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ASPECTOS SOCIOANTROPOLÓGICOS Webconferência III Professor: Flavio Benites ASPECTOS SOCIOANTROPOLÓGICOS UNIDADE III APRESENTAÇÃO Prof. Flavio Benites OBJETIVOS DA AULA DE HOJE Abordagem do conteúdo da Unidade III 1- Sociologia e Antropologia como Ciências Sociais 2- Aspectos Conceituais da Sociologia e da Antropologia 3- Pressupostos Teóricos Clássicos: Sociologia e Antropologia 4- Sociologia e Antropologia contemporânea 1- A consolidação da Sociologia como conhecimento científico Como vimos na unidade 1, a Sociologia desenvolveu-se como ciência em um contexto histórico marcado pela Revolução Industrial na Europa Ocidental, no decorrer do século XIX. As contradições sociais geradas pela industrialização foi um tema que atraiu a atenção dos teóricos da sociologia clássica, como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Os sociólogos do século XIX adotaram uma postura laica e pragmática para analisar a ação dos homens em sociedade, procurando dar explicações racionais sobre as intensas e rápidas transformações que ocorriam naquele contexto da EUROPA. Como também vimos anteriormente, o positivismo foi a primeira corrente teórica da sociologia que definiu de forma mais acurada o objeto de estudo, estabeleceu conceitos e organizou uma metodologia científica de pesquisa para analisar as relações sociais. A Antropologia como ciência Várias disciplinas das Ciências Humanas dedicam-se ao estudo de algum aspecto da cultura. Entretanto, foi a Antropologia que concebeu um sentido científico ao conceito de cultura, sendo usado inicialmente para analisar os povos e civilizações não europeias, mas que na atualidade também é utilizado para estudar grupos sociais específicos em tempos de grande diversidade cultural. O crescente contato entre culturas e povos diferentes, decorrentes da expansão mundial do modo de produção capitalista a partir da expansão comercial marítima europeia, a partir do final do século XV, cujo ápice ocorreu no século XIX, com a Revolução Industrial e, posteriormente, com o neocolonialismo das nações industrializadas sobre os continentes africano e asiático, estimulou diversas análises sobre as diferenças culturais entre os povos europeus e os dos outros continentes. O determinismo biológico considera que as diferenças entre as diversas “raças” de seres humanos resultam da genética, de características biológicas herdadas de geração para geração. Já o determinismo geográfico considera que o desenvolvimento das diferentes civilizações ocorre em decorrência de fatores como o clima e o relevo. Os principais conceitos sociológicos Socialização: corresponde a um processo no qual a sociedade forma o individuo de acordo com os seus valores, crenças, leis, comportamentos, etc. Esse processo se dá através de um processo de educação contínuo, que não se limita apenas à escola, mas que inclui a convivência com os pais e a inserção no grupo social ao qual integra. Segundo o sociólogo austríaco Peter Berger (apud SILVA et al., 2013, p.85), “a socialização constitui a interiorização, por parte dos indivíduos, da realidade vivida, que é subjetiva, em um desenvolvimento que os integra aos grupos sociais dos quais fazem parte desde a infância”. 2- ASPECTOS CONCEITUAIS DA SOCIOLOGIA E DA ANTROPOLOGIA Os principais conceitos antropológicos • CULTURA: é o principal conceito trabalhado na área da Antropologia. Segundo Marconi e Pressotto (2013, p. 24), “a cultura (...) pode ser analisada, ao mesmo tempo, sob vários enfoques: ideais (conhecimento e filosofia); crenças (religião e superstição); valores (ideologia e moral); normas (costumes e leis); atitudes (preconceito e respeito ao próximo); padrões de conduta (monogamia, tabu); abstração do comportamento (símbolos e compromissos); instituições (família e sistemas econômicos); técnicas (artes e habilidades); e artefatos (machado de pedra, telefone)”. • Em outras palavras, a cultura pode ser entendida como a totalidade da produção material (bens tangíveis, como instrumentos, artefatos, construções) e imaterial (elementos intangíveis como crenças, aptidões, hábitos, significados, normas e valores) humana, que se desenvolve de formas particulares em cada sociedade, sendo compreendida como algo marcado pela diversidade. • A cultura abrange vários aspectos que vão desde a produção de alimentos até o conjunto de práticas como danças, cultos religiosos, tradições, etc., incluindo também a legislação, as práticas educacionais, a visão de mundo, entre outros. Tal concepção diverge do senso comum, que restringe o conceito de cultura as produções artísticas. 