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5º PERÍODO NUTRIÇÃO - PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE

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5º PERÍODO NUTRIÇÃO
MATÉRIA: PSICOLOGIA APLICADA A SAÚDE
AULA 1: MOVIMENTOS DA PSICOLOGIA NO SÉCULO XX
DESCRIÇÃO
A origem e a organização da Psicologia e os movimentos da Psicologia no século XX.
PROPÓSITO
Compreender que o conhecimento de facetas diversas do campo da Psicologia e de seus desenvolvimentos ao longo do século XX e XXI instrumentaliza profissionais a multiplicar suas capacidades e abordagens.
INTRODUÇÃO
Estudar a história de uma ciência, de uma área do conhecimento humano, permite-nos compreender o propósito, a utilidade desse conhecimento em nossas vidas, em nossa prática profissional e em como exercemos nossa profissão.
A Psicologia como uma profissão é restrita ao psicólogo e à psicóloga, devidamente inscritos em um conselho regional de Psicologia. No entanto, a Psicologia como ciência embasa o trabalho de psicólogos, pedagogos, professores, gestores e de qualquer outro profissional que necessite compreender o ser humano para manejar comportamento e cognição dentro de sua prerrogativa profissional.
Algumas práticas da Psicologia são, portanto, restritas aos seus profissionais, mas o uso do conhecimento, em interseção com outras profissões, após uma formação de nível superior, para atuar na pedagogia, na docência, na gestão de pessoas, no desenvolvimento de soluções e produtos para as pessoas é possível e desejável. Essa é nossa proposta para você. Vamos nessa?
MÓDULO 1
Reconhecer os movimentos históricos que contribuíram para a organização da Psicologia como ciência
PERSPECTIVA E ZEITGEIST
Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto.
Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.
Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.
(BOFF, 1999)
Sem a pretensão de analisar a complexidade revelada nessas poucas linhas do texto de Leonardo Boff, uma palavra atende ao nosso propósito inicial: Perspectiva. Em perspectiva, estudamos Psicologia, em perspectiva, usamos do conhecimento da Psicologia. Fundamentalmente, em perspectiva, buscamos compreender a complexidade dos fenômenos humanos, as pessoas e, também, os eventos históricos da Psicologia.
Atenção
Não conseguimos estudar Psicologia desconsiderando o Zeitgeist. Uma ciência não se desenvolve no vácuo, ela usa a tecnologia disponível de sua época e tenta dar respostas às perguntas que são feitas. Essas perguntas (as indagações dos filósofos e dos cientistas) consideram o acúmulo de conhecimento até aquele ponto da história.
A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os cientistas podem fazer perguntas mais complexas, pois detêm mais conhecimentos do que os filósofos e cientistas de meados do século XIX, quando surgiu a Psicologia Científica. Uma frase atribuída a Sir Isaac Newton (1643-1727), cientista do século XVII e cavaleiro da Coroa Real Inglesa, traduz bem essa ideia:
Zeitgeist: O espírito de uma época. As necessidades de uma época. O clima intelectual e cultural de uma época.
A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os cientistas podem fazer perguntas mais complexas, pois detêm mais conhecimentos do que os filósofos e cientistas de meados do século XIX, quando surgiu a Psicologia Científica. Uma frase atribuída a Sir Isaac Newton (1643-1727), cientista do século XVII e cavaleiro da Coroa Real Inglesa, traduz bem essa ideia:
Não é recomendado julgar e/ou refutar um dado histórico se você estiver pensando com a cabeça do século XXI, a partir de suas ideias preconcebidas e do que você acha certo ou errado, ou seja, do seu sistema de crenças, de sua perspectiva, eventualmente, nutrida pelo senso comum, pelo conhecimento popular que não tenha sido testado e analisado pelo método da Filosofia ou da ciência.
Segundo Schultz (2019), é necessário um distanciamento: ou seja, afastar-se momentaneamente do seu sistema de crenças e também do seu conhecimento do século XXI. Compreenda a perspectiva e o Zeitgeist do momento histórico que estiver estudando.
Em ciência, não achamos, não deduzimos, sem antes observar, experimentar, demonstrar evidências. Em ciência, não existe o óbvio. Tudo precisa ser investigado e evidenciado.
Com essa postura, você absorverá melhor o conteúdo, compreenderá melhor a nossa história, e, assim, perceberá o propósito e a utilidade daquele conhecimento para não cometer os mesmos erros dos nossos antepassados, para prospectar o futuro, ou compreender como chegamos até o nosso momento histórico do século XXI.
Em ciência, algumas vezes, para acertar é necessário errar. É a partir dos erros que alguns pesquisadores ficam inquietos, buscam evidências válidas e fidedignas para refutar o erro e alcançar evidências de maior qualidade. Os erros são tão relevantes quanto os acertos.
VAMOS ANALISAR UM EXEMPLO PRÁTICO DO QUE TRATAMOS ATÉ AQUI?
O que você diria se disséssemos que sua inteligência e suas características de personalidade podem ser medidas pelo tamanho de sua cabeça e do formato do seu crânio? Isso faria sentido?
Pode parecer estranho, mas os primeiros indivíduos a tentar entender como funcionava a mente humana partiram do método de dissecação de corpos e do exame do cérebro, buscando compreender sua estrutura e a relação entre suas partes e as funções que desempenhava. Vamos conhecer um pouco mais sobre os caminhos dos estudiosos da mente.
Saiba mais
Nos dias atuais, afirmamos que a Frenologia é uma pseudociência, mas, em 1796, o alemão Franz Joseph Gall (1758-1828) exerceu influência na Psicologia e na psiquiatria com essa teoria. Com a Frenologia, Gall acreditava ser possível estudar as aptidões mentais analisando o tamanho e o formato do crânio. Por muitos anos, o tamanho e o formato do crânio de Gall e de outros estudiosos da Frenologia foram considerados, por eles mesmos, o padrão de excelência e um exemplo do melhor da espécie humana.
Atualmente, essa ideia é um absurdo. No entanto, não podemos achar que esse conhecimento seja inútil, pois, em ciência, não chegamos a conclusões simplesmente por pensarmos que algo é obviamente verdadeiro ou falso. Precisamos buscar evidências. Isso quer dizer que só foi possível descartar essa teoria, porque esta foi posta à prova. Entretanto, as ideias de Gall de que algumas características são específicas de certas áreas do cérebro se sustentaram em momentos posteriores. Em ciência, aproveitamos o que é útil, como uma evidência consistente, e descartamos o resto, mas sem esquecer esse resto, pois, assim, evitamos cometer os mesmos erros no futuro (ao menos isso é o desejável).
A Psicologia é recheada de exemplos de acertos e erros. Os erros nem sempre são oriundos de pseudociências, mas podem ser também resultado do método científico levado a sério, ético e rigoroso (errar faz parte – perceba, com humor, que “herrar é umano” –, mas permanecer nesse “herro” é obscurantismo). Entendemos como pseudociência algo que se diz ciência, mas que não é. Até nos dias atuais, precisamos ficar atentos e ser críticos. Podemos encontrar informações que se dizem embasadas no método científico, mas são pseudociências. Devemos ter cuidado e não acreditar em tudo, só porque dizem que é ciência.
Nessa jornada fantástica, podemos perceber como algumas discussões são fundamentais e demonstrar que teses e hipóteses foram testadas e não se sustentaram quando passaram pela prova, como ocorreu com a Frenologia.
Assim, podemos afirmar, em pleno século XXI, com evidências científicas robustas, que somos seres únicos, ninguém é melhor do que ninguém, existe um lugarno mundo para os extrovertidos e para os introvertidos. 
Não existe raça superior, o melhor tratamento para o doente mental não é ser descartado em um hospício e a orientação sexual de uma pessoa só importa a ela mesma. 
A Psicologia Científica é autônoma e não se confunde com dogma religioso.  Portanto, as discussões polêmicas que as civilizações se propuseram a debater, como a questão da raça, foram submetidas a contestações científicas e amplos estudos e evidências científicas demonstraram sua ineficácia de partida. Por exemplo: a Eugenia como uma hipótese não se sustenta para os seres humanos, pois apresenta sérios conflitos éticos. 
A homossexualidade não é uma doença para ser tratada. Na escola, não devemos separar as crianças por dificuldades de aprendizado e/ou outras condições como surdez, autismo etc. Entre outras discussões delicadas, só com reflexões e críticas amparadas pela ciência prosseguimos absorvendo as transformações pelas demandas sociais e atuando de forma a promover bem-estar e qualidade de vida. 
(VÍDEO)
Dessas discussões e pesquisas ao longo da nossa história, surgem os argumentos para projetos individualizados para educação, mas sem desconsiderarmos a inclusão, e promovendo uma educação para o convívio com as diferenças. 
Por exemplo: os doentes mentais, em certas circunstâncias, ficarão internados, mas as comunidades terapêuticas são uma solução viável, em vez de internações de longa permanência. 
Várias estratégias vêm sendo desenvolvidas a partir de erros e acertos, para promovermos tolerância, compaixão, autocompaixão, saúde, e bem-estar físico e emocional. Buscamos os acertos e as evidências científicas, bem como caminhos mais éticos, humanizados, integradores. 
Mas, para acharmos a ética, em algum momento da história, foi necessário perdê-la. Para achar nossa humanidade, em algum momento da história, foi necessário nos depararmos com práticas desumanas. Para chegarmos às estratégias e ao manejo que promovem inclusão, foi necessário que vivenciássemos as consequências econômicas, sociais, éticas e políticas das práticas segregacionistas. Infelizmente, não aprendemos com todos os erros e, em parte de nossa civilização e de nossa sociedade, ainda encontraremos mazelas, mas estamos em tempos melhores como humanidade do que já estivemos em outras épocas. 
