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Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO COLETA DE DADOS 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 2. FONTES E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ...................................................... 3 Entrevistas ....................................................................................................... 4 Questionários .................................................................................................. 6 Observação ...................................................................................................... 8 3. RESUMO DA AULA ................................................................................................... 9 4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 10 5 2 AULA 5 COLETA DE DADOS Reconhecer as características dos diferentes instrumentos de coleta de dados; Identificar os diferentes métodos de coleta de dados; Refletir sobre a melhor técnica para coleta de dados relacionada ao objetivo do estudo. 3 1. INTRODUÇÃO Existem várias maneiras de colher dados, porém é muito importante que seja destacado uma organização e um planejamento adequado para a forma que os dados e as informações sejam corretamente manuseados. Tais metodologias não são excludentes, apesar de distintas, e classificam-se como qualitativas ou quantitativas, dependendo da natureza da pesquisa e de seus objetivos (BELL, 2008). A observação, a aplicação de questionários e o planejamento de entrevistas são exemplos que demonstram o espectro de possibilidades metodológicas aplicáveis a uma pesquisa científica. Para selecionar uma ou mais entre elas, o pesquisador deve levar em conta o contexto e o objetivo da pesquisa. Em geral, as informações podem ser colhidas de fontes primárias ou secundárias, cada uma com seus instrumentos. 2. FONTES E TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Para a realização da pesquisa acadêmico você pode utilizar diversas fontes de informação. Comumente essas fontes são classificadas em fontes primárias e fontes secundárias. As fontes primárias são trabalhos originais de pesquisa ou dados brutos, sem interpretação ou pronunciamentos, que representam uma opinião ou posição oficial. Entre as fontes primárias estão memorandos, cartas, entrevistas ou discursos completos (em áudio, vídeo ou transcrição escrita), leis, regulamentações, decisões ou padrões judiciais e a maior parte dos dados governamentais, incluindo dados do censo, econômicos e trabalhistas. As fontes primárias são sempre as mais confiáveis porque as informações ainda não foram filtradas ou interpretadas por uma segunda parte. Outras fontes internas de dados primários incluem registros de estoque e de pessoal, requisições de compra, gráficos de controle estatístico de processo e dados similares (COOPER; SCHINDLER, 2011). As fontes secundárias são interpretações de dados primários. Enciclopédias, livros, manuais, artigos de revistas e jornais e a maioria das notícias são considerados fontes secundárias de informações. Na verdade, quase todos os materiais de referência entram nessa categoria. Internamente, os resumos de análise de vendas e os relatórios anuais de investimento seriam exemplos de fontes secundárias, pois são compilados a partir de uma variedade de fontes primárias (COOPER; SCHINDLER, 2011). 4 Para a coleta de dados primários é possível utilizar diversas técnicas. Nos próximos tópicos serão apresentadas 3 das técnicas de coleta de dados mais relevantes: entrevista, questionário e observação. Entrevistas A entrevista é uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio de interrogatório do informante, dados para a pesquisa (CERVO et al., 2007). As pesquisas podem ser realizar individualmente, com apenas um entrevistado, ou com um grupo de entrevistados. As entrevistas podem ser (COOPER; SCHINDLER, 2011): Não estruturadas: nenhuma questão é especificada, não há ordem de tópicos; Semiestruturadas: começa com algumas questões específicas e depois segue a linha de pensamento do entrevistado; Estruturadas: utiliza um guia detalhado, semelhante a um questionário. Tanto para as entrevistas semiestruturadas quanto para as entrevistas estruturadas deve-se elaborar um roteiro de perguntas. As perguntas devem ser muito bem-elaboradas e é conveniente realizar um pré-teste. Uma sugestão de passo a passo para realização de coleta de dados por meio de entrevistas é apresentada na Figura 1. Cada uma dessas etapas é detalhada a seguir. Figura 1: Passo a passo para coleta de dados por meio de entrevistas.1 Formular perguntas: as perguntas devem ser feitas de acordo com o tipo da entrevista: padronizadas, obedecendo ao roteiro ou formulário preestabelecido; não-padronizadas, deixando o informante falar à vontade e, depois, ajudá-lo com outras perguntas, entrando em maiores detalhes. Para não confundir o entrevistado, deve-se fazer uma pergunta de cada vez e, primeiro, as que não tenham probabilidade de ser recusadas. Deve-se permitir ao informante restringir ou limitar suas informações. Toda pergunta que sugira resposta deve ser evitada. 