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Descartes e o Racionalismo

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1º ano: Apostila 02 / Aula 07
Professor Claudio Henrique Ramos Sales
FILOSOFIA
Surrealismo
“Surrealismo, substantivo. 
Automatismo puramente físico 
através do qual se pretende 
expressar, verbalmente, por 
escrito ou de outra forma, a 
verdadeira função do 
pensamento. Pensamento 
ditado na ausência de qualquer 
controle manifestado pela razão, 
e fora de quaisquer 
preocupações estéticas e 
morais.” 
(André Breton, Primeiro Manifesto do 
Surrealismo, 1924.)
Sobre a Imagem
1. O que estou vendo?
Num cenário aparentemente normal, uma
chuva de homens de chapéu-coco.
2. Quem fez esta imagem? Quando?
René Magritte (pintor surrealista), em 1953. 
3. Qual o meio utilizado para criá-la?
A pintura. 
4. Que tipo de impressões ou sentimentos ela 
desperta?
Causa estranhamento, sonho, pesadelo, ideia 
de não realidade, etc.
5. Qual a importância de conhecer esta 
imagem?
Uma possibilidade é dizer que o estranhamento 
nos faz repensar a realidade dita “normal”.
Qual é a fonte de nossos 
conhecimentos?
É possível confiar em quem nos 
engana uma vez?
Como 
podemos ter 
certeza de que 
estamos 
acordados e 
que tudo o que 
vivemos não é 
um sonho?
O RACIONALISMO
O Racionalismo é uma corrente que defende que
a origem do conhecimento é a razão.
Os racionalistas acreditam que só a razão pode
levar a um conhecimento rigoroso.
Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a
experiência devido à sua falta de rigor.
Os racionalistas possuem uma visão otimista da
razão porque acreditam que ela possibilita o
conhecimento humano.
RENÉ DESCARTES
Sendo um racionalista convicto, Descartes
procurou combater os céticos e reabilitar a razão.
Os céticos duvidavam ou negavam mesmo que a
razão pudesse conduzir ao conhecimento.
Descartes vai procurar demonstrar que a razão é a
origem do conhecimento humano.
Passamos agora por 
mais uma virada na 
história, a chegada 
da filosofia moderna. 
É com o francês René 
Descartes (1596 –
1650) que veremos 
como isso começa. Fonte: FRATESCHI, Yara. 
“Revolução Científica, 
Mecanicismo e Método do 
Conhecimento”. In: Curso de 
Filosofia Política. São Paulo: 
Atlas, 2010
Descartes é (ou será) seu 
conhecido pelas suas 
importantes conquistas no 
campo da matemática.
De onde você acha que 
vem o plano cartesiano?
O filósofo também 
contribuiu com a 
Física (na Ótica) e 
com a Astronomia
Descartes, contudo, é também aquele quem define o método
de investigação das ciências modernas, ou seja, como elas
procedem para conhecer a natureza.
Como podemos ser capazes de separar os conhecimentos
seguros, corretos e verdadeiros daqueles falsos e enganosos?
Bastaria aceitar que o conhecimento vem de
Deus e que temos de aceitá-lo apenas pela fé,
como diziam alguns filósofos medievais?
DESCARTES E O 
MÉTODO
Para mostrar que a razão pode atingir um
conhecimento verdadeiro, Descartes vai criar um
método.
Este método tem como objetivo a obtenção de uma
verdade indiscutível.
De entre as regras do método, pode destacar-se a
regra da evidência.
Esta regra diz-nos para não aceitarmos como
verdadeiro tudo que possa deixar dúvidas.
A dúvida é, portanto, um elemento muito importante
do método.
Com ele uma nova e importante forma de se
perguntar sobre o conhecimento surge:
Como é possível o conhecimento da verdade pelo 
homem?
O problema central não é mais saber definir o que as coisas são
(pergunta pelo OBJETO), mas antes como nós podemos conhecê-las
(pergunta pelo SUJEITO).
SUJEITO OBJETO
Como as coisas são conhecidas?
Como conhecemos as coisas?
Sem mais o que fazer, Descartes inaugura a Filosofia do Sujeito.
... Não encontrando nenhuma conversação que me divertisse e 
não tendo, além disso, por felicidade, preocupações ou 
paixões que me perturbassem, ficava todo o dia fechado 
sozinho num cômodo aquecido por uma estufa onde dispunha 
de todo o tempo para me entreter com meus pensamentos
Veremos como no Discurso do método para bem conduzir a
razão e procurar a verdade nas ciências (1637) Descartes se
ocupa disso.
- Note que este método de Descartes terá na matemática um modelo,
pois esta é capaz de encontrar certezas fixas e imutáveis.
- Descartes é influenciado pelo desenvolvimento científico do
renascimento e do surgimento de uma concepção mecanicista do
mundo e do homem.
De acordo com o método para conhecer é preciso:
1. Clareza e distinção (não tomar como verdadeiro o que eu não
puder provar como tal).
2. Análise (dividir um problema em quantas parte for possível).
3. Ordem (conduzir os pensamentos a partir do que há de mais fácil
até o mais complexo).
4. Enumeração (enumerar de modo completo para não perder nada
do que se quer conhecer).
Discurso do método para bem conduzir a razão e 
procurar a verdade nas ciências (1637)
- Objetivo: encontrar um caminho seguro para que
possamos alcançar o conhecimento da verdade e assim
fazer ciência.