A história da Psicologia como ciência demonstra como essa área tem sido importante:
Os eventos históricos são fundamentais para evitar equívocos e não repetir algumas práticas que trouxeram mais confusão do que solução. Analisar a história, compreender nosso passado, ajuda-nos a imaginar o futuro e a direcionar melhor nossos esforços. Essa história é nossa. Ela é sua. É da nossa civilização, para o bem ou para o mal. 
A Psicologia como ciência e profissão, no Brasil do século XXI, tem sido posicionada de modo a evitar os erros da história, buscando o caminho do bem, promovendo os direitos universais humanos, a inclusão, a tolerância, a ciência, mas sabendo que: todo ponto de vista é a vista de um ponto (BOFF, 1999). 
Por onde começamos?
A Psicologia, como ciência, foi influenciada por inúmeros pensadores, cientistas, movimentos e áreas. Citamos alguns:
INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA
A história da Psicologia está imersa na história do desenvolvimento do pensamento humano, na história da Filosofia: é assim que a Psicologia se organiza. 
Até certo ponto, a história da tradição filosófica é a história da Psicologia. Isso inclui o período da Grécia Antiga com os mitos gregos, a exigência racional com Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides, Sócrates, os Sofistas, Platão, Aristóteles. 
A Filosofia aborda o objeto que deseja conhecer por intermédio da razão, da argumentação (indutiva e dedutiva), da lógica, da retórica. Esses métodos são necessários para questionar o que é o conhecimento, os tipos de conhecimento, o que é verdadeiro nesse conhecimento. A Filosofia também se ocupa das falácias do conhecimento, ou seja, dos erros da argumentação filosófica, mas que convencem e enganam. Uma falácia do conhecimento sempre vem disfarçada de boas intenções e, eventualmente, confirma ideias do senso comum, confirma os desejos e as opiniões de algumas pessoas, e por isso convence os mais ingênuos. 
O papel da Filosofia, de apontar as falácias do conhecimento, é fundamental para nossa civilização, para os psicólogos, para os educadores (ensinantes), para os gestores, para o cidadão. As falácias do conhecimento estão em nosso passado, mas também no presente. O pensamento filosófico é uma vacina poderosa contra o obscurantismo e contra tais falácias, pois desenvolve o pensamento crítico.
INFLUÊNCIA DE MOVIMENTOS E ESTUDOS
Desde o início da Idade Moderna até a época do Iluminismo, os filósofos especularam sobre o funcionamento da mente humana, com o intuito de determinar por meio de quais processos o conhecimento é produzido. A ideia de que a faculdade da razão era o que possibilitava o saber não era exatamente nova: já na Grécia Antiga e durante a Idade Média atribuía-se à razão essa função. No entanto, a compreensão de seu funcionamento ainda representava um desafio. John Locke concebeu a mente como uma espécie de folha em branco, ou tabula rasa, onde a experiência sensorial deixava suas impressões, assumindo, assim, que não havia pressupostos preestabelecidos, tanto para o pensar quanto para o agir.
Outros pensadores, como René Descartes e Gottfried Leibniz (1646-1716), posicionavam-se de maneira diferente em relação à questão, pois, para eles, havia funções da consciência humana que não poderiam ser resultado da mera experiência sensorial, como as categorias do pensamento, o mecanismo das inferências lógicas, a noção de causalidade e o sentido do propósito.
Independentemente do mecanismo, para os pensadores iluministas, a especulação precedente abriu uma porta para o funcionamento da mente humana que não poderia mais ser fechada. O debate sobre o mecanismo racional envolvia desde a ideia de que uma porção “divina” nos oferecia o sentido da verdade, do belo e do correto, até uma crítica necessária da “Razão Pura”, empreendida por Immanuel Kant. Outros pensadores afirmaram ainda que as ideias deviam seu processo de construção às dinâmicas sociais, interpretações e relações do sujeito com o meio.
Nesse contexto, destaca-se o pensamento dialético de Hegel (1770-1831). O conceito de dialética apresentado pelo autor defende que os seres humanos constroem e reconstroem os seus conceitos. Seja em expedientes sociais, seja nas concepções artísticas, para Hegel, esse processo deve ser descrito como uma espiral constante.
As sociedades – e os indivíduos que nelas vivem – estão sempre ancorados em teses, naturalizadas em seu cotidiano e assumidas como verdadeiras. Entretanto, no processo histórico, essas teses são constantemente contrastadas, negadas, enfrentadas, e desse enfrentamento, entre tese e antítese, emerge sempre algo novo, uma síntese (por isso espiral), que, posteriormente, será consolidada no meio social, tornando-se a tese então vigente.
INFLUÊNCIA DA PSICOFÍSICA
A Psicofísica demarca uma mudança de abordagem. Eventualmente, você pode ler que a Psicologia, em sua fundação, rompe com a Filosofia, mas essa afirmação está equivocada.
Psicofísica
Psicofísica é a relação entre um estímulo em seu aspecto físico e a resposta consciente do sujeito.
Toda ciência precisa de uma base filosófica consistente para operar: a isso chamamos de bases epistemológicas.
Epistemologia
Filosofia da ciência ou, dependendo do momento histórico, teoria do conhecimento.
A inovação dos psicofísicos é empregar o método experimental para estudar uma Psicologia Sensorial, uma Fisiologia experimental, não romper com o pensamento filosófico, buscando evidências empíricas por meio do método experimental e de resultados reprodutíveis. É fundamental conseguir dados constantes, não apenas as especulações, induções e deduções filosóficas.
A teoria da evolução das espécies, os avanços da Fisiologia experimental com os psicofísicos, correlacionando nossoaparato sensorial à mente humana, a rigor, aos estados conscientes dessas sensações, além do Zeitgeist do século XIX, impulsionaram a criação do primeiro laboratório de Psicologia, em 1879, na Alemanha.
Saiba mais
Para compreender o plano de fundo e o Zeitgeist do século XIX, é preciso considerar que os métodos das ciências naturais estavam em alta, e a Psicologia precisava seguir esse caminho. A Fisiologia foi uma resposta possível. 
O espírito metódico e rigoroso dos pensadores alemães construiu o ambiente propício para o desenvolvimento de uma Fisiologia experimental. Aparelhos tecnológicos estavam sendo desenvolvidos. Além disso, a influência do Empirismo inglês, que preconizava a necessidade de se estudar os sentidos e como estes podem levar ao erro, foi fundamental em um contexto social em que havia urgência de se fazer ciência, devido à predominância do espírito positivista, que defendia o método experimental. 
Nesse contexto, o conhecimento científico era considerado a via mais segura para se construir um conhecimento verdadeiro.
ORIGENS E CIENTISTAS
No século XX, a medida em Psicologia, ou seja, a mensuração de construtos psicológicos, era, basicamente, de natureza cognitiva, por intermédio de testes psicológicos das diferenças individuais.
Isso quer dizer compreender as particularidades de uma pessoa, por exemplo, mensurando o nível de inteligência ou investigando os traços de sua personalidade e correlacionando a dificuldades escolares ou ao desempenho em determinada área no mercado de trabalho.
Na Psicologia, considerando a segunda metade do século XIX, as primeiras medidas não eram de natureza psicológica, mas Psicofísicas – uma Psicologia Sensorial. Essa influência da Fisiologia, por meio das primeiras medidas Psicofísicas, buscava as regularidades e os padrões da nossa Fisiologia, ou seja, o geral, não o particular ou as singularidades.
Wilhelm M. Wundt (1832-1920)
Ficou registrado na história como o responsável pelo marco fundante da Psicologia Científica. Foi esse pesquisador que, em 1879, delimitou em seu laboratório, fundado na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o Psychologische Institut (Instituto Psicológico).
Outros psicofísicos precederam o primeiro laboratório de Psicologia e trabalharam juntos (ou separados) a Wundt. Lembre-se de que uma ciência não se desenvolve no vácuo, mas em um continuum de acúmulo de conhecimento e tecnologia. Os psicofísicos estavam abrindo as portas para uma Psicologia Científica, e Wundt era um deles. Eles concordavam entre si e/ou se criticavam. Acertaram e erraram. Mas sempre persistiram.
Ernst Weber (1795-1878)
Desenvolveu estudos para discriminar a distância tátil perceptível entre dois pontos (limiar de dois pontos), ou seja, a relação de uma estimulação física (sensação) e uma percepção (mental).
Gustav Theodor Fechner (1801-1887)
Fechner disputa com Wundt o título de pioneiro da Psicologia Experimental e da própria Psicologia, embora suas primeiras contribuições para as ciências tenham se desenvolvido nos campos da matemática e da física. Posteriormente, devido a uma crise pessoal e influenciado pelo filósofo alemão Friedrich Schelling (1775-1854), passou a interessar-se por questões psicológicas e religiosas.
De acordo com sua concepção de Paralelismo Psicofísico, as realidades física e psíquica não estariam em oposição, mas constituiriam aspectos de uma mesma realidade essencial. Fechner demonstrou que o mundo mental e o mundo material estão relacionados quantitativamente; e que se pode medi-los.
Hermann von Helmholtz (1821-1894)
Foi pioneiro em medir a velocidade do impulso nervoso, de uma estimulação sensorial tátil até a resposta, ou seja, o movimento motor resultante. Para a Psicologia, isso foi importante na ideia de que o pensamento e o movimento se seguem um ao outro, e o intervalo entre um pensamento e um movimento resultante poderia ser medido.
Esses estudos, inovadores na época, foram gradualmente encorajando Wundt a conseguir os recursos e o espaço necessários para fundar um Instituto de Psicologia na Universidade de Leipzig. Antes desses estudos, a mente humana era abordada apenas pelos argumentos filosóficos, fundamentais, mas incapazes de demonstrar como a mente funciona e/ou se estrutura em aspectos fisiológicos.
