Buscar

História dos Pensamentos Filosóficos

Prévia do material em texto

MODULO 1. O QUE É E POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA?
Afinal o que vem a ser filosofia? Será que a filosofia é uma disciplina que “com a qual ou sem a qual o mundo continua tal e qual”? Será que é um emaranhado de questões que nunca chega a uma conclusão consensual? Será que é um conjunto de conceitos complexos que só interessa os estudiosos do assunto?
A filosofia muitas vezes é taxada de “inútil”, de subversiva, de perturbadora da ordem etc. Mas por que será que a “mãe” de todas as ciências costuma ser tão maltratada?
Pode-se começar questionando o que leva o ser humano a filosofar? Platão, no Teeteto, afirmou que a Filosofia começa com o thaumátzein, com o admirar-se com o espantar-se, tese reafirmada por Aristóteles na sua Metafísica.  Mas admiração e espanto em relação a quê? Admiração e espanto diante de um mundo carregado de interrogações, cujas explicações por vezes não satisfazem ou que não se possui as respostas. Aí então, diante de interrogações que se configuram como problemas, inicialmente sem solução, experimenta-se um misto de assombro e admiração. Assombro diante do próprio espetáculo da natureza, da multiplicidade de coisas existentes, de fatos surpreendentes, das diferentes formas de vida, dos astros que brilham e que deslizam na abobada celeste e também admiração, por suscitar um sentimento de estranhamento por algo que se apresenta como não obvio, não comum, que oculta alguma possível conexão lógica.
Para Saviani (2000)*, o que leva o ser humano a filosofar são os problemas que ele se defronta no decorrer da sua vida. “Eis pois, o objeto da filosofia, aquilo de que trata a filosofia, aquilo que leva o homem a filosofar: são os problemas que o homem  enfrenta no transcurso da sua existência” (2000, p. 10). O ser humano ao produzir continuamente sua própria existência enfrenta o iniludível: problemas, configurados como necessidades que não podem ser ignorados, pois a resolução desses problemas é de vital importância para a existência humana. Dessa forma, diante dos problemas o ser humano deve refletir em busca de esclarecê-los, elucidá-los. Daí que, para Saviani, a filosofia pode ser definida como uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta.
* SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13a ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
(O texto deste item foi extraído e adaptado de: FERNANDES, Vladimir. Filosofia, ética e educação na perspectiva de Ernst Cassirer. FEUSP: Tese de doutorado, 2006, cap. 4)
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
 
Leitura básica
Texto: A experiência filosófica (Capítulo 1). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009. 
Texto: “A missão da Filosofia”. CARVALHO, J. M. Revista de Ciências Humanas EDUFSC, n.29, p.81-92, Florianópolis, abr. de 2001. Acesso em: 18 out. 2013.  Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/24035/21487
 
Leitura Complementar
Texto: Introdução – Para que Filosofia? CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
Exercício 
Leia as afirmações abaixo:
I A Filosofia é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema fechado em si mesmo.
II A reflexão filosófica permite que se busque a raiz, os fundamentos dos problemas.
III A Filosofia pode ter como objeto de reflexão tanto um mito primitivo quanto à ciência ou a educação.
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
a) Apenas I
b) Apenas I e II
c) Apenas II
d) Apenas II e III 
e) I, II e III
 