- Ponto de partida: muitos de nossos conhecimentos
parecem seguros, mas são enganosos  os sentidos,
fonte de nossos conhecimentos nos enganam. Como
confiar neles?
- Decisão: todo conhecimento que for duvidoso, direi que
é falso.  a dúvida é a arma de Descartes
A DÚVIDA
Recusando tudo que possa suscitar incerteza,
a dúvida afirma-se como um modo de evitar
o erro.
A dúvida é um instrumento da razão na
busca da verdade.
A dúvida procura impedir a razão de
considerar verdadeiros conhecimentos que
não merecem esse nome.
Será que algo do edifício do 
conhecimento ficará em pé 
após a dinamite desta 
dúvida radical?
Descartes em seu caminho percebe que:
Os sentidos são duvidosos
A matemática é duvidosa
Podemos duvidar se estamos acordados ou dormindo.
CARACTERÍSTICAS 
DA DÚVIDA
A dúvida é:
» Metódica (faz parte de um método que procura o conhecimento verdadeiro);
» Provisória (é temporária, isto é, pretende-se ultrapassá-la e chegar à verdade);
» Hiperbólica (exagerada propositadamente, para que nada lhe escape);
» Universal (aplica-se a todo o conhecimento em geral);
» Radical (incide sobre os fundamentos, as bases de todo o conhecimento);
» Uma suspensão do juízo (ao duvidar evitam-se os erros e os enganos);
» Catártica (purifica e liberta a mente de falsos conhecimentos);
» Um exercício voluntário e autónomo (não é imposta, é uma iniciativa pessoal);
» Uma prova rigorosa (nada será aceito como verdadeiro sem ser posto em
dúvida);
» Um exame rigoroso (que afasta tudo que possa ser minimamente duvidoso).
NÍVEIS DE 
APLICAÇÃO DA 
DÚVIDA
Descartes vai aplicar a dúvida a tudo que possa causar incerteza,
nomeadamente:
» as informações dos sentidos;
» as nossas opiniões, crenças e juízos precipitados;
» as realidades físicas e corpóreas e, de uma maneira geral, tudo que julgamos
real;
» os conhecimentos matemáticos;
» também Deus é submetido à prova rigorosa da dúvida, uma vez que Descartes
coloca a hipótese de Deus poder ser enganador ou um génio do mal.
A dúvida hiperbólica e radical e a possibilidade de Deus ser enganador
parecem levar a um beco sem saída. Quer dizer, torna-se quase impossível
acreditar que a razão humana pode alcançar conhecimentos verdadeiros. No
entanto, há uma saída.
O COGITO (PENSO, 
LOGO, EXISTO)
A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável.
Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele
que duvida.
A dúvida é um ato do pensamento e não pode acontecer sem um autor.
Chegamos então à primeira verdade: “penso, logo, existo” (cogito ergo sum).
Toda mente humana sabe de forma clara e distinta que, para duvidar, tem
que existir.
A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e
distinção.
A verdade “eu penso, logo, existo” é uma evidência. Trata-se de um
conhecimento claro e distinto que irá servir de modelo para todas as verdades
que a razão possa alcançar.
Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e
não dos sentidos.
Para duvidar é preciso pensar.
Mas não podemos duvidarda nossa dúvida? Ou duvidar que estamos 
pensando?
Ora, se fizermos isso ainda estaremos duvidando.
• Assim, Descartes encontra uma certeza indestrutível: o pensar. 
• Com isso é possível dizer eu penso, logo existo, certeza a partir da qual é possível 
reerguer o edifício do conhecimento. 
• O conhecimento começa então pela razão  Racionalismo
Pensamento
Dúvida
Dúvida
Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz
de produzir conhecimentos verdadeiros, pois ela
alcançou uma verdade inquestionável.
Mas apesar da razão ter chegado ao
conhecimento verdadeiro, ainda não está
excluída a hipótese do Deus enganador.
Descartes considera fundamental demonstrar a
existência de Deus, um Deus que traga segurança
e seja garantia das verdades.
CONTEÚDOS 
COMPLEMENTARES
A EXISTÊNCIA DE 
DEUS 
Descartes considera que termos a percepção que existimos não
basta para a fundamentação do conhecimento.
Para Descartes, é essencial descobrir a causa de o nosso
pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da
existência do sujeito pensante.
Descartes parte das ideias que estão presentes no sujeito para
provar a existência de Deus.
As ideias que qualquer indivíduo possui são de três tipos:
adventícias, factícias e inatas.
Uma das ideias inatas que todos nós temos na mente é a ideia de
perfeição. É esta ideia que Descartes vai usar como ponto de
partida para as provas da existência de Deus.
PROVAS DA 
EXISTÊNCIA DE DEUS
Descartes apresenta três provas:
1ª prova: sendo Deus perfeito, tem que existir. Não é
possível conceber Deus como perfeição e não existente.
2ª prova: a causa da ideia de perfeito não pode ser o ser
pensante porque este é imperfeito. A ideia de perfeição só
pode ter sido criada por algo perfeito, Deus.
3ª prova: o ser pensante não pode ter sido o criador de si
próprio, pois se tivesse sido ter-se-ia criado perfeito. Só a
perfeição divina pode ter sido a criadora do ser imperfeito
e finito que é o homem e de toda a realidade.
A IMPORTÂNCIA DE DEUS 
NO SISTEMA CARTESIANO 
E A QUESTÃO DOS ERROS 
DO SER HUMANO
Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto
perfeição, Deus é garantia da verdade das nossas ideias claras e
distintas (por exemplo: 2+2=4 ou ”penso, logo, existo”).
Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é
também o criador das verdades incontestáveis e o fundamento
da certeza.
Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o
pensamento evidente (verdadeiro) e a realidade, conferindo
assim validade ao conhecimento.
Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade,
logo, não poderá ser o autor do mal nem responsável pelos nossos
erros.
Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia da
verdade dos conhecimentos produzidos pela razão, nem teríamos a
garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a uma
evidência, isto é, a uma verdade incontestável. Se Deus não é
enganador, então as nossas evidências racionais são absolutamente
verdadeiras.
Se Deus não existisse, para Descartes, seria “o caos” e nunca
poderíamos ter a garantia do funcionamento coerente da nossa razão
nem ter noção de como se tornou possível a nossa existência.
Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade,
quando esta se sobrepõe à razão.
Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos
como evidentes afirmações que o não são, logo, Deus não é
responsável pelos nossos erros mas é garantia das verdades alcançadas
pela razão humana.
Seguirão agora algumas leituras extras e algumas
atividades para aumentar sua gama de
conhecimento e para auxilia-lo no seu processo
de aprendizado.
DAMÁSIO E O “ERRO 
DE DESCARTES”
Damásio x Descartes
Mostrar que a razão
não é pura , 
emoção se enreda
na raciona lidade
“Certos aspectos 
do processo da 
emoção e do 
sentimento são 
indispensáveis para a 
racionalidade”
(DAMÁSIO, 2012, p.12)
Qual era o intuito do neurologista português António Damásio 
quando ele escreveu sua obra "O Erro de Descartes“?
Como devemos demonstrar o papel da emoção
na razão?
Três temas centrais:
Caso Phineas
Gage
Emoção
Corpo indispensável
à mente
Sobrerazãoeemoção
• Com o á gua e óleo?
Emoção X Razão
• Contra a perspectiva tradicional
• Raciocínio depende da
capacidade de sentir emoções
• Razão depende de vários
sistemas cerebrais
Sobrerazãoeemoção
•Emoção, sentimento e regulação
biológica desem penha m p apel na
razão humana
•Sentimentos e emoções são tão
cognitivos quanto qualquer outra
percepção
•Cérebro e corpo
são indissociáveis
•Organismo
interage com o
am biente
CasodePhineas Gage
Quem era? Homem de 1,70,
atlético, movimentos decididos e
precisos
Homem eficiente e capaz, hábitos
m o derados, energia de caráter, 
astuto, inteligente, persistente nos
seus planos de ação
CasodePhineas Gage
O que aconteceu?
•Durante o trabalho, uma
explosão m al sucedida fez
com que um bastão de ferro
atravessasse seu crânio e
pa rte do seu cérebro
•O córtex pré-frontal foi
bastante com prometido
O resgate:
•Apesar do grave ferimento,
permaneceu consciente
•Ao contrário do que se
poderia imagina r, descrevia
com frieza o que lhe tinha
acontecido e b astante
racionalmente
•É dado como são em
menos de 2 meses
CasodePhineas Gage
Gente, tô bem!
CasodePhineas Gage
As consequências:
• Tornou-se cap richoso, obstinado,
irreverente, utilizava linguagem obscena
•Incapaz de manter um emprego
por muito tempo
•Desrespeitava condutas éticas e
morais, incapaz de tomar decisões
acertadas, despreocupado com o
futuro
Ô lá em casa!
CasodePhineas Gage
Discrepância entre caráter degenerado e a integridade
dos vários instrumentos d a mente — atenção,
percepção, memória, linguagem, inteligência
x
CasoElliot– oGagemoderno
Quem era? Homem 
inteligente, com petente,
robusto, b o m m arido e pa i, 
funcionário de um a firm a
comercial
Bem sucedido pessoa l,
profissional, e socialm ente
CasoElliot– oGagemoderno
O que aconteceu? • Elliot passou a sentir
dores de cabeça, perd
capac idade de
concentração e o senti
de responsab ilidade
•Um grande tumor ce
com primiu os lobos front
do cérebro
A solução:
•Elliot passou por uma
cirurgia de retirada do
tumor, m as o tecido do
lobo frontal danificado
tam bém teve que ser
removido
CasoElliot– oGagemoderno
CasoElliot– oGagemoderno
As consequências:
•Elliot teve uma profunda mudança de
personalidade apesar da inteligência,
capacida de de locomoção e de falar
permanecerem ilesas
•Foi considerado apto em todos os testes
de inteligência ap licados
CasoElliot– oGagemoderno
•Elliot passou a tomar
ações insensatas e se
divorciou d a esposa
•Aptidão de tomar
decisões foi prejudicada,
assim como a de elaborar
um planejamento eficaz de
seu futuro (a curto, médio e
longo prazo)
CasoElliot– oGagemoderno
•Sugeriu-se que os problemas de Elliot eram de
natureza emociona l e psicológica e que a psicoterapia
o ajudaria , o que não aconteceu
•Diferençaentredoenças do cérebroedoenças da
mente (preconceito)
CasoElliot– oGagemoderno
O problema:
•Elliot perdeu sua capacidade emotiva, e era capaz de
narrar sua trajetória c omo se não fosse p rotagonista de
sua própria desgraç a
•Sabia, mas não sentia
•Incapaz de fazer uma escolha eficiente e podia não
chegar sequer a fazer um a escolha, ou escolher m al
CasoElliot– oGagemoderno
Condições laboratoriais diferem d a vida real
Defeito era acom panhado de um a redução na
cap acida de de reaçã o emocional e d a vivência
de sentimentos
Frieza do raciocínio impedia Elliot de atribuir
diferentes valores às diferentes opções, pa isagem
mental plana, instável e efêmera
Consideraçõesacercados casos
• Redução d as emoções pode ser fonte de
com portamento irracional
• Ligação entre um conjunto de regiões cerebrais e
processos de raciocínio e tomad a de decisão
• Sistemas destas regiões associadas aos
com portamentos de planejamento e decisões pessoais
e sociais, além do processamento de emoções
OCorpoeocérebrointeragem
A razão humana não é dependente somente de
um único centro cerebral, m as de vários sistemas
cerebrais que funcionam logicamente através de
m últiplos níveis de organização coronal.