Wundt prosseguiu usando o método experimental, mas diferentemente de seus antecessores e contemporâneos, estava mais focado em delimitar o campo da nova ciência (Psicologia) e o seu objeto de estudo (consciência). Buscou definir a consciência e descrever o caráter de seus elementos básicos. A maneira de estudá-la foi a introspecção, ou seja, a observação da experiência consciente. Uma forma de auto-observação guiada. O exame do próprio estado mental. Mas negou que a Psicologia seria capaz de estudar funções superiores.
Alguns pesquisadores seguiram Wundt, mas outros o contestaram, desenvolvendo uma Psicologia não wundtiana:
Hermann Ebbinghaus (1850-1909) estudou a aprendizagem e memória (funções superiores).
Franz Brentano (1838-1917) fez uma distinção entre o conteúdo mental e a atividade mental. 
Muitos cientistas somaram esforços para delimitar esse campo de estudo no século XIX e essa nova Psicologia resultou em duas escolas: o Estruturalismo e o Funcionalismo.
MÓDULO 2
Identificar os movimentos da Psicologia do século XX
ESTRUTURALISMO
Na transição do século XIX para o início do século XX, a Psicologia alcançou visibilidade nas universidades dos Estados Unidos e da Europa, notadamente na Alemanha, e o ritmo de seu desenvolvimento foi marcado pelos movimentos do Estruturalismo e do Funcionalismo.
Em 1896, nos Estados Unidos, o britânico Edward B. Titchener (1867-1927), discípulo de Wundt, divulgou um projeto diferente do de seu professor, em termos epistemológicos.
Titchener e seus colaboradores identificaram mais de 40 mil qualidades e sensações, e afirmavam que cada elemento era consciente e poderia ser combinado para formar percepções e ideias. Esses elementos eram determinados pela qualidade, intensidade, duração e nitidez.
Todos os processos conscientes e perceptuais poderiam ser reduzidos a esses elementos que, em última análise, são os átomos do pensamento.
O reducionismo de chegar ao átomo do pensamento era uma exigência do Zeitgeist – aproximar a Psicologia das ciências naturais e do espírito positivista.
Titchener treinou vários observadores a descrever o seu estado consciente em vez de descrever o estímulo, por intermédio de uma introspecção experimental sistemática.
O pesquisador criticava que, até então, os instrumentos de medida da Fisiologia experimental aplicados à Psicologia, como taquistoscópio e o cronoscópio, eram mais importantes do que o próprio observador. Por isso, havia a urgência em treiná-los para empregar a introspecção.
FUNCIONALISMO
O norte-americano William James (1842-1910) publicou, em 1890, o texto Princípios da Psicologia, que se transformou nas bases do Funcionalismo nos Estados Unidos no século XX. Ele foi um representante da escola do pragmatismo e do Funcionalismo. James não estava interessado nos átomos do pensamento, mas na experiência imediata que um objeto impunha à consciência, ou seja, um fenômeno. Suas principais teorias são os estudos sobre a emoção, sua origem e função, com grande impacto para a Psicologia no século XX.
James acreditava que uma alteração fisiológica no organismo levaria a uma emoção, ideia que foi corroborada em um estudo independente pelo fisiologista Carl G. Lange (1834-1900), psicólogo dinamarquês.
Na perspectiva desses autores, não experimentamos uma emoção se não houver uma alteração fisiológica no organismo. Assim, o corpo reagiria de modo diverso aos eventos ambientais causadores de emoções, e as experiências emocionais nada mais seriam do que uma tentativa de dar sentido à alteração no organismo.
Exemplo
Se você escuta um barulho muito alto, como uma explosão, esse evento ambiental vai aumentar seu batimento cardíaco, causar sudorese, respiração mais rápida e curta, e o resultante disso é sua percepção de medo. Essa é a teoriaJames-Lange para explicar uma emoção.
Os funcionalistas sofreram influência da teoria da evolução das espécies e estavam mais interessados no papel adaptativo da consciência, dos hábitos, da emoção, ou seja, em suas respectivas funções. Para os funcionalistas, isso era mais válido e pragmático do que investigar o conteúdo da consciência em termos estruturais.
No início do século XX, entre 1901 e 1913, a Psicologia norte-americana vivenciou o debate, muitas vezes, fundamentalista e não amistoso, entre estruturalistas e funcionalistas. Na Europa, observamos outras discussões.
A HISTÓRIA EM PERSPECTIVA
Nesse pequeno espaço, é difícil contar tudo o que acontecia na Europa e nos Estados Unidos, pois existiam intercâmbios e influência mútua, mas é uma escolha didática destacar aquilo que era mais evidente nessas localidades.
Igualmente difícil é narrar todas as influências, perspectivas e os acontecimentos que tiveram impacto na formação da Psicologia como ciência entre 1879 e o fim do século XX, pois a proposta deste tema é dar uma visão panorâmica.
[...] A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam [...]
Antes de prosseguirmos, vamos analisar o que se desenvolveu ao longo do século XX, por influência da Psicologia do século XIX.
UMA HISTÓRIA À PARTE
A Psicanálise é uma história à parte da Psicologia, mas que exerce grande influência nos psicólogos, pedagogos, médicos psiquiatras, neurocientistas, entre outros interessados no estudo das funções psicológicas humanas.
Erros de tradução colocam Sigmund S. Freud (1856-1939), em certos livros, como um teórico do instinto, mas isso está equivocado. A palavra instinto não se aplica a Freud, pois ele não usou o termo Instinkt (instinto, em alemão). Para os seres humanos, ele usou Trieb, traduzido como impulso ou pulsão.
Freud também apresenta sua teoria sobre o desenvolvimento psicossexual (fase oral, anal, fálica, período de latência, genital). Lembra-se de quando abordamos o tópico perspectiva e Zeitgeist? Nesse aspecto, do desenvolvimento psicossexual, a Psicanálise é mal compreendida por leigos e pelo senso comum.
Atenção: Não reproduza esses enganos, mas busque compreender a perspectiva do autor.
De maneira geral, uma teoria do impulso, como compreensão do funcionamento humano, concentra-se em explicar como o nosso comportamento mantém o organismo em equilíbrio. A experiência psicológica de um desequilíbrio interno seria um impulso, ou seja, o “energizador” do comportamento. 
Por exemplo, a sede é um desconforto psicológico para a necessidade de ingestão de líquidos. 
As teorias do impulso explicam comportamentos e são focadas nas causas, em nosso funcionamento interno, na Fisiologia e/ou na estrutura da nossa mente. Não é incomum compararmos a proposta libidinal (Energia mental) de Freud com um sistema hidráulico. Imagine uma caixa de água sendo abastecida: se a boia da caixa falhar, a água escorrerá por um mecanismo de escape para fora da casa, um meio simples de segurança para sua casa não ser inundada pela água. 
Vamos descrever com essa analogia o funcionamento da mente humana na perspectiva desse autor: à medida que os impulsos corporais acumulam energia (por analogia, a água de nosso sistema hidráulico), a experiência psicológica resultante é um aumento da ansiedade, um desconforto psíquico. Então, é preciso proteger, por meio de um mecanismo de escape (como aquele presente na caixa-d’água), nossa saúde física e mental (para evitar a inundação de nossa residência). 
Freud descreverá minuciosamente esses mecanismos de defesa. Ele elenca três estruturas do aparato psicológico humano que vivem em uma interação dinâmica e, digamos, medindo forças:
O Id, como uma estrutura psíquica inata, é regido pelo princípio do prazer e pela busca da satisfação imediata; representa, por analogia, a pressão da água que chega à nossa caixa. Essa pressão é constante e buscamos objetos que sejam capazes de satisfazer o desconforto psíquico. Como não podemos atender às pressões mais primitivas em busca do prazer, devido à ação do Superego e dos mecanismos de defesa, eventualmente, adoecemos, pois não podemos buscar os objetos que, de fato, desejamos. Esse adoecimento, muitas vezes, não apresenta os motivos para consciência (para o ego).
A produção intelectual da Psicanálise, inicialmente, foi direcionada para a saúde mental e para o tratamento clínico de enfermidades mentais. Uma inovação para a época. Durante o século XX, a Psicanálise foi empregada de maneira mais ampla para compreender diversas manifestações humanas, uma vez que se constitui como uma teoria da personalidade e do desenvolvimento humano. Pode ser aplicada na Psicopedagogia, na Psicoterapia, na Educação, na Saúde e para práticas institucionais e comunitárias.
A Psicanálise sofreu algumas variações, ao longo do século XX, nas mãos de outros autores que discordaram de certos aspectos da abordagem de Freud e/ou ampliaram algo que anteriormente não tinha sido abordado ou aprofundado.
Para encerrar esse tópico, falaremos sobre Carl Gustav Jung, cuja teoria dos tipos psicológicos é amplamente utilizada como orientação profissional, no levantamento do estilo de aprendizagem de uma pessoa e seus interesses; isso pode ser utilizado no planejamento de projetos educacionais, bem como na seleção de pessoas em recursos humanos.
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um discípulo de Freud, mas romperam relações por divergências teóricas. O seu sistema é conhecido como Psicologia Analítica que é aplicada na psicoterapia, em saúde mental e na avaliação da personalidade. A tipologia de Myers-Briggs (classificação tipológica de Myers-Briggs) é um instrumento padrão-ouro para avaliação da personalidade (MBTI). Outro teste que é amplamente utilizado no Brasil é o Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI). Ambos os recursos são de uso restrito do psicólogo e da psicóloga.
No Brasil, o uso e a comercialização de testes psicológicos são restritos aos profissionais da Psicologia com inscrição ativa em um conselho regional de Psicologia. Existem questões técnicas e psicométricas delicadas para garantir a correta utilização e fazer inferências corretas sobre a população brasileira.
BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO)
O Behaviorismo, também conhecido como Comportamentalismo, tem como objeto de estudo a análise científica dos comportamentos humano e animal.
Busca descrever as circunstâncias relevantes para que um comportamento seja instalado no repertório comportamental de uma pessoa e o que é preciso para modificar esse comportamento, quando necessário.
