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Unidade I - Fundamentos Estéticos da Arte na Educação

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Prévia do material em texto

Metodologia do Ensino 
de Arte
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Ana Kalassa El Banat
Profa. Ms. Lidice Romano de Moura
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
5
• Arte e experiência estética
• Experiência estética como experiência de conhecimento
• Por que fazer da arte o espaço para desenvolvimento da educação 
estética?
 · Nesta Unidade, abordamos a Educação Estética voltada para o ensino de arte, 
além de propostas metodológicas e ações educativas contemporâneas
Seja bem-vindo a esta unidade na qual estudaremos conceitos importantes sobre o ensino 
e aprendizagem em Arte. Aqui, abordaremos os conceitos primordiais para o ensino da arte, 
principalmente os aspectos relacionados à educação estética. 
É essencial que você estude as aulas cuidadosamente e posteriormente não deixe de acessar 
os links e textos indicados no Material Complementar para ampliar sua compreensão.
Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
6
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
Contextualização
Para compreender o papel desempenhado pela estética na educação é preciso esclarecer 
os conceitos do termo estética, de educação estética e de experiência estética. Entre os autores 
que abordam o tema na educação, trabalharemos principalmente com as ideias de João 
Francisco Duarte Jr. que pesquisou sistematicamente sobre o assunto, publicando artigos e 
livros sobre esse tema. 
Indicamos esse autor para esclarecer aspectos do sentir e do pensar em sua relação com a estética 
na educação. Para sua melhor compreensão do assunto, leia a entrevista do autor, no link abaixo:
Entrevista – João Francisco Duarte Junior
http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/4039/2387
http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/viewFile/4039/2387
7
Arte e experiência estética
Nesta Unidade, abordamos a Educação Estética voltada para o ensino de arte, além de 
propostas metodológicas e ações educativas contemporâneas.
 Para pensar
Você já se perguntou sobre o que a arte deve ensinar na educação escolar? Em geral, 
a maior parte das pessoas responde o que parece óbvio: que a arte deve ensinar arte, 
isto é pintura, desenho, escultura e tantas outras técnicas que compõem o universo da 
criação artística. 
Aparentemente, não há problema nessa resposta, mas se analisarmos com atenção, 
perceberemos que essa definição esconde uma armadilha. Ao dizer que as técnicas são o 
objetivo do ensino de arte estamos reduzindo a arte ao aprendizado de um punhado de 
estratégias mecânicas, um conjunto de habilidades que podem ser treinadas.
Por certo você deve estar se perguntando se a arte não é muito mais do que apenas técnicas 
e habilidades mecânicas. É claro que sim. A arte é mais do que a repetição de práticas há 
muito conhecidas. E, nesse momento, novas perguntas começam a se formar: então, por que 
a arte é importante para a sociedade? Por que ela deve ser ensinada na escola?
As respostas a essas questões e a tantas outras que surgirão no nosso caminho serão tecidas 
ao longo da disciplina, mas para iniciarmos nosso caminho vamos lembrar que a arte é tão 
antiga como o próprio homem. As primeiras manifestações que chamamos de arte nos remetem 
às incríveis imagens de arte rupestre que povoam as paredes de cavernas do período paleolítico. 
 Você sabia?
Fonte: Wikimedia Commons
Na França, foi descoberta uma caverna 
em que boa parte dos desenhos foram 
realizados por crianças entre 3 e 7 anos. 
Situada em Rouffignac e conhecida como 
caverna dos 100 mamutes, suas inscrições 
datam de cerca de 13.000 anos. Essas 
crianças desenharam com os dedos nas 
paredes macias da caverna fazendo sulcos 
que representam mamutes, cavalos e 
rinocerontes por cerca de 8 km, em vários 
locais diferentes. 
Não sabemos exatamente por que as crianças realizaram os desenhos, se fazem parte 
de algum tipo de ritual de iniciação, de alguma forma de aprendizagem ou se as crianças 
desenharam apenas como uma forma de distração.
