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Atividade de Campo – Teoria do Direito Civil Aluna: Anne Helen Gonçalves de Brito N° de matrícula: 201802152806 N° da atividade de campo: aula 4. Caso Aída – Direito ao esquecimento. Ante o exposto, com base nos estudos realizados nas aulas 1 a 4, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas: a) Qual a natureza jurídica do direito a ser esquecido? b) É possível estabelecer previamente o que deve ser esquecido? c) Este direito é aplicável no nosso ordenamento jurídico? d) Como se aplicar o princípio da Dignidade da Pessoa Humana com a liberdade de informação e demais direitos e garantias fundamentais? e) Embora o caso Aída Curi não verse sobre conteúdo disponibilizado na Internet, a decisão final do Supremo Tribunal Federal poderá impactar em publicações através dos meios digitais, como jornais, sites de pesquisas, blogs entre outros? Resposta: Não iremos encontrar no direito brasileiro uma lei ou um artigo específico que fale sobre o Direito ao esquecimento. É uma construção jurisprudencial e doutrinária que partem de alguns princípios do ordenamento jurídico brasileiro. Na Constituição Federal /88 temos um princípio que viabiliza o entendimento sobre o Direito ao Esquecimento, que é o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. E temos também no Código Civil, art. 11 ao 21, algumas proteções ao Direito de Personalidade. Direitos da personalidade são os direitos que possuem como objeto atributos físicos, psíquicos ou morais da pessoa em si ou em suas projeções sociais. Compõem a esfera extrapatrimonial do indivíduo, integrada por valores não dedutíveis pecuniariamente, fundados na dignidade humana. São meios de defesa, no plano do direito privado, contra as agressões à dignidade humana. O tema do direito ao esquecimento foi conhecido e discutido desde no ano 2013, depois da VI Jornada de Direito Civil. Na Jornada, se deu pela primeira vez uma orientação para a Justiça com o “Enunciado 531: A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.” Em relação ao artigo 11 do Código Civil, já que, como eles justificaram, “Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se acumulando nos dias atuais”. “Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade com que são lembrados” Teria então como finalidade a possibilidade de uma interpretação para os fatos em relação ao direito ao esquecimento. É saber que a eliminação da informação negativa da internet serve de garantia contra o que Doutrina chama de “super informacionismo”. Consequentemente então, se corrobora que o pretendido pretende não é eliminar qualquer informação, mas apenas aquela que não é importante, irrelevante e que deixou de ter interesse público. Sendo assim é possível que haja como estabelecer previamente o que deve ser esquecido. Mas é assunto complexo que não está bem regulado. Tratando-se da aplicabilidade do direito ao esquecimento no ordenamento jurídico temos duas esferas que devem ser protegidas. Uma é a individual que se enquadra no princípio da dignidade da pessoa humana, e a outra coletiva que também é protegida pela constituição. Como a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, o direito que a sociedade tem de ter acesso a determinadas informações. Então, ao julgar fatos como este, o ordenamento jurídico precisa se perguntar o que é mais relevante. No caso concreto, é mais relevante proteger a intimidade da pessoa, da sua vida privada ou é mais relevante proteger o direito à sociedade ao acesso à informação? Haverá uma colisão de princípios. Não existe uma ordem de hierarquia entre os direitos. Todos os direitos fundamentais têm o mesmo valor. Porém, muitas vezes acontece que dois direitos são evidenciados em um mesmo momento, sem limites claramente definidos. Então se provoca um choque de direitos fundamentais. E é o que a doutrina tecnicamente designa como “colisão de direitos fundamentais”. O exercício da liberdade de expressão e o direito a informar por parte de qualquer médio, seja pela televisão ou jornal, colidem com o exercício da proteção e inviolabilidade da vida privada, da intimidade e da honra de uma pessoa. Cabe ao interprete/aplicador, por exemplo, o Juiz, guiar-se pelos princípios da Proporcionalidade. Este princípio é composto por três subprincípios: Idoneidade, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. É uma “lei de ponderação”. O objetivo desse subprincípio é ver se, neste caso concreto, a medida mais adequada e mais necessária é proporcional ao que se demanda. Consiste em fazer uma ponderação, para ver se a solução encontrada é razoável ao caso. Se tal solução não proporcional em sentido estrito, então, apesar dela ser adequada e necessária, ela não é proporcional em sentido amplo. Embora o caso Aída Curi não verse sobre conteúdo disponibilizado na internet, a decisão do STF também fora divulgada pelos meios digitais. E obteve um amplo alcance. Assim, influenciando veículos jornalísticos, blogs, entre outros, sobre conteúdos que poderão ou não ser divulgados. Não estabelecendo um limite.
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