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A teoria constitucional e seu perfil de evolução O que é o Constitucionalismo? Henrique IV, Imperador da Alemanha e Papa Gregório VII – século XI Peregrinação a Canossa, 27 de janeiro de 1077 Felipe, o Belo da França e Papa Bonifácio VIII – século XIV Ataque ao Castelo de Anagni, setembro de 1303 A teoria constitucional e seu perfil de evolução O que é o Constitucionalismo? Thomas Hobbes, as monarquias absolutistas e a unificação da soberania John Locke, os direitos naturais e o estado mínimo Jean-Jacques Rousseau e a Vontade Geral Charles-Louis de Secondat, o Barão de Montesquieu e a Tripartição de Poderes Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição – Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789. Estado de Direito Estado Democrático Independência dos Estados Unidos/ Revolução Francesa Estado Social Ligado aos Direitos Individuais ou Liberais (1° Dimensão dos Direitos Humanos/Fundamentais) O poder soberano deixa de ter a função de meramente não permitir a violação de direitos e passa a ter a obrigação de garantir direitos básicos a população para alcançar uma igualdade material, no lugar da igualdade meramente formal garantido pelo Estado de Direito. Revolução Russa e formação da URSS Ligado aos Direitos Sociais (2° Dimensão dos Direitos Humanos/ Fundamentais) O poder soberano deriva da Vontade Popular e a democracia se torna um valor essencial do Estado. Queda do Muro de Berlim Ligado aos Direitos Difusos (3° Dimensão dos Direitos Humanos/ Fundamentais) liberté egalité fraternité A teoria constitucional e seu perfil de evolução É certo, portanto, afirmar que os direitos de primeira dimensão (direitos civis e políticos) são diretos negativos de defesa, cuja efetividade depende apenas da não intervenção do Estado no domínio privado. Não demandam ações positivas (prestacionais) do Estado para a sua efetividade e plena concretização. Trata-se de um “não fazer” do Estado, cuja postura é negativa, absenteísta e minimalista em termos de intervenção nas relações privadas. (Dir. Const.Ava., p. 141). O poder soberano é subordinado ao ordenamento jurídico que ele mesmo cria – nesse sentido, nasce a visão da constituição como limitador do agir do soberano. os direitos da segunda dimensão podem ser considerados uma densificação do princípio da justiça social, além de corresponderem à reivindicações das classes menos favorecidas, de modo especial da classe operária, a título de compensação, em virtude da extrema desigualdade que caracterizava (e, de certa forma, ainda caracteriza) as relações com a classe empregadora, notadamente detentora de um maior ou menor grau de poder econômico. (SARLET, 2004, p. 53) (Dir. Const. Ava., p. 143). A teoria neoconstitucional do direito traz uma nova forma de pensar a eficácia constitucional, qual seja: a norma constitucional é norma jurídica e, portanto, nessa qualidade de norma jurídica, deve ser capaz de gerar direito subjetivo para o cidadão comum, independentemente do legislador democrático. Observe, com atenção, que essa nova maneira de pensar a dogmática constitucional faz com que as normas constitucionais, independentemente de serem classificadas como normas de eficácia limitada, deverão ser garantidas pelo ativismo judicial, aqui, vislumbrado, como a criação jurisprudencial do direito (Dir. Const. Ava., p. 146). A teoria constitucional e seu perfil de evolução Dir. Const. Ava., p. 145 Força normativa da Constituição, paradigmas de racionalidade discursiva e fatos portadores de juridicidade Na feliz síntese de Luís Roberto Barroso temos que: “No plano jurídico, a doutrina atribuiu normatividade plena a Constituição, que passou a ter aplicabilidade direta e imediata, tornando-se fonte de direitos e obrigações”. (BARROSO, 2005, p. 77) (Dir. Const. Ava., p. 146). A dogmática jurídica brasileira sofreu, nos últimos anos, o impacto de um conjunto novo e denso de ideias, identificadas sob o rotulo genérico de pós-positivismo ou principialismo. Trata-se de um esforço de superação do legalismo estrito, característico do positivismo normativista, sem recorrer às