1 Fonte: Elaborada pela autora com base na literatura (2018). 5 Considerar métodos de análise: na formulação das perguntas e condução da entrevista deve-se ter em mente como os dados serão analisados, se haverá utilização de software Fazer um teste: a realização de testes é fundamental para garantir a qualidade das questões que foram elaboradas, para evitar questões ambíguas e garantir que todas as informações necessárias para a pesquisa serão obtidas. Agendar entrevista: O pesquisador deve entrar em contato com o infamante e estabelecer, desde o primeiro momento, uma conversação amistosa, explicando a finalidade da pesquisa, seu objeto, relevância e ressaltar a necessidade de sua colaboração. É importante obter e manter a confiança do entrevistado, assegurando-lhe o caráter confidencial de suas informações. Criar um ambiente que estimule e que leve o entrevistado a ficar à vontade e a falar espontânea e naturalmente, sem tolhimentos de qualquer ordem. A conversa deve ser mantida numa atmosfera de cordialidade e de amizade (MARCONI; LAKATOS, 2017). Registrar entrevista: as respostas, se possível, devem ser anotadas no momento da entrevista, para maior fidelidade e veracidade das informações. O uso do gravador é ideal, se o informante concordar com a sua utilização. A anotação posterior apresenta duas inconveniências: falha de memória e/ou distorção do fato, quando não se guardam todos os elementos. O registro deve ser feito com as mesmas palavras que o entrevistado usar, evitando-se resumi-las. Outra preocupação é manter o entrevistador atento em relação aos erros, devendo-se conferir as respostas, sempre que puder. Se possível, anotar gestos, atitudes e inflexões de voz. Ter em mãos todo o material necessário para registrar as informações (MARCONI; LAKATOS, 2017). Solicitar autorização: tendendo aos preceitos éticos da pesquisa, é necessário explicar aos entrevistados, o mais detalhadamente possível, sobre o que trata a pesquisa, porque você quer entrevistá-los, o que estará envolvido e o que você farácom as informações que obtiver para receber o "consentimento do(s) entrevistado(s)" (BELL, 2008). FIQUE ATENTO No processo de entrevista é importante que você seja cordial com o entrevistado, afinal, ele está dedicando parte de seu tempo para auxiliá-lo no desenvolvimento de sua pesquisa. Além disso, você também pode utilizar a tecnologia para favorecer seu trabalho! É possível realizar entrevistas 6 mediadas por computador, utilizando softwares de videoconferência. Você pode, também, gravar todo o processo para que posteriormente você possa transcrever todas as informações, garantindo que nenhuma informação será esquecida. Uma das principais vantagens da entrevista é a sua adaptabilidade. Uma entrevista hábil pode acompanhar ideias, aprofundar respostas e investigar motivos e sentimentos — coisas que o questionário nunca pode fazer. A maneira como uma resposta é dada (o tom de voz, a expressão facial, a hesitação, etc.) pode proporcionar informações que uma resposta escrita talvez dissimulasse. As respostas dos questionários têm de ser tomadas ao pé da letra, mas, nas entrevistas, elas podem ser desenvolvidas e esclarecidas (BELL, 2008). No entanto, as entrevistas consomem muito tempo e, em muitos casos, limita o número de participantes. A entrevista é uma técnica muito subjetiva, por isso, sempre há o risco de viés. Além disso, a comparação dos resultados de diferentes entrevistas é mais complexa do que a comparação de questionários, por exemplo (BELL, 2008). SAIBA MAIS Quer saber um pouco mais sobre vieses em pesquisas acadêmicas? Leia o artigo “estudos e pesquisas: como evitar os vieses” no link 2 Questionários Questionário é um conjunto de perguntas sobre determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica (GUNTHER, 2003). Os questionários podem ser assistidos, quando o pesquisador acompanha os respondentes, ou pode ser não-assistido, quando o pesquisador não acompanha o respondente, como ocorre com questionários online, por exemplo. Os questionários podem ser abertos ou fechados, conforme o tipo de pergunta. Os questionários abertos possibilitam resposta livre, já os questionários fechados trazem um padrão de respostas para escolha do respondente. Os tipos de questões para elaboração de um questionário são apresentados no Quadro 1. 