Buscar

TRABALHO APL - FINAL

Prévia do material em texto

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA 
PAULA SOUZA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA 
 
 
 
 
 
xxxxxxxxxxxxxx 
xxxxxxxxxxxx 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
 
 
 
APL – INDUSTRIA CALÇADISTA DE JAÚ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS/SP 
1º SEMESTRE/2019 
 
 
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA 
PAULA SOUZA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE LINS PROF. ANTONIO SEABRA 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM LOGÍSTICA 
 
 
 
 
 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
 
 
 
APL – INDUSTRIA CALÇADISTA DE JAÚ 
 
 
Trabalho de Projeto Interdisciplinar 
apresentado à Faculdade de Tecnologia de 
Lins Prof. Antônio Seabra, para obtenção do 
Título de Tecnólogos em Logística. 
 
Orientador: Prof. Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS/SP 
1º SEMESTRE/2019 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................. 4 
 
2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – APL ........................... 5 
 
3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – JAÚ SP ..................... 6 
 
3.1 HISTÓRIA E CRIAÇÃO DA APL JAÚ ........................................ 6 
3.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS DA APL JAU ............... 7 
 
4 CADEIA PRODUTIVA APL JAU ....................................... 9 
 
4.1 PECUARIA E CORTE .............................................................. 10 
4.2 FRIGORIFICOS ........................................................................ 10 
4.3 COURO .................................................................................... 10 
4.4 MAQUINAS E EQUIPAMENTOS ............................................. 11 
4.5 COMPONTES PARA OS CALCADOS ..................................... 11 
4.6 PROCESSO PRODUTIVO DE CALÇADOS ............................ 11 
 
5 LOCALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES DA APL JAU ...... 12 
 
6 CONCLUSÃO ................................................................ 13 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Segundo Vidigal e Campos (2011) no Brasil, instituições públicas, 
destacadamente as universidades, destinado grandes esforços em estudos com 
vistas à identificação e caracterização de Arranjos Produtivos Locais (APLs) em todo 
o país. Esses estudos possibilitam a abertura de discussões relativas a políticas de 
apoio, públicas ou privadas, que favorecem as várias atividades industriais que 
apresentam características de aglomeração produtiva. 
Ainda segundo Vidigal e Campos (2011) as APL tratam-se de aglomerações 
de empresas onde pode se verificar especialização setorial e uma trajetória histórica 
de construção de identidade local em torno de uma atividade produtiva. A partir desse 
ambiente local, passam a existir maior integração, cooperação e, principalmente, 
confiança entre os agentes os quais, portanto, tornamse mais propícios à construção 
de formatos organizacionais com características de um arranjo produtivo local. 
Em Sebrae (2009) vemos que as empresas dos APLs mantêm vínculos de 
articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si, contando também com 
apoio de instituições locais como Governo, associações empresariais, instituições de 
crédito, ensino e pesquisa. No Arranjo Produtivo Local o grupo de empresas também 
tem objetivos comuns e um comitê gestor, que acompanha um plano de trabalho 
estabelecido pelo grupo. 
Ainda em Sebrae (2009) os APLs são difundidos em tudo o mundo, mas é na 
Europa que eles têm a maior difusão: somente na Itália são 145, com 212.500 
empresas e representando 27% do PIB, 42% dos empregos e 47% das exportações. 
Para Vidigal e Campos (2011) a concentração de empresas da indústria 
calçadista em algumas regiões do Brasil despertou o interesse de pesquisadores 
que, a partir de suas observações, as enquadraram na condição de Arranjo Produtivo 
Local. Essa classificação, com base em um novo formato de organização industrial, 
pressupõe que essas aglomerações produtivas apresentariam um desenvolvimento 
superior em comparação com outras em diferentes condições. 
O objetivo do presente estudo é conhecer melhor esse formato aglomerado 
de industrias que forma o arranjo, suas características principais, vantagens e 
desvantagens e identificar os principais elementos constituintes do Arranjo Produtivo 
Local (APL) especializado na fabricação de calçados femininos de Jaú e região, 
conjunto de município localizados na parte central do Estado de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – APL 
 
