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GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO GESTÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais Coordenação Didático-Pedagógica Stella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa Redação Pedagógica Tito Tortori Revisão Alessandra Muylaert Archer Projeto Gráfico Romulo Freitas Diagramação Luiza Serpa Coordenação de Conteudistas Fernando Velôzo Gomes Pedrosa Conteudistas Alexandre Duarte de Paiva Edson Carmelo de Souza Geraldo Mendes Gutian Weslei Jardim Batista Revisão Técnica Tatiana Braga Filippone Produção Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Realização EsIE – Escola de Instrução Especializada Exército Brasileiro Gestão de Qualidade em Serviços : apostila 2 / coordenação didático-pedagógica: Stella M. Peixoto de Azevedo Pedrosa ; redação pedagógica: Tito Tortori ; projeto gráfico: Romulo Freitas ; diagramação: Luiza Serpa ; coordenação de conteudistas: Fernando Velôzo Gomes Pedrosa ; conteudistas: Geraldo Mendes Gutian ... [et al.] ; revisão técnica: Tatiana Braga Filippone : produção: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ; realização: EsIE – Escola de Instrução Especializada [do] Exército Brasileiro. – Rio de Janeiro : PUC-Rio, CCEAD, 2014. Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais – CHQAO. 76 p. : il. (color.) ; 21 cm. Inclui bibliografia 1. Elementos da gestão pela qualidade total. I. Pedrosa, Stella M. Peixoto de Azevedo. II. Tortori, Tito. I. Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes. IV. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Coordenação Central Educação a Distância. V. Brasil. Exército. Escola de Instrução Especializada. CDD: 658.562 CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS UNIDADE 3 ELEMENTOS DE GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL APRESENTAÇÃO O Curso de Habilitação ao Quadro de Auxiliar de Oficiais (CHQAO), conduzido pela Escola de Instrução Especializada (EsIE), visa habilitar os subtenentes à ocupação de cargos e ao desempenho de funções previstas para o Quadro Auxiliar de Oficiais. A disciplina Gestão de Qualidade em Serviços possui carga horária total de 90 horas. Os objetivos gerais desta disciplina são: • Apresentar a Gestão pela Qualidade Total na organização, tanto em seus aspectos conceituais, quanto em sua aplicabilidade, em seus mo- delos e procedimentos de implementação; • Apresentar o Sistema de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro. Nesta apostila será apresentada a Unidade Didática III – Elementos de Gestão pela Qualidade Total, cujos objetivos, determinados pelo Planeja- mento de Disciplina (PLADIS), desenvolvido pela Seção de Ensino da Escola de Instrução Especializada do Exército Brasileiro (EsIE), estão especificados por capítulo. Boa leitura! CONTEUDISTAS Geraldo Mendes Gutian é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agu- lhas Negras (AMAN); possui graduação em Engenharia Química pelo Instituto Militar de En- genharia (IME); é pós-graduado em Engenharia da Qualidade pela Faculdade de Engenharia Química da Universidade de São Paulo (FAENQUIL/USP) e mestre pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI-MG) com ênfase em Implementação de Sistemas de Gestão. É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Nas Faculdades Dom Bosco ministra a disciplina de Administração Estratégica no Curso de Administração; as disciplinas de Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico e Desenvolvimento Regional no Curso de Gestão Pública; a disci- plina de Gestão Integrada de Recursos Humanos no Curso de Gestão de Recursos Humanos e a disciplina de Química Tecnológica no Curso de Engenharia de Produção Automotiva. Tem experiência na área de gerência de Recursos Humanos, planejamento estratégico, ma- peamento, análise e melhoria de processos. Edson Carmelo de Souza é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e licenciado em Geografia pelo Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. Possui pós-graduação em bases geo-históricas para o pensamento estratégico pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) e mestrado em operações militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência na área de planejamento estratégico e no mapeamento, análise e melhoria de processos. Alexandre Duarte de Paiva é graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e graduando em Administração na Associação Educacional Dom Bosco (AEDB). Possui pós-graduação em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e cursa pós-graduação em Gestão pela Escola de Instrução Especializada (EsIE) e Universidade Católica de Petrópolis (UCP). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência na área de gerência de recursos humanos e planejamento estratégico. Weslei Jardim Batista possui graduação em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN); é pós-graduado em Operações Militares de Defesa Antiaérea e de Defesa do Litoral pela Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) e em Opera- ções Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO). Cursa pós-graduação em Gestão pela Escola de Instrução Especializada e Universidade Católica de Petrópolis (EsIE/ UCP). É professor da Cadeira de Administração da AMAN. Tem experiência e cursos na área de administração pública, gerência de projetos, gestão estratégica de pessoas e planos de carreira, recursos humanos, gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, planejamen- to estratégico, análise e melhoria de processos, modelo de Excelência em Gestão, ética no serviço público, gestão da qualidade e excelência no atendimento. CONTEUDISTAS ÍNDICE 1. CULTURA ORGANIZACIONAL 1.1 ARTEFATOS, LINGUAGENS E HÁBITOS 1.2 HISTÓRIAS, MITOS E HERÓIS 1.3 VALORES E CRENÇAS 2. LIDERANÇA MILITAR 2.1. TIPOS DE LIDERANÇA 3. ATENDIMENTO AOS CLIENTES 3.1 A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO AOS CLIENTES 3.2 A MATRIZ DE ATENDIMENTO AO CLIENTE 3.3 CLIENTES INTERNOS E EXTERNOS 3.4 IDENTIFICAÇÃO DE EXPECTATIVAS E NECESSIDADES DOS CLIENTES 3.5 PERCEPÇÕES DOS CLIENTES 4. GESTÃO DE RH 4.1 O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS NA TQM 5. TREINAMENTO 5.1 A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO 5.2 A ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO 5.3 ESTRATÉGIA DE TREINAMENTO 5.4 O PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO 6. TRABALHO DE EQUIPE 7. EMPOWERMENT 7.1 CONCEITO DE EMPOWERMENT 8. BENCHMARKING 8.1 DEFINIÇÃO DE BENCHMARKING 9. FERRAMENTAS DE QUALIDADE 9.1 PDCA 9.2 BRAINSTORMING 9.3 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (ESPINHA DE PEIXE / DIAGRAMA DE ISHIKAWA) 9.4 FLUXOGRAMA 9.5 DIAGRAMA DE PARETO (OU GRÁFICOS DE PARETO) 09 11 11 12 15 20 23 23 24 25 26 27 29 30 31 32 33 34 35 37 41 41 45 46 49 50 52 52 54 55 10. PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO 11. MUDANÇA ORGANIZACIONAL 11.1 PLANEJAR A MUDANÇA ORGANIZACIONAL 11.2 FATORES DE RESISTÊNCIAS A MUDANÇAS 11.3 ESTÁGIOS DO PROCESSO DE MUDANÇA 11.4 FATORES DE SUCESSO NAS MUDANÇAS 12. BIBLIOGRAFIA 57 59 60 62 64 66 69 9 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivo específico • Definir cultura organizacional 1 CULTURA ORGANIZACIONAL As organizações possuem uma cultura própria, que pode ser definida de diver- sas formas. Uma das definições bastante aceita é a de Schein, que afirma que a cultura é: Um padrão de assuntos básicos compartilhados que um grupo aprendeu como maneira de resolver seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona bem a ponto de ser considerado válido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas (SCHEIN apud CHIAVENATO, 2010a, p.158). Seguindo outra perspectiva,Jacques também definiu cultura como: a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, compartilhada em grande extensão por todos os membros da organização e que os novos membros de- vem aprender e aceitar para serem aceitos no serviço da firma (JACQUES apud CHIAVENATO, 2010a, p.159). A maneira de interagir dos integrantes da organização, a missão, a filosofia de trabalho, os valores, o comportamento, os assuntos considerados relevantes são parte da cultura organizacional da instituição. Williams (2010, p.58) sustenta que a cultura de uma organização pode ser visualizada através de níveis comentados no quadro a seguir: CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 10 QUADRO 1: OS TRÊS NÍVEIS DA CULTURA ORGANIZACIONAL O QUE SE VÊ Nível superficial Características simbólicas, como indumentária requerida; Comportamento dos funcionários e gestores. O QUE SE OUVE Expressão de valores e crenças O que as pessoas dizem; como as decisões são tomadas e explicadas. O QUE SE ACREDITA Suposições e cren- ças inconscientes Suposições e crenças amplamente aceitas; profundamente arrai- gadas; raramente discutidas ou analisadas. Fonte: Williams (2010, p.58) Outra visão é a de Maximiano (2012), que também divide em três os compo- nentes da cultura organizacional (ver figura 1): • Valores e crenças: compreendem os aspectos mais difíceis de serem ana- lisados, mais internos à organização. Muitas vezes o que se declara como valores e crenças não é o que realmente é praticado nas organizações. • Histórias, mitos e heróis: fazem parte da construção da organização como ela é na atualidade. Representam a tradição e podem criar mode- los de comportamento para os funcionários. Para Williams (2010), a cul- tura organizacional é mantida através dos tempos com história e heróis. • Artefatos, linguagens e hábitos: são a parte mais visível, facilmente identificável ao se observar uma organização. Valores Crenças Histórias Mitos Heróis Artefatos Linguagem Hábitos Figura 1: Componentes da cultura organizacional GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 11 1.1 ARTEFATOS, LINGUAGENS E HÁBITOS No Portal do Exército Brasileiro (BRASIL, 2013) é possível verificar diversas faces de sua cultura organizacional, conforme citado anteriormente. Os artefatos, linguagens e hábitos compõem a parte mais visível, e mais facilmente perceptí- vel, de uma organização. Um texto citado naquele portal, denominado “A Profissão Militar”, foi transcri- to a partir da carta de Moniz Barreto, publicada em 1893 no nº 306 do Jornal do Exército de Portugal, sendo revelador: Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dor- mindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de cor- neta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida. Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os cora- ções mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares... 1.2 HISTÓRIAS, MITOS E HERÓIS Em relação às histórias, mitos e heróis, pode-se dizer que são fortes na cultura do Exército. Como instituição secular e permanente, o Exército faz parte da História deste País desde a sua forma embrionária, na Batalha de Guararapes, até os dias de hoje, e possui como patrono o Marechal Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Outros heróis foram homenageados com a figura do “Patrono” para que seus nomes ajudem a manter vivas as tradições militares e o culto cívico dos Heróis. Existem Patronos das Armas, Quadros e Serviços, além de outras tantas personalidades nominadas nas mais diversas Organiza- ções Militares do Brasil. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 12 1.3 VALORES E CRENÇAS Através das características da profissão militar, apresentadas no Portal do Exér- cito, é possível entender um pouco de seus valores e crenças. São característi- cas fortes, marcantes, que retratam a maneira costumeira dos integrantes da instituição de pensar e fazer as coisas, portanto, sua cultura organizacional. Tais características são difundidas exaustivamente em suas Escolas de Formação e demais Organizações Militares, tornando sua cultura forte e marcante. CARACTERÍSTICAS DA PROFISSÃO MILITAR Risco de vida Durante toda a sua carreira, o militar con- vive com o risco. Seja nos treinamentos, na sua vida diária ou na guerra, a possibilidade iminente de um dano físico ou da morte é um fato permanente de sua profissão. Sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia O militar tem de obedecer a severas normas disciplinares e a estritos princípios hierár- quicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e profissional. Dedicação exclusiva O militar não pode exercer qualquer outra atividade profissional, o que o torna depen- dente de seus vencimentos e dificulta o seu ingresso no mercado de trabalho, quando na inatividade. Disponibilidade permanente O militar se mantém disponível para o serviço ao longo das 24 horas do dia, sem direito a reivindicar qualquer remuneração extra, compensação de qualquer ordem ou cômputo de serviço especial. Mobilidade geográfica O militar pode ser movimentado em qual- quer época do ano, para qualquer região do país, indo residir, em alguns casos, em locais inóspitos e destituídos de infraestru- tura de apoio à família. Vigor físico As atribuições que o militar desempenha, exigem-lhe elevado nível de saúde física e mental. Saiba mais sobre os Patronos do exército na página dispo- nível no link: <http://www. eb.mil.br/patronos> GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 13 Formação específica e aperfeiçoa- mento constante O exercício da profissão militar exige uma rigorosa e diferenciada formação, dentro de um sistema de educação continuada, que lhe permite adquirir as capacitações específicas dos diversos níveis de exercício da profissão. Proibição de participar de ativida- des políticas O militar da ativa é proibido de filiar-se a partidos e de participar de atividades políticas. Proibição de sindicalizar-se e de participação em greves ou em qualquer movimento reivindica- tório O impedimento de sindicalização advém da rígida hierarquia e disciplina e a proibição de greve decorre do papel do militar na defesa do país, interna e externa, tarefa prioritária e essencial do Estado. Restrições a direitos trabalhistas O militar não usufrui de alguns direitos trabalhistas, de caráter universal, que são assegurados aos trabalhadores. Vínculo com a profissão Mesmo quando na inatividade, o militar permanece vinculado à sua profissão. Os militares na inatividade, quando não refor- mados, constituem a “reserva” de 1ª linha das Forças Armadas. Consequências para a família O núcleo familiar não estabelece relações duradouras e permanentes na cidade, o que acaba prejudicando a educação dos filhos e a inserção no mercado de trabalho dos outros membros da família. Quadro 2: Características da profissão militar (BRASIL, 2013) Williams (2010) relaciona os fatores mais importantes para uma cultura orga- nizacional bem-sucedida: a cultura forte, visão, adaptabilidade e envolvimento dos funcionários. O Exército possui valores seculares e imutáveis, uma visão de futuro definida e iniciou recentemente um projeto de transformação, dados facilmente encon- trados em seu site. Saiba mais sobre as caracterís- ticas da profissão militar e sua cultura organizacional na pági- na disponível no link: <http:// www.eb.mil.br/caracteristicas- -da-profissao-militar> CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 14 Missão e Visão de Futuro Contribuir para a garantia da soberania nacio- nal, dos poderes constitucionais,da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacio- nais e cooperando com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Para isto, preparar a Força Terrestre, manten- do-a em permanente estado de prontidão. Visão de Futuro do Exército Até 2022 o processo de transformação do exército chegará a uma nova doutrina − com o emprego de produtos de defesa tecnologi- camente avançados, profissionais altamente capacitados e motivados − para que o Exérci- to enfrente, com os meios adequados, os de- safios do século XXI, respaldando as decisões soberanas do Brasil no cenário internacional. Deveres, Valores e da Ética do Exército Patriotismo, dever, lealdade, probidade e coragem Quadro 3: Características da profissão militar (BRASIL, 2013) Utilizando os ensinamentos apresentados e lendo o quadro anterior podemos verificar que a cultura organizacional do Exército pode ser encarada como bem sucedida, pois é uma cultura forte (bem definida, arraigada, antiga), com uma visão clara do que a instituição deseja, adaptando-se ao que está por vir sem perder seus valores fundamentais e com envolvimento de todos os militares. O envolvimento dos militares na preservação e divulgação da cultura organiza- cional do Exército ocorre naturalmente, seja por meio de suas ações diárias nas organizações militares, seja na assimilação dessa cultura através da educação militar continuada, seja pelas próprias características da profissão militar que respaldam comportamentos e atitudes de militares em todo o Brasil. 15 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 2 LIDERANÇA MILITAR Objetivos específicos • Descrever os conceitos relacionados à chefia e à liderança militar; • Apresentar as teorias sobre liderança; • Citar os tipos de liderança; • Citar os traços e princípios de liderança; • Identificar os níveis de liderança; • Descrever os fatores e requisitos de liderança; • Apresentar os atributos de um líder; • Citar o papel do líder. Para Chiavenato (2010b), em uma organização, várias pessoas coordenam o trabalho de outras, sendo responsáveis pelo resultado do trabalho delas e isto implica em liderança. Os líderes influenciam diretamente as pessoas para que os resultados das organizações sejam os melhores possíveis e isto os torna extremamente importantes para todos. O líder e seus liderados possuem uma relação de mútua dependência. Mas, cabe formular uma pergunta fundamental: o que é liderança? De acordo com Maximiano, essa pergunta possui muitas respostas: Uma pessoa (ou grupo) tem liderança quando consegue conduzir as ações ou influenciar o comportamento de outras pessoas. Liderança é a realização de uma meta por meio da dire- ção de colaboradores humanos. A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é um líder. Um grande líder é aquele que tem essa capacidade dia após dia, ano após ano, numa gran- de variedade de situações. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 16 A liderança ocorre quando há líderes que induzem segui- dores a realizar certos objetivos que representam os valo- res e as motivações - desejos e necessidades, aspirações e expectativas - tanto dos líderes quanto dos seguidores. A genialidade da liderança está na forma como os líderes enxergam e trabalham os valores e motivações tanto seus como de seus seguidores. Liderança é o uso da influência não coercitiva para dirigir as atividades dos membros de um grupo e levá-los à reali- zação de seus próprios objetivos (2011, p. 256). Existe uma grande diferença entre chefiar e liderar. Chefiar é atingir objetivos com um grupo, e liderar, como visto, exige comportamento mais complexo, abrangente, motivador e de grande influência interpessoal. Caravantes (2005, p.505) ensina que “pessoas podem ser líderes sem serem gerentes, ser gerentes sem serem líderes, ou podem ser tanto gerentes como líderes, simultaneamente.” Mas, chefia e liderança militar, o que seria? As instruções provisórias de Liderança Militar - IP 20-10 (BRASIL, 1991, p.2- 1) estabelecem que o Chefe Militar é o “Militar no exercício de um cargo de chefia, de qualquer nível ou natureza, consubstanciando a autoridade legal, o administrador e o líder”. Essas mesmas instruções tratam do militar habilitado a gerir coisas e pessoas em função do cargo de chefia que ocupa (administra- dor) e daquele que é habilitado a conduzir subordinados ao cumprimento do dever, em razão do cargo de chefia que exerce. No cumprimento do dever militar, os subordinados podem ser conduzidos a ações que colocam suas vidas em risco. Este fato, por si só, exige do chefe militar uma liderança diferente de todas as demais atividades profissionais. A liderança militar é uma ferramenta fundamental para a ação plena do comando em qualquer nível, seja estratégico, tático ou operacional e deve ser constantemente desenvolvida. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 17 O Exército Brasileiro, através das Instruções Provisórias IP 20-10, define o con- ceito de Liderança Militar afirmando que: É a capacidade de influenciar o comportamento humano e conduzir pessoas ao cumprimento do dever. Está funda- mentada no conhecimento da natureza humana, compre- endendo a análise, a previsão e o controle de suas reações. A liderança militar não é privilégio de alguns poucos chefes, dotados de qualidades inatas para influenciar o comportamento de outras pessoas. É natural que tais qualidades concorram para a formação e o aperfeiçoa- mento do líder, mas sua simples existência não determina o sucesso do seu desempenho. A liderança militar é um construtor classificável no domí- nio afetivo dos objetivos educacionais, portanto, passível de ser desenvolvida pela via do processo ensino-aprendi- zagem, permitindo e tornando desejável que todo militar, independente do escalão ou da natureza dos cargos de chefia para os quais esteja habilitado, seja um líder em sua profissão (BRASIL, 1991, p. 3-2). Para Maximiano (2005) a base da liderança é o poder e existem cinco tipos básicos de poder: • Poder legítimo - É o poder criado e transmitido pela organização. É o mesmo que autoridade. • Poder de recompensa - Poder para conceder e negar vários tipos de recompensas. • Poder coercitivo - Poder para impor submissão por meio de ameaça psicológica, emocional ou física. • Pode de especialização - Poder baseado em conhecimento e perícia. • Poder referente - Distingue líderes de não-líderes. Esse tipo de poder baseia-se na identificação pessoal, imitação e carisma. A liderança ocorre dentro de um contexto (Maximiano, 2012), que envolve as características do líder, a motivação dos liderados, as características da missão a ser cumprida e a conjuntura social, econômica e política. Podemos chamar esses itens de fatores de liderança. No contexto militar, os fatores são os mes- mos, como pode-se ver no texto das IP 20-10: CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 18 A estrutura organizacional militar define os limites da par- ticipação individual, as responsabilidades, a autoridade e as relações funcionais com chefes, pares e subordinados. Contudo, cada um traz para a organização suas experi- ências, suas necessidades, seus ideais e seus objetivos, que podem interferir na sua capacidade de participação. Estes aspectos determinam a importância do papel do chefe e líder, cujo propósito é integrar os subordinados, impulsionando-os na direção do cumprimento de suas atribuições. b.Na estrutura dinâmica da liderança existem quatro fatores: - o líder; - os liderados; - a comunicação; e - a situação (BRASIL, 1991, p.3-4). Em relação ao fator “líder”, pode-se dizer que os líderes possuem traços que influenciam seu estilo de liderança, embora não haja um conjunto de traços ideais que possa definir um líder. Diferentes líderes da história possuíam dife- rentes traços. Segundo Chiavenato (2000, p.90), esses traços são: •Traços físicos: como energia, aparência pessoal, estatura e peso. • Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança. • Traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa. • Traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa. Além de possuir os traços adequados ao seu comando, os líderes militares devem satisfazer os seguintes requisitos (BRASIL, 1991): • Liderar em tempo de paz para estar preparado em tempo de guerra; • Desenvolver os líderes individuais; • Desenvolver equipes de liderança; • Descentralizar. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 19 O chefe militar também deve pautar-se em princípios de liderança (BRASIL, 1991) que são: • Conhecer sua profissão; • Conhecer-se e procurar o autoaperfeiçoamento; • Assumir a responsabilidade por seus atos; • Decidir com acerto e oportunidade; • Desenvolver o senso de responsabilidade em seus subordinados; • Servir de exemplo a seus homens; • Conhecer e cuidar do bem-estar de seus subordinados; • Manter seus homens bem informados; • Assegurar-se de que as ordens são compreendidas, fiscalizadas e executadas; • Treinar seus subordinados como uma equipe; • Atribuir missões a seus homens de acordo com as possibilidades destes. Os líderes podem possuir diferentes estilos de liderança. Chiavenato (2010a, p. 454) trabalha as abordagens de liderança de forma abrangente quando escreve que “As principais abordagens sobre liderança são: os três estilos de liderança, a liderança orientada para tarefas ou para pessoas e a grade geren- cial”, como veremos a seguir: 1. OS TRÊS ESTILOS DE LIDERANÇA DE WHITE E LIPPITT Autocrática O líder centraliza totalmen- te as decisões e a autori- dade. Liberal O líder permite total liberdade para a tomada de decisões individuais ou grupais, participando apenas quando solicitado pelo grupo. Democrática O líder é extremamente comunicativo, encoraja a participação das pessoas e se preocupa igualmente com o trabalho e com o grupo. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 20 1. O FOCO DA LIDERANÇA Centrada na tarefa É um estilo de liderança preocupado com a execu- ção da tarefa e com seus resultados imediatos. Centrada nas pessoas É um estilo de liderança preocupado com os aspec- tos humanos dos subordi- nados e que procura man- ter uma equipe de trabalho atuante, dentro de maior participação nas decisões. 3. A GRADE GERENCIAL Criada para mostrar que a preocupação com a produção e com as pessoas são complementares e não mutuamente exclusivos. Os líderes devem unir essas duas preocupações para serem eficazes Quadro 4 - Principais abordagens sobre liderança (CHIAVENATO, 2010a) 2.1 TIPOS DE LIDERANÇA O Exército Brasileiro nas IP 10-20 (BRASIL, 1991) estabelece os tipos de lideran- ça como sendo a autoritária, a democrática e a delegativa. I) A liderança autoritária (autocrática) estabelece a responsabilidade integral do líder que fixa normas, estabelece objetivos e avalia resultados. Ele é o único a encontrar as melhores soluções para a sua equipe e espera que os liderados executem seus planos e ordens sem qualquer ponderação. II) Já na liderança participativa (democrática), o líder encara como sua responsabilidade o cumprimento da missão através da participação, do engaja- mento dos homens e do aproveitamento de suas ideias. III) A liderança delegativa é a mais indicada para assuntos de natureza técnica, para os quais o líder atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Deste modo, este tem mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter especificamente numa determinada área. Outra classificação dos tipos de liderança vem dos níveis de liderança militar, conforme estabelecido pelo Manual de Campanha Norte-Americano FM 22-100, apresentada a seguir: GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 21 I) Liderança direta ou de primeira linha: é aquela em que a comunicação entre subordinados e líder acontece face a face. Aplica-se, particularmente, a grupos de combate, seções, pelotões e companhias. O líder mantém contato constante e direto com seus homens. II) Liderança organizacional: ocorre de forma indireta, por meio da cadeia de comando. É realizada mais comumente nos escalões de brigada e superiores, nos quais a influência dos comandantes é muito mais ampla quando operam por intermédio de seus estados-maiores, em função de ser praticamente impos- sível conhecer pessoalmente e falar com todos os integrantes das unidades. III) Liderança estratégica: ocorre nos mais altos níveis, tanto no contexto institucional do Estado quanto em contextos operacionais. É fundamental que o líder nesse nível tenha uma visão do futuro, com a finalidade de traçar metas estratégicas. Os líderes estratégicos são, durante todo o tempo, os responsá- veis por transformar os objetivos políticos em objetivos militares. Preocupam- -se, constantemente, em explanar o pensamento da Força para os líderes políticos, para os militares e até para o inimigo. Os líderes têm a responsabi- lidade contínua de desenvolver habilidades para lidar com novas atividades, equipamentos, táticas e com o pessoal. A interação entre comandantes e comandados se faz cada vez menos direta, à medida que o nível se eleva e, consequentemente, aumenta o efetivo sobre o qual os chefes têm responsa- bilidade. Desta forma, quando a condução ocorre acima do nível tático, há, normalmente, a tendência de se estabelecer intermediários para se efetivarem as comunicações necessárias. O Exército Brasileiro adota, de uma forma geral, a liderança democrática, es- perando que seus líderes conduzam todos ao cumprimento do dever e fortale- çam seus pilares básicos, que são a hierarquia e a disciplina. O perfil dos líderes do Exército Brasileiro é estruturado de acordo com os as- pectos abaixo citados. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 22 O líder deve O quê Como Ser Possuir caráter Pela competência, responsabilidade, iniciativa, equilíbrio emocional, auto- confiança, coragem, etc. Saber Conhecer os subordi- nados Como reagem sob tensão, capaci- dade e limitações; conhecimentos e habilidades. Compreender a natureza humana Necessidades, carências e emoções; ações e comportamentos. Possuir competência profissional (técnica/ tática) Ampliando seus conhecimentos; de- cidindo com oportunidade e acerto; transmitindo ordens corretamente; mantendo-se informado. Fazer Comunicar-se Usando-se técnicas de comunicação. Motivar Despertando a força interna que leva as pessoas a realizarem coisas. Disciplinar Pela instrução militar, exemplo pessoal, análise dos fatos ocorridos e pelo aconselhamento. Estimular a coesão Pela obtenção da união mental, emocional e espiritual dos membros do grupo. Quadro 5: Características e atitudes de um líder Fonte: IP 20-10 (BRASIL, 1991, p. 6-10) 23 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivos específicos • Explicar a importância do atendimento aos clientes; • Apresentar a matriz de atendimento ao cliente; • Identificar os clientes internos e externos; • Identificar as expectativas e necessidades dos clientes; • Apresentar as percepções dos clientes. 3 ATENDIMENTO AOS CLIENTES Devido à grande competitividade do mercado mundial, o atendimento ao cliente tem se mostrado como uma ferramenta fundamental e diferencial den- tre as empresas. Segundo o Instituto Legislativo Brasileiro – ILB: O princípio n° 1 da Gestão da Qualidade Total estabelece o usuário como a pessoa mais importante da organi- zação. No caso das empresas privadas, a importância dada a esse princípio evoluiu com mais rapidez, e é fácil imaginar o por quê. O sucesso da venda (lucro financeiro) depende não só da qualidade do produto, mas também da satisfação do cliente com o tratamento recebido e com o resultado da própria negociação (2012, p.09). A utilizaçãode ideias oriundas da Total Quality Management (TQM) ou Gestão pela Qualidade Total (GQT) tem ajudado de maneira expressiva as empresas na revisão de suas missões institucionais, na qualidade dos serviços prestados e, principalmente, no foco dispendido ao usuário (cliente). 3.1 A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO AOS CLIENTES No serviço público, o foco no usuário está relacionado ao atendimento presta- do ao cidadão pelo servidor. Com o intuito de estabelecer procedimentos, foi criado o Decreto n° 1.171 de 22 de junho de 1994, conhecido como o Código CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 24 de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que estabelece em suas Regras [Deontológicas] o seguinte: IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem perten- cente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descui- do ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteli- gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. (BRASIL, 1994) De acordo com Carpinetti (2012, p.31), “o conceito de foco no cliente relacio- na-se com duas questões fundamentais: trazer a visão do mercado sobre os requisitos de produtos e serviços para dentro da empresa (market in); e garan- tir que toda organização esteja focada no atendimento desses requisitos”. Cada organização normalmente possui características específicas diferentes das demais empresas. Isso inevitavelmente acarreta diferença em seus processos de atendimento aos clientes. No entanto, é importante ressaltar que existem alguns aspectos que são considerados essenciais e que devem ser compreendi- dos e colocados em prática independentemente do tipo de negócio. São eles: o levantamento das necessidades dos clientes, o estabelecimento da comuni- cação durante todo o atendimento, a percepção, a empatia e o treinamento por parte dos funcionários. 3.2 A MATRIZ DE ATENDIMENTO AO CLIENTE O primeiro princípio para a realização de um bom atendimento estabelece que existe a necessidade de que o usuário (cliente) fique satisfeito com a qualidade dos serviços que lhe são prestados. O serviço prestado deverá atender de ma- neira igualitária a todos os clientes, sejam eles mais exigentes ou não. Já através do segundo princípio, fica estabelecido que o serviço deverá aten- der a uma real necessidade do usuário. O terceiro princípio está relacionado à manutenção da qualidade dos serviços prestados. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 25 A matriz de atendimento ao cliente (figura 2) pode ser considerada uma ferra- menta que tem como objetivo principal o “foco no cliente”. Ela foi desenvolvi- da, testada e tem sido corrigida periodicamente. É ainda utilizada por consul- tores de empresa na busca pelo entendimento do comportamento do usuário. A matriz de atendimento funciona seguindo o seguinte processo: Figura 2: Processo de Compra (Matriz de Atendimento ao Cliente) 3.3 CLIENTES INTERNOS E EXTERNOS O relacionamento com os clientes é um recurso fundamental que deve ser cada vez mais buscado pelas organizações. Podemos definir um cliente segun- do o Dicionário Aurélio (2010, p. 170) como “Aquele que compra, freguês. Pessoa que utiliza, com certa regularidade, os serviços profissionais de ou- trem”. Ou seja: qualquer pessoa que decida efetuar algum tipo de compra. O conhecimento sobre o cliente e o mercado é um dos critérios de excelência estabelecidos pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e é voltado para a criação de forma sustentada para o cliente, o que proporciona diretamente uma maior competitividade nos mercados. Ainda segundo a Fundação Nacio- nal da Qualidade: A sobrevivência e o sucesso de uma organização estão diretamente relacionados à sua capacidade de atender às necessidades e expectativas dos clientes, as quais devem ser identificadas e entendidas. Uma das aplicações mais comuns desse entendimento refere-se à definição dos requisitos para que os produtos possam ser desenvolvi- dos de forma a criar o valor necessário para conquistar e fidelizar os clientes (FNQ, 2008, p.5). Levantamento de necessidades Busca por informações Busca por opções de Compra Efetivação da Compra Avaliação da Compra CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 26 É importante, no entanto, deixar claro que existem 02 (dois) tipos de cliente: o cliente interno e o cliente externo. Um cliente externo é alguém que usa produtos ou serviços de uma organização, mas não faz parte dela. Também conhecidos como clientes finais, são os que mantêm financeiramente a orga- nização. Um cliente interno é qualquer área ou pessoa da própria organização que recebe algum produto ou serviço de outra área ou pessoa. Vamos dar um exemplo na prática do que é um cliente interno e externo no Exército para facilitar o entendimento. Imagine que você trabalhe na 1ª Seção de uma Organização Militar (OM). Podemos definir como clientes internos todas as outras seções e elementos da OM que usufruam desses serviços. Por cliente externo, podemos entender todos os demais elementos (não integrantes da Unidade) aos quais a Orga- nização preste serviços e receba por isso. Como exemplo, podemos citar a Sociedade, a qual usufrui (ou pode usufruir) dos serviços dessa OM. 3.4 IDENTIFICAÇÃO DE EXPECTATIVAS E NECESSIDADES DOS CLIENTES Segundo Maximiano (2012, p. 338), as expectativas dos clientes são influen- ciados pelos seguintes fatores: comunicação “boca a boca”, necessidades pessoais, experiência anterior e comunicação externa. A comunicação “boca a boca” é uma ferramenta muito importante e em sua forma negativa pode até mesmo significar o fracasso de um negócio. Para que seja possível entender as aspirações do cliente, é necessário identificar prioritariamente quais são as suas necessidades e de que formas esse cliente se relaciona com o mercado. Para que isso seja possível, há a necessidade de que as empresas obtenham o máximo de informações a seu respeito, como por exemplo: suas possibilidades, hábitos e vontades. Para que seja possível levantar todos esses dados, as empresas podem (e devem) utilizar diversas ferramentas e técnicas. Como exemplo, podemos citar as pesquisas formais e a consulta a informações disponíveis na internet. As experiências anteriores com a própria organização ou com outro prestador do mesmo serviço determinará sua expectativa. Deve-se tomar cuidado para não se criar uma expectativa demasiado alta. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 27 Por fim, a comunicação externa pode ser realizada de diversas formas, através de vários tipos de comunicação, e deve ser utilizada para ajustar o nível de expectativa com as capacidades da organização. 3.5 PERCEPÇÕES DOS CLIENTES O cliente (ou usuário) jamais deverá se sentir abandonado, desamparado ou mal atendido, pois se ele se sentir mal atendido, as repercussões poderão ser altamente negativas para a Organização, acarretando grandes prejuízos. O atendimento ao cliente deve ocorrer sempre de forma personalizada, com o intuito de que seja atingida a sua satisfação. Para que isso ocorra, existem diversas estratégias para que o usuário se sinta bem atendido. Abaixo, estão relacionadas algumas estratégias voltadas para o atendimento ao cliente: 1. Fique atento e atenda prontamente as pessoas; 2. Se demorar o atendimento, peça desculpas; 3. Trate os clientes sempre que for possível pelo nome; 4. Olhe o cliente com atenção e não escreva enquanto estiver falando com ele; e 5. Identifique suas necessidades, escute atentamente e apresente possíveis soluções. As percepções dos clientes são muito importantes,pois compõem a avaliação da qualidade que eles fazem do serviço que receberam. Qualidade do serviço = serviço percebido – serviço esperado 29 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 4 Objetivos específicos • Descrever o gerenciamento dos recursos humanos na TQM. GESTÃO DE RH A abordagem da gestão da qualidade total (ou Total Quality Management/ TQM) se consolidou a partir da evolução de diversos conceitos, como lideran- ça, melhoria contínua e a gestão de recursos humanos. Carpinetti (2012, p. 21) afirma que a “TQM (Total Quality Management – ou Gestão da Qualidade Total) é uma estratégia de fazer negócio que objetiva maxi- mizar a competitividade de uma empresa através da melhoria contínua da qua- lidade dos seus produtos, serviços, pessoas, processos e ambiente”. Na figura 3 estão estabelecidas algumas das necessidades fundamentais para o estabeleci- mento de uma estratégia efetiva para que seja possível a realização de negócios: Figura 3: Estratégia de fazer negócios Total Quality Management (TQM) Recursos Humanos (pessoas) Processos Melhoria da Qualidade Ambiente Serviços CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 30 4.1 O GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS NA TQM Os recursos humanos podem ser considerados como um dos vetores mais im- portantes e necessários dentro de uma organização. De acordo com a Escola Nacional de Administração Pública – ENAP (BRASIL, 2011, p.7) “Toda a atu- ação da organização somente se materializa por meio das ações das pessoas que a compõem. Assim, as pessoas são as responsáveis últimas pela implemen- tação das políticas e diretrizes definidas pela organização [...]”