A emoção, os sentimentos e a regulação
biológica são aspectos cruciais pa ra a
m anutenção d a razão humana.
Emoções esentimentos
“As emoções e os sentimentos, que são centrais para
a visão de racionalidade que estou p ropondo, são
um a poderosa m anifestaçã o dos impulsos e dos
instintos, constituindo um a parte essencial d a sua
atividade” (DAMÁSIO, 2012, p. 117).
“Os processos da emoção e dos sentimentos fazem
parte integrante da m aquinaria neural para a
regulação biológica” (DAMÁSIO, p. 91).
Emoção
Para William James, existiria um mecanism o básico, no qual
determinados estímulos no meio am biente excitariam, de
m aneira inflexível e congênito, um padrão específico de
reação do corpo. Ou seja,
“cada objeto que excita um instinto, excita também uma
emoção”.
Ex: medo (taquicardia, etc)
ParaDamásio
“[...] Em muitas circunstâncias
de nossa vida como seres
sociais, sabemos que as
emoções só são
desencadeadas após um
processo mental de avaliação
que é voluntário e não
automático” (DAMÁSIO, p. 128).
Emoções primárias esecundárias
Primárias: Na infância, pressupõe o
estímulo, é automático.
Secundárias: Na fase a dulta, o estímulo é
posterior à avaliação mental.
Emoções primárias!
EmoçãoxSentimentos
Alguns estão
relacionados, a
m aioria não está.
Todas as emoções
originam sentimentos,
porém nem todos os
sentimentos provém de
emoções.
Sentimentos
Varied ades de sentimentos:
- Sentimentos de emoções universais básicas;
- Sentimentos de emoções universais sutis;
- Sentimentos de fundo.
EmoçãoxSentimentos I
A emoção é um conjunto d as alterações no estado do
corpo associadas a certas imagens mentais que
ativaram um sistema cerebral específico.
O sentir, é a experiência das alterações no estado do
corpo (processos cognitivos induzidos por substâncias
neuroquímicas) justapostas com as imagens mentais
(memórias, lembranças) que iniciaram o ciclo.
Ocorrem com binadas.
Ahipótesedomarcador-somático
“A finalidade do raciocínio é a decisão” (DAMÁSIO, p. 157).
“Decidir bem é escolher uma resposta que seja vantajosa pa ra o
organism o, de m odo direto ou indireto, em termos de sua
sobrevivência e d a qualidade dessa sobrevivência” (DAMÁSIO,
p.160).
A hipótese postula que emoções m arcavam certos aspectos de
um a situação , que pela intuição, conduzia a uma conclusão rápida.
Testandoahipótesedomarcador-somático
A experiência do jogo
E, afinal, qual (ou quais) é o Erro?
O(s) Erro(s) de Descartes:
1.O ca lor fazia o sangue circular.
2.“As finas e minúsculas partículas do sangue se transformavam
em “espíritos animais”, os quais conseguiam depois mover os
músculos” (DAMÁSIO, 2012, p. 220).
3.O Erro do Dualismo
4.O Erro do Mecanicismo
Preocupação com a noção Dualista
“Penso, logo existo”
Preocupação com a noção Dualista
•O Erro do Dualismo:
“ [...] a separação abissal entre o corpo e a mente,
entre a substância corporal, infinitamente divisível, com
volume, com dim ensões e com um funcionam ento
mecânico, de um lado, e a substância mental,
indivisível, sem volume, sem d imensões e intangível,
de outro; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral
e o sofrimento adveniente d a dor física ou ag itação
emocional poderiam existir independentemente do
corpo” (DAMÁSIO, 2012, p. 219).
Por que só o Dualismo e não o Mecanicismo?
•Porque “continua a prevalecer” e a influenciar a
ciência e a cultura hodiernas.
•Damásio só cita uma insatisfação em relação ao
mecanicismo, m as não o refuta, portanto, não pode
ser considerado um erro, um vez que não foi
ap resentado.
Contradições de Damásio:
•Afirmação de Descartes equivocada.
•Posição dualista.
•Por que Descartes e não Platão ou Kant?
•Qual o motivo de utilização do título referindo-se ao Descartes, se
pouco ou quase nad a refere-se ao pensador?
RESUMO DA APOSTILA
René 
Descartes
O pensador francês René Descartes (1596 – 1650)
propôs um sistema filosófico – ou seja, um conjunto coerente de
conhecimentos – que tornava possíveis respostas para todas as
questões filosóficas. Antes de Descartes, na Grécia antiga, Platão e
Aristóteles haviam criado sistemas que foram atualizados, na
Idade Média, por Santo Agostinho (séculos IV – V) e, sobretudo,
por São Tomás de Aquino (século XIII), ambos sob a influência do
cristianismo. Com a verdadeira revolução científica que foi o
Renascimento – e que resultou em novas formas de ver e
interpretar o mundo –, surgiu a possibilidade de desenvolvimento
de um novo sistema.