Desse modo, é possível evidenciar por que determinada pessoa se comporta dessa ou daquela maneira, os motivos de alguma decisão, e prever e alterar os possíveis comportamentos futuros.
Nenhum sistema teórico, ou perspectiva psicológica, como vimos, surge em um vácuo, mas pelo acúmulo de conhecimento e pelo avanço da tecnologia. O Behaviorismo foi um protesto contra a Psicologia Wundtiana, a consciência como objeto de estudo e a introspeção como um método.
Origem do Behaviorismo
Em 1913, John Broadus Watson publicou o artigo A Psicologia como um behaviorista a vê, no qual expõe os principais posicionamentos científicos da Psicologia Comportamental. Watson propõe defini-la como uma ciência do comportamento, já que esta é fisicamente observável: é possível ver as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus pensamentos e sentimentos. Vamos ver um exemplo.
Podemos dizer que comemos porque sentimos fome. Você já parou para pensar nos eventos que fazem parte dessa contingência, ou seja, da probabilidade de um evento ser causado por outro evento?
Obs: Homeostase: Processo fisiológico que faz a manutenção da vida e busca o equilíbrio interno no organismo; por exemplo, a experiência na consciência de sede e fome é resultado de processo homeostático.
Os momentos 1 e 3 podem ser observados diretamente. O momento 2 é encoberto aos olhos de um observador externo e só pode ser descrito pela introspecção, mas esse método é falho, na medida em que dois ou mais introspectistaspodem experimentar ideias diferentes a respeito do fato.
Essa é uma crítica feita pelos funcionalistas para os estruturalistas, embora os funcionalistas tenham continuado com a introspecção até o manifesto behaviorista de 1913.
Os introspectistas, pela Psicologia Wundtiana, tratariam o momento 2, a sensação de fome, como a causa do momento 3, o comportamento de comer. Essa é a base do pensamento mentalista ingênuo, crítica feita pelos behavioristas: “como, porque sinto fome”. Se a fome é resultado da privação de comida, pode-se desconsiderar a causa mental, os pensamentos, a sensação, porque não é possível estudar os eventos só acessíveis pela introspecção.
A tese do Behaviorismo é se preocupar somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis.
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) recebeu influência de Watson e Thorndike e estabeleceu a distinção entre o Behaviorismo radical e o metodológico, além de descrever a aprendizagem por contingência (probabilidade de um evento ser causado por outro; relação entre eventos ambientais).
Skinner buscava descrever contingências, como elas ocorrem e são mantidas. O Behaviorismo apresenta protocolos interessantes para o manejo do comportamento na escola, nas organizações etc. Na perspectiva desse autor, o cérebro é um depositário de contingências, ou seja, armazena nossas experiências e os padrões do nosso repertório comportamental.
As ideias essenciais de Skinner são reveladas em algumas frases:
Seja inato ou adquirido, o comportamento é selecionado por suas consequências.
(SKINNER, 1983, p.155)
Um eu ou uma personalidade é, na melhor das hipóteses, um repertório de comportamento partilhado por um conjunto organizado de contingências.
(SKINNER, 1974, p.130)
O comportamento é uma função conjunta de contingências filogenéticas, aquelas que operam nos ambientes ancestrais durante a evolução de uma espécie, e de contingências ontogenéticas, as que operam durante a interações de um organismo com seu ambiente, durante sua própria vida.
(SKINNER, 1966)
PSICOLOGIA DA GESTALT
A Psicologia da Gestalt é uma importante perspectiva da Psicologia. Foi crítica à Psicologia Wundtiana; à Lei do Efeito, de Thorndike (1874-1949), nos Estados Unidos; e à Psicologia do Reflexo, de Pavlov (1849-1936), na Rússia.
As principais personalidades desse movimento foram: Max Wertheimer (1880-1943); Kurt Koffka (1886-1941); Wolfgang Köhler (1887-1967).
Os gestaltistas aceitavam o objeto de estudo da Psicologia Wundtiana, a consciência, mas negavam-se a aceitar que o seu estudo acontecesse pela busca de seus elementos. Nesse aspecto, concordavam com a crítica que William James estabeleceu aos estruturalistas.
De certo modo, a Psicologia da Gestalt foi um movimento funcionalista, mas ao estilo alemão; foi influenciada pela Filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), e de Franz Brentano e pelo movimento fenomenológico alemão.
Max Wertheimer foi o precursor da Psicologia da Gestalt, sendo o principal fundador desse movimento. Em 1912, descreveu o movimento Phi, um fenômeno que demonstrou as propriedades da percepção humana e serviu de base para a tese inicial da Gestalt se opor a outros sistemas teóricos.
Ao demonstrar uma ilusão, ou seja, um movimento aparente, os gestaltistas constataram que a consciência, a percepção do movimento, não poderia ser analisada a partir dos seus elementos sensoriais, premissa da Psicologia de Wundt.
Como o movimento aparente não é real, não possui os dados sensoriais concretos de um movimento.
A Psicologia da Gestalt também criticou a ideia de que a percepção seria a soma de elementos básicos, tese atomista defendida por Wundt. Os cientistas defendiam que uma percepção não dependia de processos mentais superiores ou de aprendizagem, mas os dados da percepção estavam presentes no próprio estímulo apreendido pela percepção, em um todo, não no somatório de partes elementares.
(vídeo)
A TERCEIRA FORÇA DA PSICOLOGIA: HUMANISMO
O Humanismo é um movimento, uma perspectiva teórica da Psicologia, do início da década de 1960.
Todas as perspectivas analisadas até aqui têm por base uma doutrina filosófica – o Determinismo, ambiental no caso do Behaviorismo, psíquico no caso da Psicanálise; os movimentos anteriores recebiam uma influência muito grande da Fisiologia e do Determinismo biológico.
O Humanismo evidencia outra doutrina filosófica: o livre-arbítrio, que preconiza que as pessoas dirigem seus atos de modo consciente, independentemente de determinações psíquicas, cognitivas ou ambientais. O objeto de estudo do Humanismo não é a consciência ou o comportamento, tampouco a percepção, mas os interesses e valores humanos. Os humanistas se opunham ao mecanicismo e ao materialismo da cultura ocidental da época.
As escolas com as quais os humanistas rivalizavam eram o Behaviorismo e a Psicanálise; criticavam que os dois sistemas ofereciam uma visão da natureza humana limitada e depreciativa.
Entre muitas influências, destacamos Gordon Allport (1897-1967), com o livro A natureza do preconceito, de 1954. Allport utilizou a expressão Humanismo de forma pioneira, em 1930.
Além de Allport, as principais referências da terceira força da Psicologia são: Kenneth B. Clark (1914-2005), militante dos direitos civis e representante do Zeitgeist da época – mesmo que não associado diretamente ao movimento do Humanismo; Abraham Maslow (1908-1970); Carl Rogers (1902-1987).
Abraham Harold Maslow foi um precursor do movimento da Psicologia Humanista. Defendia a capacidade de autorrealização de cada pessoa e criou a famosa pirâmide de necessidades. Embora seja uma teoria muito criticada dentro da Psicologia e careça de evidências para generalizar diversas populações, é amplamente utilizada, principalmente, em treinamentos para o desenvolvimento de pessoas.
Na perspectiva desse autor, todos temos tendência a buscar uma realização pessoal, que só é alcançada quando atingimos as prioridades dos degraus da pirâmide, da base para o topo. A ideia da hierarquia é criticada, sem dúvida temos necessidades que são fisiológicas, psicológicas e sociais.
Pesquisas que buscaram evidências da hierarquia em cinco níveis, em amostras mais amplas de pessoas, sugerem que é coerente pensar em apenas dois níveis que são necessidades por deficiência e necessidade por crescimento.
MÓDULO 3
Examinar o marco histórico, os conceitos fundamentais e os métodos da Psicologia Cognitiva
INTRODUÇÃO
A Psicologia Cognitiva traduz, em essência, o que é a ciência psicológica. Percorrer a história da Psicologia é uma viagem fantástica. Sabe o porquê? Tudo é cognição.
Sabemos que essa afirmação, por hora, talvez não faça muito sentido. No entanto, a partir de agora é importante você se lembrar da diferença entre a Psicologia do senso comum e a Psicologia científica. Vamos analisar alguns exemplos? Pense nos seguintes eventos da vida, que são psicológicos:
O senso comum, quando utiliza a expressão “é psicológico”, tipicamente está fazendo menção a algo que é inventado e/ou uma frescura e/ou que podemos mudar se tivermos força de vontade. Força de vontade não é um construto que explica um comportamento motivado – essa é uma visão equivocada do senso comum. Vamos aprender que tudo é psicológico do ponto de vista da Psicologia Cognitiva (científica). Você já parou para analisar algo a seu respeito, por exemplo, sobre seu estilo cognitivo? Pare agora por alguns minutos e pense sobre você.
Agora vamos refletir sobre alguns dos exemplos que vimos:
Por que algumas pessoas, diante de alguns eventos, alteram seu humor – por exemplo, na tensão pré-menstrual – e outras não?
Por que alguns eventos resultam em depressão em algumas pessoas e em outras não? Já tentou refletir sobre a depressão pós-parto? Todas as mulheres ficam deprimidas depois de darem à luz?
Você já parou para pensar por que algumas pessoas relatam serem felizes e gozar de bem-estar e outras pessoas não, mesmo quando as circunstâncias (o meio) estão favoráveis? O que é felicidade? O que é bem-estar e qualidade de vida? Lembra-se da proposta de viajar pela história da Psicologiapara entender que tudo é psicológico, tudo é cognição? Vamos lá!