categorias metafísicas do jusnaturalismo. Nele se incluem a atribuição de normatividade aos princípios e a definição de suas relações com valores e regras; a reabilitação da argumentação jurídica; a formação de uma nova hermenêutica constitucional; e o desenvolvimento de uma teoria dos direitos fundamentais edificada sob a ideia de dignidade da pessoa humana. Nesse ambiente, promove-se uma reaproximação entre o Direito e a Ética. (BARROSO, prefácio, BARCELLOS, 2005) (Dir. Const. Ava., p. 147). Eficácia das Normas Constitucionais Plena Contida Limitada Aplicabilidade imediata direta integral Aplicabilidade Aplicabilidade Força normativa da Constituição, paradigmas de racionalidade discursiva e fatos portadores de juridicidade CRFB/88, art. 5°, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Eficácia das Normas Constitucionais Plena Contida Limitada Aplicabilidade imediata direta integral Aplicabilidade imediata direta Aplicabilidade Força normativa da Constituição, paradigmas de racionalidade discursiva e fatos portadores de juridicidade CRFB/88, art. 5°, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Eficácia das Normas Constitucionais Plena Contida Limitada Aplicabilidade imediata direta integral Aplicabilidade imediata direta CRFB/88, art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Aplicabilidade mediata indireta diferida Força normativa da Constituição, paradigmas de racionalidade discursiva e fatos portadores de juridicidade Carlos Sampaio, Juiz de Direito, condena João Silva pelo crime de homicídio Resumo da Teoria de Kelsen Como saber se uma norma é valida (legitima)? Art. 121 CP CRFB/88 Norma Fundamental Norma Fundamental é a matriz do ordenamento jurídico, o pressuposto de validade de todas as normas do ordenamento. Não é norma jurídica, no sentido próprio do termo, uma vez que está acima da pirâmide. Introdução ao Estudo do Direito – p. 47 Como cada norma está ligada a outra norma imediatamente superior, até chegar à Norma Fundamental, todas as normas do ordenamento jurídico nada mais são do que um reflexo desta norma que funda o sistema jurídico. Introdução ao Estudo do Direito – p. 49 Na Ciência “Pura” do Direito a análise do direito leva em consideração apenas os seus aspectos normativos, descontaminando-o em relação aos aspectos políticos, sociológicos, históricos, que eram à base do pensamento das escolas factualistas do final do Século XIX, início do Século XX. Introdução ao Estudo do Direito – p. 47 Norma Fundamental em Branco ? Em Branco não por não ter conteúdo, mas porque seu conteúdo será estudo por outras ciências (sociologia, política, filosofia etc), não sendo uma preocupação da Ciência do Direito. Corte Epistemológico Carlos Sampaio, Juiz de Direito, condena João Silva pelo crime de homicídio Resumo da Teoria de Kelsen Quais são os limites para a atuação do Juiz? Art. 121 CP Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Situação 1 – Carlos, que é racista, sentencia João há 20 anos de prisão apenas por ele ser negro Situação 2 – Carlos sentencia João há 10 anos de prisão, pois apesar de não ter antecedentes criminais, é notória sua ligação com criminosos conhecidos, como pode ser comprovado em suas redes sociais Situação 3 – Carlos sentencia João há 6 anos de prisão, devido a sua falta de antecedentes criminais e ligação com a comunidade Discricionariedade judicial: Atributo que o juiz possui de decidir o processo a partir do exame das provas nele produzidas, com base na legislação em vigor. A insuficiênciado positivismo jurídico na solução dos problemas constitucionais da atualidade É bem de ver, portanto, que o neoconstitucionalismo brasileiro não ficou apartado da viragem hermenêutica, que aproxima o direito dos demais fluxos epistemológicos como a filosofia, a ética, a sociologia, a antropologia, a ciência política etc. Isto significa dizer que a nova interpretação constitucional incorporou a racionalidade retórico-argumentativa (dianoética), que viabilizou o “giro epistemológico” no âmbito das investigações metodológicas pós-positivas, provocado por sua vez pelo giro pragmático da Filosofia da linguagem, especialmente