Em Economia (2018) vemos que Arranjos Produtivos Locais (APLs) são 
aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo 
território, que apresentam especialização produtiva, algum tipo de governança e 
mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e 
com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições 
de crédito, ensino e pesquisa. 
Vidigal e Campos (2011) comentam que abordagem acerca de arranjos 
produtivos locais teve sua origem nos estudos sobre os Distritos Industriais da 
Inglaterra no século XIX conduzidos por Alfred Marshall, quando este evidencia os 
motivos pelos quais ocorreu a concentração de firmas naquele país. 
As vantagens proporcionadas pela concentração geográfica às firmas de 
determinada indústria foram destacadas por Marshall (1982). 
A localização apropriada propicia avanços na divisão do trabalho e, então, 
essa especialização resulta num mercado de mão-de-obra local mais dinâmico, efeito 
observado também na produção de insumos e bens intermediários. A proximidade 
geográfica, a especialização da mão-de-obra e o maior dinamismo também em 
outros mercados ligados ao processo produtivo, possibilitam a geração de economias 
externas aos produtores locais e consequentes ganhos de escala provenientes da 
redução nos custos de produção. 
Assim, a proximidade geográfica parece ser o ponto de partida para analisar 
as novas formas de organização das firmas. Nessas localidades industriais ocorre 
um dinamismo nos mercados, tanto de mão-de-obra quanto de insumos. No que se 
refere ao mercado de trabalho, observa-se que a indústria local fornece um mercado 
para mão-de-obra especializada dotada de habilidades especiais e patrões à procura 
de operários capacitados. Além disso, a profissão especializada possibilita ganhos 
de aprendizagem. As técnicas e métodos de produção são difundidos e melhorados. 
Uma ideia torna-se fonte de outras ideias novas. “Os segredos da profissão deixam 
de ser segredos, e, por assim dizer, ficam soltos no ar, de modo que as crianças 
absorvem inconscientemente grande número deles” (MARSHALL, 1982). 
Exemplo disso é a interação das firmas com seus consumidores, 
fornecedores, seus contratados, competidores, bem como com organizações tais 
como universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, agências governamentais, 
consultores, agências de fomento, e outros. 
Vidigal e Campos (2011) destacam que os governos, em seus vários níveis, 
também têm cada vez mais focalizado o local como objeto de políticas públicas, em 
parceria com agentes privados, visando melhores condições para o crescimento 
econômico desse. Além disso, os governantes também têm estabelecido políticas de 
atração de investimentos e desenvolvimento tecnológico, a fim de favorecer o 
aumento do emprego e da geração de renda. Em síntese, são várias medidas que 
objetivam elevação da competitividade das empresas em arranjos produtivos locais. 
Essas atuações públicas e privadas, com foco local, uma vez obtendo sucesso e se 
expandindo, tendem a atenuar os problemas regionais de baixo dinamismo da 
economia, desemprego e atraso tecnológico. 
 
 
 
6 
 
3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL – JAÚ SP 
 
Fuini (2013) destaca que o município de Jaú abriga uma concentração de 
empresas produtoras de calçados femininos com especializaçãoem produtos feitos 
em couro, além de empresas fornecedoras da cadeia de suprimentos, instituições de 
ensino, de apoio técnico e financeiro entre outras empresas que caracterizam um 
Arranjo Produtivo Local (APL). 
 
O APL de couro e calçados de Jaú é formado por Jaú, segundo maior 
produtor de calçados do Estado de São Paulo, e mais nove municípios de 
pequeno porte em seu entorno e que possuem elos da cadeia calçadista em 
seu território (produção final e/ou fornecimento de insumos da cadeia 
produtiva). A principal concentração industrial, de infraestrutura e de 
serviços especializados da região dessa região se concentra em Jaú. 
(FUINI, 2013) 
De acordo com Sindicalçados (2019) atualmente o APL é formado por 
aproximadamente 650 estabelecimentos formais, na qual ao menos 150 são 
empresas fabricantes de calçados femininos, além de empresas fabricantes de 
partes e componentes, bancas de prestação de serviços e empresas de artefatos de 
couro. Possui 2 shoppings com 180 lojas de calçados. A capacidade de produção do 
APL é de aproximadamente 130 mil pares por dia, com possibilidade de aumento em 
30%. 
 