CONCEITO E PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA COGNITIVA
A Psicologia Cognitiva pode ser definida como uma área de conhecimento que analisa os processos internos implicados na forma como as pessoas extraem sentido do ambiente – interno (fisiológico) e externo (cultura) – e decidem quais ações são apropriadas. Estuda a atividade e a estrutura do cérebro para compreender a cognição e o comportamento humano.
A investigação dos processos cognitivos inclui:
- atenção
- percepçãp
-aprendizagem
-memória
- motivação
-linguagem
-resolução de problemas
-raciocínio
-pensamento
Atenção
O pensamento é a “cereja do bolo” da Psicologia Cognitiva, principalmente clínica.
Existe diferença entre a Psicologia Cognitiva aplicada à clínica, seus métodos e objetos de estudo, e a Psicologia Cognitiva enquanto um sistema teórico da Psicologia. A perspectiva teórica vai explicar o psicológico como um todo, definir e descrever os processos cognitivos, por exemplo. Gradualmente, ao longo desta leitura, você compreenderá melhor essa distinção.
Existem processos psicoterapêuticos que podem atuar no manejo da dor, da irritabilidade, da angústia, da ansiedade etc. Mudar determinado padrão de comportamento, determinado padrão cognitivo (um perfil cognitivo) – obviamente quando necessário e desejado –, porém, exige investimento e engajamento da pessoa no processo de mudança, que pode ser conduzido, por exemplo, em uma terapia cognitivo-comportamental.
Tudo é psicológico, e chamamos esse tipo de trabalho de reestruturação cognitiva, ou seja, ensinar uma pessoa a reinterpretar eventos e utilizar essas informações para motivar comportamentos mais adaptados e funcionais em suas vidas, ou seja, buscar qualidade de vida e bem-estar.
Esses três fatores compõem a tríade cognitiva, na expressão teórica do autor da Psicologia clínica Aaron Beck (2013).
Resumindo
A Psicologia estuda como o indivíduo dá significado ao ambiente, a partir dos seus processos internos, permitindo a sua ressignificação.
Você deve estar dizendo “certo, entendi tudo”, mas, afinal, o que é interpretar e decidir? A forma como decidimos as ações que são apropriadas e/ou simplesmente como agimos, nos comportamos e/ou interpretamos os eventos depende de nossa evolução ontogenética.
Um esquema cognitivo pode ser positivo ou negativo, adaptado ou desadaptado. Se seu padrão de respostas está desadaptado ao meio e/ou com respostas (comportamentos) muito exacerbados, a Psicologia clínica pode ajudar. Sabe o porquê? Tudo é psicológico, e podemos mudar algumas coisas – outras não, e há aquelas de difícil mudança. A visão é monista, ou seja, não dualista (mente-corpo). Trata-se de uma visão integrada e holística. Falar da mente, do psicológico, ou do cérebro é falar da mesma coisa com vieses diferentes. Vejamos alguns exemplos:
Tomar uma medicação para depressão resulta em mexer na bioquímica do cérebro regulando algo que estava em desequilíbrio.
Fazer psicoterapia (Psicologia clínica) também mexe com essa bioquímica do cérebro regulando algo que estava em desequilíbrio. A psicoterapia resulta em plasticidade neural.
Plasticidade neural
Trata-se da mudança do sistema nervoso em decorrência dos eventos da vida, da experiência, do comportamento. Podemos pensar a plasticidade neural por dois vieses básicos: estrutural, por conexões sinápticas; ou funcionais, que se traduzem por mudanças no comportamento e/ou no perfil cognitivo. Trata-se da mesma coisa, ou seja, plasticidade neural, explicada por vieses diferentes.
Tanto manejo medicamentoso quanto psicoterapia agem sobre o cérebro, sobre o psicológico, apenas operam com mecanismos distintos.
Nessa perspectiva, não existe um corpo adoecendo uma mente, ou uma mente adoecendo um corpo. O que vai existir é uma pessoa saudável, relativamente saudável, ou não saudável, em uma abordagem simplista e didática a respeito dos estados de saúde e de qualidade de vida de uma pessoa. O que importa, neste momento, é compreendermos essa visão da Psicologia Cognitiva contemporânea. Não se trata de um reducionismo materializante, mas de uma visão integrativa entre Psicologia, Ciências da Saúde, Ciências Sociais e Neurociências. Com essa ideia de base, os determinantes do comportamento podem ser analisados:
Atenção
Isso não significa dividir uma pessoa em três coisas diferentes, pois, como demonstrado, essa divisão é meramente didática. Uma pessoa é inteira e indivisível. Falar do psicológico, da mente, ou do cérebro é falar da mesma coisa, em perspectivas didáticas diferentes, que permitam trabalhos diferentes. Nada mais, nada menos.
Qual o motivo dessa divisão didática?
É simples. Existe uma grande quantidade de variáveis que exercem influência em como os neurônios codificam as informações, e isso gradualmente vai determinar nossa estrutura de personalidade e nosso repertório comportamental. Quer alguns exemplos dessas variáveis?
Tudo isso influencia em quem somos, em nosso estilo de agir e de tomar decisões, em nossa forma de interpretar os eventos, sejam os externos, sejam os internos (mudanças do próprio corpo).
Resumindo
A Psicologia Cognitiva estuda o indivíduo em diferentes aspectos: ambiental, psicológico e físico.
OS MARCOS HISTÓRICOS RELATIVOS AO SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COGNITIVA
Questionar como o cérebro ou a mente funciona e, fundamentalmente, o que motiva o comportamento está na base de nossa discussão. Podemos buscar esse entendimento na Filosofia e nas Ciências. As respostas que a Psicologia Cognitiva adota não são fruto de um único autor. Certamente, na Psicologia Cognitiva, há alguns marcos históricos, que podem ser antigos, modernos ou contemporâneos. Veja alguns desses marcos:
CIÊNCIA BÁSICA: Busca delimitar uma área de conhecimento, definir construtos, construir e testar hipóteses, elaborar teorias que possam descrever os fenômenos.
CIÊNCIA APLICADA: Utiliza as diversas formas de conhecimento e a ciência básica para encontrar soluções para a vida das pessoas. As teorias de uma ciência aplicada são construídas com um viés de prática, ou seja, em nosso caso, no fazer do(a) psicólogo(a).
Esses são modelos de ciência interdependentes, e essa divisão, muitas vezes, é meramente didática. O que é relevante é o uso que se faz da ciência, sendo básica ou aplicada. Na Psicologia Cognitiva aplicada, vamos encontrar, por exemplo, as teorias das práticas clínicas. Na Psicologia Cognitiva básica, vamos encontrar algumas teorias sobre como nosso aparato cognitivo funciona, ou seja, esse modelo vai responder a três perguntas fundamentais:
No escopo da Psicologia Cognitiva básica, surgem teorias da linguagem, da memória, da atenção, da percepção etc., ou seja, o que chamamos de processos cognitivos básicos. A Psicologia Cognitiva estuda, principalmente, alguns construtos que explicam como nos motivamos (comportamentos motivados), como criamos (criatividade), resiliência, autoeficácia, crenças, entre outras variáveis que exercem influência em nosso comportamento.
Resumindo
A Psicologia Cognitiva usa a ciência básica e a ciência aplicada para estudar as diversas variáveis que influenciam o comportamento do indivíduo.
Marcos Históricos
O ano é 1956...
Esse foi um ano de grande relevância para coroar o movimento da Psicologia Cognitiva. O cientista cognitivo Noam Chomsky fez uma exposição sobre uma teoria para a linguagem (um processo cognitivo) para o famoso e internacionalmente conhecido Massachusetts Institute of Techonology (MIT).
Nessa mesma ocasião, George Miller (1920-2012) apresentou o que ficou conhecido por o mágico número 7 na memória de curto prazo (outro processo cognitivo) e Newell (1927-1992) e Simon (1916-2001) expuseram seu modelo de solução de problemas (General Problem Solver), precursor do desenvolvimento de programas de inteligência artificial. Solução de problemas e tomada de decisões são duas grandes áreas de interesse de cientistas cognitivos.
Recomendação
Pesquise sobre essas personalidades e suas produções teóricas. Isso poderá enriquecer muito sua compreensãoda Psicologia Cognitiva.
Fim dos anos 1950 e década de 1960...
Você deve ter percebido que o ano de 1956 é especial, mas a Psicologia Cognitiva está sendo construída em um continuum histórico, e não brotou nesse marco. Há outros trabalhos da década de 1950 que são referência do movimento que chamamos de revolução cognitivista. Destacamos alguns marcos desse continuum histórico.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses marcos. No fim dos anos 1950 e na década de 1960, os sistemas clínicos (ciência aplicada) começam a ganhar forma, e surgem as terapias cognitivas. A tradição filosófica tratou do tema do funcionamento da mente, da consciência, com base em seus métodos, que fundamentalmente englobam o manejo da palavra, a elaboração de ideias, a lógica, a dialética, mas não a experimentação.
Como você viu na cronologia sobre os Marcos históricos, Wilhelm Wundt demarcou o primeiro laboratório de Psicologia. Curiosamente, os objetos de estudo são os processos elementares da percepção e a velocidade de processos mentais. Isso não quer dizer que Wundt rompeu com a Filosofia, mas buscou demarcar a Psicologia como uma ciência experimental. Seu método de estudo era a introspecção.
Percepção e velocidade de processamento da informação são objetos de estudo da Psicologia Cognitiva. Por seu objeto de interesse ser estudado desde o período da Filosofia antiga, fica difícil demarcar onde e quando a Psicologia Cognitiva se constituiu. A ilustração a seguir demonstra o desenvolvimento da Psicologia Cognitiva:
O movimento que ficou conhecido como revolução cognitivista é mais bem identificado, por seus métodos, pela analogia ao processamento computacional, pelo uso de tecnologia para demonstrar suas teorias, e tem como marco a conferência no MIT de proeminentes cientistas cognitivos em 1956. A formação da Psicologia Cognitiva, contudo, é demarcada formalmente, pelos historiadores da Psicologia, nas décadas de 1950 até 1970. A Psicologia Cognitiva resgata a história do estudo da mente que foi negligenciada pela força do Behaviorismo como um sistema teórico dentro da Psicologia. Para entender o Cognitivismo, é necessário compreender a história da Psicologia.