Não conhecemos com certeza sobre as razões pelas quais a arte foi praticada desde nossa 
pré-história. Muitas hipóteses são formuladas, mas a manutenção dessa manifestação está 
diretamente relacionada à natureza dessa experiência para o ser humano. 
A arte foi e continua sendo uma forma de conhecimento estético de nós mesmos e do 
mundo que nos circunda, configurando uma experiência complexa entre vivências, imaginação, 
criação, elaboração de significados, expressão de sentimentos e comunicação.
8
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
Essa formulação complexa entre viver e significar, conhecer e expressar, sentir e comunicar 
pode ser chamada de experiência estética, mas para entendê-la, precisamos compreender 
primeiro o que a palavra estética pode significar.
 Para pensar
Segundo Aranha (2009), a palavra estética, em seu uso comum está associada 
principalmente à beleza física, como um adjetivo, quando é apresentada como uma 
qualidade para algo ou alguém, por exemplo, "Centro de estética corporal" ou "Clínica 
de estética facial". 
Para o campo das artes, a palavra estética adquire um sentido diferente: ela é apresentada 
como um substantivo, por exemplo: Estética do Barroco Italiano ou Estética do Romantismo 
Francês entre outros. "A palavra estética usada como substantivo designa um conjunto de 
características formais que a arte assume em determinado período e que poderia, também, ser 
chamado de estilo". (ARANHA, 2009, p. 341). 
No campo da filosofia, estética é um termo utilizado para definir o estudo racional do belo e, 
particularmente, sobre como a beleza age sobre nós, seres humanos, por exemplo, os sentidos 
que ela desperta e como é percebida. A origem do termo "vem do grego aisthesis, com o 
significado de “faculdade do sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante” ” 
(ARANHA, 2009, p. 341) .
No desenvolvimento de sua história, a arte tem sido considerada o veículo por excelência 
por meio do qual a beleza se faz presente no mundo e ocupa posição de destaque nos estudos 
de estética. Mas será que essa ideia ainda se aplica aos caminhos atuais da arte?
 Para pensar
Quando tratamos de arte Moderna e Contemporânea, as relações entre arte e beleza 
não são mais tão diretas, pelo contrário, muitas das manifestações artísticas realizadas 
na arte Ocidental a partir dos anos de 1905 até hoje usam preferencialmente do 
feio, do estranho, extravagante ou de matérias que chocam o público como forma de 
comunicar, dialogar, representar outras referências visuais, formais ou de pensamento.
Fonte: Coleção Pinacoteca do Estado de São Paulo Fonte: Wim Delvoye www.wimdelvoye.be
Em 1966, Nelson Leirner causou polêmica ao realizar a obra intitulada 
“O porco”, em que apresentou um porco empalhado dentro de um 
engradado de madeira.
Em 2010, polêmica semelhante foi criada pelo artista Wim Delvoye com 
a obra “Porcos Tatuados” de 2010. A exposição apresentada no Museu de 
Arte Moderna e Contemporânea de Nice, França, foi criticada também 
pelas entidades de defesa dos animais. 
9
Então arte e estética estariam separadas a partir do advento da Modernidade? Não, arte 
e estética continuam caminhando lado a lado, não porque a arte esteja comprometida com 
a beleza, mas porque a percepção do objeto artístico, seja ele Moderno ou Contemporâneo 
continua ocorrendo por meio da percepção, isto é, pela mobilização dos nossos sentidos por 
seu caráter estético. A experiência estética continua sendo nossa guia para o reconhecimento 
desse objeto que é proposto pelo artista à nossa apreciação.
Mas, o que seria a experiência estética? 
 Saiba Mais
Segundo Duarte Jr. (2008), experiência estética é uma vivência comum aos seres 
humanos, que acontece quando nos demoramos na descoberta de algo que está ao 
nosso redor. Essa experiência causa uma admiração, um "maravilhar-se" pelo mundo 
que nos rodeia.