Comentário da alternativa correta:
A Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos. A reflexão filosófica implica em elucidar problemas de forma radical, rigorosa e de conjunto.
_____________________________________________________________________________________
MODULO 2. A CONSCIÊNCIA MÍTICA E AS FUNÇÕES DO MITO
 A palavra mito tem sua origem etimológica em mythos, que significa “palavra”, “o que se fala”. Quem era o “falador” desses mitos na Grécia antiga? De um modo geral os mitos faziam parte da cultura e eram contados pelos pais, pelas amas de leite, pelas pessoas em geral, pelos aedos (isto é poetas cantores). Esses últimos, os poetas, tinham um papel de destaque na narrativa mítica, uma vez que eram considerados escolhidos pelos deuses para narrarem poeticamente os acontecimentos divinos. Em uma cultura oral, esses poetas vão pelas praças contando as estórias envolvendo os deuses e, assim sendo, ajudam a manter viva a memória do seu povo.
Desse modo, o mito é uma forma de explicar o mundo, de atribuir sentido ao existente e assim tranqüilizar o ser humano. Trata-se de uma verdade intuída cuja autoria se perde no tempo, sendo, em geral, considerado como uma produção anônima e coletiva. 
Os mitos não foram produzidos apenas na Grécia antiga. Diferentes povos em diferentes épocas produziram seus próprios mitos, como por exemplo, os mitos produzidos por tribos indígenas da floresta amazônica. O ponto comum entre as diferentes concepções míticas é a busca de dar sentido ao mundo, de dar uma explicação para os fenômenos desconhecidos.
E nas sociedades modernas os mitos perderam sua função? Quem pode ser considerado um mito hoje? Como diferenciar os mitos primitivos dos mitos modernos?
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
Leitura básica
Texto: A consciência mítica. (Capítulo 2). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
Leitura Complementar
Textos do livro: VERNANT, J. P. O universo, os deuses, os homens. Trad. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
 
Exercício  
Sobre o pensamento mítico, pode-se afirmar:
I Diferentes povos em diferentes épocas produziram seus próprios mitos.
II O ponto comum entre as diferentes concepções míticas é a busca de dar sentido ao mundo, de dar uma explicação para os fenômenos desconhecidos.
III O pensamento mítico existiu apenas na Grécia antiga e depois não ocorreu em nenhum outro lugar ou em outra época.
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
a) Apenas I
b) Apenas II
c)  Apenas I e II
d)  Apenas II e III
e)  I, II e III
 
Comentário da alternativa correta:
O mito é uma forma de atribuir sentido ao mundo e de explicar a realidade. Não se trata de simples fantasia, nem de conhecimento científico, mas de verdade intuída. Diferentes povos em diferentes épocas produziram seus próprios mitos.
_____________________________________________________________________________________
MODULO 3. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
Como surge a Filosofia? Ela surge repentinamente ou de modo lento e gradativo? Como ocorre a transição do pensamento mítico para o pensamento filosófico? Essa transição foi um processo lento e gradativo e não significou o desaparecimento das concepções míticas. Segundo Jean Pierre Vernant, em As origens do pensamento grego, esse pensamento racional denominado de Filosofia foi propiciado pelas formas de organização social, política e econômica da cidade-estado, assim, pode-se afirmar que a filosofia é filha da polis grega.
“O aparecimento da polis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançara todas as suas conseqüências; a polis conhecera etapas múltiplas e formas variadas. Entretanto, desde o seu advento, que se pode situar entre os séculos VIII e VII, marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos”. (VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, p.41)
O palco principal da cidade grega era a Ágora, a praça pública, o lugar em que se faz a autonomia da palavra.A palavra era tão valorizada que os gregos a transformaram numa divindade, Pheitó, que representa a força, a capacidade da persuasão.  Não mais a palavra de ordem do rei divino, mas a palavra humana buscando através do conflito, da discussão, um sentido e o convencimento pela persuasão. A palavra não é mais uma forma justa a priori, mas está exposta a contestação. A polêmica, a discussão, a argumentação são as regras do jogo intelectual e político que é praticado a luz do sol, na Ágora, e tem como juiz o público, os cidadãos. Os conhecimentos, os conteúdos da cultura, não ficam mais restritos ao palácio, são agora expostos em praça pública a apreciações de todos, possuem um caráter de publicidade e passam a ser objeto de análise e de interpretação.
Dessa forma, pode-se concluir com Vernant, que as várias transformações que culminaram com a polis grega trouxeram em seu bojo a possibilidade de emergência do pensamento racional filosófico, assim, a filosofia é filha da polis.
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.do, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
 
Leitura básica
Texto: O nascimento da filosofia (Capítulo 3).ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Texto: FERNANDES, V. “A transição do mito à filosofia e o processo político-formativo do cidadão grego”. Revista HIPÓTESE, Itapetininga, v. 2, n.1, p. 80-103, 2016. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/0B4VVtZy9vhzvbGFmNUZRYUdVdUU/view
Acesso em: 03 dez. 2016. 
 