. Para que uma organização funcione corretamente é necessário que os trabalha- dores assumam todos os seus esforços a fim de que os objetivos estabelecidos pela organização sejam atingidos. Quanto mais alinhado com os objetivos estiver o quadro de pessoal, maior será a probabilidade de sucesso da empresa. Na TQM, a gestão da força de trabalho tem como base um sistema de traba- lho em equipe, o empowerment dos funcionários, processos bem definidos e aplicados de recrutamento e seleção e de capacitação e treinamento (esses conceitos serão apresentados nas seções seguintes). A aquisição de novas competências é algo desejado por todas as organizações. De acordo com a Escola Nacional de Administração Pública: A aquisição de novas competências pela organização pode se dar por meio da educação (forma tradicional), pela capacitação, pelo ensino a distância ou ainda pela troca de experiências e conhecimentos entre os indivíduos que com isso potencializarão o conjunto de competências do quadro de pessoal. (BRASIL, 2007, p.13) Desta forma, podemos concluir que o enriquecimento da organização poderá ocorrer de diversas formas. Educação e qualidade são importantes fatores que podem proporcionar esse tipo de desenvolvimento profissional. O mais impor- tante é que a organização procure sempre novas formas e estratégias, voltadas para enfrentar as mudanças que irão surgir e consiga manter seus profissionais motivados, comprometidos, atualizados e capacitados. É importante salien- tar que não só os recursos humanos, mais também os físicos e tecnológicos deverão ser atualizados constantemente, devendo acompanhar as mudanças, mantendo a organização moderna e atendendo as necessidades da sociedade. 31 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivos específicos • Descrever a importância do treinamento; • Identificar a estruturação do treinamento; • Apresentar a estratégia de treinamento; • Descrever o planejamento do treinamento. 5 TREINAMENTO Cada vez mais as organizações tem procurado investir em seus recursos hu- manos. Isto se dá pelo fato de que uma organização que possua profissionais mais qualificados, motivados e adequados às suas necessidades, tenderá a ter muito sucesso no mercado. Isso proporcionará ainda um aumento da possibi- lidade de consecução de sua missão e a concretização de sua visão de futuro. O grande desafio para as organizações, no entanto, é manter seus recursos humanos permanentemente atualizados e capacitados. Capacitação, atualização permanente e motivação são fundamentais na busca do sucesso na Gestão de Recursos Humanos, independentemente do tipo de organização. Este caminho está representado na Figura a seguir. Figura 4: Caminho para o Sucesso Gestão de Recursos Humanos Capacitação Atualização Motivação SUCESSO CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 32 5.1 A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO O capital humano, em qualquer parte do mundo, é considerado como peça chave para o sucesso ou para o fracasso de uma organização. O treinamento tem tomado fundamental importância neste contexto, pois pode ser consi- derado como uma forma de desenvolvimento das competências das pessoas, tornando-as mais produtivas e contribuindo efetivamente para a consecução dos objetivos organizacionais de uma empresa (ou organização). De acordo com Chiavenato: As organizações mais bem-sucedidas investem pesada- mente em treinamento para obterem um retorno ga- rantido. Para elas, treinamento não é despesa, mas um precioso investimento, seja na organização como nas pessoas que nela trabalham. E isso traz benefícios diretos para a clientela (2010b, p.366). Mas como podemos definir treinamento? Treinamento pode ser considerado como um processo sistemático voltado para o desenvolvimento de habilidades dos recursos humanos, com o intuito de proporcionar o aumento da produtividade de seus serviços dentro de uma organização. O treinamento tem como foco principal o desenvolvimento de qualidades, o aumento de conhecimento e a alteração do comportamento/atitudes dos empregados, visando a consecução dos objetivos organizacionais estabelecidos no planejamento estratégico de uma empresa (ou organização). Chiavenato (2010b, p.367) afirma que é “através do treinamento – e do desenvolvimento –, que a pessoa pode assimilar informações, aprender habilidades, desenvolver atitudes e comportamentos diferentes e desenvolver conceitos abstratos”. Para Rabelo, Filho e Oliveira (1995, p.14) “o treinamento é provavelmente a função de gestão de pessoal mais destacada na literatura teórica e prática so- bre melhoria da qualidade”. Carpinetti (2012, p.42) ainda nos afirma que “as pessoas são a “matéria-prima” mais importante na organização. Consequente- mente, o total comprometimento e envolvimento delas permitem um melhor aproveitamento desses recursos em prol da organização”. Podemos considerar que o treinamento possui um papel chave no desenvolvi- mento dessas “matérias-primas” e que, juntamente com transformações ge- renciais, pode influenciar diretamente nos resultados alcançados, por exemplo, GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 33 por uma empresa. Essas ações podem, ainda, ser consideradas fundamentais para que seja possível alcançar o sucesso e a melhoria das práticas em um programa de qualidade dentro de uma organização. 5.2 A ESTRUTURAÇÃO DO TREINAMENTO O processo de treinamento na maioria das vezes tem sido como um proces- so de preparação de pessoas de forma que elas consigam desempenhar da melhor maneira possível seus cargos e atribuições dentro de uma empresa. Chiavenato (2010b, p. 367) nos afirma que: A maior parte dos programas de treinamento está con- centrada em transmitir informações ao colaborador sobre a organização, suas políticas e diretrizes, regras e proce- dimentos, missão e visão organizacional, seus produtos/ serviços, seus clientes, seus concorrentes etc. O processo de treinamento pode ser dividido em quatro etapas distintas, como ilustrado na figura 5 e descrito a seguir: Diagnóstico Desenho Implementação Avaliação Figura 5 - Etapas do Processo de Treinamento Chiavenato nos traz as seguintes definições para cada uma dessas etapas: 1. Diagnóstico: É o levantamento das necessidades ou carências de trei-namento a serem atendidas ou satisfeitas. Essas necessidades podem ser passadas, presentes ou futuras. 2. Desenho: É a elaboração do projeto ou programa de treinamento para atender às necessidades diagnosticadas. 3. Implementação: É a execução e condução do programa de treinamento. 4. Avaliação: É a verificação dos resultados obtidos com o treinamento (CHIAVENATO, 2010b, p.369). CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 34 5.3 ESTRATÉGIA DE TREINAMENTO Primeiramente, é interessante verificar a definição do que é uma estratégia organizacional. Estratégia Organizacional, segundo as Instruções Provisó- rias de Planejamento Estratégico Organizacional (BRASIL, 2006, p.2-2) pode ser conceituada como o “caminho para a consecução dos objetivos organiza- cionais e pode ser aplicada indistintamente a todos os escalões da Força. Está voltada para o futuro da Organização e orientada para o longo prazo”. Elas ainda podem ser consideradas o “Como fazer” ou o “Caminho a ser seguido para que os objetivos da organização sejam alcançados”. O treinamento não deve ser entendido apenas como a realiza- ção de cursos profissionalizantes, mas sim como a busca pela melhoria do desempenho no trabalho dos funcionários, o que acarretará indiretamente um considerável aumento nos índi- ces de produtividade e do lucro para as empresas. Para ser eficiente, o programa de treinamento deverá estar alinhado com as estratégias da organização. Além disso, deve possuir sua própria estratégia. Para que se possa montar uma estratégia eficiente de treinamento, é preciso que as necessidades e os objetivos da organização sejam diagnosticados e que as seguintes questões, entre outras, sejam respondidas: 1. Quem na Organização deverá receber o treinamento? 2. Como esse treinamento deverá ser realizado? 3. Qual o conteúdo do treinamento? 4. Quem será o responsável pela realização do treinamento? 5. Onde será realizado o treinamento? 6. Quando ele será realizado (período)? 7. Para que ele será realizado? Cabe ressaltar que para se atingir as estratégias de treinamento poderão ser utilizadas diversas técnicas. Dentre essas técnicas podemos citar: 1. Leituras - técnica mais utilizada para transmitir informação em progra- mas de treinamento. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 35 2. Instruções Programadas - técnica utilizada para transmitir as infor- mações em programas de treinamento sem a presença ou a intervenção de um instrutor humano. Pode ser computadorizada e os treinamentos podem ser realizados em casa. 3. Treinamento em classe - treinamento realizado em sala de aula (fora do trabalho). É o tipo de treinamento mais utilizado pelas empresas. a. Computer – based training (CBT) - é a realização de treinamento utilizando-se de Tecnologias da Informação (TI). Pode ser realizado com a utilização de CDs, DVDs, gráficos, filmes e áudios. 4. E-Learning - é a realização de treinamento com a utilização da internet. É conhecido também como web-based training (WBT). 5.4 O PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO O planejamento do treinamento, como já abordado anteriormente, deverá estar voltado para o desenvolvimento de habilidades, atitudes e conceitos. De acordo com Chiavenato (2010), se for bem realizado poderá proporcionar a melhoria da eficiência dos serviços prestados; o aumento da eficácia nos resultados; melhor qualidade e produtividade; melhor atendimento ao clien- te; maior competitividade organizacional, assédio de outras organizações aos colaboradores da empresa e a melhoria da imagem da organização. Segundo Chiavenato, o planejamento do processo de treinamento (para que seja eficiente) deverá ser desenvolvido seguindo as etapas ilustradas na figura 6: Desenvolvimento de Conceitos Elevar o nível de abstração. Desenvolver ideias e conceitos para ajudar as pessoas a pensar termos globais e amplos. Desenvolvimento de atitudes Desenvolver/ modi�car Comportamentos. Mudança de atitudes negativas para atitudes favoráveis, de conscien- tização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos e externos. Desenvolvimento de Habilidades Melhorar as habilidades e destrezas. Habilitar para a execução e operação de tarefas, manejo de equipamentos, máquinas e ferramentas. Transmissão das Informações Aumentar o conhecimento das pessoas. Informações sobre a organização, seus produ- tos/serviços, políticas e diretrizes, regras e regula- mentos e seus clientes. Figura 6: Etapas a serem realizadas no processo de treinamento (adaptado de CHIAVENATO, 2010, p.372)) CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 36 O treinamento, além de ser um processo voltado para o desenvolvimento dos recursos humanos, constitui-se em um processo de aprendizagem (alteração comportamental) realizado através da transmissão de informações, desenvol- vimento de habilidades, de atitudes e conceitos. Pode trazer resultados alta- mente positivos para uma organização se for bem realizado. De acordo com Rabelo, Filho e Oliveira: a. as empresas mais bem colocadas em termos de gestão da qualidade foram justamente aquelas que apresenta- ram programas de treinamento mais desenvolvidos; b. os gerentes entrevistados reconheceram a importância das políticas de treinamento para explicar os resultados (positivos ou negativos) apresentados na área de garantia da qualidade; c. a história mais detalhada de alguns programas de qualidade evidenciou a influência do treinamento sobre o desempenho do programa de qualidade da empresa (1995, p.19). Como foi possível verificar, o treinamento é uma fonte de lucratividade e jamais deverá ser encarado como uma despesa. Para que seja obtido o melhor resultado dos programas de treinamento, é necessário o apoio, comprometi- mento e o envolvimento por parte de todos que exercem cargos de direção. Os programas de treinamento devem estar relacionados com os objetivos estratégicos estipulados pela empresa e serão alta- mente favorecidos se nessa organização existir um clima interno favorável ao treinamento e à capacitação de seus funcionários. 37 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivo específico • Enunciar a importância do trabalho em equipe. TRABALHO DE EQUIPE6 Toda organização é um grupo de pessoas e as grandes organizações são grandes aglomerados de grupos. Toda pessoa, em qualquer organização, faz parte de algum grupo, formal ou informal. Em muitos casos, de diversos grupos ao mesmo tempo. O desempenho de uma pessoa depende não apenas de sua competência, motivação e da forma como o trabalho está organizado, mas também dos processos sociais que ocorrem nos grupos de que participa (MAXIMIANO, 2011, p. 277). É possível identificar na fala do autor a enorme importância que o trabalho desenvolvido pelo grupo e pela equipe tem para a organização. Este trabalho em equipe é facilmente notado quando há um esforço de todos para que o resultado tenha eficiência e eficácia. Naturalmente este conceito tem fortes ligações com a liderança das pessoas e sua motivação. Para Chiavenato (2010a, p.334) “uma das mais fortes tendências atuais da administração tem sido o esforço de muitas organizações no sentido de imple- mentar o conceito de equipe.” O quadro a seguir mostra vantagens e desvan- tagens da estrutura baseada em equipes. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 38 VANTAGENS DESVANTAGENS Apresenta vantagens na estrutura funcional Reduz barreiras entre departamentos As decisões são mais rápidas e com menor tempo de resposta Moral elevado, entusiasmo das pessoas decorrente do envolvimento pessoal Custos administrativos reduzidos Lealdade dual e possíveis conflitos de subordinação Descentralização não-planejada Tempo e recursos despendidos em reunião Pulverização do controle Possibilidade de improvisação Quadro 6 – Vantagens e limitações da estrutura baseada em equipes (Chiavenato, 2010a, p.337) Quando asmetas e os objetivos da organização são estabelecidos, a busca pelos resultados e a consequente realização efetiva deles é feita pela equipe, onde todos, de uma forma ou outra contribuem para aquele resultado. O tra- balho em equipe proporciona o melhor conhecimento das pessoas com quem se trabalha, facilitando a busca de resultados e permitindo o aprendizado de novas tarefas. Maximiano (2011) ainda ensina que existem dois tipos de grupos nas organi- zações: os formais e os informais, descritos como: Grupos formais (têm chefes) Grupos permanentes: são representados no organograma funcional. Grupos temporários: criados para cumprir tarefas. Grupos informais (não têm chefes, mas podem ter líderes) Grupos de interesse: formados independente das relações de amizade dos participantes. Grupos de amizade: surgem porque seus inte- grantes têm interesses profissionais comuns ou alguma afinidade. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 39 Um exemplo conhecido por todo brasileiro de uma atuação de trabalho em equipe é o time de futebol, em que os jogadores precisam uns dos outros para conseguir fazer gols e conquistar a vitória. Muitos esportes são formados por equipes, cada um desempenhando um papel para atingir o todo. No que se refere à eficácia do grupo, Caravantes relata: A eficácia grupal é considerada parcialmente uma função da amplitude administrativa, ou seja, é o número de pessoas que se reportam diretamente a um determinado gerente. As companhias devem considerar a relação desse número com a eficácia grupal e com a eficácia organiza- cional global (2005, p.476). Portanto, a eficácia está diretamente relacionada ao número de integrantes da equipe e à sua ligação direta com seu líder. Maximiano cita que “a equipe sem aspectos negativos é obra de ficção. Quem quer que tenha participado de qualquer trabalho de grupo tem experiências boas e ruins a lembrar” (2011, p. 290). O quadro a seguir resume algumas dificuldades que comprometem o desem- penho do grupo. Saber trabalhar em equipe é um fator importante e uma ca- racterística essencial para os militares. A Organização Militar, fundamentada na hierarquia e disciplina, valoriza muito o tra- balho em equipe. A própria estruturação e forma de trabalho são estabelecidas por equipes (pelotão, companhia, batalhão) sendo o resultado final fundamental para o bom funcionamen- to do Exército como um todo. Os militares não podem apenas pensar na sua própria tarefa, mas devem contribuir para que a missão do grupo a que pertencem seja bem cumprida. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 40 Falta de coesão Cada um dos integrantes trabalha para si. Excesso de coesão O grupo torna-se refratário a ideias alheias. Conformidade social Os membros do grupo concordam automatica- mente com uma proposição se percebem que um colega já concordou. Paradoxo de Abilene Os membros do grupo concordam explicitamente com uma proposição da qual discordam inti- mamente, por acreditarem que fazem o que os outros colegas esperam. Pensamento grupal Os membros do grupo tomam decisões que ignoram considerações relevantes, por se acharem acima do bem e do mal. Pretorianismo Uma modalidade específica de pensamento grupal. Os membros do grupo acham-se melhores que seus chefes e se rebelam contra eles. Desorganização Os membros do grupo não conseguem dividir e coordenar as tarefas. Falta de comunicação Os membros do grupo não conseguem ou não querem trocar informações relevantes. Quadro 7 - Dificuldades que comprometem o desempenho dos grupos Fonte: Maximiano (2011, p. 291) 41 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivo específico • Apresentar o conceito de empowerment. EMPOWERMENT7 O empowerment é atualmente uma ferramenta importante para as organi- zações se desburocratizarem. No mundo globalizado em que vivemos, em constante evolução, onde a tomada de decisões com rapidez é de extrema im- portância para as organizações, saber delegar poderes aos seus subordinados torna-se essencial para os superiores. Utilizando este modelo, os subordinados podem atuar com autonomia, autoridade e responsabilidade, aplicando suas habilidades e seus conhecimentos e assim se sentindo mais motivados. Este fato aumenta a produtividade, pois eles passam a trabalhar mais satisfeitos, sabendo que seus superiores confiam em suas decisões (HILSDORF, 2010). 