Prévia do material em texto
DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA [01212] NOTAS DE AULA FEROMÔNIOS 1. Introdução a. O que é comunicação? “A transmissão de um sinal de um animal para outro” (Slater 1983). b. Necessário: Animal emissor e animal receptor. c. Formas de comunicação: visual, sonora, química, tátil. d. Comunicação química: “É a forma mais antiga, compartilhada por todos os organismos incluindo as bactérias, então os animais são pré-adaptados para detectar sinais químicos no ambiente” (Wilson 1970). e. Terminologia: i. Semioquímicos: sinais químicos que conferem informações, envolvidas em processos vitais ex.:alimentação, acasalamento, oviposição, escape, etc. ii. Infoquímicos: Substância química que fornece informações em uma interação entre dois indivíduos, provocando no receptor uma resposta fisiológica ou comportamental. Dois grupos: Feromônios e Aleloquímicos. iii. Aleloquímicos: Substância não nutricional produzida por um indivíduo de uma spp. que afeta o crescimento, saúde, comportamento, ou biologia populacional de outro indivíduo de espécie diferente. Tipos: Alomônios, Cairomônios, Sinomônios. iv. Feromônios: Substâncias (voláteis) mensageiras secretadas por um indivíduo para o exterior do corpo e detectada por outro da mesma espécie, provocando uma reação comportamental específica ou um processo específico de desenvolvimento ou fisiológico. v. Proferomônios e Paraferomônios 2. Feromônios a. Efeitos: Preparador vs. Desencadeador b. Tipos de feromônios com efeito desencadeador: Trilha, Agregação, Sexual, Marcação, Alarme. c. Exemplos de cada tipo d. Feromônio sexual produção e. Funcionalidade contexto ecológico 3. Químio-recepção a. Órgãos sensoriais: antenas, tarsos, ovipositor, palpos. i. Modificações no tegumento quitinoso ii. Superficial ao abaixo da cutícula iii. Ligação com o SN periférico b. Unidade básica: sensilas, vários tipos espalhadas pelo corpo. c. Sensilas gustativas vs. olfativas d. Percepção do olfato e. Processamento da informação f. Resposta Comportamental 4. Feromônios: Vantagens evolutivas i. Especificidade ii. Eficiente em qualquer horário do dia ou da noite iii. Reduzir o ataque de inimigos naturais (predadores) iv. Baixo custo energético v. Transposição de barreiras 5. Histórico a. Adolf F.J. Butenandt - elucidou o feromônio sexual de Bombyx mori (bombicol). b. Necessidade de grande quantidade de glândulas para identificação. c. Avanços da cromatografia, espectrometria e eletroantenografia permitiram a elucidação de feromônios com apenas um inseto. d. Mundialmente existem mais de 40 feromônios disponíveis no mercado. e. No Brasil: i. O primeiro a ser comercializado foi o Bio Serrico/Lasioderma serricorne ii. Hoje existem vários feromônios disponíveis no mercado através da BioControle, ISCA tecnologias, Interacta Química, dentre outras. 6. Produção de Feromônios de Insetos a. Glândulas espalhadas pelo tegumento b. Glândulas isoladas ou agrupadas (Tipos: I, II, III) i. Tipo I – Várias ordens de insetos, formam grupos, contato com cutícula, sem duto. ii. Tipo II – não estão em direto contato com a cutícula, secreções passam por entre células do TI, podem formar reservatórios extracelulares. Exclusivo de insetos que usam hidrocarbonetos como ferom. Sexual (tegumento, corpo gorduroso e traquéia). iii. Tipo III – células individuais ou grupos, dutos e poros na superfície do tegumento. c. Síntese i. de novo na fase adulta ii. Controle hormonal 7. Fatores que atuam na liberação (“chamamento”) e na resposta a feromônios i. Endógenos (estado fisiológico) ii. Idade iii. Maturação sexual iv. Status de acasalamento v. Número de cópulas b. Exógenos (ambiente) i. Presença de feromônios de coespecíficos ii. Estímulo da planta hospedeira iii. Fotoperíodo (dia ou noite) iv. Intensidade luminosa v. Temperatura e UR vi. Velocidade do vento vii. Pressão atmosférica 8. Composição química de feromônios a. Variação: espécie, função, modo de ação b. Compostos químicos i. Único / Alta complexidade: especificidade ii. Misturas / Maioria das espécies iii. Isomerismo geométrico e óptico / Enantiômeros c. Estrutura i. Lepidoptera – feromônio sexual – Hidrocarbonetos [alifáticos de cadeia longa (alcoóis, aldeídos e acetatos) e aromáticos (raros)] ii. Outras espécies (heterogeneidade) 9. Controle Comportamental com