3.1 HISTÓRIA E CRIAÇÃO DA APL JAÚ 
 
A atividade de calçados iniciou-se na região de Jaú, quando os imigrantes 
italianos, bons artesãos, que trabalhavam nas lavouras, começaram a 
produzir sapatões (estilo de sapato fabricado nos anos 50) e botinas rústicas 
de couro para venderem aos viajantes e à comunidade local. Isso ocorreu 
no início do século XIX, quando a produção era especialmente de sandálias, 
sapatões e botinas rústicas de couro com solado de borracha em estilo 
campestre, que caracterizava a modelagem desenvolvida para o dia-a-dia 
dos trabalhadores nas lavouras (JORNAL COMÉRCIO DE JAÚ, 1985). 
 
Da aptidão de fazer sapatos nasceu a principal característica dos produtos 
fabricados na região de Jaú, que atualmente é composta por 
aproximadamente 220 micro e pequenas empresas de calçados, 
representando 43% dos empregos gerados no município e 65% da 
economia loca, com quase 10 mil empregados diretos e indiretos, o que 
sugere ser o principal setor econômico da cidade. (SINDICALÇADOS, 
2000). 
 
De acordo com Sindicalçados (2019) o desenvolvimento do setor de calçados 
em Jaú é atribuído à visão de artesãos, que começaram a ensinar o ofício de 
sapateiro a jovens interessados, que perceberam uma oportunidade de trabalho. 
Essa disseminação de conhecimento desencadeou o surgimento de pequenas 
oficinas de fabricação de calçados no final da década de 30. 
Sindicalçados (2019) relata ainda que a maioria dos empresários locais atribui 
à região do Rio Grande do Sul, a responsabilidade pelo crescimento do setor em Jaú 
7 
 
no início da década de 90, quando as empresas do Vale dos Sinos começaram a 
exportar sua produção quase em totalidade, deixando brechas no mercado interno 
que possibilitaram a entrada dos produtos jauenses, contribuindo para o 
desenvolvimento das indústrias. 
Para Lorenzon (2004) a posição geográfica de Jaú apresenta fácil acesso aos 
grandes centros consumidores, o que também ofereceu vantagens comerciais para 
as empresas de Jaú abastecerem os dois maiores mercados nacionais, que são: a 
Cidade de São Paulo (primeiro no ranking do consumo nacional) e o interior do 
Estado de São Paulo (segundo no ranking do consumo nacional). 
O foco de mercado para as indústrias de calçados de Jaú continua sendo 
aquele que compra em pequena escala uma variedade de produto, como foi durante 
todos os anos de sua existência, porém começam a despontar indústrias com 
interesse na produção de escala, principalmente de material sintético, o que tem 
despertado outros interesses no setor, resultando na união de algumas indústrias 
para abertura de mercados de escala que vem sendo trabalhada pelo sindicato 
patronal com auxílio de outras entidades importantes para o setor calçadista, desde 
2003. 
 