Os avanços espetaculares na explicação do mundo por
parte das ciências naturais (que culminaram com Newton no final
do século XVII) suscitaram o questionamento: seria possível
atingir, no conhecimento filosófico, o mesmo grau de certeza das
ciências naturais? Se o universo era descrito como um mecanismo
sofisticado, cujo funcionamento parecia cada vez mais evidente
para a razão humana, não poderia ocorrer o mesmo com a alma?
Não haveria uma explicação completa para o funcionamento do
ser humano, para além do corpo material? Qual seria a relação
entre corpo e alma? Tais questões foram abordadas por
Descartes.
O princípio da 
dúvida
O ponto de partida de Descartes
na busca por um conhecimento
verdadeiro foi o chamado princípio da
dúvida: deveríamos desconfiar não
apenas do saber passado, mas também
daquilo que nos é oferecido pelos
sentidos. Cada objeto do mundo
material se apresenta de forma tão
diversa e tão mutante diante de nós, que
se torna temerário basear-se somente
nos sentidos para se chegar a qualquer
conclusão definitiva. Em outras palavras,
deve-se duvidar de toda idéia que pode
ser posta em dúvida. A realidade
percebida pelos sentidos é enganosa “e é
de prudência nunca se fiar inteiramente
em quem já nos enganou uma vez”
(Meditações, I, 3).
O princípio da dúvida
Além disso, nunca podemos ter certeza de
estar vivendo uma experiência real ou de
estar apenas sonhando. Descartes utilizou
um exemplo para explicar as mutações
dos objetos do mundo material: um
pedaço de cera que acabou de ser
retirado de uma colméia é doce, tem
ainda o perfume das flores de onde foi
colhido; é duro, frio e produz um
determinado som quando nele batemos.
Conforme aproximamos o pedaço de cera
do fogo, seu odor desaparece, sua forma e
cor se modificam e ele acaba se
transformando em líquido e pode
esquentar até que não possamos mais
tocá-lo. Ainda é cera, mas os sentidos a
percebem de maneira completamente
diferente. Essa percepção da natureza da
cera, que se apresenta de forma tão
diversa, é fruto da faculdade de entender,
que se encontra dentro de cada sujeito.
Penso, logo existo.
Uma vez que somos capazes de duvidar de tudo e de todos, a única certeza
absolutamente incontestável é justamente a nossa capacidade de duvidar. Essa capacidade
é fruto da razão; portanto, a única certeza que temos, e que nos define enquanto
indivíduos, é nossa capacidade de pensar. O pensamento existe, e como não pode ser
separado do indivíduo, o indivíduo também existe. Essa formulação foi resumida na famosa
expressão de Descartes: “penso, logo existo” (em latim, “cogito ergo sum”).
Uma decorrência dessa formulação é a crença
de que o Eu pensante é mais real do que o mundo físico.
Em outras palavras, a formulação que funda todo o
conhecimento verdadeiro tem origem metafísica (ou seja,
está além da física): trata-se da descoberta da alma por si
mesma. Assim, a expressão “eu sou, eu existo” é
necessariamente verdadeira e incontestável a partir do
momento em que foi enunciada. Ela é verdadeira porque
existe um sujeito pensante capaz de dizê-la.
Da mesma maneira que o homem pode conceber a si mesmo, ele também
pode conceber deus, e esta seria uma prova de sua existência: se concebemos um ser
perfeito,ele necessariamente existe, uma vez que não existir seria uma imperfeição. É
por isso que a existência das coisas guarda relação com a proximidade que elas têm do
pensamento. Dessa forma, a existência dos objetos materiais – por exemplo, uma mesa,
uma cadeira (mas também o sol ou a lua) – não seria comprovada pela forma como os
percebemos pelos sentidos, mas pelo fato de possuírem propriedades quantitativas que
podem ser medidas e expressas racionalmente em relações matemáticas, como
comprimento, largura, altura. Deus, o ser perfeito, não nos engana: ele é a garantia de
que as relações matemáticas do mundo material correspondem a coisas concretas.
O método 
racional
Descartes dedicou-se ao estudo das
relações entre as formas, no campo da geometria
(você deve conhecer o sistema de coordenadas
cartesianas). A matemática, que decompõe
problemas complexos em partes menores e os
resolve um de cada vez,
era vista por Descartes como exemplo de método
racional.
Da mesma maneira que os complexos
problemas da matemática, os objetos materiais (ou
seja, aqueles que têm extensão, que ocupam
espaço) também podem ser decompostos em
partes menores, mas a alma (ou o pensamento)
não: uma vez que é consciência pura, não ocupa
lugar no espaço.
Mesmo reconhecendo que o homem é
um ser duplo – ao mesmo tempo corpo e alma, ou
seja, extensão e consciência –, Descartes instaurou
a separação entre matéria e pensamento. Sendo
assim, o sujeito consciente se opõe ao objeto,
àquilo que é conhecido. Descartes foi o fundador
da Filosofia do Eu ou Filosofia do sujeito, segundo
a qual todo conhecimento é visto como originário
de uma elaboração individual.
O pensamento de 
Descartes retoma a 
tradição do racionalismo, 
cujas origens remontam a 
Platão e que se funda na 
idéia de o saber se originar 
na razão, que antecede e 
explica todo o real. Tal 
concepção teve profunda 
influência no pensamento 
filosófico ocidental, 
embora questionada, 
ainda no século XVI, pela 
escola do empirismo, que 
estudaremos na próxima 
aula.