A partir dessa explicação de Duarte Jr., compreendemos que a fonte da experiência estéticaé nossa relação com a natureza, com o mundo que nos rodeia e, por sua vez, a obra de arte 
ou objeto artístico seria a materialização dessa experiência, tornando-se o objeto ou a fonte a 
partir da qual a experiência estética pode ocorrer no apreciador ou fruidor, isto é, no público.
Não nos contentamos em vivenciar experiências estéticas apenas a partir da natureza. 
Tornamo-nos criadores de objetos que, potencialmente, podem conduzir a essa mesma forma 
de vivência e chamamos a isso de arte.
Mas, como seria essa experiência estética que acontece a partir da arte? "A experiência 
estética que se tem frente a uma obra de arte (ou experiência artística) constitui uma elaboração 
simbólica daqueles nossos contatos sensíveis primordiais com o mundo.(DUARTE JR.,2008)" 
Duarte Junior descreve as sensações que a experiência artística pode despertar em quem 
participa dessa vivência:
A obra cria em mim uma experiência de “como se”: frente a ela é 
como se eu estivesse vivenciando a situação que ela me propõe, com 
todas as maravilhas, dores e prazeres que isto me desperta. A arte me 
faz vivenciar, ainda que no modo do “como se”, acontecimentos e 
experiências de vida de outras pessoas, de outras latitudes, de outras 
realidades, ou mesmo da minha e que me eram desconhecidas.
DUARTE JR., 2012
Compreendemos assim nossa atitude de admiração diante de uma obra de arte ou objeto 
artístico, como uma experiência que nos "abre os olhos" para novas percepções e que podem 
nos conduzir a novas elaborações ou reflexões sobre nós mesmos e o mundo que nos rodeia.
Mas, esse mesmo autor alerta: "Contudo, para que isto ocorra, para que a arte nos abra 
um mundo, é necessária sempre uma aprendizagem, uma aprendizagem de seus códigos." 
(DUARTE JR., 2012) advindo daí a necessidade de que a estética seja abordada na educação.
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Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
 Em síntese
Podemos pensar que a experiência estética é uma experiência potencialmente 
inata ao ser humano, mas para que ela seja um elemento chave para a ação da 
nossa percepção é necessário aprender a expandir seus limites, apreender os 
códigos de representação por meio dos quais a experiência estética se manifesta 
no mundo à nossa volta, e em nós, para então poder relacionar-se com ela de 
forma ativa, como criador e apreciador com autonomia.
Duarte Jr. defende que esse aprendizado tem características especiais. Ele não pode ser 
adquirido por teoria. É preciso vivenciar e não há melhor vivência que a produção artística:
... aprende-se a ter experiências estéticas frente à arte, aprendem-se 
os seus códigos, não a partir de teorias, da filosofia ou da história da 
arte, mas sim no modo sensível, vivencial, tendo-se contínuo contato 
com ela. Sintetizo com um pequeno poema do Oswald de Andrade: 
“aprendi com meu filho de dez anos / que a poesia / é a descoberta 
das coisas que nunca vi".
DUARTE JR., 2012
Compreendemos então que a parcela de contribuição da arte na educação está justamente 
em realizar essa aprendizagem: proporcionando ao estudante uma vivência da criação artística 
"no modo sensível", em contato direto com a arte, como criador e apreciador.
Nesse momento do nosso estudo, você já entendeu que 
experimentar novas situações criativas, diferentes suportes e 
materiais não são apenas variações técnicas divertidas, mas 
situações de aprendizagem em que a experiência estética é 
elaborada com vistas a formação de novos conhecimentos. 
Essa proposição da arte na educação por seu caráter 
cognitivo tem sido constantemente defendida por educadores 
como Ana Mae Barbosa que questiona a abordagem da arte na 
educação apenas como expressão. Para Barbosa:
Aqueles que defendem a arte na escola meramente para libertar a 
emoção devem lembrar que podemos aprender muito pouco sobre 
nossas emoções se não formos capazes de refletir sobre elas. Na 
educação, o subjetivo, a vida interior e a vida emocional devem 
progredir, mas não ao acaso. Se a arte não é tratada como um 
conhecimento, mas somente como um "grito da alma", não estamos 
oferecendo nem educação cognitiva, nem educação emocional. 