3.2 CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS DA APL JAU 
 
As características das indústrias do APL de Jaú são predominantemente de 
pequenas empresas. Porém a transposição de média para grande empresa, 
categorização essa que leva em conta a capacidade de produção, é muito comum. 
O aumento de produção salta através de escalas consideradas no número de 
esteiras24 produtivas padronizadas. Ou seja, investimentos modestos ligados à 
ampliação no número de esteiras permitem aumentar a produção. 
Segundo Alves (2006) no APL de Jaú, o processo produtivo das pequenas, 
médias e grandes empresas é diferente. As grandes e as médias empresas 
produzem em série, onde a produção é dividida em etapas. Na maioria das pequenas 
empresas a produção é tipicamente artesanal, com o uso de poucas máquinas. 
No APL de Jaú, 75% da produção é de calçados de couro. Das matérias 
primas (couro) utilizadas na produção do calçado feminino de Jaú, 60% são 
provenientes de outras localidades, apesar de existirem na região capacidade 
produtiva instalada para fornecer couro para todas as indústrias. Os próprios 
empresários e dirigentes industriais adotam como estratégia a diversificação dos 
fornecedores de matéria-prima (OLIVEIRA, 1999). 
Segundo Lorenzon (2004) o dinamismo das empresas de calçados de Jaú é 
impulsionado pela tarefa de acompanhar as tendências da moda feminina e 
transformá-la em calçados muito rapidamente para inserção no mercado. Isso ocorre, 
pelo menos, quatro vezes durante um ano, através dos lançamentos de coleções em 
cada estação climática, como é na moda têxtil. 
De acordo com LORENZON (2004) em Jaú, as empresas subcontratam 
mão-de-obra em grande parte da produção, como uma estratégia para redução de 
custos, assim, as etapas de corte, pesponto e enfachetamento de salto, são 
realizadas fora das empresas nas denominadas bancas ou serviços terceirizados. 
Porém, devido às dificuldades encontradas na regularização da situação de contrato 
com esses prestadores de serviço, pressionadas pelo Ministério do Trabalho, a 
maioria das empresas está adaptando seus espaços e trazendo parte destas etapas, 
de corte e pesponto, para dentro da estrutura da empresa. 
 
8 
 
Estrutura da indústria: 
 
Figura 1 – Estrutura da Industria 
 
 Fonte: Lorenzon, 2005 
 
 
Porte das empresas (Indústrias de calçados): 
 
 Figura 2 – Porte das empresas calçadistas 
 
 Fonte: Lorenzon, 2005 
 
 
O processo produtivo não se diferencia nas empresas de calçados, porém as 
empresas de Jaú têm como característica muita flexibilidade em sua produção de 
calçados, que mantém como diferencial competitivo para atender nichos de mercado 
específicos, que compram em pequenos lotes uma grande variedade de produtos. 
Outra característica marcante das empresas de Jaú é o seu departamento de 
modelagem que também gerencia a produção, ou seja, na maioria das empresas o 
modelista que é quem desenvolve o modelo dos calçados, acaba sendo responsável 
pela linha de produção do mesmo. 
No geral as empresas não possuem departamentos de vendas, muitas porque 
mantêm uma carteira de compradores fidedignos, ou porque a comercialização se 
dá por meio de representantes em pontos estratégicos de distribuição do produto. 
Assim, a primeira atividade na empresa é realizar a compra dos insumos e preparar 
as fôrmas que darão forma ao modelo. 
Segundo o IPT (2004) em 2002, o setor calçadista de Jaú chegou a 
representar 2% no total das exportações brasileiras com US$ 2.116.800, com 
um faturamento anual de R$ 226.800.000. 
Ainda segundo IPT (2004) o preço médio dos calçados no mercado interno 
varia entre R$ 15 e 29, enquanto que no mercado externo é de US$ 8 a 15. Os 
clientes são caracterizados por lojistas com mais de um ponto de venda, além de 
shoppings e grandes atacadistas, que compram diretamente da indústria, ou por 
intermédio de representantes. 
A participação de Jaú na produção e exportação de calçados, no Estado de 
São Paulo e no Brasil, pode ser observada no quadro abaixo. 
 
