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Atividades Psicopedagógicas para Crianças com Autismo Introdução O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento, com etiologias múltiplas, suas características são muito abrangentes, afetando os indivíduos em diferentes graus nas áreas de interação social, comunicação e comportamento. Utiliza-se o termo “espectro” tendo em vista as particularidades referentes às respostas inconsistentes aos estímulos e ao perfil heterogêneo de habilidades e prejuízos (LEMOS, SALOMÃO & AGRIPINO-RAMOS, 2014), sendo seus principais sintomas a dificuldade ou ausência de comunicação e interação social e padrões restritos e estereotipados de comportamento. Com o maior número de diagnóstico e o maior conhecimento pelos estudos realizados recentemente, se faz necessidade a inclusão por meio escolar. A resistência das escolas em receber alunos inclusos ainda se dá devido à falta de experiência que os professores enfrentam. E para que as crianças tenham um atendimento de acordo com as suas necessidades, precisam ter profissionais qualificados, capacitados para atender cada aluno dentro de sua necessidade, onde se encontra até mesmo a falta de materiais acessíveis para o profissional da área (SILVA & ARRUDA, 2014). Em um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná pode-se compreender que muitos professores afirmam que não foi a sua educação formal como professores que mais influenciou as mudanças mais importantes na sua carreira, e sim a prática reflexiva, o trabalho cooperativo, a inclusão num projeto da Escola ou da comunidade, são exemplos citados como experiências que desempenham um papel decisivo nas competências e atitudes face à profissão. Pode-se notar também a dificuldade de usar o conhecimento de educação especial em contextos inclusivos, por exemplo, quando se equaciona uma colaboração entre as escolas regulares e as escolas “especiais”. Os professores das escolas regulares tendem a sobrestimar a participação dos colegas “especializados” e dos técnicos dessas escolas especiais (psicólogos, terapeutas etc.). O argumento é que “estes técnicos sabem muito sobre as deficiências”. Concluindo que precisamos, sem dúvida, de criar ambientes de efetiva cooperação porque, tanto os professores das escolas regulares como os professores e técnicos das escolas especiais têm conhecimentos incompletos, mas complementares. (RODRIGUES & RODRIGUES, 2011). O significado da palavra incluir, não está ligado apenas a inserir pessoas diferentes na sociedade e sim fazer um trabalho diferenciado com essas pessoas, um trabalho que possibilite a autonomia, porque o professor deve estar em constante aprendizagem, buscando informações e estar sempre disposto a ouvir o aluno para um melhor desempenho do seu trabalho. Ao desenvolver seu planejamento, o professor tem que pensar no que ele está preparando e para quem ele está preparando, para que depois não venha a se frustrar, então terá que repensar sobre o seu planejamento e aplicar um olhar diferente sobre o seu trabalho (SILVA & ARRUDA, 2014). O trabalho em educação inclusiva tem sido visto como desafio, diante do pouco conhecimento sobre métodos de estimulação em meio às necessidades educativas apresentadas e à falta de recursos aos professores e alunos, sendo verificada uma lacuna entre as crenças, atitudes e práticas pedagógicas (SILVEIRA, ENUMO & ROSA, 2012). A inclusão é um processo que exige a construção de um novo paradigma educacional, e tal fato provoca uma grande tensão ao propor aos docentes e escolas o trabalho com os planos individualizados no que se refere à avaliação (DE CARVALHO MARCARO, 2018). Sobre a autora Psicóloga e Psicopedagoga infantil, com ênfase em Análise do Comportamento, formanda pela Universidade São Judas Tadeu, cursando especialização em Neuropsicologia pelo Hospital das Clínicas – FMUSP. Começou sua trajetória ainda na graduação de psicologia atendendo crianças com autismo como estagiária pela AMA – Associação de Amigos do Autista, após cursos de aprimoramento passou a atender como Acompanhante Terapêutico (AT) realizando as intervenções em ambiente escolar e domiciliar com prática supervisionada em ABA (Análise do Comportamento Aplicada). Com a finalização da graduação, iniciou seus estudos em psicopedagogia e já realizava atendimentos em consultório atendendo crianças e adolescentes com diversas demandas. Atualmente cursa especialização em neuropsicologia pelo HC – FMUSP, atende crianças e adolescentes em seu consultório com uma equipe multidiscipinar, focada na reabilitação cognitiva de estimulação cerebral de crianças com Autismo, atrasos nos marcadores de desenvolvimento, déficit de atenção, dificuldades de aprendizagem, deficiências intectuais, ansiedade infantil e supervisiona ATs utilizando as diretrizes da ABA. Intervenções psicopedagógicas A psicopedagogia acima de tudo é um modelo sistêmico que tem como alvo estudantes com dificuldades de aprendizado. Para ajudar um estudante com dificuldades de adaptação, às atividades de intervenção psicopedagógica são orientadas para trabalhar as capacidades cognitivas, emocionais, sociais e