 Para pensar
A arte pode ser um meio de organizar formas de "pensar, diferenciar, comparar, 
generalizar, interpretar, conceber possibilidades, construir, formular hipóteses e 
decifrar metáforas" (BARBOSA, entrevista, 2008) proporcionando o desenvolvimento 
cognitivo da criança. 
Fonte: Freeimages.com/Susie J.
11
Experiência estética como experiência de conhecimento
Vamos retomar nosso conceito central?
 Em síntese
Podemos sintetizar experiência estética como a mobilização de nossa percepção 
em algo ou alguém que nos faz submergir, por um curto período de tempo, nessa 
admiração e ao retornarmos à nossa experiência cotidiana adquirimos novos 
conhecimentos sobre esse objeto.
Duarte Junior defende que a experiência estética é uma forma de conhecimento que se 
configurou junto com o desenvolvimento da linguagem. Como humanos construímos sistemas 
de signos para elaborar os significados que atribuímos ao mundo. 
Esses sistemas tornaram-se mais complexos levando à formação da linguagem. Essa 
linguagem, por sua vez, foi a base a partir de onde todos os conhecimentos que nos caracterizam 
se formaram incluindo os chamados sistemas estéticos de significação que funcionam de forma 
muito particular. 
 Para pensar
De que forma então a estética contribui para a formação de novos conhecimentos? 
Por meio dos sistemas estéticos nos tornamos capazes de "perceber elementos 
da nossa dimensão sensível (corporal e emocional) de maneira diversa daquela 
possível com o uso dos sistemas inteligíveis, conceituais." (Entrevista: João 
Francisco Duarte Jr.,2012) 
O chamado "conhecimento inteligível", que advém de formas mais racionais ou lógicas de 
pensamento, não acessa totalmente certos aspectos sensíveis da experiência humana, por 
outro lado, os sistemas estéticos podem apontar significados para essas experiências.
Para ampliarmos essa discussão sobre os aspectos cognitivos da experiência estética, 
abordaremos as ideias de um dos autores mais influentes para a redefinição da experiência 
estética como experiência de conhecimento. Seu nome é John Dewey e seu trabalho mais 
influente no campo do ensino de arte é chamado "Arte como experiência".
Para Dewey, todo processo criativo é uma ação da inteligência que ativa o cérebro tanto 
quanto o pensamento científico. O fator estético é um aspecto fundamental da inteligência no 
acontecimento que o autor define como uma experiência.
 Importante!
Vamos conceituar o que seria essa experiência segundo Dewey? A experiência 
a que ele se refere é aquela que mobiliza totalmente os nossos sentidos, ainda 
que por pouco tempo, mas que durante o período em que está sendo vivenciada 
ficamos absortos em um processo perceptivo pleno, sem nos dispersarmos.
12
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
Nessa experiência, há uma integração entre os estágios vivenciados e não há distrações. 
“É singular e tem seu próprio começo e fim” (DEWEY, 1974, p. 247). Dewey defende que o 
aspecto estético e a experiência intelectual estão indissoluvelmente ligados, pois se o aspecto 
estético não estiver presente a experiência não está completa.
Mas, como a arte participa desse processo? A arte, segundo Dewey (1974,p. 255) é um 
dos mecanismos mais eficientes por meio do qual essa experiência pode se tornar acessível 
em um processo de aprendizagem:
... a ideia de que o artista não pensa tão intensa e penetrantemente 
quanto um pesquisador científico é absurda. Um pintor precisa padecer 
conscientemente o efeito de cada toque do pincel, ou não será capaz 
de discernir aquilo que está fazendo e para onde se encaminha o seu 
trabalho. Ademais, tem de ver cada conexão particular de sofrer e 
agir em sua relação com o todo que deseja produzir.