Edward Chace Tolman (1886-1959), um behaviorista, declarou que o Behaviorismo de Watson foi um alívio, pois trazia cientificidade para a Psicologia, mas não foi um “watsoniano”.
Tolman tentou superar o monismo materialista de Watson (pensamento com hábito). De certa forma, esse autor estabelece os alicerces para o Cognitivismo, pois afirma que aprendizagem não é mudança no comportamento, mas aquisição de novos conhecimentos/cognições. Apresenta as definições de um comportamento intencional – tal intencionalidade, embora existente, é um evento particular ao organismo, uma variável interveniente, e não estaria ao alcance dos instrumentos objetivos da ciência.
Exemplo
Tolman diria, por exemplo, que a fome é a intencionalidade para o comportamento de comer. Isso significaria ver a mente no comportamento, ou seja, falar da mente sem recorrer a teses mentalistas e a métodos não científicos.
O ponto-chave para entender a revolução cognitivista (uma revolução lenta que demorou décadas para se consolidar) é perceber os esquemas dos modelos behavioristas. As contingências behavioristas baseadas na obra do Watson eram respondentes, em outras palavras, um estímulo que gera uma resposta, podendo ser representada da seguinte maneira:
As contingências operantes baseadas na obra do Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) eram de três termos, um estímulo discriminativo (Sd), um comportamento (R) e uma consequência (S). A visão didática pode ser compreendida nos esquemas a seguir.
Observe que, nas contingências behavioristas (respondentes e operantes), a relação entre um estímulo e uma resposta é direta, não mediada. Nesse modelo teórico, o sistema nervoso era visto como um depositário de contingências, passivo, que apenas codificava em uma linguagem neural (eletroquímica) e armazenava as experiências. Uma vez diante de um estímulo eliciador ou discriminante, gerava uma resposta – de fato, “uma tábula rasa”.
A inovação do Cognitivismo foi buscar compreender as operações internas do organismo, ou seja, estudar o efeito dos processos cognitivos e como esses medeiam comportamentos. O esquema a seguir ilustra essas operações:
** Inovação do Cognitivismo
Foco no estudo das variáveis intervenientes.
Resumindo
O cérebro, no Cognitivismo, é ativo, coordena e faz a mediação de comportamentos. Para o Behaviorismo, o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e descrever em que circunstâncias eles acontecem. O Cognitivismo quer compreender o que causa um comportamento, quais as fontes de um comportamento motivado, por exemplo, a criatividade, a arte etc. Na atualidade, são sistemas teóricos que se complementam.
Ainda existem profissionais que são behavioristas radicais, pois o Cognitivismo não veio para substituir esse modelo comportamentalista, mas para ampliá-lo. Na década de 1970, os temas do momento era o Cognitivismo e a Computação. Eram temas discutidos com a mesma intensidade que a civilização debate hoje inteligência artificial, automação e as Neurociências.
OS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA PSICOLOGIA COGNITIVA E SUAS CONTRIBUIÇÕES
A Neurociência Cognitiva, a Psicofisiologia e a Computação, na era informacional, constituem um Zeitgeist. Não se trata de estabelecer um monismo materialista e reduzir os eventos comportamentais e os processos cognitivos em termos físico-químicos – até porque os modelos computacionais e das Neurociências não conseguem explicar tudo –, mas sim de superar uma influência do dualismo e do realismo como uma base epistemológica presente na história da Psicologia e desenvolver um olhar mais integrativo.
Para chegarmos até aqui, no que chamamos de Psicologia Cognitiva, muitos pesquisadores somaram esforços em um movimento histórico e epistemológico. Não necessariamente eram psicólogos ou estavam envolvidos em uma revolução cognitiva, apenas estavam fazendo ciência que fosse útil para o Zeitgeist que vivenciavam em suas épocas.
(VÍDEO)
COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE PESQUISA NA PSICOLOGIA COGNITIVA
Existe uma Ciência Cognitiva e uma Psicologia Cognitiva. A Ciência Cognitiva inclui a Psicologia Cognitiva, mas também outros modelos com interesses e métodos de investigação distintos. São modelos que se complementam em certos contextos e estudos, mas também divergem. Podemos identificar algumas abordagens da Ciência Cognitiva:
O método das Neurociências
As Neurociências buscam evidências de como a interação de áreas no cérebro resultam em cognição, uma vez que apenas apontar uma localização (blobology) está caindo em desuso, e até os modelos computacionais estão buscando correlações com o cérebro. Nas Neurociências, vamos encontrar as evidências científicas que são levantadas pelo uso da tecnologia, especialmente o uso de técnicas de neuroimagem, que são capazes de demonstrar atividades em regiões e circuitos do sistema nervoso central, durante um processamento sensorial, motor ou cognitivo.
As interpretações cognitivas oriundas de nossas crenças, sistemas de crenças, pensamentos, sentimentos e humor a respeito das coisas também vão ativar os sistemas de ativação e inibição comportamental. Agir ou não agir? Fazer ou não fazer? Respostas automáticas ou voluntárias? Todas essas perguntas têm respostas que envolvem mecanismos complexos que nos impulsionam ou nos inibem diante das situações de desempenho. Tais sistemas se formam em decorrência de sua evolução ontogenética, e isso determina sua maneira de ser.
Muitas evidências das Neurociências Cognitivas vão apoiar a ideia de que as pessoas apresentam características que evidenciam um sistema de inibição comportamental (por exemplo, neuroticismo) ou um sistema de ativação comportamental (por exemplo, extroversão).
Veja a seguir como o sistema dorsal, o sistema ventral e a amígdala influenciam as respostas comportamentais:
SISTEMA DORSAL
Um sistema dorsal é composto por hipocampo, regiões dorsaisdo cíngulo anterior e córtex pré-frontal. Esse sistema está relacionado à regulação dos estados afetivos, eliciando respostas comportamentais contextualmente apropriadas, e também está relacionado à cognição (memória e atenção).
SISTEMA VENTRAL
O sistema ventral é composto por circuitos envolvendo amígdala, ínsula, corpo estriado ventral, regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal. É um sistema que está relacionado às etapas de identificação do significado emocional de estímulos e de produção dos estados afetivos. Esse sistema também recebe aferências de áreas sensoriais primárias e de associação.
AMÍGDALA
A amígdala estimula respostas automáticas diante de um evento ameaçador, por exemplo: ativação do sistema nervoso simpático estimulando o núcleo hipotalâmico lateral; estimulação do núcleo paraventricular do hipotálamo para liberação de hormônios de estresse; e estimulação do nervo facial trigêmeo para expressão facial de medo.
Richard J. Davidson, em seu livro O estilo emocional do cérebro, mostra os resultados de uma pesquisa que indicam que o temperamento típico observado em crianças, quanto a características típicas de uma inibição ou ativação comportamental em situações de desempenho, não é permanente em um indivíduo. Isso contraria alguns trabalhos que apontam a personalidade como características constantes e formadas precocemente.
Mesmo com as divergências, a discussão de tais sistemas (ativação e inibição) envolve aspectos muito interessantes das bases neurobiológicas da personalidade e dos sistemas cognitivos, no que se refere ao processamento e às interpretações dos eventos que nos circundam. Se tais características são permanentes ou podem variar no desenvolvimento da pessoa é outra análise. Existem pesquisas muito relevantes evidenciando a relação de nossa cognição, de como interpretamos eventos, com a Neurobiologia e a de nosso comportamento típico com as diversas situações ambientais aversivas ou favoráveis.
Resumindo
O sistema nervoso humano exerce atividades de ativação e inibição, ou seja, influencia em decisões, como: Posso? Não posso?
O método da Psicologia Cognitiva (pesquisa básica)
Diversos são os métodos que podemos identificar, com e sem o uso de tecnologia. Optamos por apresentar uma metodologia de baixo custo e que é responsável por grandes paradigmas da Psicologia Cognitiva quanto às etapas de processamento da informação e do planejamento de uma resposta (comportamento). Trata-se da cronometria mental.
A cronometria mental é utilizada para construir modelos do processo cognitivo. Podemos discutir por meio de tarefas se a informação tem um processamento serial, ou seja, uma etapa cognitiva é concluída antes de outra começar, ou um processamento em paralelo, ou seja, dois ou mais processos cognitivos ocorrem ao mesmo tempo. Tarefas de compatibilidade estímulo-resposta, como efeito Simon e efeito Stroop, são clássicos da Psicologia Cognitiva.
Na tarefa de Stroop, o voluntário nomeia a cor na qual o nome das cores é apresentado – por exemplo, VERMELHO ou VERMELHO. O voluntário é mais rápido em processar e executar a resposta quando o nome da palavra é congruente com a cor que deve nomear.
As pesquisas básicas em Psicologia Cognitiva vão estabelecer como processamos os estímulos (a entrada da informação); como nosso sistema atentivo gerencia (alocação de recursos cognitivos); e como construímos nossa percepção, processamos os pensamentos e tomamos uma decisão. Veja a seguir um modelo de processamento da informação:
O método da Psicologia Cognitiva (aplicada)
A terapia cognitiva-comportamental é um modelo para a atuação na Psicologia clínica que, tradicionalmente, busca correlacionar o pensamento, a emoção e o comportamento. Veja como esse modelo funciona:
Por meio de nosso sistema de crenças, interpretamos: a nós mesmos (crenças sobre nossas próprias capacidades; o outro (o quanto somos otimistas sobre as pessoas); o meio em que vivemos (o quanto acreditamos que estamos seguros, o meio nos oferece as condições para vivermos e nos desenvolvermos); e o futuro (o quanto somos otimistas a respeito do futuro). O terapeuta promove o que chamamos de reestruturação cognitiva, ou seja, perceber os eventos e interpretar as ideias de uma maneira mais funcional. O objetivo é desenvolver qualidade de vida e, para isso, também se utiliza de técnicas comportamentais, por exemplo, treinamento em habilidades sociais.