após a obra de Wittgenstein II. (GÓES & RASGA, 2014, p.5) (Dir. Const. Ava., p. 147). A insuficiência do positivismo jurídico na solução dos problemas constitucionais da atualidade Não se trata, pois, de um ato mecânico de subsunção silogística, mas, sim, de um ato reflexivo-axiológico-valorativo, voltado para o sentimento constitucional de justiça. Nesse sentido, a nova interpretação constitucional busca encontrar alternativas dogmáticas à subsunção silogística, quando houver a incidência de diferentes enunciados normativos (premissas maiores) sobre um mesmo caso decidendo (premissa menor). É nesse contexto que as teorias pós-positivistas se apresentam para resolver os casos concretos que suscitam a colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia. São os chamados casos difíceis (hard cases), cuja solução vem com o auxílio das teorias discursivas do direito. Na lição de Luís Roberto Barroso: Do inglês hard case, a expressão identifica situações para as quais não há uma formulação simples e objetiva a ser colhida no ordenamento, sendo necessária a atuação subjetiva do intérprete e a realização de escolhas, com eventual emprego de discricionariedade. (BARROSO, Temas de direito constitucional, Tomo III, p. 22) (Dir. Const. Ava., p. 149 e 150). Por fatos portadores de juridicidade podemos compreender todos os elementos externos do texto que são juridicamente relevantes na formulação da norma-decisão (solução do caso concreto). Em outras palavras, os fatos portadores de juridicidade são todos os aspectos da realidade factual que incidem sobre a norma in abstracto, viabilizando o discurso axiológico- indutivo do direito. Assim, é importante destacar que a solução do caso decidendo perpassa necessariamente pela correta seleção dos fatos portadores de juridicidade (Dir. Const. Ava., p. 148). A insuficiência do positivismo jurídico na solução dos problemas constitucionais da atualidade A insuficiência do positivismo jurídico na solução dos problemas constitucionais da atualidade Além disso, a dogmática positivista entra em colapso, na medida em que seu legalismo normativista não admite a criação do direito para além do preenchimento das lacunas e da determinação dos conceitos jurídicos indeterminados. Vários são fatores que fragilizam a concepção formalista do positivismo jurídico. Nesse sentido, é o próprio Robert Alexy que aponta quatro grandes fatores que fragilizam a concepção tecno-formal do pensamento positivista, a saber: 1. a imprecisão da linguagem do direito; 2. a possibilidade de conflitos entre as normas; 3. o fato de que é possível haver casos que requeiram uma regulamentação jurídica, que não cabem sob nenhuma norma válida existente, e 4. a possibilidade, em casos especiais, de uma decisão que contraria textualmente um estatuto. (ALEXY, 2001, p. 17) (Dir. Const. Ava., p. 150 e 151). A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Robert Alexy e a Proporcionalidade Com rigor, existem dois caminhos hermenêuticos muito bem definidos (estratégias hermenêuticas) que podem ser apresentados como sendo o resultado de um processo de ponderação de valores e que são: a) aplicação do princípio da concordância prática, como resultado de uma ponderação harmonizante de valores (concessões mútuas ou recíprocas dos princípios em tensão, sem sacrifício de nenhum deles e com aplicação de ambos de modo atenuado); e b) aplicação do princípio da proporcionalidade, como resultado de uma ponderação excludente de valores (escolha de um princípio vencedor, com sacrifício dos demais princípios perdedores) (Dir. Const. Ava., p. 150 e 151). Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Apelação Cível Nº 595000373, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Gischkow Pereira, Julgado em 28/03/1995. Apelação Cível Nº 595000373, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Gischkow Pereira, Julgado em 28/03/1995. Ementa: CAUTELAR. TRANSFUSÃO DE SANGUE. TESTEMUNHAS DE JEOVÁ. NÃO CABE AO PODER JUDICIÁRIO, NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, AUTORIZAR OU ORDENAR TRATAMENTO MÉDICO-CIRÚRGICOS E/OU HOSPITALARES, SALVO CASOS EXCEPCIONALÍSSIMOS E SALVO QUANDO ENVOLVIDOS OS INTERESSES DE MENORES. SE IMINENTE O PERIGO DE VIDA, É DIREITO E DEVER DO MÉDICO EMPREGAR TODOS OS TRATAMENTOS, INCLUSIVE CIRÚRGICOS, PARA SALVAR O PACIENTE, MESMO CONTRA A VONTADE DESTE, E DE SEUS FAMILIARES E DE QUEM QUER QUE SEJA, AINDA QUE A OPOSIÇÃO SEJA DITADA POR MOTIVOS RELIGIOSOS. IMPORTA AO MÉDICO E AO HOSPITAL E DEMONSTRAR QUE UTILIZARAM A CIÊNCIA E A TÉCNICA APOIADAS EM SÉRIA LITERATURA MÉDICA, MESMO QUE HAJA DIVERGÊNCIAS QUANTO AO MELHOR TRATAMENTO. O JUDICIÁRIO NÃO SERVE PARA DIMINUIR OS RISCOS DA PROFISSÃO MÉDICA OU DA ATIVIDADE HOSPITALAR. SE TRANSFUSÃO DE SANGUE FOR TIDA COMO IMPRESCINDÍVEL, CONFORME SÓLIDA LITERATURA MÉDICO-CIENTÍFICA (NÃO IMPORTANDO NATURAIS DIVERGÊNCIAS), DEVE SER CONCRETIZADA, SE PARA SALVAR A VIDA DO PACIENTE, MESMO CONTRA A VONTADE DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, MAS DESDE QUE HAJA URGÊNCIA E PERIGO IMINENTE DE VIDA (ART. 146, § 3º, INC. I, DO CÓDIGO PENAL). CASO CONCRETO EM QUE NÃO SE VERIFICAVA TAL URGÊNCIA. O DIREITO À VIDA ANTECEDE O DIREITO À LIBERDADE, AQUI INCLUÍDA A LIBERDADE DE RELIGIÃO; É FALÁCIA ARGUMENTAR COM OS QUE MORREM PELA LIBERDADE POIS, AÍ SE TRATA DE CONTEXTO FÁTICO TOTALMENTE DIVERSO. NÃO CONSTA QUE MORTO POSSA SER LIVRE OU LUTAR POR SUA LIBERDADE. HÁ PRINCÍPIOS GERAIS DE ÉTICA E DE DIREITO, QUE ALIÁS NORTEIAM A CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS, QUE PRECISAM SE SOBREPOR AS ESPECIFICIDADES CULTURAIS E RELIGIOSAS; SOB PENA DE SE HOMOLOGAREM AS MAIORES BRUTALIDADES; ENTRE ELES ESTÃO OS PRINCÍPIOS QUE RESGUARDAM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS RELACIONADOS COM A VIDA E A DIGNIDADE HUMANAS. RELIGIÕES DEVEM PRESERVAR A VIDA E NÃO EXTERMINÁ-LA. A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Aplicação do princípio da proporcionalidade, como resultado de uma ponderação excludente de valores. Inclusive feito errado, uma vez que outra solução era possível e a exclusão de um princípio não era necessário. A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Robert Alexy e a Proporcionalidade Com rigor, existem dois caminhos hermenêuticos muito bem definidos (estratégias hermenêuticas) que podem ser apresentados como sendo o resultado de um processo de ponderação de valores e que são: a) aplicação do princípio da concordância prática, como resultado de uma ponderação harmonizante de valores (concessões mútuas ou recíprocas dos princípios em tensão, sem sacrifício de nenhum deles e com aplicação de ambos de modo atenuado); e b) aplicação do princípio da proporcionalidade, como resultado de uma ponderação excludente de valores (escolha de um princípio vencedor, com sacrifício dos demais princípios perdedores) (Dir. Const. Ava., p. 150 e 151). Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová (...) bens jurídicos protegidos jurídico-constitucionalmente, devem, na resolução do problema, ser coordenados um ao outro de tal modo que cada um deles ganhe realidade. Onde nascem colisões não deve, em ´ponderação de bens´ precipitada ou até ´ponderação de valor´ abstrata, um ser realizado à custa do outro. Antes, o princípio da unidade da Constituição põe a tarefa de uma otimização: a ambos os bens devem ser traçados limites, para que ambos possam chegar a eficáciaótima. Os traçamentos dos limites devem, por conseguinte, no respectivo caso concreto ser proporcionais; eles não devem ir mais além do que é necessário para produzir a concordância de ambos os bens jurídicos (HESSE, 1998, p. 66 e 67) (Dir. Const. Ava., p. 154). A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Robert Alexy e a Proporcionalidade Com rigor, existem dois caminhos hermenêuticos muito bem definidos (estratégias hermenêuticas) que podem ser apresentados como sendo o resultado de um processo de ponderação de valores e que são: a) aplicação do princípio da concordância prática, como resultado de uma ponderação harmonizante de valores (concessões mútuas ou recíprocas dos princípios em tensão, sem sacrifício de nenhum deles e com aplicação de ambos de modo atenuado); e b) aplicação do princípio da proporcionalidade, como resultado de uma ponderação excludente de valores (escolha de um princípio vencedor, com sacrifício dos demais princípios perdedores) (Dir. Const. Ava., p. 150 e 151). Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Adequação a aferição da relação de adequação entre o fim visado e o meio empregado (subprincípio da adequação); Subprincípios da proporcionalidade A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Dir. Const. Ava., p. 157. “A corte entendeu que a exigência indiscriminada do curso não se adequa à prática de falcoaria. Não existe nenhuma razão clara e objetiva para essa restrição. A lei foi declarada inconstitucional” O porte de arma dos Caçadores na Alemanha Foi o paciente que se recusou a ter o tratamento? Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Subprincípios da proporcionalidade Necessidade a verificação se a medida tomada é realmente exigível ou necessária, isto é, se não há outro meio alternativo que chegue ao mesmo resultado com menor ônus a um outro direito fundamental perdedor (subprincípio da necessidade); A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Dir. Const. Ava., p. 157. O direito do consumidor e os bolinhos de arroz Há risco eminente à vida do paciente? Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Subprincípios da proporcionalidade Proporcionalidade em sentido estrito a constatação de que o que se perde com a medida (com o direito vencido) é de menor importância ou relevo do que aquilo que se ganha (com o direito vencedor). (subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito). A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Dir. Const. Ava., p. 157. “A proibição completa do aborto seria uma interferência muito maior e agressiva no princípio de auodeterminação da mulher do que permitir o aborto até determinado período — na Alemanha é até a 12ª semana de gestação” O Aborto Há outros tratamentos disponíveis? Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Foi o paciente que se recusou a ter o tratamento? Há risco eminente à vida do paciente? Há outros tratamentos disponíveis? Carlos Eduardo da Fonseca Passos Marco Antonio Ibrahim Não Sim Não Sim Não Sim Robert Alexy e a Proporcionalidade A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Nesse caso, a liberdade religiosa e a vida se mantem, não sendo obrigado a transfusão de sangue: uma vez que é possível conciliar ambos os princípios constitucionais. Nesse caso, deve ser feito uma escolha entre a vida e a liberdade religiosa. Esse caso se torna interessante para compreender a questão do giro hermenêutico, reconhecendo que não apenas as normas constitucionais dependem do agente ao interpretar, a própria essência de coleta de provas e compreensão do caso pressupõe uma ponte entre a realidade e o agente que se dá através da linguagem. Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Robert Alexy e a Proporcionalidade Foi o paciente que se recusou a ter o tratamento? Por fim, não obstante o respeito à convicção religiosa de cada um, entre os bens jurídicos tutelados, prevalece a vida sobre a liberdade, até porque não foi a agravante que manifestou a recusa ao tratamento, mas seus familiares. Segundo consta da prefacial, a agravante firmou um documento intitulado Diretrizes para a Equipe Médica em que se recusa, peremptoriamente, a receber transfusão sangüínea, autorizando, todavia, outros tratamentos com menores riscos de contaminação. A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Robert Alexy e a Proporcionalidade Há risco eminente à vida do paciente? E os autos atestam que a alternativa, no momento, sob o ônus de risco de vida, é a transfusão. Mas nem só por isso merecia a reforma a decisão agravada. Há mais: Li e reli os autos e nele não se vê qualquer prova convincente de que se está diante de hipóteses de imediato risco de morte da paciente . A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia Transfusão de Sangue em Testemunhas de Jeová Agravo de Instrumento n. 200400213229 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rel. Min. Carlos Eduardo da Fonseca Passos. 