3 - Pressupostos teóricos clássicos da Sociologia e da Antropologia Como vimos no capítulo 1, a Sociologia surgiu inicialmente como uma disciplina da filosofia positivista, sendo fortemente influenciada pelas teses de Augusto Comte. Entretanto, ela só adquiriu um caráter científico através do rigor metodológico de Émile Durkheim, responsável pela introdução do curso de Sociologia, voltada para a formação de sociólogos profissionais, nas universidades francesas nas últimas décadas do século XIX. O contexto vivenciado por Durkheim foi favorável para tornar a Sociologia uma disciplina científica. A França havia passado por uma intensa turbulência social após a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), expresso na Comuna de Paris, movimento socialista revolucionário que estabeleceu o controle operário sobre a capital francesa por um curto período, sendo reprimida pelas forças fiéis à recém proclamada III República Francesa (1870-1940), apoiada pela burguesia e pela elite conservadora. Além disso, o caso Dreyfus (1894), um processo judicial que resultou na expulsão de um oficial francês de origem judaica, no qual ficou posteriormente evidenciada uma manipulação das provas por parte do alto comando do exército francês, movidos pelo anti-semitismo, que queriam expulsá-lo da cúpula das Forças Armadas. Tais eventos dividiram a sociedade francesa e influenciaram o trabalho intelectual de Durkheim (também de origem judaica e que se solidarizou com Dreyfus contra a perseguição sofrida), cujo objetivo era compreender a sociedade visando promover a “coesão social”. Com o intuito de fundamentar a Sociologia como ciência, Durkheim escreveu As regras do método sociológico, sua principal obra. Nela, o autor delimitou as fronteiras da disciplina, estabelecendo fronteiras entre ela e as demais ciências. Nesse trabalho, o sociólogo francês definiu o objeto de estudo da Sociologia: os fatos sociais. Segundo Durkheim (apud QUINTANEIRO, 2010, p.68-69), os fatos sociais correspondem as “maneiras de fazer ou pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares”. Em outras palavras, os fatos sociais são as estruturas existentes na sociedade independentemente da vontade individual, que exercem uma influência coercitiva nas pessoas, obrigadas a se adequarem à elas para poderem sobreviver na sociedade. O Método Compreensivo Enquanto o funcionalismo positivista considerava os fatos sociais como impositivos e universais, como se fossem verdadeiras leis que determinariam a realidade social, o método compreensivo vai defender justamente o oposto. Em outras palavras, os fenômenos sociais possuem as suas particularidades, variando o seu significado em cada sociedade, só compreendidos pelo sociólogo através de métodos de análise e pesquisa próprios das Ciências Sociais, e não aqueles trazidos das Ciências Naturais que apenas são adaptados para os estudos da sociedade. O método compreensivo vai desenvolver-se entre as últimas décadas do século XIX e início do século XX na Alemanha, tendo como principal representante o sociólogo . Weber considera ser possível o sociólogo ser subjetivo em sua análise sobre um fenômeno social, sem que isso signifique um prejuízo para a objetividade da pesquisa científica. Para isso ocorrer, o sociólogo deve incorporar conscientemente os seus valores á pesquisa, sendo isso expressoatravés do que Weber denominava de “esquemas de explicação condicional”, um conjunto de procedimentos metodológicos composto pela delimitação da temática a ser pesquisada, seleção das fontes, elaboração das hipóteses, etc. Segundo Barbosa e Quintaneiro (2010, p.109), “o ponto essencial a ser salientado é que o próprio cientista é quem atribui aos aspectos do real e da história que examina uma ordem através da qual procura estabelecer uma relação causal entre certos fenômenos”. O Materialismo Histórico-Dialético Enquanto a Sociologia surgiu como uma disciplina do pensamento filosófico positivista, desenvolveu-se outra forma de analisar a realidade social que problematizava e se opunha à ordem social do então emergente capitalismo industrial de meados do século XIX. Esta linha de pensamento ficou conhecida como materialismo histórico dialético, também denominado de marxismo. Marx e Engels partiriam dessa concepção para a sua análise sobre a história e a sociedade, mas ao invés de observarem tal processo a partir do campo das ideias, deslocaram este para a análise da própria realidade social (daí o nome materialismo histórico dialético) O materialismo histórico dialético parte da ideia de que toda e qualquer mudança e transformação social tem base na realidade material humana, cuja sociabilidade é definida a partir do modo de produção, isto é, a forma como uma sociedade se organiza para produzir aquilo de que necessita para sobreviver, extraindo seus recursos a partir da natureza, sendo tal processo realizado a partir do trabalho. Em outras palavras, um modo de produção é constituído