Na segunda parte do Discurso do Método, Descartes enumera 
quatro preceitos que devem conduzir a ciência. 
Acompanhemos o texto do filósofo:
O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que
eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar
cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em
meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a
meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em
dúvida. O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu
examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas
necessárias fossem para melhor resolvê-las. O terceiro, o de conduzir
por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais
simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco, como por
degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo
uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos
outros. E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão
completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada
omitir. (DESCARTES, 1962)
A primeira regra, também conhecida por “regra
da evidência”, sintetiza um ponto muito importante na
filosofia cartesiana. Descartes entende que a razão é uma
capacidade que o homem possui para examinar os dados
que os sentidos captam. Nisto ele não se distingue de
filósofos anteriores. Mas, Descartes também pensa que a
verdade e a certeza são condições sem as quais um
homem não pode dizer que possui conhecimento. O
filósofo foi educado em La Flèche, uma escola jesuíta que
reunia o que havia de melhor em termos de Metafísica e
Teologia do século XVII. Por meio dessa instrução,
Descartes pôde exercitar-se durante anos em
investigações metafísicas oriundas da Idade Média cujas
teses e argumentos são, em sua maior parte, raciocínios
prováveis. É contra esse tipo de procedimento que o
método cartesiano ganha força. Para Descartes é
importante rejeitar todos os juízos, demonstrações e
dados que não possam ser tidos como verdadeiros e
indubitáveis. Quando Descartes recomenda a certeza ele
pensa naquela “luz natural” que cada homem possui,
permitindo-lhe “intuir” (no sentido preciso de ver) a
verdade de cada coisa. Veja como o filósofo delineia o
método que orienta essa “visão mental”:
Todo método consiste 
inteiramente em ordenar e 
em agrupar os objetos
nos quais deveremos 
concentrar o nosso poder 
mental se pretendermos
descobrir alguma verdade. 
Seguiremos este método 
com exatidão se
desse início reduzirmos as 
questões complicadas e 
obscuras, substituindo-
as, passo a passo, por outras 
mais simples e depois, 
começando pela
intuição das mais simples de 
todas, tentarmos conhecer 
todas as outras,
através dos mesmos 
processos.
(in: COTTINGHAM, 1989)
Você pode aplicar esse método no estudo de qualquer coisa, mas
não deixe de atentar para o seguinte: a mensagem de Descartes é que sua
razão segue um passo que vai do simples ao complexo por meio de graus
de entendimento na matéria. Além disso, o trecho acima revela que o
entendimento é uma espécie de visão mental, ou intuição, termo
redefinido por Descartes e cujo significado não pode ser confundido com a
tradição aristotélica. Em Descartes intuição é uma capacidade análoga à
faculdade da visão. A clareza que o entendimento busca é uma capacidade
de ver mentalmente as estruturas e qualidades dos corpos existentes, do
mesmo modo que a projeção de mais luz sobre um corpo permite uma
visão mais detalhada e precisa desse corpo.
Dividir a dificuldade, ir do simples ao complexo, 
efetuar enumerações completas, é o que observa 
rigorosamente o geômetra quando analisa um
problema em suas incógnitas, estabelece e resolve 
suas equações. A originalidade
de Descartes consiste em ter determinado, de 
forma por assim dizer canônica, essas regras de 
manipulação que somente se esboçam em
seus contemporâneos na sua aplicação particular 
às grandezas, e de havê-las
ao mesmo tempo oposto e substituído à Lógica da 
Escola, na qual vê apenas um instrumento de 
Retórica, inutilmente sofisticado. (DESCARTES, 1962)
Como se vê, o método cartesiano é uma projeção de
princípios e regras que orientam o raciocínio matemático-
geométrico. A terceira e quarta regras, respectivamente,
apenas confirmam um procedimento de resolução de
problemas na geometria: as linhas e as figuras simples estão
contidas nas compostas, etc.
TRABALHANDO COM 
O TEXTO: DISCURSO 
DO MÉTODO
Na leitura da quarta parte do Discurso do Método a seguir procure
identificar os passos da argumentação de Descartes. As seguintes
perguntas podem servir como guia de leitura. Mas só pense nelas
após uma primeira leitura do texto.
• Qual o problema colocado por Descartes?
• O que é necessário afastar na busca por seu objetivo? Por que
Descartes segue a ordem que segue?
• O que Descartes consegue alcançar de certo e seguro?
Lembre-se, a divisão do texto pode auxiliar sua compreensão!
QUARTA PARTE
[1] Não sei se deva falar-vos das primeiras meditações que aí realizei; pois são tão metafísicas e tão pouco
comuns, que não serão, talvez, do gosto de todo mundo. E, todavia, a fim de que se possa julgar se os
fundamentos que escolhi são bastante firmes, vejo-me, de alguma forma, compelido a falar-vos delas. De há
muito observará que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito
incertas, tal como se fossem indubitáveis, como já foi dito acima; mas, por desejar ocupar-me somente com a
pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente
falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu
crédito, que fosse inteiramente indubitável. Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor
que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, porque há homens que se
equivocam ao raciocinar, mesmo no tocante às mais simples matérias de Geometria, e cometemaí
paralogismos, rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões
que eu tomara até então por demonstrações. E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que
temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso,
que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito
não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu
queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E,
notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes
suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceita-la, sem escrúpulo, como o
primeiro princípio da Filosofia que procurava.
