13 artigos, na Scientific Eletronic Library Online (Scielo)13, na Base de Dados da Enfermagem (DBENF) 14. Deste desconsiderando os que foram publicados em mais de um periódico foram analisados um total de 11 artigos. No quadro 01 observa-se a apresentação dos artigos que cumpriram os critérios de inclusão. Dentre os 11 artigos encontrados, analisados e apresentados, cinco apresenta como sua linha de pesquisa o atendimento na emergência cardíaca, três abordam a Sistematização da Assistência de Enfermagem a vítima do IAM, doistratam sobre o papel do enfermeiro no tempo de busca da assistência diante da emergência IAM, e um esclarece o conceito da dor que foi utilizador para melhor compreensão do efeito da dor no paciente infartado. Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 4 Quadro 01: Principais resultados da revisão bibliográfica com foco na assistência da enfermagem ao paciente acometido de infarto agudo de miocárdio Embasado nas descrições técnico cientifico sobre IAM, e pautado nos estudos anteriores descritos, e na Classificação de Diagnósticos de Enfermagem da Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem (NANDA), no quadro 02 apresenta-se os principais Diagnósticos de Enfermagem identificados nos estudos e as intervenções propostas. Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 5 Quadro 02: Diagnósticos de enfermagem voltados a vítima do IAM e algumas de suas respectivas intervenções. 4 DISCUSSÃO Segundo o código de ética aprovado pela Resolução COFEN 311/2007, nos art. 12 a 14, cabe ao profissional de enfermagem ser responsável em prestar uma assistência com competência técnica, cientifica e ética, livre de danos para o indivíduo decorridos de imperícia, negligência ou imprudência, bem como aprimorar seus conhecimentos em benefício à pessoa e ao desenvolvimento da profissão7. Desta maneira, refletir a dinâmica do IAM, permite a elaboração e planejamento da assistência de enfermagem que deve ser prestado ao paciente, tornando assim o procedimento dinâmico e eficiente. 4.1 CONTEXTUALIZANDO O INFARTO AGUDO DO MIOCARDIO As doenças cardiovasculares, são estimadas como responsáveis por 40% dos óbitos em 2020, e o IAM representa 80% das doenças isquêmica do coração, sendo também a mais letal. O que contribui significantemente para a redução da mortalidade é o rápido atendimento, tendo em visto que a maior parte das mortes ocorre nas primeiras 24 horas8. O IAM é definido de várias formas, mas para Alves et al.9 nada mais é que a destruição da musculatura cardíaca, mediante necrose, como consequência da redução do fluxo sanguíneo, levando ao desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e nutrientes, devido a obstrução da artéria coronária, geralmente por acumulo anormal de lipídios que provoca uma resposta inflamatória na artéria, Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 6 favorecendo a formação da placa de ateroma, ou ainda pode acontecer a obstrução por meio do trombo de origem aterosclerótica. Inúmeros fatores contribuem para a ocorrência do IAM, sendo que entre os nãos modificáveis estão faixa etária, hereditariedade e gênero, e entre os modificáveis estão inatividade física, tabagismo, hábitos alimentares, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabete mellitus (DM), obesidade, estresse e doença não tratadas10. Quanto aos sintomas relacionados ao IAM, apesar de serem característicos, como a dor torácica, formigamento do membro esquerdo, dispnéia, náuseas, vômito, sudorese, palidez, em mulheres, idosos e diabéticos os sintomas podem ser inespecíficos10. Mendes e Miranda10 observaram ainda que os pacientes em 75% a 85% das vezes descrevem sua dor com irradiação para o membro esquerdo com duração superior a 20 minutos. Conforme os estudos, a dor no IAM tem início súbito, intermitente, de grande intensidade, prolongada que não tem alivio no repouso. Os pacientes a descreve como sendo constrictiva e opressiva, com sensação de esmagamento no peito5, 8. Conforme estudos a dor pode ser responsável em elevar a pressão arterial, aumentar a frequência cardíaca, náuseas, vômitos, dispnéia, medo, agitação, ansiedade, fraqueza e diaforese, gerando desconforto, alterações fisiológicas e psicológicas, limitando o paciente11. Diante desta enfermidade o tempo é fator determinante do prognostico e consequência pós-infarto, sendo desta forma o atendimento extremamente importante na alteração da mortalidade e impacto na vida do paciente, porém pesquisas destacam que a busca pela assistência ou seu retardo dependem da própria vítima que não valoriza os sintomas, não as reconhecendo como origem cardíaca e agem inapropriadamente, desta forma reforça a importância da educação para reduzir o tempo entre o aparecimento dos sintomas e a busca pela ajuda especializada12. 