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Sistema Nervoso Autônomo, Homeostase e Motivação Juliana Soares IBCCF/UFRJ Claude Bernard (1813-1878) Homeostasia Walter Cannon (1871-1945) Homeostase é a manutenção das propriedades físico-químicas e metabólicas do meio interno. Sistemas de controle da homeostasia: Sistema Integrador – SNC (Hipotálamo) Sistemas Efetores: - SNA - Sistema Endócrino - Sistema Imune Sistema Nervoso Detecção de estímulos Alterações do meio interno (Receptores) Centros Integradores (Hipotálamo) Sistemas Efetores - SNA - Sistema Endócrino - Sistema Imune Resposta Apropriada SNA = Sistema Nervoso Visceral Sistema Nervoso Central • Núcleo do Trato Solitário (Bulbo) • Outros núcleos do tronco encefálico. VISCEROCEPTORES • detectam o estado do interior de nosso organismo • estão associados a terminações periféricas do neurônio sensorial primário EFERENTES: •Simpático •Parassimpático EFETORES: • Músculo estriado cardíaco • Músculo liso • Glândulas Simpático Parassimpático Medula Sistema Nervoso Autônomo (SNA) (“sistema motor visceral”) As sinapses entre o neurônio pós-ganglionar e as células alvos não apresentam especializações pós-sinápticas. Os neurotransmissores se difundem por grandes distâncias até chegar aos receptores de várias células. Sistema Nervoso Autônomo Simpático Parassimpático Entérico Porção gastroentérica do SNA -Plexo Mioentérico -Plexo Sub-mucoso O tubo digestivo isolado possui atividade intrínsica e ´reflexos´ que ativam a motricidade e as secreções na presença de alimentos em seu interior. No tubo digestivo normal estes ‘reflexos’ são modulados pelo SNA. Vias autonômicas Neurotransmissores: ACh = acetilcolina NE= noradrenalina E= adrenalina Diferenças funcionais segundo Walter Cannon: - Simpático - ações de luta ou fuga (aumento do DC, vasoconstrição, glicose sanguínea, midríase). - Parassimpático – repouso e digestão Ambas as divisões interagem continuamente na regulação do funcionamento orgânico. Na maioria dos órgãos apresentam ações antagonistas: MUSCULATURA DA ÍRIS: Simpático MIDRÍASE (dilatação) Parassimpático MIOSE (contração) NODO SINO-ATRIAL (CORAÇÃO): Simpático freqüência cardíaca Parassimpático freqüência cardíaca Ação sinergista: ÓRGÃOS SEXUAIS: Simpático EJACULAÇÃO Parassimpático EREÇÃO Diminui frequência cardíaca (bradicardia) Aumenta frequência cardíaca (taquicardia) Organização da Divisão Simpática SNA Simpático Toraco-lombar Fibra pré curta, pós longa (adrenérgica) Ação generalizada * Prepara para ação * SNA Parassimpático Crânio-sacral Fibra pré longa, pós curta (colinérgica) Ação localizada Prepara para reposição energética VASOCONSTRIÇÃO PA FC Reflexo Barorreceptor: Responsável pela manutenção da P.A. em níveis constantes. PA O SNA atua na regulação da homeostasia através de ações reflexas ou de comandos superiores. Controle do sistema digestório pelo SNA Ativação parassimpática – secreção salivar, mucosa, gástrica e de outras glândulas digestórias, movimentos peristálticos. Ativação simpática – interrupção da motilidade e da secreção. O controle da micçao é um exemplo de interação entre um reflexo autonômico e comandos voluntários de origem cortical. Bexiga vazia -Tônus simpático musculatura lisa da bexiga relaxada e esfíncter interno da uretra fechado. Bexiga cheia -Tônus parassimpático contração da musculatura lisa da bexiga e esfincter interno da uretra relaxado. Esfíncter externo – controle voluntário Parassimpático Simpático As funções autonômicas são coordenadas por uma rede de estruturas no tronco cerebral e diencéfalo. O NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO (BULBO) Integra a informação sensorial proveniente dos órgãos internos e coordena a saída efetora para os núcleos autonômicos do tronco encefálico. cortex O Hipotálamo recebe conexões