9 
 
 
 
 
4 CADEIA PRODUTIVA APL JAU 
 
Segundo Alves (2006) o calçado femininodo APL de Jaú necessita de grande 
diversidade criativa na manutenção de um produto atualizado, para atingir o 
segmento de mercado em que atuam e possuir preços baixos para os compradores, 
visto que quase todas as pequenas e médias empresas competem pelo mercado 
popular. 
Ainda segundo Alves (2006) Várias empresas da cadeia produtiva calçadista 
montaram escritórios de representação no APL de Jaú, buscando facilitar o 
fornecimento de matéria prima e componentes. A produção do APL de Jaú tem uma 
capacidade instalada de aproximadamente 100.000 pares por dia e não permite que 
grandes produtores de matérias-primas instalem filiais e fábricas no Município. 
 
FIGURA 04 - A CADEIA PRODUTIVA DO CALÇADO DE COURO 
 
 
 
FONTE: FENSTERSEIFER E GOMES (1995, APUD CONTADOR JR, 2003, P.95) 
10 
 
Segundo Fensterseifer e Gomes (1995, apud Contador Jr, 2004, p.95), a 
configuração mais comum do fluxo produtivo, o couro salgado é fornecido pelos 
frigoríficos aos curtumes, que podem processá-lo totalmente (couros acabados) ou 
parcialmente (wet blue ou semiacabados - crust.). 
Para Alves (2006) a cadeia produtiva é composta por um significativo número 
de empresas, compreendendo uma enorme heterogeneidade em suas estruturas e 
em seus processos produtivos. A cadeia produtiva confere ao setor a capacidade de 
atualização tecnológica, mesmo com a predominância de pequenas empresas, que 
isoladamente não teriam condições de promover a capacitação tecnológica 
necessária para fazer face à concorrência internacional. 
 
4.1 PECUARIA E CORTE 
 
Alves (2006) destaca que as diferentes sistemas de criação podem resultar 
em peles de qualidades distintas, impondo restrições ao processamento do couro e 
de seus derivados. 
 
4.2 FRIGORIFICOS 
 
Para Alves (2006) o crescimento da produção pecuária no Centro-Oeste tem 
levado à instalação de frigoríficos nessa região. Uma importante consequência desse 
movimento para a cadeia de couro e calçados é a tendência do abate e, portanto, da 
produção de couro, apresentar um padrão de localização semelhante ao do rebanho 
bovino. 
Alves (2006) relata que outra tendência relevante é a incorporação do primeiro 
estágio de processamento do couro em frigoríficos de maior porte, que passam a 
ofertar o couro diretamente a curtumes acabadores. A produção de couro pelo 
frigorífico (Wet Blue) representa ganhos de competitividade (redução da 
cumulatividade dos tributos em cascata) e impõe melhoria de qualidade à montante 
da cadeia (valoriza a qualidade do couro). 
 
4.3 COURO 
 
Segundo Alves (2006) A indústria brasileira de couro é constituída por cerca 
de 805 estabelecimentos, dos quais 80% podem ser classificados como pequenas 
empresas. Basicamente, os curtumes podem ser caracterizados de acordo com sua 
etapa de processamento do couro. 
Ainda segundo Alves (2006) A produção brasileira de couro está concentrada 
nas regiões Sul e Sudeste, que juntas são responsáveis por cerca de 72% do total 
de couros. Cabe ressaltar que os principais estados produtores são Rio Grande do 
Sul com 23,5%, São Paulo com 23%, Paraná com 12% e Minas Gerais com 10%. 
Alves (2006) relata que no Município de Jaú estão instalados três curtumes, e 
em Bocaina (12 Km de Jaú) mais 4 curtumes. O processo de produção da maioria 
dos curtumes localizados em Bocaina são rudimentares, ou seja, com utilização de 
máquinas e tecnologia defasada, falta de estrutura empresarial e profissionalizada, 
há poucos investimentos voltados para a incorporação de inovações tecnológicas, 
de suporte técnico e centros tecnológicos ligados ao setor. Em Jaú os curtumes são 
mais estruturados. 
11 
 
4.4 MAQUINAS E EQUIPAMENTOS 
 
Segundo Alves (2006) a indústria de máquinas e equipamentos para couro, 
calçados e afins é composta por 113 empresas, em sua maioria de pequeno e médio 
porte. Essa indústria é geograficamente concentrada no Rio Grande do Sul, que 
abriga 85% das empresas. O setor surgiu para suprir as necessidades da indústria 
coureiro-calçadista e, embora haja necessidade de atualização tecnológica, vem 
sendo capaz de exportar para importantes mercados como os EUA, a Alemanha, o 
Japão e a China. 
 
