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Urbanismo II Prof.ª Danielle Ferraz Garcia Desenhar um projeto urbano exige do arquiteto uma análise da cidade para compreender suas necessidades tanto como forma de melhorias para os espaços frágeis como para precaver seu crescimento. A forma de se realizar a leitura urbana é pelo mapeamento da área para apresentar os diagnósticos. A análise urbana tem como objetivo primordial contribuir para a compreensão da cidade atual. Assim, procura construir um conhecimento sobre o espaço urbano a partir da multiplicidade de enfoque e observações, que mescla as investigações sobre os aspectos históricos, geográficos, arquitetônicos, construtivos e o modo de vida das pessoas, os relacionando ao desenho urbano e sua atuação em representar o fenômeno urbano (PANERAI, 2006). Para Duarte (2012), o diagnóstico é uma das etapas do planejamento urbano e pode ser compreendido como uma análise da uma determinada situação a fim de estabelecer um cenário da realidade existente. Ele é composto por um inventário da região estudada, ou seja, a coleta de dados sobre a área tendo como foco o tema sobre o qual se está tratando, seguido da análise desses dados para identificar as condicionantes, as potencialidades e as deficiências da área visando orientar as propostas. O diagnóstico urbanístico tem o objetivo de caracterizar uma região, cidade ou porção do território, em que se pretende atuar, logo, deve considerar aspectos demográficos, físico-territoriais, legais, sociais e econômicos. Rossetto (2003) aponta que as variáveis sociais, econômicas, físico- espaciais e ambientais fazem parte do conjunto de relações e demandas que produzem a cidade, e que por isso precisam ser devidamente consideradas nos processos de planejamento e gestão urbana. Assim, no sistema de planejamento e gestão estratégico proposto pela autora, a análise e o diagnóstico da cidade fazem parte da etapa inicial do processo e abrangem uma breve avaliação do histórico de urbanização, a caracterização da condição atual do entorno e da cidade por meio da análise FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças) e pela formulação do diagnóstico que serve como base para as proposições. Segundo Lima (2006), a análise urbanística pode ser entendida como uma parte do processo de projeto urbano, uma ferramenta que auxilia no ordenamento e na transformação de uma área. Tem como principal objetivo lidar de modo prático com as problemáticas encontradas, de modo a conectar um conceito e uma finalidade. Logo, o papel do arquiteto urbanista no processo de diagnóstico urbanístico é identificar os padrões e as relações espaciais no tecido urbano, a fim de embasar as intervenções e avaliar as problemáticas buscando solucioná-las. A análise urbanística é composta por um conjunto de estudos temáticos dos padrões morfológicos, onde cada tema representa um fator que caracteriza o espaço e contribui com informações para a síntese de cada dimensão urbanístico-ambiental que está sendo estudada. Os resultados das pesquisas e avaliações de cada uma dessas temáticas podem ser apresentados na forma de mapeamentos e textos de apoio. O processo de diagnóstico urbano deve possibilitar a transição entre uma situação atual e sua perspectiva de alteração em decorrência do projeto urbanístico. Para isso, vale-se das diretrizes de intervenção, estabelecidas a partir das sínteses e da identificação de problemas e potencialidades (LIMA 2006; LIMA; SOMEKH, 2013). Como já vimos, o processo de leitura urbana e o levantamento de dados para caracterização do espaço urbano compreendem um direcionamento analítico ao propor a delimitação de um corpo de pesquisa. Portanto, a partir das propostas de métodos de leitura e análise urbana de Del Rio (1990), Ferrara (1993), Lamas (2004), Panerai (2006), Carlos (2007) e Barros e Bentley (2012), o ‘Roteiro para leitura do território’ proposto na seção delimita como dimensões de análise: a legislação urbanística, a demografia, a morfologia urbana e as problemáticas e potencialidades. Esse conjunto de dados podem ser analisados utilizando espacialmente como recurso a elaboração de mapeamentos. Como aponta Nunes (2016), a análise do objeto de estudo do espaço urbano deve ser realizada por meio da representação gráfica, uma vez que as normas urbanísticas, a cartografia e a espacialização das relações sociais se entrelaçam na produção do espaço e da paisagem a ser analisada. Similarmente, Masala e Pensa (2016, p. 35) afirmam que “a representação visual do espaço é, não só uma ferramenta essencial para se descrever a forma de um território, mas também um método para definir, gerenciar e planejar o desenvolvimento das próprias pessoas”. Assim, a elaboração de mapeamentos pode ser utilizada como uma síntese das análises realizadas ao cruzar os dados base obtidos da leitura urbana de modo a obter um novo agrupamento de informações, em vez de apenas representá-las. Por exemplo, ao relacionar a população residente com a distribuição do sistema de espaços livres públicos e a localização dos equipamentos comunitários (saúde, educação, cultura, esportes e assistência social), é possível estabelecer a cobertura e a facilidade de acesso a esses serviços, conforme exemplificado na Figura a seguir: Outro método de síntese da leitura urbana é a definição de unidades de paisagem, entendidas como um recorte territorial que apresenta homogeneidade de configuração, determinada pela similaridade de características morfológicas, sobretudo na relação sistêmica de transformação do espaço físico pela ação antrópica. Considerando a utilização desse método no espaço urbano, é necessária uma adaptação à escala de abordagem a fim de identificar as especificidades que permitem a identificação de padrões da forma urbana. Desse modo, os elementos analisados compreendem o suporte físico, considerando a topografia, o sistema hídrico e a vegetação, o traçado viário, a forma de parcelamento, o sistema de espaços livres e os tipos de uso e ocupação (SILVA, 2012). A definição da abrangência das unidades de paisagem exige o conhecimento da organização e o funcionamento da área estudada, por isso se baseia em análises e mapeamentos prévios que visam o entendimento da forma urbana. Logo, a delimitação dessas regiões homogêneas irá considerar diferentes aspectos de acordo com o contexto social, geográfico, político e econômico em que se insere. Após essa identificação, a análise das unidades de paisagem segue para uma pesquisa mais detalhada buscando descrever os padrões encontrados (AMORIM; COCOZZA, 2016; SILVA, 2012). Pesquisa em Sala: Realizar pesquisa sobre Projetos Urbanísticos apresentados em concursos e TFG’s Dica de Sites: - ISSUU - Concurso de Projetos - Repositório Lume UFRGS - Repositórios de Outras Universidades (TFG Arquitetura)