Feromônios a. Monitoramento de pragas b. Controle i. Coleta Massal ii. Confusão/Confundimento Sexual ou Interrupção do Acasalamento iii. Atrai e Mata 10. Monitoramento de pragas com feromônio a. Feromônios sexuais/agregação b. Especificidade c. Quantidade diminuta de feromônio d. Detecção e estimativa populacional da praga e. Levantamento de áreas infestadas f. Inspeção e prevenção quarentenária (Aeroportos, portos, divisas, rodovias) g. Definição do local e época adequada para o controle h. Ex1. Monitoramento da chegada do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) na lavoura com o Grandlure em armadilhas amarelo-limão nas bordaduras do talhão. i. Ex2. Monitoramento do bicho-furão-dos-citros (Ecdytolopha aurantiana) com 1 armadilha/10ha de citros (3000-3500 plantas), sendo uma armadilha do tipo delta a cada 350 com a pastilha do feromônio sexual. 11. Coleta Massal a. Captura apenas de fêmeas virgens: redução drástica da próxima geração b. Captura apenas de machos: necessário capturar 90% ou mais para reduzir o acasalamento e próxima geração da praga c. Fatores Determinantes de sucesso i. Sexo capturado ii. Eficiência de recrutamento e captura das armadilhas iii. Padrão de emergência entre os sexos iv. Padrão de liberação de feromônios pelas fêmeas v. Padrão de reposta pelos machos vi. Frequência de acasalamentos vii. Raio de ação e taxa de liberação do feromônio d. Ex1. Uso do feromônio de agregação Rincoforol associado a atrativo alimentar em armadilhas para captura da broca-do-olho-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum), sendo 1 armadilha/2ha. e. Ex2.Feromônio sexual da traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) associado a armadilhas tipo bandeja branca com água, sendo 1 armadilha a cada 500m2. 12. Confundimento/Confusão Sexual ou Interrupção do Acasalamento a. Tem o intuito de interferir ou bloquear a transmissão de sinais químicos entre parceiros sexuais. b. Mecanismos: i. Adaptação sensorial ii. Desvio da pluma iii. Camuflagem da pluma das fêmeas iv. Competição entre fêmeas receptivas e o feromônio sintético c. Ex1. Uso do feromônio sexual sintético (Biolita) para confusão sexual de Grapholita molesta, sendo 20 liberadores tipo saches /ha, nas culturas de maçã e pêssego. d. Ex2. Disposição de 250-500 liberadores de Gossyplure por hectare de algodoeiro, no início do florescimento para controle da lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella). 13. Atrai e Mata a. Uso do feromônio sexual associado a um inseticida. O feromônio serve de atrativo e o inseticida mata o adulto, sem necessidade de armadilhas. b. Ex1. SPLAT®CIDA GRAFO + BONA, é uma pasta contendo o feromônio sexual de duas pragas, Grapholita molesta e Bonagota salubricola, e um inseticida para utilização em pomares de macã. 14. Potencial de Uso a. Atração de inimigos naturais para áreas infestadas b. Feromônio sexual do percevejo predador Podisus maculiventris é o primeiro a ser comercializado nos EUA. 15. Vantagens e Desvantagens do Uso de Feromônios a. Vantagens i. Específicos ii. São efetivos em quantidades ínfimas iii. Não contaminam o ambiente b. Desvantagens i. Específicos ii. Maioria das vezes trabalhosos iii. Sempre uma nova tecnologia 16. Dificuldades para obtenção a. Produção em pequenas quantidades pelos insetos b. Produção junto com outros compostos inativos,mas quimicamente semelhantes c. Substâncias voláteis e/ou instáveis e de difícil manipulação (ex. D. saccharalis) d. Exigência de conhecimento aprofundado e técnicas analíticas sofisticadas e. Estudos de eficiência de campo f. Viabilidade de produção em larga escala e comercialização g. Registro do produto 17. Referências Bibliográficas a. Vilela, E.F.; Della Lucia, T.M.C. 2001. Feromônios de insetos: Biologia, química e emprego no manejo de pragas. Holos Editora, Ribeirão Preto. 2º. Ed. 206p. b. Bento, J.M.S. 2007. Feromônios. Workshop tecnológico sobre “pragas da cana-de-açúcar”. Piracicaba, SP, 16p. c. Blomquist, G.J. & Vogt, R.G. 2003. Insect pheromone biochemistry and molecular biology. Elsevier Academic Press, 745p. d. Nordlund, D.A., Jones, R.L. & Lewis, W.J. 1981. Semiochemicals: Their role in pest control. John Wiley & Sons, 306p. e. Howse, P., Stevens, I. & Jones, O. 1998. Insect pheromones and their use in pest management. Chapman & Hall, London, 369p