4.2 O PAPEL DO ENFERMEIRO MEDIANTE AO IAM O Enfermeiro abrange sua assistência nos mais variados ambientes como ambulatório, hospital e domicilio contemplado desde a promoção, prevenção e reabilitação do indivíduo. Dentro desta linha de atuação Souza et al.4 em consenso com as recomendações da V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com supradesnível do segmento ST, citam que estudos destacam a importância da assistência pré-hospitalar na melhora do prognóstico na situação em que o infarto está presente, uma vez que pesquisas mostram que 25 a 35% das vítimas morrem antes de receberem atendimento médico. Neste contexto o enfermeiro capacitado com conhecimento teórico e prático pode ser o diferencial na assistência ao infartado, deste que seja atento e preparado para atuar nestas situações de emergência4. Porém deve-se aqui destacar que a maioria das cidades brasileiras é desprovida de equipes de socorro intermediário como a SAMU. Diante deste fato estudos tem demonstrado que o enfermeiro muito pode contribuir para reduzir o tempo pela busca de assistência médica diante dos sintomas sugestivos de IAM, quando atuam como educadores, orientando a população de risco e seus familiares e amigos acerca da sintomatologia, do momento de solicitarem ajuda, aonde buscar assistência, e até mesmo treina-los para situação que necessita de manobra de ressuscitarão1. Em acordo com o estudo de Mussi et al.1, Sampaio et al.12 já havia constatado que Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 7 além das orientações sobre os sintomas, o enfermeiro deveria diante da compreensão dos motivos pelo retardo na procura por ajuda especializada na presença dos sinais e sintomas do IAM, orientar sua clientela para os riscos dos procedimentos inadequados como automedicação, uso de chás e outro líquidos, tolerância a dor, e persistência em realizar esforço físico indevidos. Destaca ainda que a educação deve abranger não só os familiares, mais toda a comunidade em geral, incluindo escolas e empresas privadas. No âmbito da emergência da patologia instalada o enfermeiro quase sempre é o primeiro profissional a realizar contato com o paciente infartado. Sua atuação ocorre assim que o paciente a admitido em unidade hospitalar, iniciando a assistência imediatamente, portanto deve ser capacitado para reconhecer os sintomas do IAM, para direcionar adequadamente sua assistência emergencial, aumentado às chances de sobrevida do paciente enfartado13. Segundo Bezerra et al.8 e Carvalho, Pareja e Maia13 as intervenções hemodinâmicas tem demonstrado ser eficazes na redução da mortalidade no IAM, porém deve ser realizado o mais breve possível, neste âmbito o enfermeiro deve ter um olhar diferencial para interpretar os sinais e sintomas e atuar com foco a antecipar e prevenir as complicações. Dentre as intervenções que cabe ao enfermeiro paralelo a assistência médica ou enquanto aguarda a mesma estão: o repouso ao leito que tende a reduzir a sobrecarga cardíaca, a oxigênio terapia por cateter nasal, monitoramento cardíaco continuo, acesso venoso, oximetria de pulso ou gasometria arterial, ainda para auxiliar na determinação do diagnóstico o exame de eletrocardiograma (ECG), deve ser realizado na admissão (em até 10 min.) e repetido após 6 horas. Cabe ainda ao enfermeiro agilizar a coleta laboratorialpara acompanhar os marcadores bioquímicos de lesão cardíaca, também na admissão e com repetição após 6 a 9 horas10. No entanto, ao iniciar o atendimento o enfermeiro deve avaliar os sinais vitais, o que contribui na distinção entre o IAM e demais patologias, além das intervenções já citados anteriormente, deve ainda está atento e priorizar e a avaliação da dor torácica4. Tal intervenção é justificável uma vez que a literatura a relaciona a demais manifestações como dispnéia, sudorese, agitação, além da hipertensão11. Estudos apontam ainda que nem todo paciente apresentam os sintomas característicos do IAM, que por vezes se manifesta de forma inespecífica, como nas gestantes, idosos e diabéticos4. Por tanto o enfermeiro deve ser capaz de interpretação dos exames principalmente o ECG, que auxilia da definição diagnostica, e