[2] Depois, examinado com atenção o que eu era, e vendo que podia
supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou
qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que
não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar
da verdade das outras coisas, seguia-se mui evidente e mui certamente
que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar,
embora tudo o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já não
teria razão alguma de crer que eu tivesse existido; compreendi por aí que
eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no
pensar, e que, para ser, não necessita de nenhum lugar, nem depende de
qualquer coisa material. De sorte que esse eu, isto é, a alma, pela qual sou
o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de
conhecer do que ele, e, ainda que este nada fosse, ela não deixaria de
ser tudo o que é.
[3] Depois disso, considerei em geral o que é necessário a
uma proposição para ser verdadeira e certa; pois, como
acabava de encontrar uma que eu sabia ser exatamente
assim, pensei que devia saber também em que consiste
essa certeza. E, tendo notado que nada há no eu penso,
logo existo, que me assegure de que digo a verdade,
exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é
preciso existir, julguei poder tomar por regra geral que as
coisas que concebemos mui clara e mui distintamente são
todas verdadeiras, havendo apenas alguma dificuldade
em notar bem quais são as que concebemos distintamente.
(UEL-2004)
“Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser tirado da colméia: ele não perdeu ainda a doçura do mel que continha,
retém ainda algo do odor das flores de que foi recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, são patentes; é duro, é frio,
tocamo-lo e, se nele batermos, produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem distintamente fazer conhecer um
corpo encontram-se neste. Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que nele restava de sabor exala-se, o odor se
esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar
e, embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma cera permanece após essa modificação? Cumpre confessar que
permanece: e ninguém o pode negar. O que é, pois, que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção? Certamente
não pode ser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que se apresentavam ao
paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no entanto, a mesma cera permanece.”
(DESCARTES, René.Meditações. Trad. De Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 272.)
Com base no texto, é correto afirmar que para Descartes:
a) Os sentidos nos garantem o conhecimento dos objetos, mesmo considerando as alterações em sua aparência.
b) A causa da alteração dos corpos se encontra nos sentidos, o que impossibilita o conhecimento dos mesmos.
c) A variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos revela que o conhecimento destes excede o conhecimento sensitivo.
d) A constante variação no modo como os corpos se apresentam aos sentidos comprova a inexistência dos mesmos.
e) A existência e o conseqüente conhecimento dos corpos têm como causa os sentidos.
 COMENTÁRIO
Nesta passagem sobre o pedaço de será nota-se que a questão central abordada por Descartes diz respeito aos
conhecimentos que os sentidos nos fornecem dos objetos. O filósofo aponta diversas características presentes na cera
que podem ser percebidas pelos sentidos: sua doçura (paladar), seu odor (olfato), sua forma física (tato, visão), entre
outras. No entanto, uma vez que se aproxime a cera do fogo esta será submetida a algumas transformações, de
modo que todas as características inicialmente percebidas desaparecem: “o que nele restava de sabor exala-se, o
odor se esvai, sua cor se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o
podemos tocar e, embora nele batamos, nenhum som produzirá”. O conhecimento trazido pelos sentidos é fugaz, não
permanece, pois certas qualidades sensíveis de um corpo podem se alterar ou se esvair deste.
Descartes então se pergunta se a mesma cera permanece, ao que responde que sim, afinal, embora derretida, ainda
teremos cera. Mas afinal, o que “se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção”, ou seja, se todas as coisas
que percebemos com nossos sentidos antes de queimarmos a cera agora se foram, mas ainda a reconhecemos como
cera, que é esse conhecimento que permanece? Esta é a passagem fundamental, pois a partir desta questão
Descartes irá questionar os sentidos como fonte de todo o conhecimento. O que de fato conhecemos da cera então?
Descartes diz: “não pode ser nada de tudo o que notei nela por intermédio dos sentidos, visto que todas as coisas que
se apresentavam ao paladar, ao olfato, ou à visão, ou ao tato, ou à audição, encontravam-se mudadas e, no
entanto, a mesma cera permanece”, logo, o conhecimento dos objetos deve depender de algo que esteja para
além dos sentidos. Isso nos conduz a alternativa C.
RESP: C
(UEL-2005)
“E quando considero que duvido, isto é, que sou uma coisa incompleta e dependente, a idéia de um
ser completo e independente, ou seja, de Deus, apresenta-se a meu espírito com igual distinção e
clareza; e do simples fato de que essa idéia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuo
esta idéia, concluo tão evidentemente a existência de Deus e que a minha depende inteiramente dele
em todos os momentos da minha vida, que não penso que o espírito humano possa conhecer algo
com maior evidência e certeza”. (DESCARTES, René. Meditações. Trad. de Jacó Guinsburg e Bento
Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 297-298.)
Com base no texto, é correto afirmar:
a) O espírito possui uma idéia obscura e confusa de Deus, o que impede que esta idéia possa ser
conhecida com evidência.
b) A única certeza que o espírito humano é capaz de provar é a existência de si mesmo, enquanto um
ser que pensa.
c) O conhecimento que o espírito humano possui de si mesmo é superior ao conhecimento de Deus.
d) A idéia da existência de Deus, como um ser completo e independente, é uma conseqüência dos
limites do espírito humano.
e) A existência de Deus, como uma idéia clara e distinta, é impossível de ser provada.