Resumindo
A terapia cognitiva-comportamental auxilia na identificação de distorções cognitivas e na promoção da reestruturação cognitiva.
A Neuropsicologia
No Brasil, a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 002/2004 reconhece a Neuropsicologia como uma especialidade em Psicologia que atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento, sob o enfoque da relação entre esses aspectos e o funcionamento cerebral. Utiliza-se, para isso, de conhecimentos teóricos angariados pelas Neurociências e pela prática clínica, com metodologia estabelecida experimental ou clinicamente. A Neuropsicologia atua na reabilitação cognitiva e na avaliação psicológica.
PREMISSAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA COGNITIVA
O pensamento é um ponto central para a Psicologia Cognitiva, e saber como ele opera sobre a motivação parece um bom lugar para começar. Segundo Reeve (2006), os pesquisadores, após a revolução cognitiva, voltaram sua atenção para destrinchar quais as bases cognitivas do pensamento sobre: vontade, otimismo, eficácia, sucesso, realização, autoestima, autoeficácia, meta, planejamento, criatividade, escolha, persistência, desempenho, crenças, valores, sucesso, fracasso, empreendedorismo etc.
No início dos anos 1970, o Zeitgeist da Psicologia definitivamente era cognitivo, e tais construtos foram amplamente estudados. A vontade não é um constructo psicológico capaz de explicar a complexidade e a variabilidade do comportamento motivado humano, até porque nosso comportamento e nosso perfil cognitivo são predeterminados em decorrência de nossa evolução ontogenética e de muitas outras variáveis que exercem influência sobre nós.
Pense em um adicto (dependente químico). O trabalho psicológico de reabilitação estará pautado na força de vontade da pessoa? A resposta é, absolutamente, não. O trabalho será investigar a tríade cognitiva, como o pensam Força de vontade, como um motivador de comportamentos, é uma ideia associada à Psicologia do senso comum, e não à Psicologia Cognitiva científica.
A vontade, como um construto para explicar um comportamento motivado, foi utilizada no século XVII, com René Descartes (1596-1650). Depois, foi substituída pelo instinto, com Charles Darwin (1809-1882), e, por fim, pelas teorias de impulso, com Sigmund Freud (1856-1939), um psicanalista, e Clark L. Hull (1884-1952), um neobehaviorista. O próximo movimento que construiu teorias para explicar o comportamento motivado, e que permanece até hoje, foi o Cognitivismo da década de 1950. Os psicólogos passaram a investigar as bases cognitivas da motivação não como vontade ou instinto. Os motivos por déficits (impulsos) explicam parte do comportamento motivado, mas não sua totalidade.
A Psicologia Cognitiva passa a elaborar modelos teóricos para explicar aquilo que as Neurociências ainda não conseguem demonstrar, por exemplo, o motivo pelo qual tais características variam de pessoa para pessoa. A Neurociência Cognitiva pode demonstrar áreas ativas em um processo criativo, mas não consegue explicar, por exemplo, como a criatividade acontece, onde ela está no cérebro.
Atenção
Ainda não é possível fazer ligações, uma a uma, entre as áreas do cérebro e os processos cognitivos. A forma como o cérebro implementa vários processos cognitivos, como nosso sistema de crenças, permanece um mistério.
A Psicologia Cognitiva interpretou que uma emoção não ocorre sem a avaliação do indivíduo e que é esta avaliação que causa a emoção, não o evento. Essa contribuição teve bastante impacto na Psicologia. Vejamos um exemplo:Pense em duas pessoas trabalhando no mesmo ambiente de trabalho. A gerência do setor é agressiva e autoritária
Em resumo, você pode mudar as avaliações cognitivas dos eventos e, com isso, mudar sua emoção e seu comportamento. Não se engane: a tarefa de uma reestruturação cognitiva nem sempre é fácil, mas é possível e demonstrada empiricamente pela clínica cognitiva.
Resumindo
A Psicologia Cognitiva busca identificar o motivo pelo qual as características variam de pessoa para pessoa.
O QUE VOCÊ APRENDEU
A Psicologia estuda como o indivíduo dá significado ao ambiente, a partir dos seus processos internos, permitindo a sua ressignificação.
A Psicologia Cognitiva estuda o indivíduo em diferentes aspectos: ambiental, psicológico e físico.
A Psicologia Cognitiva usa a ciência básica e a ciência aplicada para estudar as diversas variáveis que influenciam o comportamento do indivíduo.
O cérebro, no Cognitivismo, é ativo, coordena e faz a mediação de comportamentos. Para o Behaviorismo, o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e descrever em que circunstâncias eles acontecem. O Cognitivismo quer compreender o que causa um comportamento, quais as fontes de um comportamento motivado, por exemplo, a criatividade, a arte etc. Na atualidade, são sistemas teóricos que se complementam.
O sistema nervoso humano exerce atividades de ativação e inibição, ou seja, influencia em decisões, como: Posso? Não posso?
A cronometria mental auxilia a Psicologia Cognitiva a identificar os modelos de processamento da informação.
A terapia cognitiva-comportamental auxilia na identificação de distorções cognitivas e na promoção da reestruturação cognitiva.
A Psicologia Cognitiva busca identificar o motivo pelo qual as características variam de pessoa para pessoa.
MÓDULO 4
Relacionar a Psicologia do século XX com a Psicologia do século XXI
(VÍDEO)
Observamos que a Psicologia se organiza e se desenvolve a partir da evolução do pensamento do ser humano. Desde a Grécia Antiga, passando pela Filosofia medieval e avançando nos períodos moderno e contemporâneo, até os dias atuais, sempre existiu um filósofo indagando sobre a natureza do homem e buscando compreender como o pensamento funciona, para revelar o que motiva a nossa espécie e justificar o nosso comportamento. 
O avanço da tecnologia, ao longo da história, também impulsionou, obviamente, o desenvolvimento da Psicologia, como ciência autônoma e como profissão. Por tecnologia, entendemos não apenas aquela que está em nossas mãos, como os smartphones. 
Para chegarmos até o século XXI, gradualmente evoluímos o nosso jeito de pensar. Por esse motivo, desenvolvemos tecnologias de acordo com a necessidade do ambiente e sempre em um continuum histórico de acúmulo de conhecimento. 
Por exemplo: 800 mil anos atrás dominamos o fogo; 8 mil anos atrás, a agricultura; atualmente temos smartphones; amanhã, robôs. 
Essa é a ideia e a tônica: pensar nesses movimentos históricos, no acúmulo de conhecimento, no desenvolvimento do pensamento humano e na tecnologia. Estamos interessados no tempo presente, mas queremos saber como evoluímos o nosso pensamento, nossos processos cognitivos, as emoções e o comportamento, além de nos interessar o papel dessa evolução para adaptabilidade da espécie. Assim, conseguimos prospectar nosso futuro, fundamentalmente analisando o impacto das tecnologias em nossas vidas, ou seja, analisamos o passado para buscar compreender as consequências da inteligência artificial, da automação no futuro, em nossa empregabilidade, por exemplo. 
No século XIX, vimos a Psicologia demarcar a sua área de conhecimento, não apenas utilizando os métodos da Filosofia, mas empregando o método científico. Em 1879, o objeto de estudo da Psicologia era a consciência, e o método foi a introspecção. Em 1913, abandonamos o estudo da consciência e passamos a focar no comportamento, por meio da observação. 
Na década de 1950, voltamos a estudar a consciência e também o comportamento, mas, então, a Psicologia era cognitiva. Os processos cognitivos e como estes modulam o comportamento eram o interesse dos psicólogos. O impacto da tecnologia, o modelo computacional e as Neurociências são importantes impulsionadores dessa parte da história, até os dias atuais. 
Em paralelo ao desenvolvimento da Psicologia, temos a história da Psicanálise, em suas sucessivas tentativas de compreender a aprimorar um sistema clínico que atue eficazmente no sofrimento psíquico do ser humano. 
Na década de 1960, o Humanismo criticou a Psicanálise e o Behaviorismo. Estabeleceu que estudar a personalidade humana, o seu potencial criativo e a tendência do aprimoramento do ego seriam objetos de estudo da Psicologia.
Os humanistas, diferentemente de sistemas teóricos anteriores, acreditavam que a personalidade era moldada pelo presente, como o percebemos de modo consciente, ao contrário das experiências da infância, da Psicanálise, e do modelo do Determinismo ambiental, do Behaviorismo.
Entretanto, quando surge uma nova escola de Psicologia, uma nova perspectiva teórica, a outra não é abandonada por completo, pois as diversas escolas coexistem ou se transformam. A Psicologia também viu o movimento da Gestalt, a era das testagens psicológicas (que é forte no século XXI), entre outros movimentos que duram até os dias atuais.
Mas, no século XXI, a Psicologia apresentou uma proposta nova?
O MOVIMENTO DA PSICOLOGIA POSITIVA
A Psicologia Positiva como um movimento, um sistema dentro da Psicologia, é humanista? Em certos aspectos sim, em outros não.
A Psicologia Positiva recebe influências do Humanismo, mas é um movimento que ocorre na transição do século XX para o século XXI. Vamos nos lembrar de que uma ciência não se desenvolve no vácuo. Um sistema teórico surge em uma área de conhecimento, basicamente, para preencher lacunas abertas, para estabelecer uma crítica (antítese) ou para inovar. De certa maneira, a Psicologia Positiva cumpre esses três papéis.
TANTO A PSICOLOGIA POSITIVA QUANTO O HUMANISMO PROCURAM SABER: O QUE AS PESSOAS QUE SÃO FELIZES TÊM QUE OS DEMAIS NÃO TÊM?