Leitura Complementar
Texto: A origem da Filosofia; O nascimento da Filosofia. (Capítulos 1 e 2 da Unidade 1) CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003. 
Texto: O surgimento da filosofia na Grécia antiga. (Capítulo 1 da Parte I) MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
 
Exercício 
Sobre os primeiros filósofos, pode-se afirmar:
I Os primeiros filósofos buscavam responder qual era a arché, o princípio ou o fundamento das coisas existentes.
II Os primeiros filósofos foram posteriormente denominados pré-socráticos, por antecederem o filósofo Sócrates.
III Os primeiros filósofos buscavam explicar racionalmente o existente.
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III
e) I, II e III
Comentário da alternativa correta:
Os pré-socráticos buscaram explicar racionalmente o universo e, dessa forma, procuraram o princípio primordial (a arché) de todas as coisas. Suas respostas foram as mais variadas. As três proposições estão de acordo com os conteúdos estudados sobre os primeiros filósofos.
_____________________________________________________________________________________
MODULO 4. SÓCRATES E OS SOFISTAS
Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, ficou conhecido graças às obras de dois de seus discípulos: Xenofonte e Platão. Sócrates não deixou nada escrito, ou melhor, não ditou nada para outro escrever, como era comum na época. Conhecemos Sócrates, principalmente, através dos diálogos de Platão, já que a obra de Xenofonte foi considerada pouco confiável.
No templo de Apolo, situado em Delfos, havia várias inscrições gravadas. Sócrates elege uma delas como lema: “Conhece-te a ti mesmo!" Assim, com Sócrates, a problemática será deslocada do âmbito cosmológico para o antropológico. Sócrates coloca o ser humano no centro da problemática e preocupa-se em buscar verdades que pudessem ser válidas para todos. O “conhece-te a ti mesmo” que ele pega emprestado do oráculo de Delfos e toma como lema, é a tentativa de buscar em cada um (particular) extrair uma verdade universal. Através da maiêutica, seu método de perguntas e respostas, busca dar a luz a verdades gerais. Tarefa nem sempre fácil, já que muitos diálogos que chegaram até nós, relatados por Platão, são aporéticos, isto é, sem solução.
Sócrates foi contemporâneo dos pensadores sofistas e foi interlocutor de alguns deles. A palavra sofista vem do grego sophós e significa “sábio”, “mestre em sabedoria”. Eles eram professores itinerantes que iam de cidade em cidade oferecendo suas aulas para aqueles que pudessem pagar. Deram importante contribuição para a sistematização do ensino e para o ideal democrático, uma vez que ofereciam um ensino prático, voltado para a argumentação e persuasão, necessário a vida política. Apesar da importante contribuição dos sofistas, em formar para atuação democrática, eles também receberam críticas de Sócrates, Platão e Aristóteles. Essas críticas eram feitas pelo fato dos sofistas cobrarem para ensinar e, também, por defenderem certo relativismo e não se preocuparem com a busca da verdade, como fazia Sócrates.
Como se sabe, Sócrates foi condenado à morte, ou mais especificamente ao suicídio, já que foi condenado a beber cicuta. A acusação: corromper a juventude e não acreditar nos deuses da cidade. E você o que pensa da condenação de Sócrates?
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
 
Leitura básica
Texto: A experiência filosófica (Capítulo 1, Item 6). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009. 
Texto: A busca da verdade (Capítulo 13). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Texto: O banquete – o amor (Capítulo: Platão). MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 4a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
 
Leitura Complementar
 Texto: Defesa de Sócrates. SÓCRATES. Coleção Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, s/d.
 
Texto: Sócrates e os sofistas. (Capítulo 3 da Parte I)
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
 
Exercício
Fazendo um paralelo entre Sócrates e a própria Filosofia se chegará à conclusão de que o lugar da Filosofia é na praça pública, por isso pode-se afirmar que a Filosofia tem uma vocação:
 