morais. Metodologias aplicadas A metodologia baseia-se numa perspectiva global sobre o desenvolvimento infantil, avaliando todos os aspectos e dimensões que influenciam o seu treinamento: maturidade, aspectos funcionais, instrumentais, emocionais, familiares e sociais. Os profissionais estabelecem um contato permanente com a equipe de ensino para estabelecer um rastreamento detalhado do progresso pessoal e estudantil dos alunos. É muito importante que se construa um entendimento conjunto entre alunos e professores sobre suas dificuldades e que seja feita realizada uma avaliação psicopedagógica por um profissional qualificado. . Primeiros passos Antes de iniciar uma atividade com uma criança com autismo necessitamos verificar o grau de ajuda que essa criança irá precisar, para isso é essencial uma linha de base, que é se refere ao comportamento habitual de uma pessoa sem fatores externos que possam intervir. Nesse primeiro momento você deverá selecionar atividades do dia-a-dia que a criança faz e pedir para que a faça sozinha, em seguida observe quais passos dessas tarefas ela está com dificuldade. Se a criança não consegue fazer a atividade inteira sozinha, você precisará ajudá-lá desde o início, se é em alguns passos, a ajuda deverá ser mais leve, se é apenas em um passo, deverá focar em ensiná-la apenas nesse passo. De modo geral, os programas de ensino comportamentais foram subdivididos em passos que se referiam ao tipo de ajuda que devia ser fornecida para que a resposta desejada fosse emitida. Esse parâmetro foi obtido a partir da observação do comportamento da respectiva criança de cada cuidador através da linha de base. Dependendo da criança, poder-se-ia iniciar o ensino fornecendo ajuda física total (AFT), posteriormente ajuda física parcial (AFP) até que respostas independentes (RI) fossem emitidas pela criança. Respostas independentes são aquelas emitidas sem qualquer tipo de ajuda. A retirada das dicas se dá por meio dos números de acertos e de forma gradual, o indicado é a repetição de 10 acertos ou 18 acertos para critério de mudança de dica. Estruturando o ambiente e o material Para a realização das atividades, o ambiente deverá estar limpo e organizado de distratores. Na mesa deve conter apenas a atividade ofertada. O material deve ser estruturado da forma que a criança entenda o lugar de armazenamento e depósito dos itens para serem realizados. Métodos de alfabetização TEACCH O Programa TEACCHé um modelo de atendimento psicoeducacional baseado em evidências, criado nos anos 70 na Universidade da Carolina do Norte/USA a partir das considerações de que o ambiente organizado e o ensino com estrutura favoreciam o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças com autismo levando a um maior controle comportamental do que os oferecidos pelas abordagem mais livres. EXEMPLOS DE ATIVIDADES: MONTESSORI O Método Montessori é o resultado de pesquisas científicas e empíricas desenvolvidos pela médica e pedagoga Maria Montessori. É caracterizado por uma ênfase na autonomia, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança. Os materiais são constituídos por peças sólidas de diversos tamanhos, formas e espessuras diferentes; coleções de superfícies de diferentes texturas e diferentes sons. Tudo visando o prazer absoluto do aluno e atendendo as capacidades e necessidades da criança. EXEMPLOS DE ATIVIDADES: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Montessori MÉTODO DAS BOQUINHAS O Método das Boquinhas é um método fonovisuoarticulatório, e em sua proposta utiliza-se além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra), as articulatórias (articulema/Boquinhas). Seu desenvolvimento foi alicerçado na Fonoaudiologia, em parceria com a Pedagogia, que o sustenta, sendo indicado para alfabetizar quaisquer crianças e mediar/reabilitar as dificuldades da leitura e escrita. EXEMPLOS DE ATIVIDADES: Importância da Prática Supervisionada Através da Supervisão, o profissional adquire o apoio e os suportes necessários para desenvolver o tratamento com seus pacientes, principalmente com os casos mais complexos que nos deparamos em nosso consultório. Por essa razão, é muito importante que o Terapeuta esteja sempre em processo de Análise, Grupo de Estudos e Supervisão. É fundamental a compreensão de si mesmo para que assim, possamos compreender o outro. Referências DA SILVA, Ana Paula Mesquita; ARRUDA, Aparecida Luvizotto Medina Martins. O papel do professor diante da inclusão escolar. 2014. LEMOS, E. L. M. D.; SALOMÃO, Nádia Maria Ribeiro; AGRIPINO-RAMOS, Cibele Shírley. Inclusão de crianças autistas: um estudo sobre interações sociais no contexto escolar. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, n. 1, p. 117- 130, 2014 RODRIGUES, David; LIMA-RODRIGUES, Luzia. Formação de professores e inclusão: como se reformam os reformadores?. Educar em Revista, n. 41, p. 41- 60, 2011. SILVEIRA, Flávia Furtado; NEVES, M. M. B. J. Inclusão escolar de crianças com deficiência múltipla: concepções de pais e professores. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 22, n. 1, p. 79-88, 2006.
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