4.5 COMPONTES PARA OS CALCADOS 
 
Alves (2006) destaca que a indústria brasileira de componentes para couro e 
calçados é composta por cerca de 946 empresas, subdivididas em nove setores, 
dentro das quais encontram-se classificados mais de 1.400 produtos. 
Segundo Alves (2006) a Região Sul emprega mais da metade da mão-de-obra 
da indústria de componentes, em virtude da grande concentração de indústrias no 
Vale do Sinos e das técnicas de produção voltadas para segmentos de mercado. 
Entretanto, as estratégias de relocalização da indústria de calçados durante a década 
de 90, afetaram também as decisões de localização da indústria de componentes. 
Desse modo, há um movimento embrionário de deslocamento para as principais 
regiões produtoras do Nordeste. 
 
4.6 PROCESSO PRODUTIVO DE CALÇADOS 
 
A Figura a seguir, mostra as etapas do processo produtivo de calçados e os 
setores fornecedores. Estes tornam disponível uma gama enorme de materiais e 
proporcionam opção de escolha muito grande no desenvolvimento de calçados. 
 
 
FONTE: CONTADOR JR (2004, P. 94). ELABORADO DE FENSTERSEIFER E GOMES (1995). 
12 
 
5 LOCALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES DA APL JAU 
 
Quanto às oportunidades específicas do APL de calçados femininos de Jaú, 
segundo pesquisas desenvolvidas pelo Sebrae e Sindicalçados são: 
 
a) Flexibilidade de adaptar-se às tendências de modelagem; 
b) Proximidade com o maior centro consumidor da América do Sul – São Paulo; 
c) Facilidades no escoamento da produção (localizada no centro geográfico do 
estado); 
d) Preocupação de várias instituições e empresas em implementar condições para 
a capacitação da mão-de-obra, visando melhorar a qualificação dos recursos 
humanos disponíveis; 
e) Facilidade para controlar a qualidade de materiais e produtos acabados por 
meio do Laboratório – Físico/Mecânico do SENAI local; 
f) Possui um parque fabril relativamente avançado, onde muitas empresas – as 
maiores, possuem equipamentos de última geração; 
 g) Crescente interesse pelos empresários em atualizarem-se em relação aos 
novos processos e produtos, por meio das instituições públicas ou privadas 
(Sindicato, CIESP, SENAI, SEBRAE, CTCCA), 
 h) capacitação profissional por meio de cursos de pós-graduação e cursos de 
empreendedorismo; 
 i) Divulgar seus produtos em feiras do segmento de calçados, feira do próprio APL 
(JAUEXPO), com duas edições anuais, e também em outras feiras nacionais: 
COUROMODA e FRANCAL. (Fensterseifer e Gomes, 1995). 
 
Alves (2006) relata que quanto a localização privilegiada para a APL, 
empresas e agencias ligadas ao governo dedicaram esforços a melhoria da APL jau 
justamente devido a posicionamento geográfico da cidade. Como exemplo disso é a 
criação do SENAI jau. 
Segundo Alves (2006) a presença do SENAI-SP em Jaú data do início da 
década de 80, quando um projeto de pequena dimensão foi estabelecido, a partir de 
convênio firmado 124 com a Prefeitura local. No entanto, foi apenas em 2002 que o 
Centro de Treinamento SENAI - Jaú, em parceria com a Prefeitura Municipal, 
recebeu investimentos da ordem R$ 2,1 milhões, com a proposta de se tornar uma 
forte referência na formação de mão-de-obra para o segmento. 
Para Alves (2006) existem maquinários de ponta, oficinas integradas, 
laboratórios que seguem os padrões adotados pelo Instituto Nacional de Metrologia, 
Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), e uma equipe de 35 colaboradores 
que inclui docentes com nível técnico. No caso do núcleo couro-calçadista, 
dimensionou-se aspectos de toda a linha produtiva. O resultado é um espaço 
delineado no formato de células de trabalho, que começa pelo departamento de 
concepção e design e vai até o espaço destinado a ensaios físicos e mecânicos de 
produtos, passando pelo corte, preparação, pesponto e montagem.Ainda segundo Alves (2006) Esses investimentos foram feitos justamente 
devido a estrutura da cidade e da região a qual ocupa, com localização privilegiada 
para escoamento da produção e chegada da matéria prima, além de mão de obra 
qualificada e incentivos concedidos pelo governo do estado e município. 
 