A experiência estética é uma prática de conhecimento tanto para 
a criança que faz experimentos para descobrir misturas de cores, 
efeitos de materiais sobrediferentes suportes e outras variações 
de aprendizado do repertório de linguagem da arte quanto para o 
adulto que, já conhecedor dos processos de linguagem, se lança nos 
caminhos da arte profissionalmente.
Fonte: Freeimages.com/Kym Parry. Fonte: Wikimedia Commons
A arte como espaço privilegiado para uma experiência, em vista de sua dimensão estética 
e reconstrutiva do real, permite a vivência criativa tanto para o artista que produz quanto para 
o público que aprecia. 
Especificamente, em relação à produção artística, seja ela do artista profissional, seja da 
criança que experimenta a arte em caráter didático, mas criativo, o fazer arte e o percebê-la 
são um processo contínuo, em que um aspecto alimenta o outro.
Em seus escritos, Dewey demonstra como a arte é considerada uma habilidade prática pelo 
senso comum, usando para isso de sua própria conceituação: "Tão marcante é o aspecto 
ativo da arte, ou a aspecto “fazer”, que os dicionários a definem em termos de ação 
destra, habilidade na execução". (Idem, p. 256).
13
Dewey se opõe à ênfase da arte como um fazer. Ele não nega o aspecto técnico da produção 
artística: "Toda a arte faz alguma coisa com algum material físico, o corpo ou alguma 
coisa fora do corpo, com ou sem o uso de instrumentos, e com vistas à produção de 
algo visível, audível ou tangível". (Idem, p. 256). 
Entretanto, demarca que esse fazer nunca pode ser desvinculado da percepção, da 
consciência, da inteligência: “O artista incorpora a si próprio à atitude do que percebe, 
enquanto trabalha” (Idem, p. 257).
Todos os procedimentos adotados pelo artista durante a realização de sua arte organizam-
se por um oscilar da ação à reflexão e de volta à ação, seguida por novo pensar, num 
processo dinâmico, influindo diretamente na constituição de quem é esse sujeito e de como 
ele compreende o mundo à sua volta e à si mesmo.
Sua defesa sobre a necessidade e contribuição da arte na educação está justamente na 
valorização da vivência artística como uma experiência incrivelmente relevante para a formação 
de sujeitos com autonomia de pensamento e capazes de agir e pensar sobre o mundo, sobre 
si mesmos e suas ações.
14
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
Por que fazer da arte o espaço para desenvolvimento da 
educação estética?
Podemos afirmar que a presença da arte na escola visa garantir a realização da formação 
estética do indivíduo, tendo em vista que a estética é apontada por todos os documentos 
norteadores da educação brasileira como um dos três princípios básicos sobre os quais a 
educação deve estar apoiada. (TROJAN, 2004) .
A estética foi eleita para compor o tripé sobre o qual a educação brasileira está legalmente 
amparada – estética, ética e política – entretanto, sua importância fica menos visível que a dos 
outros dois componentes e os caminhos por meio dos quais esse desenvolvimento deve se 
realizar também são menos evidentes.
Ainda que a estética possa ser associada a diversas áreas de conhecimento é na arte que 
a potencialidade de desenvolvimento estético se torna mais ampla. A arte é o veículo por 
excelência da presença da estética na educação, e as ações com arte na escola não podem 
ignorar essa relação.
Para esclarecermos os pontos necessários a essa questão, retomaremos o autor já tratado 
no início dessa unidade, acrescentando mais alguns argumentos aos já propostos. 
João Duarte Jr. defende que a estética deve participar do processo educativo, pois a 
experiência estética tem muito a acrescentar no processo de aprendizagem pela qualidade do 
conhecimento que proporciona. Segundo esse autor:
[...] quando defendo uma educação que seja estética em sua essência, 
em seus fundamentos, penso num auxílio às novas gerações para 
que não apenas percebam esse jogo primordial corpo-mundo no qual 
estamos metidos, mas também as ajude a jogá-lo de maneira mais 
acurada e consciente.
 (Entrevista: João Francisco Duarte Jr.) 
