Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NOTAS DE AULA Aula: Resistência Natural e Induzida de Plantas aos Artrópodes de Importância Agrícola Atenção: Este material tem o intuito de auxiliar o aluno no acompanhamento da aula. No entanto, existem outras informações que serão apresentadas em aula que não se encontram descritas nesta nota. Ao final dessa aula o aluno deve ser capaz de: A. Definir resistência de plantas. B. Diferenciar as principais categorias de resistências de plantas a pragas agrícolas. C. Conhecer as causas da resistência. D. Distinguir entre resistência direta e indireta, constitutiva e induzida. 1. Introdução e conceitos 1.1 Resistência: Qualidade genética hereditária que resulta numa planta ser menos danificada em comparação a outra (susceptível) que é sujeita as mesmas condições, mas não tem as mesmas qualidades. 1.2 Mecanismos vs. Categorias Mecanismo: processos químicos ou morfológicos que são responsáveis pela reação negativa de artrópodes às plantas resistentes. Categoria: descreve o resultado da interação artrópode-planta. 2. Categorias de resistência de plantas 2.1 Antibiose » Propriedades da planta que causam efeito adverso no herbívoro ( mortalidade, período de desenvolvimento; fecundidade, fertilidade, tamanho, peso e longevidade). » Fatores: Substâncias químicas e propriedades nutricionais. 2.2 Antixenose ou Não preferência » Propriedades da planta que causam respostas negativas parciais ou totais do herbívoro durante o processo de seleção do hospedeiro. » Quando um cultivar é menos utilizado pelo inseto para alimentação, oviposição ou abrigo. » Efeito adverso no comportamento do inseto. » Fatores morfológicos, físicos ou químicos. 2.3 Tolerância » Capacidade da planta de suportar crescimento e reprodução de herbívoros ou reparar injúrias causadas por eles em comparação a plantas susceptíveis com mesma infestação. » Não afeta o comportamento ou a biologia do inseto. 3. Causas da resistência de plantas Físicas - cor Morfológicas – dimensão e disposição de estruturas, pilosidade, cera, espessura, dureza Químicas - aleloquímicos 3.1 Classificação de defesas de plantas Defesa constitutiva Defesa induzida Direta A presença é independente da herbivoria – afeta negativamente o herbívoro Induzida pela herbivoria – afeta negativamente os herbívoros Indireta A presença é independente da herbivoria – afeta positivamente o desempenho dos inimigos naturais dos herbívoros Induzida pela herbivoria – afeta positivamente o desempenho dos inimigos naturais dos herbívoros 3.2 Exemplos – Constitutiva direta: serosidade na superfície de folhas; dureza foliar, dificultando a fixação e alimentação de herbívoros nas plantas. – Constitutiva indireta: nectários extraflorais, domácias, espinhos ocos (abrigo para inimigos naturais). – Induzida direta: aleloquímicos (alcalóidess, terpenóides, fenóis, tatinos etc.) constitutivos de plantas capazes de afetar negativamente os herbívoros e que aumentam de concentração após herbivoria. Liberação de resina por árvores após ataque de besouros podem também ter efeito negativo sobre os herbívoros com exclusão física dos mesmos (gumose). – Induzida indireta: voláteis de plantas que atraem inimigos naturais de herbívoros, como em plantas de feijão (Phaseolus lunatus) atacadas por Tetranychus urticae atraindo o ácaro predador Phytoseiulus persimilis. 3.3 Aleloquímicos de Plantas » Classes – Compostos nitrogenados (Alcalóides) – Terpenos –Poliacetatos » Terpenóides Deterrentes na alimentação, efeito negativo no crescimento e desenvolvimento do inseto (antibiose e antixenose). o Sesquiterpeno gossipol em Malvaceae o Triterpeno azadirachtina em Nim » Alcalóides Agem como deterrente na alimentação ou tóxico para maioria dos insetos (antibiose e antixenose). o Cocaína: Planta de coca Erythroxylon coca o Nicotina: fumo – Nicotiana tabacum » Variações Tempo Espaço Espécie de planta Idade da planta Espécie de herbívoro Fotoperíodo » Substâncias indutoras Liberação sistêmica Volicitina: em secreção oral de lagartas (Spodoptera exigua) » Produção por fungos endofíticos de gramíneas Alcalóides Fungos: Acremonium lolii e Balansia cyperi 3.4 Plantas Transgênicas » Tipos e principais culturas » Plantas (Bt) Bacillus thuringiensis Toxinas Modo de ação de plantas Bt Milho – Diatraea, Mocis, Spodoptera, Ostrinia nubilalis Algodão – Heliothis, Alabama, Pectinophora, Helicoverpa, como alvos principais, e Chrysodeixis, Trichoplusia e Spodoptera como alvo secundários; Soja: Anticarsia gemmatalis, Epinotia » Inibidores de proteases CpTi (caupi) – Batata doce – Euscepes postfaciatus » Inibidores de alfa-amilase A1-Pv (feijão) – Ervilha – Callosobruchus maculatus e C. chinensis » Lectinas P-Lec (ervilha) - Fumo – Heliothis virescens » CTNBio: Comissão Técnica Nacional de Biossegurança 3.5 Resistência associativa » Policultivo ou consórcio de plantas Plantas suscetíveis com plantas resistentes e se beneficiam da proteção. Reduz o desenvolvimento de populações de pragas Pode prevenir o desenvolvimento de biótipos que desenvolvem virulência aos genes de resistência. 3.5 Pseudo-resistência » Pode ocorre em plantas suscetíveis devido a alguns fatores: Desenvolvimento fenológico antecipado (assincronia fenológica). Escape Variações temporárias: temperatura, comprimento do dia, fertilidade do solo, conteúdo de água da planta e do solo, metabolismo interno. 4. Vantagens do uso da resistência de plantas no manejo de pragas – Facilidade de uso – Sem custo adicional – Harmonia com o ambiente – Não necessário que a cultivar apresente alta resistência – Não interferência nas demais práticas culturais – Em geral, compatível com outros métodos de controle 5. Desvantagens do uso da resistência – Longo tempo para obtenção – Dificuldade de associar características de resistência e agronômicas desejáveis – Limitação genética da planta – Ocorrência de biótipos – Características de resistência podem ser conflitantes 6. Compatibilidade com o controle biológico » Cautela na escolha da variedade » Pode ocorre incompatibilidade devido a alguns fatores: – Estruturas morfológicas (ex.: pilosidade) – Sequestro de aleloquímicos por herbívoros especialistas 7. Considerações Finais 8. Bibliografia sugerida Gallo, D., Silveira Neto, S., Carvalho, R.P.L., Baptista, G.C., et al. 2002. Entomologia Agrícola. FEALQ, Piracicaba, 920p. Crocomo, W.B. 1990. Manejo Integrado de pragas. UNESP, Botucatu, 358p. Gullan, P.J. & Cranston, P.S. 2007. Os Insetos: um resumo de entomologia, 3 ed. [Tradução de Sônia Maria Marques Hoenen]. São Paulo: Roca, 440p.
Compartilhar