pelas forças produtivas (mão de obra, ferramentas, técnicas, etc.), necessárias para os seres humanos produzirem tais recursos, e pelas relações de produção, determinadas a partir da divisão social do trabalho. Esta, por sua vez, delimita a sociedade em diversas classes sociais, cuja relação é marcada pela exploração de uma classe sobre as outras, sendo tal processo denominado por Marx e Engels de luta de classes. Segundo Marx e Engels (2010, p.40), “a história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes”. DIFUSIONISMO Como contraponto ao evolucionismo cultural, surgiu uma outra corrente teórica da antropologia que podemos considerar clássica, que é o difusionismo. Este corresponde a tese de que as diversas culturas não se desenvolvem de forma isolada, linear e progressiva, mas sim através das constantes trocas culturais estabelecidas pelos diferentes povos e civilizações. As principais bases do difusionismo foram lançadas pelo antropólogo alemão naturalizado norte-americano Franz Boas, que considerava ser crucial analisar historicamente um povo ou civilização para compreender as características atuais de uma cultura. Em outras palavras, o difusionismo tem um caráter historicista, pois não concebe a cultura como um elemento em permanente evolução, mas sim como um processo histórico marcado, principalmente, pelas constantes trocas culturais entre os diversos povos que compõe uma civilização. Para Boas, a história não corresponde apenas ao estudo do passado, mas sim como um instrumento para a compreensão do presente. Outro aspecto importante do difusionismo é a delimitação temporal e espacial do objeto de pesquisa, pois só seria possível compreender de forma mais acurada uma cultura se for bem delimitada a sua área de atuação e o contexto histórico no qual ela está inserida. Dessa forma, o antropólogo deveria atentarse em analisar a particularidade de uma determinada cultura, diversa em sua relação com as demais. Portanto, o difusionismo entende que uma das principais marcas do conceito de cultura é a diversidade, não existindo, dessa forma, culturas pretensamente “superiores” ou “inferiores”. 4 - A SOCIOLOGIA E A ANTROPOLOGIA CONTEMPORÂNEA As teorias sociológicas contemporâneas – escola de Chicago Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, os Estados Unidos receberam um grande número de imigrantes europeus, que saíram de seus países de origem devido a crises econômicas, sociais e perseguições políticas. Boa parte deles se fixou nos grandes centros urbanos e se empregaram nas fábricas e tiveram grandes dificuldades de integrarem-se à cultura norte-americana. Tal contexto atraiu o olhar de sociólogos vinculados à Universidade de Chicago, cujo apogeu ocorreu entre os anos de 1915 e 1940. Nesse período, desenvolveram-se duas linhas de pesquisa: 1) Os estudos sobre a esfera pública (sociedade civil), que consideravam os meios de comunicação um mecanismo importante para a preservação da democracia, em um contexto no qual as instituições tradicionais da política, como o Congresso e os partidos, comprometiam-se com um racionalismo instrumental distanciado dos problemas do cidadão. Entre os principais nomes dessa linha, podemos destacar John Dewey, que também teve grande destaque como teórico da Pedagogia. 2) As pesquisas relacionadas com a adaptação de imigrantes poloneses aos centros urbanos norte-americanos, principalmente Chicago. Tendo como base teórica o funcionalismo durkheimiano, tal linha teve como principais representantes William Thomas (1863-1947) e Florian Znaniecki (1882-1958). John Dewey (1859-1952) foi um sociólogo norteamericano fundador do paradigma teórico que ficou conhecido como pragmatismo, que considerava que as ideias só seriam úteis se aplicadas para analisar e resolver os problemas sociais. O pensador norte-americano também destacou-se na pedagogia ao propor práticas educativas progressistas, tendo o objetivo de educar a criança em todos os aspectos, ou seja, considerando importante o desenvolvimento físico, emocional e intelectual. AS TEORIAS CLÁSSICAS DA ANTROPOLOGIA Evolucionismo cultural Foi a teoria fundadora da Antropologia. Segundo Leslie White (apud MARCONI; PRESOTTO, 2013, p.243), o evolucionismo cultural concebe a cultura como “um processo temporal-formal, contínuo e geralmente acumulativo e progressivo, por meio do qual os fenômenos culturais sistematicamente organizados sofrem mudanças, uma forma ou estágio sucedendo ao outro”. Em outras palavras, tal teoria concebe os fenômenos culturais como um conjunto de processos lineares e evolutivos, cujos estágios obrigatoriamente, sucedessem uns aos outros de forma progressiva. Tal concepção permite classificar diferentes culturas hierarquicamente, considerando algumas “primitivas” e outras “modernas”. O