COMENTÁRIO
Descartes começa o fragmento lembrando do fato de que ele é um ser que duvida
(lembre-se, a dúvida radical e metódica é o caminho seguido por Descartes para
por à prova os conhecimentos); afirma em seguida que por duvidar é algo
incompleto e dependente. Pensar nisso lhe conduz a ideia de que haja algo
contrário: se há algo incompleto, como ele, deve haver algo que seja completo; se
há algo dependente, como ele, deve haver algo independente – este ser não será
algo que tem duvidas, tal como o filósofo. A ideia de um ser completo e
independente então encontra-se no filósofo – tal como a ideia de que ele é um ser
pensante – e porpensar nisto, na ideia de um ser como este, completamente
oposto a ele, Descartes, pode concluir que há um Deus, que é este ser. Conclui
então que Deus pode ser conhecido, sendo um ser completo e independente,
diferente do ser humano e de quem a existência humana depende: “concluo tão
evidentemente a existência de Deus e que a minha depende inteiramente dele em
todos os momentos da minha vida”. Por fim conclui que este conhecimento de Deus
é aquele que o espírito humano pode alcançar commais certeza e clareza
RESP: D
UNESP 2012 – 2ª FASE
Texto 1
Segundo Descartes, a realidade é dividida em duas vertentes claramente distintas e irredutíveis uma à outra: a res cogitans
(substância pensante) no que se refere ao mundo espiritual e a res extensa (substância material) no que concerne ao mundo
material. Não existem realidades intermediárias. A força dessa proposição é devastadora, sobretudo em relação às
concepções de matriz animista, segundo as quais tudo era permeado de espírito e vida e com as quais eram explicadas as
conexões entre os fenômenos e sua natureza mais recôndita. Não há graus intermediários entre a res cogitans e a res extensa. A
exemplo do mundo físico em geral, tanto o corpo humano como o reino animal devem encontrar explicação suficiente no
mundo da mecânica, fora e contra qualquer doutrina mágico-ocultista.
(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da filosofia, 1990. Adaptado.)
Texto 2
Se você, do nada, começar a sentir enjoo, mal-estar, queda de pressão, sensação de desmaio ou dores pelo corpo, pode ter se
conectado a energias ruins. Caso decida procurar um médico, ele possivelmente terá dificuldade para achar a origem do mal
e pode até fazer um diagnóstico errado. Nessa hora, você pode rezar e pedir ajuda espiritual. Se não conseguir, procure um
centro espírita e faça a sua renovação energética. Pode ser que encontre dificuldades para chegar lá, pois, no primeiro
momento, seu mal-estar poderá até se intensificar. No entanto, se ficar firme e persistir, tudo desaparecerá como em um passe
de mágica e você voltará ao normal.
(Zibia Gasparetto. http://mdemulher.abril.com.br. Adaptado.)
A recomendação apresentada por Zibia Gasparetto sobre a cura espiritual é compatível com as concepções cartesianas
descritas no primeiro texto? Explique a compatibilidade ou a incompatibilidade entre ambas as concepções, tendo em vista o
mecanicismo cartesiano e a diferença entre substância espiritual e substância material.
 COMENTÁRIO
O exercício segue a estrutura de comparação entre textos, no caso um texto de manual de filosofia e outro
jornalístico. Analisando a questão ela exige que se avalie a compatibilidade ou incompatibilidade entre
ambos os textos tomando por base a posição de Zíbia Gasparetto sobre a cura espiritual em comparação
com as posições filosóficas de Descartes.
O primeiro texto busca mostrar a concepção dual de mundo de Descartes, de acordo com há um mundo
material, onde se localiza a substância material e um mundo espiritual, onde se localiza a substância pensante.
Há apenas essas duas realidades, não há outras intermediárias, e elas não podem ser reduzidas uma a outra.
Ao formular esta concepção dualista Descartes ataca as chamadas “concepções de matriz animista”, ou
seja, aquelas formas de compreender o mundo que tomam os objetos da natureza como seres animados, que
tem alma. Para aquele que se assustar com a expressão, veja que o próprio texto a explica; estas concepções
de matriz animista são aquelas “segundo as quais tudo era permeado de espírito e vida e com as quais eram
explicadas as conexões entre os fenômenos e sua natureza mais recôndita”. Por fim, os autores expõem uma
consequência desta separação: se a alma não pode mais ser considerada como atributo do mundo físico,
este deve ser explicado de acordo com suas própria lógica e apenas através dos objetos que contem, ou seja,
não se deve recorrer a explicações de ordem espiritual para responder a algo no mundo físico.
Assim é notável que há uma contraposição com o texto 2 de Zíbia Gasparetto. Para ela os problemas do
mundo físico como mal estar, dores, enjôos, entre outras mazelas devem ter por causa eventos sobrenaturais,
ou ainda, explicações que derivam de um mundo espiritual. Também é este, e primordialmente este, que deve
fornecer a solução para os problemas do mundo físico. Para Zíbia então o mundo espiritual é não só a causa
do que ocorre no mundo físico ou material, mas a fonte das soluções.
A articulação da resposta deve considerar então a incompatibilidade entre os textos: enquanto Descartes
separa rigidamente o mundo físico do espiritual, dizendo que o primeiro não pode ser explicado através do
segundo, uma vez que são domínios distintos e irredutíveis, Zíbia diz o contrário, que o mundo espiritual exerce
determinações, efeitos, sobre o físico, contrapondo-se a concepção dualista de mundo de Descartes e a sua
forma de explicação mecanicista do mundo material.

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