I Autoritária e individual
II Romântica e idealista
III Política e crítica
IV Idealista e mística
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
a) Apenas I
b) Apenas II
c)  Apenas III
d) Apenas III e IV
e) Apenas I e II
Comentário da alternativa correta:
Com Sócrates a Filosofia desce do céu para terra, vai para a praça pública e passa a se ocupar com as questões humanas, daí ter como vocação ser política e crítica.
_____________________________________________________________________________________
MODULO 5. A CAVERNA DE PLATÃO E A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES
A Alegoria ou o mito da caverna é um texto clássico de Platão, que ilustra sua concepção sobre o processo de conhecimento. Ele conta a estória de prisioneiros acorrentados no interior de uma caverna e condenados a contemplarem as sombras projetadas no seu interior. Mas o que acontece se um prisioneiro conseguisse sair da caverna e contemplar o mundo real?
Para Platão, a definição das coisas está condicionada ao princípio de identidade e permanência. Ou seja, uma coisa é aquilo que é e não outra e deve ser sempre do mesmo modo. No mundo sensível, isto é, no nosso mundo concreto, isso não é possível, já que ele é múltiplo e em constante mutação. Na visão de Platão este é o mundo das aparências, das sombras, mera cópia do mundo das idéias, do mundo real. A verdade encontra-se no mundo das idéias, idêntico e permanente, regido pelo conhecimento. Para atingir esse mundo das idéias é necessário depurar os sentidos dos enganos e erros e através do exercício filosófico ir ascendendo até a verdade. É necessário sair da caverna.
Assim, para Platão, o mundo sensível, é o nosso mundo material de cópias, de aparências, um mundo imperfeito, em constantemutação. Já o mundo inteligível, é o mundo imaterial das idéias. Este é perfeito e imutável.
Já Aristóteles, que foi discípulo de Platão, posteriormente irá criticar seu mestre em relação ao processo de conhecimento. Aristóteles não concorda com o dualismo platônico e reabilita a importância dos sentidos no processo de conhecimento. Vamos ver um trecho da sua obra Metafísica:
Por natureza, todos os homens desejam o conhecimento. Uma indicação disso é o valor que damos aos sentidos; pois, além de sua utilidade, são valorizados por si mesmos e, acima de tudo o da visão. Não apenas com vistas à ação, mas mesmo quando não se pretende ação alguma, preferimos a visão, em geral, a todos os outros sentidos. A razão disso é que a visão é, de todos eles, o que mais nos ajuda a conhecer as coisas, revelando muitas diferenças.
(...) É pela memória que os homens adquirem experiência, porque as inúmeras lembranças da mesma coisa produzem finalmente o efeito de uma experiência única. A experiência parece muito semelhante à ciência e à arte, mas na verdade é pela experiência  que os homens adquirem ciência e arte; pois, como diz Pólo com razão, “a experiência  produz arte, mas a inexperiência produz o acaso”. A arte se produz quando, a partir de muitas noções da experiência, se forma um juízo universal a respeito de objetos semelhante.
(MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 2a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000, p.46)
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
Leitura básica
Texto: A alegoria da caverna (Capítulo: Platão, texto: A República - a alegoria da caverna). MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 4a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
Texto: A busca da verdade (Capítulo 13). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Leitura Complementar
Texto: A metafísica – o conhecimento (Capítulo: Aristóteles, texto: A metafísica – o conhecimento). MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 4a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
 
Exercício
Em relação à alegoria da caverna é correto afirmar:
A) Aristóteles escreveu a alegoria da caverna para discordar dos filósofos da sua época que afirmavam que era impossível conhecer a causa das coisas devido ao perene movimento da realidade.
B) Quando Platão escreveu a alegoria da caverna ele desejava provar a Sócrates que as correntes da ignorância não podem ser quebradas e a virtude não pode ser ensinada a todos os homens.
C) De fato foi Platão quem escreveu a alegoria da caverna, mas seu objetivo era nos fazer pensar que somos prisioneiros nela e as coisas que vemos ao nosso redor são sombras projetadas na parede. Confundimos as sombras com a realidade, supondo que o que vemos é o mundo real, mas é necessário se afastar do senso comum e da opinião e buscar o verdadeiro conhecimento.
D) Ao escrever a alegoria da caverna, Protágoras desejou provar-nos que existem homens que estão acorrentados à forma ilusória como os sentidos captam o mudo real. Porém, existem homens – os sofistas – que podem “fugir” da caverna, buscando, pela reminiscência, o conhecimento verdadeiro.
E) Homero ao escrever a alegoria da caverna estava preocupado em demonstrar que existem vários níveis de conhecimento e várias etapas a serem percorridas até se chegar à verdade.
 