Com essas palavras, ele está advogando que precisamos aprender a "ser e estar no 
mundo" com autonomia, isto é, com capacidade de pensamento analítico e reflexivo que, 
potencialmente, nos habilite a transformar a realidade em que estamos inseridos. 
Duarte Jr. defende que o estado de admiração que vivenciamos durante uma experiência estética 
é a fonte para a formação de novos saberes: "Para se pensar sobre a vida e o mundo é fundamental 
que se os sinta e que nos maravilhemos com eles". (Entrevista: João Francisco Duarte Jr.,2012) 
Acrescenta também que, a partir das condições de vida da sociedade moderna, tornou-se 
ainda mais necessária uma educação que movimente as relações entre o corpo, as vivências e o 
conhecimento: "Num tempo em que o corpo queda passivo frente a telas em que mais do que se 
apresenta, se recria o mundo, parece, pois, premente à educação recolocar esse corpo em contato 
com os assombros da realidade concreta, não virtual". (Entrevista: João Francisco Duarte Jr.,2012) 
Nunca foi tão necessário desenvolver nas crianças e jovens autonomia criativa e capacidade 
de produzir conhecimento e não apenas de consumi-lo e é exatamente nesse ponto que arte 
e experiência estética se encontram.
15
A arte, ao realizar o desenvolvimento estético do indivíduo, cria condições para que a 
autonomia criativa se manifeste, pelo refinamento da percepção, da sensibilidade e da cognição, 
como aspectos que caminham lado a lado na constituição do sujeito.
A estética manifesta-se nas ações culturais e sociais, expressando e representando o mundo, 
mas sua presença é, sem nenhuma dúvida, maciça nas manifestações artísticas. Ao desenvolver 
as capacidades artísticas, organizam-se também o desenvolvimento pessoal, a autoestima e a 
percepção da sociedade como fatores que estão conectados, oportunizando a interpretação 
tanto de relações pessoais como sociais e culturais. (CASTILHO; FERNANDES) .
 Para pensar
Mas, há ainda uma pergunta que não pode deixar de ser feita: De 
que forma o ensino de arte pode, efetivamente, promover o tão 
desejado desenvolvimento estético dos sujeitos? Não há definição 
fácil ou receita que dê conta de responder a essa indagação. A 
resposta mais óbvia é ainda a mais relevante: trazendo arte para 
dentro da sala de aula, nas suas mais diversas formas e nas mais 
variadas manifestações.
Isso significa criar situações de aprendizagem em que a força de organização do conhecimento 
por meio da arte seja valorizada. Em que a arte esteja presente como linguagem e expressão 
tanto individual como social, fazendo interagir uma multiplicidade de manifestações artísticas 
para serem apreciadas, pesquisadas e realizadas.
Segundo Frederico de Morais (2002, p. 205), a arte reinventa o mundo, criando novos 
significados às parcelas de mundo que conhecemos. Se você se interessou em estudar arte é 
possível que esteja familiarizado ao processo de criação, mas você se deu conta de como sua 
atenção é mobilizada durante esse processo?
O fazer arte, como processo de criação estética, coloca em movimento contínuo aspectos 
da memória, da vontade, da consciência, do inconsciente, da intuição, do olhar, da vontade, 
da ação do corpo sobre os materiais e da reação que esses mesmos materiais exercem sobre 
nós e mais tantos outros aspectos que estão presentes durante a criação artística, fazendo da 
arte uma condição humana indispensável à sociedade. Nesse processo:
O educador precisa propiciar à criança um diálogo íntimo e 
profundo com produções culturais, para que ela amplie horizontes 
particulares, quanto maior for o contato com os bens culturais, à 
medida que ela compreende e dialoga com a cultura que a cerca, 
como estão configuradas os elementos construtivos e qual é o 
contexto estético, social e histórico, maior será o desenvolvimento 
e aprendizado da criança.