evolucionismo cultural foi influenciado, indiretamente, pela teoria da evolução das espécies do biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882), e, mais diretamente, pelas teorias evolucionistas que surgiram nas Ciências Sociais no decorrer do século XIX. Entre elas, podemos citar o darwinismo social britânico de Hérbert Spencer (1820-1903), Henry Maine (1822- 1888) e Francis Galton (1822-1911), este último, primo de Darwin, é considerado o pioneiro das teorias eugênicas, que defendiam a necessidade de “branquear” a humanidade para que esta pudesse alcançar o “progresso”. Tal corrente influenciou a produção intelectual do também britânico Edward Tylor (1832- 1917), considerado o fundador da antropologia moderna e do evolucionismo cultural. Escola de Frankfurt A escola de Frankfurt, um movimento intelectual composto por sociólogos e filósofos influenciados por diversas linhas teóricas das Ciências Sociais, emergiu em um contexto vivenciado na Alemanha após a I Guerra Mundial (1914-1918), no qual a economia germânica estava destruída, mergulhando o país em uma intensa crise social e instabilidade política, na qual o regime republicano recém instalado conviveu com as tensões oriundas do crescimento dos movimentos socialistas e comunistas e da extrema-direita, de viés autoritário, sendo que desses embates tivemos o crescimento do movimento nazista, que chegou ao poder em 1933. Construtivismo Estruturalista Após a II Guerra Mundial (1939-1945), houve uma renovação nos estudos das Ciências Sociais na França, impulsionado pelo financiamento de diversas fundações norteamericanasem diversas pesquisas na área e pela influência teórica da Escola de Frankfurt. No caso específico da sociologia, nesse período pós-guerra destacou-se um novo paradigma sociológico, o construtivismo estruturalista, que teve como um dos seus principais nomes Pierre Bourdieu. Segundo Bourdieu, o construtivismo estava relacionado às construções mentais relacionadas à percepção, ao pensamento e a ação individual, cujo conjunto foi denominado por ele de habitus. Já o estruturalismo estaria ligado ao reconhecimento da existência de um conjunto de estruturas que agem sobre o indivíduo sem este ter consciência disso e independente de sua vontade, sendo este denominado de campo. Norbert Elias e a sociedade dos indivíduos Norbert Elias, assim como os intelectuais da Escola de Frankfurt, sofreu durante as décadas de 1930 e 1940 com a perseguição do regime nazista devido a sua ascendência judaica. Exilado inicialmente na França e, depois, na Grã-Bretanha, Elias desenvolveu estudos históricos cujo objeto era inovador para a época: a relação entre indivíduo e sociedade. Ao contrário da perspectiva estruturalista, Elias concebia a sociedade como um conjunto de indivíduos que estabelece relações de interdependência com outros indivíduos, cujas ações, ainda que de maneira imperceptível, influenciam a dinâmica das relações sociais. Tais relações poderiam ser compreendidas como sistemas simbólicos que representam a sociabilidade existente, sendo expressões tanto de como o indivíduo percebe a si mesmo quanto da forma que vê a sociedade. A Sociedade em Rede Nas últimas décadas, um dos temas mais abordados na sociologia refere-se aos impactos da revolução tecnológica na sociedade contemporânea. As mudanças na sociabilidade decorrentes da constituição de redes de informática e comunicação como a internet é objeto de pesquisa de sociólogos como o espanhol Manuel Castells. Segundo Castells, as inovações na área da informática, intensificadas a partir das últimas décadas do século XX, estabeleceram profundas mudanças, como a emergência de uma nova divisão social do trabalho, aprofundando a internacionalização do capital e estimulando o surgimento de uma cultura globalizada. As teorias antropológicas contemporâneas – o funcionalismo A partir da década de 1930, estudos de alguns antropólogos, influenciados pela sociologia funcionalista de Émile Durkheim, começaram a se destacar. Dessa forma, tais teóricos adotaram perspectivas similares àquelas propostas pelo sociólogo francês, como utilizar métodos de pesquisa e análise similares às das Ciências Naturais e Biológicas, além de compreender a cultura como um sistema similar a um organismo vivo, no qual cada expressão exerce uma função específica, cujo bom funcionamento mantêm a sua coesão. Como destacaram Marconi e Pressotto (2013, p.256), o funcionalismo considera que “qualquer traço cultural ou costume, qualquer objeto material ou qualquer ideia, como a escarificação do fogo, uma peça de cerâmica, a noção de deus ou deuses, etc., que existem no interior das sociedades, têm funções específicas e mantêm relações com cada um dos aspectos da cultura para a manutenção do seu modo de vida total. Cada costume é