Comentário da alternativa correta:
Alegoria da caverna é de autoria de Platão e aborda um diálogo entre Sócrates e Glauco sobre uma espécie de morada subterrânea, com homens acorrentados, que contemplam sombras projetadas. Essa Alegoria ilustra a concepção de conhecimento de Platão, de acordo com a alternativa “c”.
 _____________________________________________________________________________________
MODULO 6. A FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
A Idade Média abrange o período entre o século V (queda do Império Romano do ocidente) e o século XV (queda do Império Romano do oriente, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos). A Igreja Católica nasce dentro do Império Romano e, a princípio, é proibida e perseguida, mas paulatinamente vai se fortalecendo até se tornar a religião oficial do Império. Com a crise do Império Romano, a Igreja Católica emerge como a principal força aglutinadora em um mundo fragmentado pelas invasões bárbaras. A Igreja desponta como a grande herdeira do patrimônio cultural da antiguidade clássica. Ela é detentora da escrita e do conhecimento, e, nos mosteiros, encontram-se abrigadas as grandes bibliotecas. Dessa forma, a Igreja Católica se torna a detentora da força espiritual e política do período. Uma das principais questões discutidas nesse tempo é a relação entre teologia e filosofia, ou seja, entre fé e razão.
No período de decadência do Império Romano, quando o cristianismo se expande, a partir do século II – portanto ainda na Antiguidade –, surge a filosofia dos Padres da Igreja, conhecida também como patrística. No esforço de converter os pagãos, combater as heresias (doutrinas que se opõem aos dogmas da Igreja) e justificar a fé, desenvolvem a apologética, elaborando textos de defesa do cristianismo. A aliança entre fé e razão estende-se por toda Idade Média: a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada. Daí a expressão agostiniana “Credo ut intelligam”, que significa “Creio para que possa entender”.
 (...)
A partir do século IX, desenvolve-se a escolástica, filosofia cristã que atinge seu apogeu no século XIII, com Santo Tomás de Aquino. Nesse período continua a aliança entre razão e fé, em que a razão é sempre considerada a “serva da teologia”. (Aranha e Martins, 2003, p. 125).
 
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
Leitura básica
Texto: A busca da verdade (Capítulo 13). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Leitura Complementar
Texto: As aventuras da metafísica. (Capítulo 3 da Unidade 6) CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003. 
Texto: O surgimento da filosofia cristã no contexto do helenismo. (Capítulo 2 da Parte II). MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010.
 