7.1 CONCEITO DE EMPOWERMENT De acordo com Vasconcelos (2003), empowerment é um conceito de origem inglesa, que vem sendo utilizado desde a década de 70. Sobre este assunto, ele descreve o fenômeno como: (...) aumento do poder e autonomia pessoal e coletiva de indivíduos e grupos sociais nas relações interpessoais e institucionais, principalmente daqueles submetidos a relações de opressão, dominação e discriminação social (VASCONCELOS, 2003, p. 20). Para Chiavenato (2005), o empowerment ou delegação de autoridade é o pro- cesso de dar poder às pessoas, ou seja, dar liberdade e informação para ajudar na tomada de decisões e com isso participar ativamente da organização. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 42 Já para Hilsdorf (2010) é uma ação da gestão estratégica que visa o melhor aproveitamento do capital humano nas organizações. Este poder deve ser en- tendido como o resultado do compartilhamento de informações fundamentais sobre o negócio e seus projetos, da delegação de autonomia para a tomada de decisões, e da participação ativa dos subordinados na gestão do negócio, assumindo responsabilidades e liderança de forma compartilhada. Chiavenato (2005) ensina que o empowerment se baseia em quatro aspectos principais: • Poder: é considerado o aspecto mais importante, pois significa dar im- portância dentro da organização, gerando assim uma confiança mútua. • Motivação: a motivação dos subordinados por meio de elogios pelo bom desempenho das tarefas, a recompensa e a celebração do alcance das metas faz com que eles trabalhem com mais empenho e presteza. • Desenvolvimento: o desenvolvimento dos subordinados, capacitando- -os, oferecendo qualificação profissional e oportunidade de adquirir conhecimento, se torna importante, pois ajuda no desenvolvimento indireto da empresa. • Liderança: para se estabelecer uma liderança efetiva, é preciso orientar as pessoas, definindo metas e objetivos, para que se possa avaliar seu desempenho. Segundo Hilsdorf (2010), como o conceito de empowerment está focado em delegação de poderes com o objetivo de aproveitar o capital humano, aprovei- tando a gestão estratégica, seu uso se apresenta de vital importância, já que evita o péssimo vício da centralização de decisões dentro da organização. A delegação de autoridade pode dar-se em graus variá- veis. Em muitas organizações, o emporwerment estimula a participação das pessoas, enquanto os gerentes mantêm a autoridade final pelas decisões. Em outras, o empower- ment significa dar às pessoas da linha de frente – aqueles que estão em contato direto com o cliente da organização – um poder quase total para tomar decisões e exercer a iniciativa e a imaginação (CHIAVENATO, 2005 p. 301). GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 43 Hilsdorf (2010) ensina que adotar o empowerment dentro de uma empresa é demonstrar seu amadurecimento organizacional. A delegação de autonomia aos subordinados faz com que eles se sintam parte do sucesso obtido pela em- presa e, consequentemente, haverá um aumento da autoestima, permitindo que eles se sintam valorizados e motivados pela confiança de seus superiores. Estas características favorecem a autorrealização das pessoas, que nos dias atu- ais se apresenta como um dos grandes atrativos para reter os melhores talen- tos, ficando, dessa forma, mais fácil investir no crescimento da organização. Para a implantação de uma cultura de empowerment em uma organização, não basta apenas transferir verbalmente poder às pessoas. Elasprecisam possuir efetivamente condições para agir no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolven- do o conceito de ownership, ou seja, precisam agir como se fossem “proprietários” do negócio, pensando nas soluções com responsabilidade e na busca dos melhores resultados. 45 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivo específico • Definir benchmarking. 8 BENCHMARKING O uso do benchmarking remonta ao início da civilização, quando os exércitos buscavam conhecer seus oponentes para, aí assim, após um estudo detalha- do de suas forças e fraquezas poder entrar em combate. Sun Tzu, general chinês, em 500 a.C., descreveu a atual prática do benchmarking, ao afirmar que se você conhecer seu inimigo e a si mesmo, não precisará temer o resul- tado (SUN TZU, 1999). Inicialmente, o foco no benchmarking era aprender com o concorrente aquilo que o colocava em vantagem competitiva. Na década de 1960, a IBM (Inter- national Business Machines), conseguiu grande destaque no seu desempenho ao adotar práticas que foram moldadas nas melhores existentes em outras organizações. A partir da década de 70, o benchmarking pôde ser visto como um modelo de identificação de oportunidades, visando aumentar a competiti- vidade nos ambientes que se apresentavam gradativamente turbulentos. A sua importância ocorreu principalmente devido às falhas dos métodos tradi- cionais de fixação de metas que algumas empresas americanas adotavam para enfrentar a concorrência externa, principalmente pelos produtos japoneses que ganhavam na qualidade de seus produtos (ZAGO, et. al., 2008). Diante da competitividade global, a Xerox foi pioneira na utilização formal do benchmarking, utilizando-se de uma metodologia que consistia em conhecer os melhores competidores existentes no mercado e assim podendo determinar pontos deficientes de seu desempenho. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 46 8.1 DEFINIÇÃO DE BENCHMARKING De acordo com Lima Jr. (2004), benchmarking é uma técnica de avaliação e ação que permite ações de comparação no ambiente interno e externo da or- ganização. Estas comparações ocorrem com o intuito de traçar metas e indicar caminhos que possibilitem um bom desempenho. Ainda segundo o mesmo autor, esta técnica permite o entendimento das razões que resultaram no com- portamento do desempenho. Spendolini (1994, p.10) ensina que benchmarking é “um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de trabalho de organi- zações que são reconhecidas como representantes das melhores práticas, com a finalidade de melhoria organizacional”. Aprofundando um pouco mais o conceito de benchmarking, é possível apre- sentar três definições: a primeira é a que benchmarking se apresenta como uma maneira de se referenciar processos através da medição de produtos, serviços e práticas em relação aos mais fortes concorrentes, ou às empresas reconhecidas como líderes em suas indústrias. A segunda diz que é uma marca utilizada como ponto de referência, um padrão pelo qual uma coisa pode ser medida ou julgada. Podemos apontar uma terceira definição, como sendo um padrão para que se realize a comparação de outros objetos ou atividades (ZAGO et al, 2008). Existem autores que classificam o benchmarking em três tipos: interno; com- petitivo e genérico. De acordo com Camp (1998) dependendo do objetivo da análise de benchmarking, ele pode ser classificado em quatro tipos: o interno, o competitivo, o funcional e o genérico. • Benchmarking interno: é utilizado para análise em grandes organi- zações que possuem várias unidades similares que podem ser compara- das. A busca pelas melhores práticas é focada nas diferentes unidades. A vantagem desta análise é que as informações são mais facilmente obtidas devido a ser uma única corporação, porém a desvantagem é que as práticas estarão sempre impregnadas com os mesmos paradigmas, contudo mais trabalhosas para modificações. Dois conceitos devem ser entendidos para não haver confu- são: benchmark é identificar os referenciais de excelência e benchmarking é realizar as devidas comparações com esses referenciais. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 47 • Benchmarking competitivo: é utilizado para análises que confrontam produtos, serviços ou processos de cada competidor, buscando inova- ções e estratégias de mercado bem sucedidas. Esta análise foca orga- nizações que disputam o mesmo mercado com o intuito de observar o que a concorrência está praticando para superar o seu desempenho. • Benchmarking funcional: avalia um negócio do empreendimento, usando como parâmetros as funções similares de diversas indústrias líderes deste negócio. É um investigador de desempenho de uma função específica numa aplicação dentro da indústria. Este tipo de estudo oferece uma boa oportunidade para desenvolver novas abordagens em termos de identificação e compreensão de processo. • Benchmarking genérico: é uma análise que estuda processos ou fun- ções com características semelhantes, apesar de pertencerem a indústrias diferentes. Uma vez que os processos críticos do negócio tenham sido identificados, eles podem se tornar possíveis de serem comparados com qualquer organização, independentemente de tamanho, setor industrial ou mercado, desde que os processos genéricos similares lá existam. Essa abordagem mais inovadora para o estudo comparativo pode resultar em paradigmas modificados e reestruturação de operações empresariais. O benchmarking é um processo gerencial de autoaperfeiçoa- mento que necessita de continuidade para alcançar o sucesso, não podendo ser executado apenas uma vez e depois abandona- do, como se a tarefa já estivesse concluída. Camp (1998) ensina que o benchmarking não é só uma análise competitiva tradicio- nal para revelar quais são as melhores políticas, mas também trabalho para obter uma clara compreensão de como essas políticas são usadas. Confirma ainda que, com o benchmarking, fica clara a necessidade de mudanças, buscando sempre satisfa- zer as necessidades do cliente, mantendo a competitividade para “acertar na primeira vez”. 