CASTILHO; FERNANDES) 
E, qual seria o papel do professor nesse processo? O educador é o mediador que propõe os 
objetivos de aprendizagem e, ao mesmo tempo, pensa e organiza os processos por meio dos 
quais esses objetivosserão alcançados e de que forma ele avaliará o processo para pode dizer, 
com segurança, que aprendizagem realmente aconteceu:
16
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
A escola e os professores são os mediadores que devem oferecer 
perspectivas teóricas e práticas, discussões e experiências com 
atividades que promovam o entendimento de formas de expressão, 
das tradicionais e novas técnicas artísticas.
(CASTILHO; FERNANDES) 
 Em síntese
Sintetizando, podemos então finalizar essa primeira unidade afirmando que a arte 
deve estar presente na educação pela qualidade da experiência estética que pode 
proporcionar, pelas possibilidades de conhecimento e reinvenção do mundo que 
ela permite, pelas expectativas de desenvolvimento que ela cria e pela autonomia 
que ela pode permitir aos indivíduos que dela usufruírem.
17
Material Complementar
Vídeos:
Analise também o vídeo – Dewey: A Relevância da Experiência (1/2)
https://www.youtube.com/watch?v=-Tc-vEXvg1I
Apreciando a arte: o gosto é relativo. 
https://www.youtube.com/watch?v=LkooSPKm9zo
Sites:
Entrevista com Dra. Ana Mae Barbosa: “A arte na escola custa caro”
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Entrevista-%96-Ana-Mae-Barbosa/12/10517
A estética da sensibilidade como principio escolar. Da Autora Rose Meri Trojan. 
Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742004000200008&script=sci_arttext
https://www.youtube.com/watch%3Fv%3D-Tc-vEXvg1I
https://www.youtube.com/watch%3Fv%3DLkooSPKm9zo
http://www.scielo.br/scielo.php%3Fpid%3DS0100-15742004000200008%26script%3Dsci_arttext
18
Unidade: Fundamentos Estéticos da Arte na Educação
Referências
ARANHA, Ma. Lúcia. Filosofando – introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009.
DEWEY, John. Arte como experiência. Martins Fontes, São Paulo, 2010. 
DUARTE JR., João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. Campinas, Papirus, 1988. 
IAVELBERG, Rosa & MOURÃO, Luciana. Ensino da Arte. São Paulo, Thomson, 2006.
MARTINS, M. C. F. D.; GUERRA, M. T. T.; PICOSQUE, G. Didática do Ensino de Arte: A 
Língua do Mundo: Poetizar, Fluir e Conhecer Arte. São Paulo: FDT, 1998.
TROJAN, Rose Meri. Estética da sensibilidade como princípio curricular. Cadernos de 
Pesquisa. vol.34 no.122  São Paulo May/Aug. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/cp/v34n122/22512.pdf
Webgrafia
BARBOSA, Ana Mae. Arte, Educação e Cultura. Revista do Itamarati. Disponível em: http://
dc.itamaraty.gov.br/imagens-e-textos/revista7-mat5.pdf
CASTILHO, Ana Lúcia Serrou; FERNANDES, Vera Lúcia Penzo . Questão Estética No 
Ensino de Artes no Ensino Fundamental. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.
br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4%20PDF/QUEST%C3O%20EST%C9TICA%20
NO%20ENSINO%20DE%20ARTES%20NO%20ENSINO.pdf
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. Campinas: 
Papirus, 2008. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=8aMGeB0v0ZcC&p
rintsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
Entrevista: Ana Mae Barbosa por Rosângela Rezende . “Refinar os sentidos e alargar a 
imaginação é o trabalho que a arte faz”. Disponível em: http://indigo-gm.blogspot.com.
br/2008/12/entrevista-querida-ana-mae-pela.html
Entrevista: João Francisco Duarte Júnior. Revista Contrapontos - Eletrônica, Vol. 12 - n. 
3 - p. 362-367 / set-dez 2012. Disponível em: http://siaiweb06.univali.br/seer/index.php/
rc/article/view/4039/2387. 
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4 PDF/QUEST%C3O EST%C9TICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO.pdf
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada7/_GT4 PDF/QUEST%C3O EST%C9TICA NO ENSINO DE ARTES NO ENSINO.pdf
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