 
13 
 
6 CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALVES, Marcia Cristina. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: O CASO DAS INDÚSTRIAS DE 
CALÇADOS FEMININOS DE JAÚ. 2006. 253 f. Tese (Doutorado) - Curso de Programa de PÓs 
GraduaÇÃo em Engenharia de ProduÇÃo, Universidade Metodista de Piracicaba, Santa BÁrbara 
D’oeste, 2006. Cap. 6. 
 
CONTADOR JR., O. (2004). Tecnologia e proteção ambiental nas indústrias do couro e calçados na 
região de Jaú – SP. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Araraquara, Centro universitário de 
Araraquara, Araraquara, 2004. 
 
ECONOMIA, Ministério da. Conceito de Arranjo Produtivo Local: APL. 2018. Disponível em: 
<http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/arranjos-produtivos-locais>. Acesso 
em: 19 mar. 2019. 
 
FENSTERSEIFER, J.E. et al. (1995). O Complexo calçadista em perspectiva: tecnologi a e 
competitividade. Porto Alegre: Ortiz. 
 
FUINI, Lucas Labigalini. TERRITÓRIO E DESENVOLVIMENTO EM JAÚ - SÃO PAULO: ARRANJO 
PRODUTIVO LOCAL, ATORES E GOVERNANÇA. Desenvolvimento Regional, Santa Cruz 
 do Sul, v. 1, n. 1, p.1-56, set. 2013. Disponível em: 
<https://www.unisc.br/site/sidr/2013/Textos/45-2.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2019. 
 
IPT. Instituto de pesquisas tecnologicas. 2019. Disponível em: <https://www.ipt.br/>. Acesso em: 
21 mar. 2019. 
 
LORENZON, E. J. Caracterização e classificação do cluster de calçados femininos do município 
de Jaú/SP São Carlos. UFSCar, 2005. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 
2005. 
 
MARSHALL, A. Princípios de Economia: tratado introdutório. São Paulo: Abril Cultural, 1982. v. I, p. 
231-238. 
 
OLIVEIRA, A.M.R. (1999). Análise da estrutura produtiva do pólo calçadista do município de Jaú: 
suas implicações sócio-econômicas e espaciais. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual 
Paulista, Rio Claro, 1999. 
 
 SEBRAE, Mundo. O que é um APL? 2009. Disponível em: <https://mundosebrae.wordpress. 
com/2009/09/11/o-que-e-um-apl/>. Acesso em: 19 mar. 2019. 
 
SINDICALÇADOS. SINDICALÇADOS: Sindicato da Indústria de Calçados de Jaú. 2019. Disponível 
em: <http://www.fiesp.com.br/sindicalcadosjau/sobre-o-sindicalcadosjau/apl/>. Acesso em: 19 mar. 
2019. 
 
VIDIGAL, Vinícius Gonçalves; CAMPOS, Antonio Carlos de. Evolução dos Arranjos Produtivos Locais 
(Apl) de calçados no Brasil: uma análise a partir dos dados da RAIS. Análise: A Revista Acadêmica 
da FACE, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p.1-16, jun. 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/romildobrito-
lin/Desktop/1Arquivos/8454-34940-2-PB.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2019.

Continue navegando