socialmente significativo, já que integra uma estrutura, participando de um sistema organizado de atividades. Uma cultura não é simplesmente um organismo, mas um sistema”. A partir de suas teses, se estabeleceram os postulados básicos do funcionalismo antropológico, que são os seguintes: • a concepção de cultura como um sistema, dotado de racionalidade própria, cabendo ao antropólogo captar como é seu funcionamento em um dado momento, sem levar em consideração o passado histórico; • uma cultura seria composta de diversas partes interdependentes que se relacionam entre si, cujo bom funcionamento é importante para manter o sistema coeso; • é por meio da cultura que as sociedades humanas adquirem o que é preciso para satisfazer as suas necessidades, sejam elas materiais ou imateriais; • cada elemento de uma cultura deve ser valorizado, pois cada um deles tem uma função específica no interior do sistema; cada cultura tem a sua importância, não existindo uma suposta hierarquização entre elas (relativismo cultural). O ESTRUTURALISMO Escola antropológica que concebe a cultura como um conjunto complexo de sistemas simbólicos que constituem as estruturas de uma determinada sociedade. Seu principal teórico, o belga Claude-Lévi Strauss, considerava que tais estruturas perpassam por todo o modo de pensar dos seres humanos, com cada uma delas expressando um aspecto da realidade social. Assim, caberia ao antropólogo identificar e explicar as mentalidades que determinam as bases de compreensão e entendimento do mundo por parte dos indivíduos. Para tal estudo, é essencial o diálogo e o trabalho interdisciplinar com a linguística, pois é através da semântica das palavras (pois é através delas que os seres humanos expressam as formas como significam o mundo) que se estabelecem as diferenças culturais entre os diferentes povos. Para Lévi-Strauss, estrutura e relações sociais são dois conceitos que confundem-se entre si, chegando ao ponto de serem consideradas uma coisa só. Segundo o antropólogo belga (apud MARCONI; PRESOTTO, 2013, p.263): “As relações sociais são a matéria-prima empregada para a construção dos modelos que tornam manifesta a própria estrutura social”. A ANTROPOLOGIA INTERPRETATIVA A Antropologia Interpretativa desenvolveu-se nos Estados Unidos entre os anos 1960 e 1980, sendo influenciada principalmente pelo método compreensivo da Sociologia de Max Weber. Seu fundador foi Clifford Geertz, que assim como LéviStrauss, concebe a cultura como um sistema simbólico através do qual o indivíduo representa e expressa o seu comportamento. Clifford Geertz (1926-2006) é o antropólogo norteamericano considerado o principal difusor e teórico da Antropologia Interpretativa. Tendo como referencial teórico principal o sociólogo alemão Max Weber, Geertz acredita que a análise antropológica tem como principal objetivo interpretar os significados que os integrantes de uma determinada cultura dão às suas ações e práticas. Defensor da metodologia de pesquisa etnográfica, tem como uma de suas principais obras A Interpretação das Culturas (1988). Segundo essa escola, a percepção dos indivíduos sobre si mesmos são estabelecidos a partir da cultura que, por sua vez, é resultado da interação entre estas diferentes percepções. Para Clifford Geertz, a antropologia não pode ser uma ciência voltada para a procura de “leis gerais e imutáveis” que determinam as bases de uma determinada cultura e, tampouco, um instrumento para identificar estruturas mentais que determinam os comportamentos individuais, mas sim uma ciência que interpreta os diversos sistemas simbólicos com o objetivo de compreender os seus significados. Estamos encerrando mais uma webconferência Agradeço a todos e todas pela presença Esperamos vocês na próxima web Não se esqueçam de explorar o ambiente de aprendizagem, organizem suas rotinas de estudo com SOFIA Vejam o E-book, os mapas mentais, assistam os vídeos quantas vezes for preciso Qualquer dúvida entre em contato com nossa equipe de tutores ATÉ O PRÓXIMO ENCONTRO E BONS ESTUDOS! REFERÊNCIAS BOMENY, Helena; FREIRE-MEDEIROS, Bianca; EMERIQUE, R. B.; ODONNELL, J. Tempos modernos, Tempos de Sociologia. 1. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. v. 1. 280p. JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia - Guia Prático da Linguagem Sociológica. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1995. LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Brasília: Brasiliense, 1988. MARTINS, Carlos Benedito. O Que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2007. PIRES, V. M. ; SILVA, A. Sociologia em Movimento. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2013. ROQUE, Laraia. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009
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