aferentes de muitas regiões neurais e de posse dessa extensa rede de informações envia comandos neurais para várias regiões provocando respostas apropriadas. O Hipotálamo regula a produção de hormônios pelo Sistema Endócrino. Neurônios dos núcleos supra-óptico e paraventricular do hipotálamo se projetam para a hipófise formando o eixo hipotálamo-hipofisário. Esses neurônios hipotalâmicos são células secretoras que secretam hormônios na neuro- hipófise e na eminência mediana. Na eminência mediana são secretados vários hormônios que atingem a adeno-hipófise através da circulação porta-hipofisária. Hormônios liberados pela adeno-hipófise e pela neuro-hipófise Adrenais O sistema imunológico comunica-se com o hipotálamo e a hipófise por meio de imunotransmissores (linfocinas, timosinas). Na ansiedade e no estresse, além da ativação simpática (taquicardia, taquipnéia, sudorese, piloereção), com a estimulação da medula adrenal, o hipotálamo secreta ACTH que estimula o córtex adrenal a secretar os glicocorticóides. Estresse & eixo HPA Ocitocina Vasopressina Hipotálamo & Neuro-hipófise A ocitocina, responsável pela sensação de prazer ao toque afetuoso, diminui a produção de cortisol. http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Rhesus_Macaques_4528.jpg http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Rhesus_Macaques_4528.jpg Resposta “típica” Apoio do melhor amigo ESTRESSE E APOIO SOCIAL Heinrichs et al. Biol Psychiatry 2003 Ocitocina Ocitocina + Apoio social A regulação da homeostasia envolve, além das ações reflexas, a realização de comportamentos motivados de natureza reguladora como o ajuste da temperatura corporal e a regulação da ingestão de líquidos e alimentos. O hipotálamo é o centro integrador para as ações motivadas e atua articulado com: - Áreas corticais de controle; - Sistema motor somático; - SNA e endócrino. A regulação da temperatura envolve reflexos autonômicos e somáticos, assim como comportamentos de busca de agasalho e abrigo. Termorreceptores centrais (região pré-óptica e hipotálamo anterior) Termorreceptores periféricos (pele, mucosas digestivas e respiratórias) Integrador hipotalâmico Hipotálamo posterior Hipotálamo anterior Regulação do volume de líquidos do organismo e de sua osmolalidade - Mecanismos automáticos de regulação do equilíbrio hidrossalino; - Estados motivacionais para ingestão de líquido (sede) e sal. Volume sanguíneo baixo ativa os barorreceptores resultando em aumento de ANG II que estimula liberação de ADH pela neuro-hipófise . Ang II + O aumento da osmolalidade é sentida pelos osmorreceptores que também estimulam a liberação de ADH. Sede Idéia atual: Os sistemas reguladores da alimentação estão distribuídos em várias estruturas no cérebro e envolvem diversos sinais químicos. Idéia inicial: Centro da fome - Lesão do hipotálamo lateral – afagia Centro da saciedade - Lesão do hipotálamo medial - hiperfagia O controle da ingestão de alimentos Regulação a curto prazo: A queda da glicemia provoca a ingestão de alimentos (porém só em situações emergenciais) Aferentes vagais que inervam o estômago sinalizam o seu enchimento pela distensão da parede gástrica e enviam essas informações ao NTS. Colecistocinina, secretada pelo intestino após a chegada do alimento, atua na área postrema e no NTS, somando-se aos sinais provenientes do vago. O peptídeo gastrointestinal grelina atua sobre o hipotálamo estimulando o apetite. Sua secreção no TGI é inibida em resposta à ingestão de nutrientes. Regulação a curto prazo: Regulação a longo prazo (regulação do estoque): A Leptina produzida pelo tecido adiposo age sobre o núcleo arqueado que se projeta para o hipotálamo inibindo a ingestão de alimentos. Controle da massa corporal (peso) (hipotálamo) Hormonal: leptinas (estoques de gorduras) CCK (enchimento gástrico) Motivacional: sabor dos alimentos alimentos como recompensa Regiões neurais envolvidas no comportamento sexual consumatório Dimorfismo sexual na área pré-óptica (APO-SD) MachosFêmeas Normais Testosterona Ativação durante sentimentos de amor materno e romântico O SNC dos machos expressa a enzima aromatase que transforma a testosterona em estradiol. O estradiol nos machos molda os circuitos neurais masculinos que levam a comportamentos como maior agressividade, marcação de território, montada para o acasalamento. Teorias sobre as emoções: James e Lange – As emoções são experimentadas a partir da percepção das alterações fisiológicas em nosso organismo. Alterações corporais produzidas pelas emoções (taquicardia, sudorese, contração muscular) nos levariam a sentir uma determinada emoção. Teorias sobre as emoções: Cannon e Bard – A informação emocional é processada pelo SNC e ao mesmo tempo gera a ativação corporal e a experiência consciente da emoção. Podemos vivenciar as emoções sem produzir mudança fisiológica. Muitas respostas fisiológicas são comuns a várias emoções. O Substrato Neural da Emoção – O Sistema Límbico Lobo Límbico (Paul Broca, 1824-1880) Sistema Límbico (James Papez, 1883-1958): -Cortex cingulado; -Hipocampo; -Hipotálamo; -Núcleos anteriores do tálamo; -Amígdala (adicionada depois); -Córtex pré-frontal e associativo. (LeDoux, 1994) Condicionamento do medo O choque provoca um sobressalto com elevação da pressão sanguínea e longa imobilidade. Circuito Neural do Medo A amígdala é o botão de disparo das reações emocionais. Recebe aferências sensoriais através do tálamo e aferências mais complexas do córtex. Envia projeções a diversas regiões que participam da execução dos comportamentos e ajustes fisiológicos das emoções. LeDoux, 1994 Circuitos neurais envolvidos nas reações de MEDO Sistema Nervoso Autônomo Simpático Ex: taquicardia, sudorese, midríase, elevação da pressão arterial. Sistema Motor Somático amígdala hipotálamo Congelamento Fuga Luta Imobilidade Tônica AUMENTO DA AMEAÇA À VIDA!! CASCATA DEFENSIVA Ataque defensivo (HPM) Ataque ofensivo (HPL) Da raiva à agressão Raiva é a emoção que determina o comportamento de agressão ou ataque. 1 e 2- pseudorraiva O hipotálamo posterior é crucial para as manifestações comportamentais de raiva, normalmente bloqueadas pelos hemisférios cerebrais. Como nas reações de medo, a amigdala é é o botão de disparo da raiva e sua conexão com o hipotálamo é a via de saída para as reações correspondentes. Autoestimulação elétrica direta do circuito de recompensa (centros de prazer) Circuito de Recompensa (prazer) Olds e Milner, 1956 O centro do prazer – conjunto de regiões ao longo do feixe prosencefálico medial e área septal. Sistema Mesolímbico – Reforço Positivo Área Tegmentar Ventral (VTA) Auto estimulação intracerebral (estimula ´centro do prazer´) Núcleo Acumbente (Acc) No sistema mesolímbico, fibras dopaminérgicas da área tegmentar ventral do mesencéfalo projetam para o hipotálamo, núcleo acumbente e regiões corticais como córtex pré-frontal e cingulado. CÓRTEX PRÉ-FRONTAL CÓRTEX PRÉ-FRONTAL VENTRAL O caso Phineas Gage Gage, além de perder a capacidade de planejar suas ações, se tornou impaciente, rude e irreverente, dado a rompantes de raiva. Resposta de sudorese Lesão no córtex pré-frontal ventro-medial: sem resposta autonômica a fotos aversivas Emoção e tomada de decisão controle Paciente com lesão pré-frontal ED 2 1- Diferenciar as divisões simpática e parassimpática do SNA quanto à organização, neurotransmissores e funções. 2- Qual o papel do hipotálamo no controle da homeostase? Exemplifique. 3- como o hipotálamo regula a secreção de hormônios pela hipófise? 4- Quais as estruturas envolvidas com a emoção?
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