2 Fonte: http://www.aberje.com.br/colunas/estudos-e-pesquisas-como-evitar-os-vieses/. http://www.aberje.com.br/colunas/estudos-e-pesquisas-como-evitar-os-vieses/ 7 TIPO DESCRIÇÃO Verbal ou aberta A resposta esperada é uma palavra, uma expressão ou um longo comentário Lista Uma lista de itens é oferecida, e é permitido ao respondente escolher um ou mais desses itens. Categoria A resposta é apenas uma dentre um conjunto de categorias Classificação É solicitado ao respondente que coloque as informações em uma ordem de classificação Quantidade A resposta é um número que representa a quantidade de determinada característica Grade Uma grade ou uma tabela é utilizada para que se registre duas ou mais perguntas ao mesmo tempo Escala Há vários tipos de escalas Quadro 1: Tipos de questões para um questionário.3 EXEMPLIFICANDO A elaboração das questões envolve três áreas fundamentais de decisão: (a) conteúdo da questão, (b) redação da questão e (c) estratégia de resposta. O conteúdo da questão deve 3 Fonte: Marconi e Lakatos (2017). Tipo de escala Descrição Exemplo Escala nominal Divide os dados em categorias mutuamente exclusivas e coletivamente exaustivas. Sexo: Feminino Masculino Escala ordinal Além das características da escala nominal, tem a capacidade de ordenar os dados. Gosta de realizar compras pela internet? Não Gosto Gosto Gosto Muito Escala intervalar São questões que visam comparar intervalos e medir o quanto uma preferência encontra-se distante de outra. A internet é superior às bibliotecas tradicionais para pesquisas abrangentes Escala razão São as variáveis contínuas. Peso, idade, renda 8 passar pelos seguintes testes: A pergunta deve ser feita? O escopo é adequado? O participante pode e irá responder adequadamente? (COOPER; SCHINDLER, 2011) As dificuldades de redação das questões excedem a maioria das outras fontes de distorção nos levantamentos. A manutenção de uma questão deve ser confirmada ao responder: A pergunta é formulada com vocabulário comum? O vocabulário tem um significado preciso? A pergunta contém suposições enganosas? A redação é tendenciosa? A pergunta está corretamente personalizada? São apresentadas alternativas adequadas? (COOPER; SCHINDLER, 2011) O objetivo do estudo e os fatores dos participantes afetam a decisão de usar questões abertas ou fechadas. Cada estratégia de resposta gera um nível específico de dados, e os procedimentos estatísticos disponíveis para cada tipo de escala influenciam a estratégia de resposta desejada. Os fatores do participante incluem nível de informação sobre o tópico, grau em que o tópico foi analisado, facilidade de comunicação e motivação para compartilhar informações (COOPER; SCHINDLER, 2011). Observação A observação se qualifica como método de pesquisa quando é conduzida para responder especificamente a uma questão de pesquisa, é sistematicamente planejada e executada. A observação pode ser comportamental ou não comportamental (COOPER; SCHINDLER, 2011). A observação não comportamental envolve a análise de registros, que podem ser históricos ou atuais e públicos ou privados: quanto à materialidade são escritos, impressos, gravados em áudio, fotografados ou gravados em vídeo Os dados estatísticos históricos muitas vezes são as únicas fontes usadas para um estudo. A observação comportamental envolve avaliar o comportamento das pessoas, como o comportamento não verbal, ou seja, movimentos corporais e expressões; o comportamento linguístico, como o conteúdo de uma apresentação de vendas; o comportamento extralinguístico, que envolve o tom e a velocidade da voz, por exemplo; e as relações espaciais, que envolvem como as pessoas organizam o espaço (COOPER; SCHINDLER, 2011). A observação pode ser realizada de duas formas: direta e indiretamente. A observação direta ocorre quando o observador está fisicamente presente e monitora pessoalmente o que 9 acontece. Essa abordagem é muito flexível porque lhe permite reagir e relatar aspectos sutis de eventos e comportamentos conforme eles ocorrem. A observação indireta ocorre quando o registro é feito por meios mecânicos, fotográficos ou eletrônicos. Por exemplo uma câmera especial que registra um quadro por segundo instalada em um departamento de uma grande loja para estudar o movimento de clientes e funcionários. Ela é menos flexível que a observação direta, mas também é muito menos tendenciosa e pode ser muito mais exata, além de o registro permanente poder ser reanalisado para incluir muitos aspectos diferentes do evento (COOPER; SCHINDLER, 2011). 3. RESUMO DA AULA Nessa aula você aprendeu que as três principais formas de coletar dados primários são as entrevistas, o questionário e a observação. Para coleta de dados por meio de entrevistas utilizamos roteiros. Para coleta de dados por meio de questionários utilizamos questões abertas e/ou fechadas. Para coleta de dados por meio da observação utilizamos uma lista de verificação. Estudos qualitativos utilizam técnicas de entrevista e observação e estudos quantitativos utilizam questionários. Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas apenas paraalunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. 10 4. REFERÊNCIAS BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. COOPER, D. R.; SCHINDLER, P.S. Métodos de Pesquisa em Administração. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. GÜNTHER, Hartmut. Como elaborar um questionário (série: Planejamento de Pesquisa nas Ciências Sociais, nº 01). Brasília, DF: UnB, Laboratório de Psicologia Ambiental, 2003. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 8. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2017.
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