Exercício
Leia as afirmações abaixo e depois assinale a alternativa correta.
I Durante a Idade Média a Igreja católica surge como força espiritual e política. Uma importante questão discutida nesse período foi a relação entre razão e fé, entre filosofia e teologia.
II Os padres da igreja, durante esse período, consideram a razão uma auxiliar da fé, uma vez que a filosofia é tomada como serva da teologia.
III Os padres da igreja, durante esse período, consideram a razão mais importante que a fé, uma vez que é através da razão filosófica que vão justificar as verdades da fé.
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
a) Apenas I
b) Apenas I e II
c) Apenas II
d) Apenas I e III
e) I, II e III
Comentário da alternativa correta:
De acordo com os conteúdos da disciplina: Durante a Idade Média a Igreja católica surge como força espiritual e política e os padres da igreja, durante esse período, consideram a razão uma auxiliar da fé, uma vez que a filosofia é tomada como serva da teologia.
 _____________________________________________________________________________________
MODULO 7. RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO 
O filósofo René Descartes relata, em seu Discurso do método, que após o término seus estudos no renomado colégio europeu, o La Fleche, concluiu decepcionado que não foi possível adquirir um "conhecimento claro e seguro" das coisas necessárias para a vida. Apesar do contato com excelentes mestres e do acesso a todo conhecimento científico produzido até então, Descartes julgava, que se encontrava ainda, envolvidopor muitas dúvidas e erros. Essa sua decepção refere-se ao conteúdo dos ensinamentos e não propriamente ao colégio e aos seus mestres. Isso porque não via no conhecimento adquirido algo de realmente útil para a vida. Tinha admiração pela exatidão e evidência das matemáticas e achava que a mesma era digna de fundamentar algo mais elevado do que as artes mecânicas.
A insatisfação com o conhecimento adquirido até então, fez com que Descartes empregasse boa parte de seu tempo em viajar, em conhecer outros povos, outros costumes, formas de raciocínios, pois achava que assim poderia tirar melhor proveito, do que se ficasse restrito aqueles conhecimentos produzidos por especialistas de gabinete.
Como o objetivo de René Descartes é obter um conhecimento verdadeiro, no qual não reste nenhuma possibilidade de incerteza, passa a utilizar a dúvida como método, levando esta as últimas consequências. Duvida do senso comum, dos sentidos que às vezes enganam, dos raciocínios, dos pensamentos, enfim, de tudo o que havia entrado no seu espírito até então. Mas por mais que duvidasse de tudo, não podia duvidar que ele que duvidava, não fosse alguma coisa, ou seja, no mínimo algo que duvida, algo que pensa.
“E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava”. DESCARTES, René. Textos Selecionados. 3a ed. São Paulo: Abril cultural, 1983, p. 46. (Coleção Os Pensadores)
O racionalismo de Descartes valoriza a razão no processo de conhecimento e defende que as pessoas possuem algumas idéias inatas, ou seja, idéias que já nascem com a pessoa, portando, que são independentes da sua experiência com o mundo exterior.
Jonh Locke, representante do empirismo, no seu Ensaio acerca do entendimento humano, critica a teoria das idéias inatas de Descartes. Ele concebe que a alma é como uma lousa sem inscrições, como uma lousa em branco, e, dessa forma, o processo de conhecimento só se inicia na relação com os objetos, na experiência sensível.
Vamos ver um texto do próprio Locke sobre esse assunto.
“Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.” LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril cultural, 1973, p.165. (Coleção Os Pensadores)
Dessa forma, os racionalistas, de um modo geral, priorizam a razão no processo do conhecimento e aceitam a existência de ideias inatas, independentes da experiência. Já os empiristas, de um modo geral, enfatizam o papel da experiência sensível para aquisição do conhecimento. O conhecimento depende e resulta da soma e associação das sensações exteriores na percepção, ou seja, o sujeito na aquisição do conhecimento tem uma relação mais passiva com o mundo. 
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
Leitura básica
Texto: A metafísica da modernidade (Capítulo 14).
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Leitura Complementar
Texto: A razão. (Capítulo 4 da Unidade 2) CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003.  
 
Texto: Meditações metafísicas, de René Descartes. Texto: Descartes: Meditações metafísicas: Das coisas que se podem colocar em dúvida; O argumento do cogito (Capítulo Descartes).
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein. 4a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
 
Exercício
Locke critica as idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa. O que isso significa para o entendimento da teoria do conhecimento na modernidade?
 
I Significa dizer que o conhecimento só começa após a experiência sensível.
II Significa que não existem idéias inatas.
III Enquanto Descartes enfatiza o papel do objeto, Locke enfatiza o papel do sujeito.
IV As soluções apresentadas por Locke criaram a corrente filosófica chamada racionalismo.
Assinale alternativa que possui a(s) afirmação(ções) correta(as):
A) Apenas I e II
B) Apenas II
C) penas III
D) Apenas II e IV
E) Apenas IV
 