49 GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 Objetivos específicos • Apresentar as ferramentas de qualidade; • Verificar a importância das ferramentas da qualidade. FERRAMENTAS DE QUALIDADE9 A qualidade é um conceito amplo, que pode ser entendido no campo pessoal como algo buscado por todos os indivíduos quando, ao adquirirem um bem ou serviço, acreditam estar comprando algo com qualidade e que atenderá a todas as suas necessidades. Na área organizacional busca-se a satisfação dos clientes e isso só acontece quando se produz qualidade. Atualmente, para que as empresas participem efetivamente do mercado em que atuam, é fundamental a gestão da qualidade. Sendo assim, são diversas as técnicas disponíveis para a aplicação dos conceitos de qualidade em uma orga- nização que visam aperfeiçoar seus processos, reduzir os desperdícios e buscar a melhoria contínua, tendo como resultado um produto eficiente e sustentável. As ferramentas utilizadas nos processos de gestão foram estruturadas principal- mente a partir da década de 1950, baseadas em práticas e conceitos existentes à época. Sua importância está associada ao fato de que foram elas que viabi- lizaram a efetiva utilização da Gestão da Qualidade. Desde seu surgimento, as técnicas vêm sendo aprimoradas e têm se tornando gradualmente mais com- plexas. Muitas delas foram viabilizadas pela tecnologia da informação, através de softwares específicos ou mecanismos automatizados de apoio ao usuário. O quadro a seguir apresenta uma classificação de algumas das ferramentas de qualidade (Maximiano, 2012, p. 359). As quatro primeiras categorias referem- -se a categorias de ferramentas que auxiliam no conhecimento do processo. As outras três referem-se a categorias que auxiliam com ações no processo. Ambas as categoriassão fundamentais e se complementam. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 50 FERRAMENTAS QUE AUXILIAM NO CONHECIMENTO DO PROCESSO Categoria Principais ferramentas Análise das relações entre causas e efeitos Diagrama de causa-efeito Gráficos de Pareto Diagrama de dependência Expressões simplificadas do processo Histogramas Fluxogramas Diagramas de dispersão Análise do desenvolvimento de ações do processo Folhas de checagem Gráficos de controle Diagrama de programação da decisão Representações da operação do processo Diagrama-matriz Diagrama seta Diagrama árvore FERRAMENTAS QUE AUXILIAM NAS AÇÕES NO PROCESSO Organização do processo produtivo Células de produção Kanban Diagrama de similaridade Otimização do processo produtivo Perda zero Qualidade na origem Envolvimento dos recursos humanos no processo produtivo Manutenção Produtiva Total (TPM) Círculos de Qualidade A seguir serão apresentadas e descritas algumas das mais conhecidas ferra- mentas de qualidade, verificando a importância de cada um delas. 9.1 PDCA O ciclo PDCA é uma das primeiras ferramentas de gestão da qualidade, utilizada no planejamento e na implementação de melhorias de processos. É conhecido GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 51 também como “Ciclo de Deming”. Maximiano (2012, p.355) considera o PDCA como a “lógica de operação” e por esse motivo não o inclui no quadro apre- sentado acima. Esta ferramenta foi criada por Walter A. Shewart, na década de 20, mas só se tornou popular com a intervenção de William Edward Deming − conhecido como o “guru do gerenciamento da qualidade” − que disseminou seu uso no mundo todo. Por esse motivo, a partir da década de 50, o ciclo PDCA passou a ser conhecido como “Ciclo Deming”. Amplamente aplicado para o controle eficaz e confiável das atividades de uma organização, o PDCA é um método relacionado principalmente às atividades de melhorias. Sua utilização possibilita a padronização das informações do controle de qualidade junto com uma menor probabilidade de erros nas análi- ses a partir do momento que torna as informações mais compreensíveis. “PDCA” é a sigla das palavras em inglês que designam cada etapa do ciclo (figura 7). Sua utilização é dividida em 4 (quatro) fases (SEBRAE, 2005): • P (plan, planejamento): Identificar o problema ou meta, analisar as ca- racterísticas do problema ou da meta e traçar as estratégias e ações para resolver o problema ou atingir a meta (estabelecer um Plano de Ação). • D (do, fazer): Colocar o Plano de Ação em prática (treinamento e im- plantação das fases). • C (check, avaliar): Verificar se os resultados esperados foram atingidos e por quê. • A (action, ação corretiva): Normatizar o que está funcionando, revisar as atividades e planejamento para trabalho futuro e caso ainda não esteja no nível aceitável, seguir para o plan (planejamento). Figura 7: Ciclo PDCA A (action) (ação corretiva) P (plan) (planejamento) C (check) (avaliar) D (do) (fazer) CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 52 9.2 BRAINSTORMING Brainstorming é uma das mais conhecidas técnicas de geração de ideias. Foi desenvolvida originalmente em 1938, por Osborn. Em inglês, quer dizer “tem- pestade cerebral” ou “tempestade de ideias”. O brainstorming é uma técnica de levantamento de ideias em grupo que envolve a contribuição espontânea de todos os participantes através de soluções criativas e inovadoras para os problemas. Sua realização deve ocorrer em um clima de envolvimento e moti- vação, assegurando, assim, uma melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, um maior comprometimento com a ação e um sentimento de respon- sabilidade compartilhado por todos (SEBRAE, 2005). O brainstorming é usado para gerar um grande número de ideias em curto pe- ríodo de tempo. Pode ser aplicado em qualquer etapa do processo de solução de problemas. É uma ferramenta fundamental na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na geração de possíveis soluções, pois trata o problema com diversidade de opiniões a partir de um processo de criatividade grupal. Mostra-se muito útil quando se deseja a participação de todo o grupo, pois contribui para o desenvolvimento de equipes. Para se realizar um brainstorming é necessário seguir as seguintes regras: • Enfatizar a quantidade e não a qualidade das ideias; • Evitar críticas, avaliações ou julgamentos sobre as ideias; • Apresentar as ideias tais como elas surgem na cabeça, sem rodeios, elaborações ou maiores considerações. Não deve haver medo de “dizer bobagem”. As ideias consideradas “loucas” podem oferecer conexões para outras mais criativas; • Estimular todas as ideias, por mais “malucas” que possam parecer; • “Pegar carona” nas ideias dos outros, criando a partir delas; • Escrever as palavras do participante. Não interpretá-las. 9.3 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (ESPINHA DE PEIXE / DIAGRAMA DE ISHIKAWA) O Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de peixe) é uma técnica larga- mente utilizada, que mostra a relação entre um efeito e as possíveis causas que podem contribuir para que ele ocorra. GESTÃO DE QUALIDADE EM SERVIÇOS - U3 53 Construído com a aparência de uma espinha de peixe (figura 8), essa ferra- menta foi aplicada pela primeira vez pelo professor Kaoru Ishikawa da Univer- sidade de Tóquio em 1953, para sintetizar as opiniões de engenheiros de uma fábrica quando estes discutiam problemas de qualidade (SEBRAE, 2005). Deve ser usada para visualizar, em conjunto, as causas principais e secundárias de um problema; ampliar a visão das possíveis causas de um problema, enri- quecendo a sua análise e a identificação de soluções e analisar processos em busca de melhorias. Para se confeccionar um Diagrama de Causa e Efeito é necessário: • Estabelecer claramente o problema (efeito) a ser analisado. • Desenhar uma seta horizontal apontando para a direita e escrever o pro- blema no interior de um retângulo localizado na ponta da seta. • Fazer um brainstorming para identificar o maior número possível de causas geradoras do problema, perguntando “por que isto está acontecendo?”. • Agrupar as causas em categorias. Uma forma muito utilizada de agrupa- mento é o 4M: Máquina, Mão-de-obra, Método e Materiais (mas existem outras como o 6 e o 7 M; você poderá agrupar como achar melhor). • Para melhor compreensão do problema, buscar as subcausas das causas já identificadas, fazendo outros diagramas de causa e efeito para cada uma das causas encontradas. Figura 8: Exemplo de Diagrama de causa e efeito Máquinas FinançasMão-de-obraMaterial falta de computadores contigenciamento exames médicos inexperiênciadespreparo especialistas de férias falta de material Meio ambiente MétodoGestão ine�cientes para os antecedentes distante e com poucos pontos de luz centralização faltou coordenação trabalho desperdiçado Problema: incorporação de Recrutas que não preenchem os requisitos necessários ou desejáveis. CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS 54 9.4 FLUXOGRAMA O fluxograma é uma representação gráfica da sequência de atividades de um processo, que permite uma fácil visualização de cada etapa. Além da sequên- cia das atividades, o fluxograma mostra: • O que é realizado em cada fase; • Os materiais ou serviços que entram e saem do processo; • As decisões que devem ser tomadas e as pessoas envolvidas (cadeia cliente/fornecedor) (SEBRAE, 2005). Esta ferramenta torna mais fácil a identificação e a análise de determinados itens de um processo, como por exemplo: • As entradas e seus fornecedores; • As saídas e seus clientes; • Os pontos críticos do processo. De acordo com Marshall Júnior et al (2003), o fluxograma utiliza símbolos pa- dronizados, com o objetivo de facilitar a representação das ações do processo. Estes símbolos padronizados podem ser resumidos da seguinte forma: Operação: indica uma etapa do processo. A etapa
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