18ª Câmara Cível. J. 05/10/2004. Robert Alexy e a Proporcionalidade Há outros tratamentos disponíveis? E os autos atestam que a alternativa, no momento, sob o ônus de risco de vida, é a transfusão. Não há elementos, que assegurem a adoção de outros meios. E mesmo a resposta que, muito prudentemente, exigiu o eminente Relator, sobre a possibilidade de terapias alternativas, foi respondida de forma evasiva pela média responsável que afirmou que não há outra alternativa mais eficaz que a transfusão. Ora então há alternativa... A colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia O ativismo judicial e a área metajuriscional do legislador democrático Com efeito, o protagonismo judicial exacerbado, desprovido de aceitação pela comunidade aberta de intérpretes da Constituição, pode ferir de morte um dos grandes pilares do hodierno Estado Democrático de Direito, que é exatamente o princípio da separação de poderes. Dir. Const. Ava., p. 159. Portanto, o exegeta contemporâneo não pode mais ficar mais adstrito à literalidade da norma-dado posta pelo legislador (prius da interpretação constitucional), mas, deve sim aplicar as hodiernas estratégias hermenêuticas de ponderação de valores e de proteção do núcleo essencial. (GÓES, 2007, p. 113-114) Dir. Const. Ava., p. 159. É nesse sentido que surge a necessidade de uma nova teoria da eficácia constitucional, mais consentânea com a leitura moral do direito e dentro de um quadro dogmático complexo que envolve temas sensíveis da interpretação constitucional contemporâneo, tais como: (I) dimensão retórica das decisões judiciais e a segurança jurídica; (II) limites hermenêuticos do ativismo judicial; (III) jusfundamentalidade material dos direitos sociais submetidos à reserva do possível; (IV) existência de um núcleo essencial intangível dos direitosconstitucionais; e (V) colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia. (GÓES & RASGA, 2014, p. 3) Dir. Const. Ava., p. 160. O ativismo judicial e a área metajuriscional do legislador democrático Dir. Const. Ava., p. 165. Com rigor, a nova posição concretista do STF deve ser associada ao espectro normativo do núcleo essencial, garantidor de conteúdo jurídico mínimo de direitos fundamentais do cidadão comum. Nesse sentido, a posição concretista é fundamental para a realização da Constituição, pelo mesmo na sua essencialidade, no seu núcleo essencial. Abre-se aqui toda uma avenida hermenêutica, que certamente faz avançar o direito constitucional porque garante a eficácia positiva das normas constitucionais sem a necessidade de intervenção do legislador democrático (Dir. Const. Ava., p. 164). É por isso que se pode afirmar que as normas de eficácia metajurisdicional são as normas que declaram expressamente que a concretização da norma constituciona l refoge à esfera de atuação “juscriativa” do poder judiciário. Dentro deste espectro normativo, ao magistrado, não lhe é dado criar direito a partir da sua prestação jurisdicional. Ou seja, na área metajurisdicional, corporifica-se a ideia de que existe uma esfera de discricionariedade reservada exclusivamente, seja para o legislador democrático (interpositivo legislatoris), seja para o administrador democrático (poder regulamentar) (Dir. Const. Ava., p. 163). No dizer de Juan Cianciardo: o conteúdo essencial é apenas uma parte do direito fundamental, o seu núcleo duro. Cada direito fundamental tem um setor aferível pelo legislador e outro imune a sua atuação. Há, portanto, um conteúdo essencial e outro não-essencial. [Já] o conteúdo total de um direito fundamental seria integrado por dois círculos concêntricos, compostos por diferentes faculdades e posições jurídicas que, em relação à própria identificação do direito fundamental, ganham intensidade, particularidade e relevância, na medida em que se aproximam do centro. (CIANCIARDO, 2000, p. 258-259) (Dir. Const. Ava., p. 161). um circulo externo de conteúdo não- essencial (círculo de conteúdo inicialmente protegido), cuja garantia fica na dependência do princípio da proporcionalidade e da ponderação com outros valores constitucionais(Dir. Const. Ava., p. 162).
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