Comentário da alternativa correta:
Locke é empirista e critica a teoria das idéias inatas de Descartes. Dessa forma, para Locke o conhecimento só começa após a experiência sensível e, portanto, não existem idéias inatas.
_____________________________________________________________________________________
8. O CRITICISMO KANTIANO E O IDEALISMO HEGELIANO *
O filósofo Immanuel Kant afirma ter realizado uma espécie de “inversão copernicana” com o conhecimento. E o que isso significa? Por “inversão copernicana” deve-se entender a transformação realizada por Kant na epistemologia, semelhante à transformação realizada por Nicolau Copérnico na concepção do Universo. A concepção de Universo aceita até Copérnico era a geocêntrica. Essa concepção defendia a tese de que a Terra encontrava-se no centro do Universo e que o Sol, a Lua e os demais planetas giravam ao seu redor. A teoria proposta por Copérnico no século XVI provoca uma verdadeira revolução no modelo tradicional geocêntrico aceito até então. Na teoria heliocêntrica de Copérnico, a Terra perde seu lugar privilegiado na hierarquia do sistema, e o Sol passa a ocupar o seu lugar. Kant denominou o que realizou de uma espécie de “inversão copernicana” no campo epistemológico. O problema sobre a origem do conhecimento era respondido até o século XVIII por duas principais teorias: a do racionalismo e a do empirismo. Conforme vimos, os racionalistas, de um modo geral, priorizam a razão no processo do conhecimento e aceitam a existência de ideias inatas, independentes da experiência. Já os empiristas, de um modo geral, enfatizam o papel da experiência sensível para aquisição do conhecimento. O conhecimento depende e resulta da soma e associação das sensações exteriores na percepção, ou seja, o sujeito na aquisição do conhecimento tem uma relação passiva com o mundo. Porém, segundo Kant, as investigações sobre o conhecimento não devem partir dos objetos do conhecimento, mas sim da própria razão que produz o conhecimento. Assim como Copérnico colocou o Sol no centro do sistema, Kant coloca a razão no centro das investigações, para que primeiro fosse examinado como se processa e se fundamenta o conhecimento e o que é possível conhecer.
Kant irá concluir nos seus estudos que não são os sujeitos que se conformam aos objetos, mas sim que são os objetos que se conformam às faculdades do sujeito. Para ele, o conhecimento é constituído de forma e matéria. A forma do conhecimento é dada pela razão, que é uma estrutura a priori, isto é, anterior à experiência e independente dela. Já os seus conteúdos são empíricos, ou seja, a matéria do conhecimento depende da experiência que temos com os objetos. Dessa forma, enquanto os racionalistas privilegiam a razão no processo de conhecimento e os empiristas, a experiência sensível, Kant realiza uma espécie de síntese entre as duas concepções. Para ele, o conteúdo do conhecimento vem de fora, isto é, do mundo exterior, mas esse conteúdo adapta-se à nossa forma de conhecer, isto é, à nossa estrutura racional interior.
O filósofo alemão Georg Friedrich Hegel defende que a razão é histórica e não algo abstrato, como propõe Kant. Hegel entende que a realidade é um processo histórico dinâmico e contraditório. A filosofia do devir, de Hegel, possui uma inspiração em Heráclito  (filósofo pré-socrático, defensor do constante fluir do existente), uma vez que entende o ser comoprocesso, como um vir a ser. E a sua filosofia dialética estaria apta a desvendar o processo histórico da razão.
“Em sua principal obra, Fenomenologia do espírito, o termo fenomenologia remete à noção de fenômeno como aquilo que nos aparece, que se manifesta, na medida em que é um objeto distinto de si, porque nele descobrimos a contradição, que por sua vez será superada em um terceiro momento. Vamos exemplificar as três etapas da dialética com o desenvolvimento da planta, que passa pelo botão, flor e fruto:  
O botão: é a afirmação;
A flor: é a contradição, e a negação do botão;
O fruto: é uma categoria superior, a superação da contradição entre botão e flor” (ARANHA & MARTINS, 2009, p.185)
* O texto desse item foi extraído e adaptado do capítulo I de Fernandes (2006).
Veja o exercício respondido, leia o(s) texto(s) indicado(s) abaixo e depois responda os exercícios propostos.
 
Leitura básica
Textos: A crítica à metafísica (capítulo 15 – itens: 1, 2, 3 e 4). ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Martins. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2009.
 
Leitura Complementar
Texto: A razão. (Capítulo 4 da Unidade 2) CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003
 
Texto: Aspectos da Filosofia contemporânea (Capítulo 5 da Unidade 1). CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
 
Exercício
O filósofo alemão Immanuel Kant, em sua obra Critica da razão pura, acaba por conciliar as correntes:
A) do comunismo e do socialismo;
B) do empirismo e da complexidade;
C) do catolicismo e protestantismo;
D) do positivismo e do liberalismo;
E) do racionalismo e do empirismo.
 
Comentário da alternativa correta:
Em sua obra Critica da razão pura, Kant aponta os limites da teoria do conhecimento do racionalismo e do empirismo e realiza, com seu criticismo, uma espécie de síntese entre essas teorias.
 _____________________________________________________________________________________

Continue navegando