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Fichamento - Descasos: uma advogada às voltas com o direito

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FACULDADES INTEGRADAS AGES
Campus de Lagarto
BARBARA BEATRIZ SANTOS SOUZA
DESCASOS: uma advogada às voltas com o direito dos excluídos.
Fichamento apresentado no curso de Bacharelado em Direito, da Faculdade AGES de Lagarto, como um dos pré-requisitos para obtenção da nota parcial da disciplina História do Pensamento Jurídico e Antropologia Jurídica.
Professor (a): Dr. Mayara Silva
Lagarto
2020
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SZAFIR, Alexandra Lebelson. Descasos: uma advogada às voltas com o direito dos excluídos. São Paulo, 2010. 82 p.
1- CITAÇÕES DIRETAS REPRESENTATIVAS
“O sistema penal, do começo ao fim, é o retrato da violência da humanidade.” (p. 7)
“Por isso, mesmo a partir de uma visão egoísta da questão carcerária, é preciso que se compreenda que não haverá avanço significativo na área da segurança pública sem que se modifique o sistema penitenciário e se cuide dos seus egressos.” (p. 9)
“Também é óbvio que no local onde passam a noite não há como tomar banho. Assim, quando o réu é apresentado ao juiz, geralmente encontra-se sujo e faminto demais para ter um raciocínio lógico durante o interrogatório e tem cara de bandido, ainda que seja inocente.” (p. 20)
“Mas de uma coisa não resta dúvida : ele foi preso por ser pobre (afinal quem mandou morar na favela?) e ficou preso por tanto tempo também por ser pobre e não ter advogado particular que fosse falar com ele na cadeia e esclarecesse os fatos ao juiz.” (p. 26)
Por fim, apenas para constar: embora seja irrelevante, o réu é inocente e demorou dez anos para ser julgado porque os libelos que se seguiram continuaram contento erros e, por isso, sendo anulados, e Ministério Público não conseguia decidir exatamente qual era a acusação contra ele, terminando por requerer sua absolvição, que foi decretada pelos jurados em votação unânime. (p. 26)
“É impressionante o número de pessoas que ficam presas por muito mais tempo do que deveriam apenas porque são pobres e não podem contratar um advogado.” (p. 35)
“Adicione uma pitada de Luís XIV (“o estado sou eu”) e tem-se aí o augusto magistrado para quem bandido é bandido, pouco importando as causas e as circunstâncias do crime.” (p.39)
“Há juízes que acabam confundindo a autoridade que o cargo lhes confere com uma suposta superioridade sobre os demais mortais.” (p. 39)
“Tenho três princípios rígidos: o primeiro é jamais deixar de defender alguém apenas porque não pode pagar honorários, o segundo é, salvo em casos excepcionais, jamais defender alguém de graça pela segunda vez.” (p. 53)
Todos os demais processos, embora tratassem de crimes com datas, locais e vítimas diferentes, sem qualquer conexão entre si, tinham uma coisa em comum: as confissões, todas produzidas numa mesma semana em que Luciano estava sob a custódia do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). (p. 54)
“Quem pensa que a tortura acabou no Brasil após o fim da ditadura militar está redondamente enganado. Eu mesma já a presenciei uma cena de tortura ao entrar sem bater numa sala de investigação numa delegacia. É degradante.” (p. 63)
2- TEXTO CRÍTICO
O livro de Alexandra Lebelson Szafir, uma advogada, conta em pequenas partes não apenas os problemas da justiça brasileira, mas também uma reflexão sobre a ação das pessoas envolvidas nesse meio. O livro chama-se “Descasos: uma advogada às voltas com o direito dos excluídos”, onde ela demonstra preocupação com as pessoas à margem da sociedade, aquelas que acabam afastados de seus direitos.
A obra começa apresentando uma reflexão sobre o sistema penitenciário brasileiro, trazendo um olhar especial para os seus problemas, superlotação, problemas higiênicos, reincidência criminal, mostrando como isso não afeta apenas a vida dos presidiários, mas das pessoas envolvidas em seu entorno. Os problemas são tão sérios que a autora chega a comparar a cadeia com o inferno, que é considerado o pior lugar do mundo para os religiosos. Para ela todos esse problemas conseguiriam ser resolvidos com uma reforma no sistema penitenciário, o que faria o preso passar por um reeducação, diminuindo sua reincidência, acabando com a superlotação e reduzindo os problemas higiênicos. A advogada ainda expõe falhas no sistema de Segurança Pública quando exibe a tortura como resquícios da ditadura militar sofrida no país. 
Contudo, não existem problemas apenas na esfera carcerária, mas também no judiciário brasileiro, onde juizes usam a ideia do livre convencimento motivado de forma equivocada, e acabam estabelecendo uma doutrina da soberania do magistrado, onde o juiz usa de sua interpretação pessoal para decidir um caso e não se preocupam de fundamentar sua decisão. Muitas quando os juizes acabam tomando decisões por motivos pessoais, essas deliberações carregam seus preconceitos, isso é exemplificado quando a autora diz que em um julgamento um réu solto tem mais vantagem que o réu preso, porque o solto pode tomar banho, ir todo arrumado, e o preso não, geralmente quando encontram-se com os juizes estão sujos e famintos, mesmo que não sejam bandidos são julgados como se fossem simplesmente pela aparência.
A falta de eficiência no âmbito jurídico podem acarretar gravissimos problemas. A obra exemplifica o caso de um homem que ficou preso um ano e oito meses por conta de um erro de uma procuradora de justiça que não conseguiu achar seu endereço, ele morava em uma favela. Comprovando assim que ele foi prejudicado duas vezes por ser pobre, a primeira foi a prisão porque não localizaram seu endereço e a segunda quando não tinha dinheiro para pagar advogado, ficando em reclusão por mais de um ano. 
O livro é de extrema importância para estudantes do curso de Direito, funciona como um “tapa na cara”, porque revela uma face não tão glamurosa no ordenamento jurídico. Ele mostra como o sistema é falho e excludente. Leva o comportamento do profissional de Direito a uma reflexão, de modo a carregar um comportamento inclusivo, quebre uma corrente e que faça diferença em seu oficio. 
Mostrando também a importância da disciplina de Antropologia Jurídica, que caracteriza-se com o questionamento de como cada sociedade constrói suas regras para a manutenção da ordem social. Mostrando que o Direito só acontece a partir de estudos e como todos são incluídos na sociedade.
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