Essa pergunta é totalmente diferente de procurarmos saber como as pessoas psicologicamente doentes se diferenciam dos demais.
A Psicologia Humanista também enfatizou aspectos positivos do desenvolvimento das pessoas e buscou compreender as razões dos comportamentos motivados, mas seu status científico, por diversas razões, não causou grande impacto na Psicologia dentro de uma perspectiva metodológica (metodologia científica).
Maslow reconheceu a limitação de sua teoria dentro de uma perspectiva científica, mas também, que não existiria outra maneira para estudar os aspectos da autorrealização e, talvez, pudesse ter a esperança de que um dia seus estudos alcançariam confirmações. Mesmo sem estudos atuais que tragam evidências contundentes acerca da hierarquia de necessidades, em cinco pontos, empiricamente, a abordagem de Maslow é amplamente utilizada em certos contextos. Como vimos, a hierarquia em apenas dois eixos possui evidências que podemos generalizar para diversas populações.
QUAL A INOVAÇÃO DA PSICOLOGIA POSITIVA?
Vamos falar um pouco sobre Martin Seligman, psicólogo norte-americano, nascido em 1942, que ficou conhecido por sua teoria do desamparo aprendido, tanto pela qualidade dos achados, mas também pelas críticas ao desenho experimental que resultava em sofrimento para as cobaias. Foi presidente da Associação Americana de Psicologia (APA) no ano de 1997 e, em conjunto com Christopher Peterson (1950-2012), publicou Character, Strengths and Virtues (Caráter, Forças e Virtudes).
Nesse livro, os autores estabelecem um contraponto para o DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais norte-americano).
Enquanto o DSM é utilizado para compreensão de psicopatologias e tratamento (doenças mentais ou do comportamento), o Character, Strengths and Virtues é utilizado para a análise das virtudes, potencialidades do indivíduo e para o seu desenvolvimento.
QUAL FOI A INOVAÇÃO DESSA PUBLICAÇÃO?
A  PsicologiaPositiva, além de pensar os indivíduos, também pensa em instituições positivas que fomentem espaço para o desenvolvimento das virtudes. Além disso, pessoas positivas geram ambientes positivos.
Psicologia Positiva versus Psicologia Cognitiva versus Neurociências
Um cérebro emocional se desenvolveu e funciona de modo adaptativo, em respostas psicológicas e ambientais, aos estímulos do meio destinados para nos afastar do perigo e nos aproximar de recompensas.
De acordo com Bear, Connors e Paradiso (2017), o sistema límbico é descrito como o principal circuito mediador de nossas emoções. É um conjunto de estruturas situadas em regiões inferiores ao córtex. Ele integra uma série de áreas e se comunica com todo o sistema nervoso, demonstrando a interação entre essas áreas e estruturas com a finalidade de produzir, gerenciar uma função.
A especialização de determinadas áreas do cérebro não é questionada, por exemplo, as áreas de linguagem e de memória. Mas pensar que é a interação de diversas estruturas que gerencia aspectos do nosso funcionamento e comportamento é muito atrativo e atual. A Psicologia Positiva não refuta as Neurociências, pois compreende a importância das redes neurais e como as informações são processadas.
A Psicologia Positiva trabalha com parâmetros fenomenológicos da consciência, baseada em teorias da informação. Busca a compreensão dos acontecimentos, dos fenômenos e suas respectivas interpretações, e não apenas por meio do processamento das redes neurais, dos aspectos psicofisiológicos ou não conscientes.
Psicologia Positiva: Um projeto para Psicologia do século XXI
Seligman apresenta uma reflexão do papel da Psicologia para o nosso século: o desenvolvimento de forças de caráter e de valores como uma proposta para saúde mental.
 Isso não significa abandonar os estudos das funções cognitivas e como elas modulam o comportamento, tampouco abandonar a Psicologia clínica em suas diversas modalidades. Continuamos em interseção com as Neurociências, com a discussão sobre a tecnologia, como incorporá-la à Psicologia, e o impacto dela em nossas vidas.
Como um projeto para o século XXI, a Psicologia Positiva propõe rompermos com os discursos tradicionais e buscar novas práticas em como avaliar e desenvolver as forças de caráter e virtude nas pessoas, nas organizações e nas instituições.
Atenção
Um alerta que já tratamos é contra as falácias do conhecimento: muitas pessoas pegam carona na Psicologia para propor soluções e serviços para população. Algumas palavras da moda como coaching e Psicologia Positiva podem estar associadas a práticas meramente comerciais que não resultam no real desenvolvimento de pessoas, mas apenas fazem uma persuasão verbal, convencem, não são transformadoras da realidade. Por esse motivo, buscar um psicólogo para discutir sobre o seu desenvolvimento pessoal pode ser um exercício que trará melhores frutos para você, para o seu tempo e o seu investimento financeiro.
O psicólogo terá toda a bagagem histórica, poderá avaliar a sua personalidade com cientificidade e tecnicidade. Poderá avaliar o seu perfil cognitivo, as maneiras que você usa para tomar uma decisão, suas forças de caráter e virtudes, utilizando as práticas psicológicas refinadas ao longo de mais de um século.
Para a Psicologia Positiva, os pontos fortes de uma pessoa são tão importantes quanto as vulnerabilidades. Práticas no mercado que atuam com a Psicologia Positiva focadas nos pontos fortes cometem um erro técnico. Uma avaliação global é necessária. O profissional de Psicologia possui conhecimento técnico e a prerrogativa profissional para avaliar sua saúde mental, seu perfil de personalidade, perfil cognitivo e correlacionar com os seus pontos fortes, suas forças de caráter e virtudes. Esses dois aspectos compõem um projeto mais sustentável para o seu desenvolvimento pessoal.
Existem muitas variáveis que impactam o nosso comportamento e, para um projeto sustentável no médio e longo prazo, para que você mude a sua vida, busque o desenvolvimento das suas forças de caráter e virtude, o profissional qualificado no mercado é da Psicologia com uma inscrição ativa em um conselho profissional (Conselho Regional de Psicologia).
A Psicologia como ciência e a Psicologia Positiva funcionam muito bem em interseção com outras áreas de atuação, dentro das prerrogativas profissionais próprias das áreas de: pedagogia, licenciaturas, gestão, desenvolvimento de soluções e produtos para pessoas, entre outros. Agir com ética, cientificidade e tecnicidade, em acordo com sua formação, é seguro para o cidadão, para nossos filhos, pais, irmãos, familiares e amigos.
Psicologia Positiva e orientação profissional
Orientação profissional, no século XXI, é uma expressão que substitui a conhecida orientação vocacional. Podemos usar outras expressões, por exemplo, orientação de carreira, eleição de carreira ou gestão da carreira. O trabalho do orientador profissional implica qualquer etapa da vida que esteja associada ao mercado de trabalho.
Essas transformações, nas sociedades capitalistas e, fundamentalmente, no Ocidente, resultaram em algumas consequências para a vida das pessoas.
Atualmente, vivenciamos a Quarta Revolução Industrial, também chamada de indústria 4.0. O termo sociedade da informação, em vez de sociedade pós-industrial, demarca essa revolução. Tecnologia, inteligência artificial, robôs, profissões do futuro são discussões do nosso momento histórico, do nosso Zeitgeist.
O perfil populacional está mudando e, com isso, as características do mercado de trabalho também mudam. As necessidades das pessoas ao longo da história, principalmente com o advento da tecnologia, mudam. Compreender essas mudanças e o impacto da tecnologia na vida das pessoas e desenvolver as forças de caráter e virtude para o futuro é o projeto da Psicologia como uma profissão do futuro.
O desafio é compreender o perfil de cada pessoa, levando em consideração o seu desenvolvimento ontogenético. Isso implica compreender em que época essa pessoa se desenvolveu, como ela formou seus valores e suas forças de caráter e como a Psicologia pode auxiliar cada geração a lidar com as demandas da sociedade 4.0.
Cada geração apresenta um estilo próprio na maneira de aprender e se desenvolver. Cada geração possui forças de caráter e virtude desenvolvidas, de acordo com a necessidade de seu tempo, com a influência do momento cultural em que viveu, dos acontecimentos políticos e econômicos que vivenciou.
POR QUE SE DIZ QUE A PSICOLOGIA É UMA PROFISSÃO DO FUTURO?
Porque é uma ciência e uma profissão que foi desenvolvida na pressão da história, sempre preocupada em compreender o ser humano em seu tempo, com raízes na Filosofia e no método científico.
No século XXI, a Psicologia como uma profissão do futuro significa o desenvolvimento de forças de caráter e virtudes das pessoas, bem como de suas habilidades emocionais e comportamentais (as chamadas soft skills).
Um projeto de desenvolvimento pessoal significa compreender a história de aprendizagem, que é diferente de pessoa para pessoa, mas vinculada a um período cultural de determinada época.
Desenvolver uma pessoa é investigar as fragilidades, descartar patologias ou encaminhar para um cuidado de saúde, quando necessário. Esses cuidados, associados ao levantamento das virtudes e das forças de caráter, resultam em um projeto para um desenvolvimento individual, personalizado, para o florescimento das soft skills de uma pessoa, com ética, cientificidade e tecnicidade, necessárias para a segurança e o respeito à população.
AULA 2
ESTUDO DA PSICOSSOMÁTICA
DESCRIÇÃO
A construção histórica da Psicossomática e sua efetivação como campo de conhecimento da Psicologia na área de Saúde.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a origem da Psicossomática para fins de obtenção de conhecimento e atuação profissional dentro da Psicologia, discutindo a dicotomia mente e corpo.
INTRODUÇÃO
Vamos estudar a visão mente e corpo, o conceito de psicossomática e somatopsíquico, para assim descobrir a evolução da Psicossomática

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