desta forma instituir a terapia o mais breve possível. Portanto diante da patologia e sua predominância emergencial, o enfermeiro deve ainda ser dotado de habilidade, agilidade e tomada de decisão rápida, livre de imperícia e intuição que seria uma barreira na instituição de uma assistência adequada e eficaz10. Pois, após o primeiro atendimento o portador de IAM deve ser criteriosamente monitorado, pois pode evoluir para importantes alterações vitais entre as quais está a hipotensão, depressão respiratória e alterações do ritmo cardíaco. Ressalta ainda a necessidade de o enfermeiro conhecer afinco as ações medicamentosas, pois o risco para o paciente depende da terapia como, por exemplo, os agentes trombolíticos podem desencadear uma hemorragia, enquanto que o sulfato de morfina tende a depressão respiratória9. Por tanto o paciente enfartado está sucessível nas primeiras 12h, se mantendo assim vigilância quanto à ocorrência de arritmias, persistência e intensidade da dor, Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 8 além dos sinais vitais, balanço hídrico e o estado de consciência do indivíduo, ficando este cuidado a cargo do profissional de enfermagem. O enfermeiro deve ter diante do paciente uma atuação calma, de forma a tranquiliza-lo, orientando sobre os procedimentos, e fornecer condições para restauração emocional do paciente, demonstrando interesse por seus problemas. Na oportunidade por ter maior contato, pode dispensar educação em saúde esclarecendo dúvidas e transmitindo tranquilidade também a família10. 4.3 A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é regida pela Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), que prever sua instituição em toda instituição de saúde pública e privada, sendo privativo ao Enfermeiro sua execução e avaliação em conformidade com a Lei 7.498/8614. O cuidar na enfermagem é um processo que demanda zelo devendo ser interativo e sistematizado, o enfermeiro aborda e analisa o paciente em todas as dimensões, holisticamente, o assistindo em todas as demandas, seja física, psicológica, social ou espiritual15. Desta forma necessita de aptidão para realizar julgamentos clínicos e diagnosticar os problemas passíveis de intervenções de enfermagem, tendo em vista alcançar melhores resultados. A SAE permite uma organização e sistematização na assistência em enfermagem, por subsidiar a preparação de planos de cuidados, implementação de intervenções e avaliação em acordo com a necessidade do cliente. Pois sua base está no método cientifico, com objetivo de identificar a interação saúde-doença e as necessidades dos cuidados de enfermagem13. Mediante o diagnóstico do IAM, a SAE torna-se uma ferramenta essencial, pois dentro deste processo o Diagnóstico de Enfermagem (DE) permite uma padronização da linguagem utilizada pela equipe, além de ser útil para determinar clareza e assertividade na conduta da enfermagem, por associar os fatores predisponentes e evidentes. A estrutura da SAE favorece a comunicação do enfermeiro com os demais membros da equipe, bem como na atuação multi e interdisciplinar16. Para Carvalho, Pareja e Maia13 os diagnósticos de enfermagem contribui para acompanhar as resposta direta e indireta do paciente ao IAM, que respeitadas às cincos etapas da SAE (investigação, diagnósticos, prescrição, intervenção e avaliação) tendem a supri as necessidades humanas básicas do indivíduo. Destaca ainda a responsabilidade do enfermeiro em ter um olhar diferenciado, e antecipar as complicações, e desta forma a comunicação entre a equipe multidisciplinar é essencial para saber-se o que acontece com paciente. Portanto analisar os diagnósticos de enfermagem com foco no IAM, pautada em uma investigação holística, e embasado em evidências cientificas, proporciona uma assistência qualificada, e as pesquisas apontam os diagnósticos mais comuns durante a internação e na recuperação pós- infarto com objetivo de aperfeiçoar a assistência e contribuir na redução dos danos e no aumento da qualidade de vida da vítima do infarto. Dentro dos artigos encontrados sobre assistência de enfermagem ao infartado, somente 03 abordam a SAE, sendo que Carvalho, Pareja e Maia13 tem a pesquisa voltado especificamente para diagnostico no IAM na fase emergencial; Pereira et al.16 descreve diagnósticos no caso de doenças cardiovasculares, mas em seu grupo estudado 33,3% eram vítima do IAM; e Pereira, Dias e Santos15 atende ao IAM, porém após alta na fase de adaptação e recuperação, com objetivo da construção do protocolo para padronização da assistência. Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 9 No estudo de Pereira et al.16 a dor foi observado em 70,7% dos pacientes e sua verbalização esteve presente em 100% dos diagnósticos elaborados, enquanto que no estudo de Sampaio et al.12 somente 9% dos paciente não apresentava dor, e entre os demais pacientes, a dor foi relacionada com a sudorese (51%), vômitos (34%), dispnéia (18%) e em menor proporção tonturas, náuseas, fadiga, síncope e palpitação. Pereira, Dias e Santos15 destaca que a contextualização da dor difere de gênero e o desconhecimento das características da dor no IAM, é uma das causas na mortalidade pré-hospitalar. Identificar o Diagnóstico de Enfermagem (DE) “Dor aguda” e iniciar imediatamente a intervenção no sentido de reduzir sua intensidade, contribui para estabilização hemodinâmica da vítima do IAM, pois a dor além de limitante, ela desencadeia inúmeras reações do organismo que caracterizam alterações fisiológicas e psicológicas11. Desta forma a dor deixa de ser somente um sintoma e passa a ser motivo de outros DEs como Ansiedade e Medo, que consequentemente contribui para a sobrecarga cardíaca. O débito cardíaco é definido como capacidade de bombeamento de sangue pelo coração que tem por objetivo suprir todos os tecidos orgânicos com oxigênio e substâncias necessárias a suas atividades vitais15, quando ocorre uma diminuição deste débito, os sinais como a dispneia e palidez são frequente, mas durante a assistência o DE “Débito Cardíaco Diminuído” pode está relacionado não só com o IAM, mas ainda com a administração das drogas vasoativas, o que necessita de uma atenção reforçada do enfermeiro que deve verificar a Pressão Arterial (PA) e certifica-se da ausência da hipotensão antes de administrar tais drogas13. Destaca-se que o débito cardíaco diminuído consequentemente está associado aos DEs “Padrão respiratório ineficaz”, “Perfusão tissular periférica ineficaz” e “Troca de gases prejudica” já que ambos são dependentes da eficaz ejeção sanguínea e adequado transporte de oxigênio. Portanto as intervenções destes diagnósticos não variam muito que são repouso absoluto no leito nas primeiras horas de tratamento, cabeceira do leito elevado, instalar a oxigênio terapia conformenecessidade do paciente e prescrição, monitorar continuadamente a pressão arterial e oximetria de pulso, avaliar frequentemente a perfusão e pulso periférico, além de manter atenção nos sons pulmonares e bulhas cardíacas, e monitorar a resposta ao tratamento medicamentoso quanto aos efeitos terapêuticos, adversos ou tóxicos dos fármacos17. Entretanto o débito cardíaco diminuído é um DE que dependendo da gravidade do infarto tendente a acompanhar o paciente ainda por algum tempo e/ou por toda vida. Sendo assim, recomenda-se a orientação ao cliente quanto ao autocuidado após a alta hospitalar, para que possam respeitar seus limites, moderar nos esforços, orientando também a família quanto à restrição e a progressão das atividades, para aprenderem a monitorar a dispnéia, fadiga e taquicardia e a importância do paciente informar qualquer desconforto torácico15. A “ansiedade” no estudo de Pereira et al.16 esteve presente em 76,7%, sendo superior até mesmo ao DE “dor aguda” (70,7%) tendo resultado paralelo ao estudo revisado por ele, em que nos pacientes vítimas do infarto o DE “Ansiedade” é manifesto em 93% do pacientes. Isto porque segundo inúmeros estudos doenças cardiovasculares produzem sinais e sintomas emocionais devido ao medo da morte e da dor. Outro achado foi à ansiedade relacionada ainda com o desconhecimento do autocuidado e da progressão da doença, o que demonstra a importância da intervenção da enfermagem com objetivo de orientar o paciente quanto a estas questões. Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 10 Por tanto o controle da dor, repouso no leito e a redução da ansiedade tendem ser benéfico ao bem estar do paciente, pois tais intervenções minimiza a agitação do paciente e consequentemente a sobrecarga cardíaca. O autor destaca ainda a importância da interação entre a equipe e paciente, na tentativa de acalma-lo e amenizar o impacto da ansiedade9. A “mobilidade física prejudicada” apesar de ser de caráter provisório, se não esclarecida para o paciente, pode ser desencadeador de ansiedade e angustia, por ter sinônimo de dependência. Mas mesmo estando relacionado à necessidade do repouso absoluto e presente em 100% dos tratamentos do IAM, os estudos consultados pouco abordam o tema, o que demonstra uma carência de sensibilidade na representação do impacto emocional para o paciente, que na maioria das vezes é uma pessoa ativa e independente. A “intolerância a atividade” foi constato em 36,7% no estudo de Pereira et al.15 sendo comum em insuficiência cardíaca, apresentando fadiga, desconforto respiratório e palpitação, isso por está relacionado a redução da capacidade do coração manter o débito cardíaco, dificultado a realização das atividades da vida diárias, portando no IAM ocorre uma redução na variabilidade da frequência cardíaca, dependente da gravidade da lesão, desta forma está diretamente relacionada como o débito cardíaco diminuído, podendo ser adota as mesmas intervenções, com destaque para orientações para pós alta15. Além dos DEs acima abordados o enfermeiro deve estar atento aos diagnósticos consequentes da assistência como “Risco de infecção” relacionado ao acesso venoso, “Risco de aspiração” relacionado à ventilação mecânica e sedativos, e “Autocuidado prejudicado” relacionado ao repouso no leito, além de “Risco para confusão aguda” relacionada à hipóxia cerebral13. Desta forma a elaboração das intervenções subsidiará a promoção e prevenção, recuperação e reabilitação do indivíduo, sendo consideradas as necessidades humana deste indivíduo. No entanto a Sistematização da Assistência de Enfermagem tem na sua essência considerar o indivíduo no todo, físico- psico-social. Desta forma o enfermeiro deve ponderar desde suas doenças de base e concomitante ao IAM, suas emoções, frustrações, ofertando uma assistência holística e humanizada, para além da internação preparando-o para o retorno de seu ambiente e lar, sendo educador. Do mais a SAE propicia uma assistência integral ao paciente infartado, que diante dos DE descritos permite a elaboração das intervenções necessárias e organizadas para o alcance do resultado almejado, contribuído para uma assistência de enfermagem resolutiva, sistêmica e continua. 5 CONCLUSÃO Tendo o IAM sua fisiopatologia bem conhecida, apesar do avanço das pesquisas é ainda um desafio, quanto à busca pela redução dos números de caso, bem como o impacto da enfermidade sobre o paciente infartado e sua qualidade de vida. O Enfermeiro como profissional de saúde tem papel primordial em todas as fases do cuidado com o paciente infartado, desde a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da população afetada. Sendo que na promoção e prevenção o enfermeiro deve atuar como educador, ao orientar a população de risco sobre como prevenir o IAM, a reconhecer os seus sinais e sintomas, quando e aonde buscar assistência, capacitando não somente o paciente, mas também família e comunidade. Salus J Health Sci. 2016; 2(3): 1‐13 11 No ápice da emergência o enfermeiro tem que ser capacitado a reconhecer e diferenciar o infarto das demais patologias, além de necessitar de habilidade, agilidade e ser apto a tomar decisões rápidas, para uma assistência eficaz e adequada, sendo responsável junto com sua equipe desde a chegada do paciente a unidade hospitalar até a sua alta. A Sistematização da Assistência de Enfermagem dá legitimação à atuação do enfermeiro, facilita a comunicação da equipe multi e interdisciplinar e padroniza o cuidado embasado na evidencia. Permite elaborar um plano do cuidado individual, atendendo as necessidades humanas, contribuindo para a reabilitação do infartado, considerando a pessoa cuidada como o centro do processo da assistência. A limitação do presente estudo está no baixo número de pesquisas voltadas a descrever os benefícios da SAE como instrumento facilitador na assistência emergencial ao paciente infartado, mesmo que pela Resolução 358/2009, ela seja obrigatória em todos os estabelecimentos em que tenha uma equipe de enfermagem. Portanto novos estudos podem contribuir para a construção de uma SAE dinâmica e legitima que favoreça uma assistência qualificada ao paciente infartado. REFERÊNCIAS 1. Mussi FC, Mendes AS, Damasceno CA, Gibaut MAM, Guimarães AC, Teles CAS. Fatores ambientais associados ao tempo de decisão para procura de atendimento no infarto do miocárdio. Rev Bras Enferm. [online]. 2014 [acesso em 27 fev 2016]; 67(5):722-729. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67 n5/0034-7167-reben-67-05- 0722.pdf. 2. Departamento de Informática do SUS – DATASUS [homepage na internet]. 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