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4 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

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20
 
DIREITO PENAL
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
	
Sumário
1	CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS CRIMES	3
1.1	FIGURA DO SUJEITO ATIVO	3
1.2	MOMENTO CONSUMATIVO	3
1.3	CARACTERIZAÇÃO DA CONSUMAÇÃO	5
1.4	QUANTIDADE DE ATOS PARA A CONSUMAÇÃO	6
1.5	EXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS (Classificação do Processo Penal)	6
1.6	OUTRAS CLASSIFICAÇÕES	7
2	CRIME X CONTRAVENÇÃO	8
3	CRIME DE TENDÊNCIA INTENSIFICADA X CRIME DE INTENÇÃO	8
4	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	16
5	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	16
ATUALIZADO EM 17/07/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
	CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS CRIMES
FIGURA DO SUJEITO ATIVO
· Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa; 
· Crime próprio: é aquele que somente pode ser cometido por uma determinada categoria de pessoas. Ex.: crimes funcionais
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
· Crime de mão própria: é o crime próprio cujo agente precisa agir pessoalmente. 
Ex.: crime de falso testemunho. O STF, porém, a admitiu a participação, em caso em que envolvia advogado. HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF também admite coautoria RHC 81327 / SP.
*#CURIOSIDADE #OLHAOGANCHO #OUSESABER: O crime de falso testemunho é material, exigindo potencialidade lesiva das declarações prestadas. Certo ou errado? ITEM INCORRETO. Inicialmente, cumpre destacar que o crime de falso testemunho ou perícia está previsto no art. 342 do Código Penal, com a seguinte redação: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Analisando esse dispositivo, pergunta-se: para consumação do delito, é necessário que as declarações falsas prestadas influenciem o juiz da causa? A resposta é NÃO. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de que o falso testemunho tenha potencial de interferir de alguma forma no resultado processo. Basta que a testemunha, devidamente compromissada, se pronuncie falsamente sobre fato juridicamente relevante. Nesse sentido: PENAL. FALSO TESTEMUNHO. CRIME FORMAL. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA POTENCIALIDADE LESIVA. É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça de que o crime de falso testemunho é de natureza formal, sendo desnecessária a comprovação da potencialidade lesiva, consumando-se no momento da afirmação falsa a respeito de fato juridicamente relevante. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 628.148/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe 04/08/2015)
MOMENTO CONSUMATIVO
· Crime instantâneo: é aquele cujo momento consumativo ocorre num momento determinado.
· Crime permanente: é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo até quando queira o agente. Implicações: prescrição, flagrante.
· Crime instantâneo de efeitos permanentes: é o delito instantâneo cujos efeitos deixados após a consumação são visíveis, gerando dúvida em relação à própria consumação. Ex: crime de bigamia: no momento que a pessoa casa pela 2ª vez o delito já se consumou, o que permanece são os efeitos. 
Estelionato contra a previdência social: 2 posicionamentos. Há julgados do STF e do STJ no sentido de que se trata de crime instantâneo de efeitos permanentes. Para Abel Gomes (TRF2), é crime permanente, com uma primeira fase comissiva (fraude para a concessão e início do pagamento) e uma segunda fase omissiva (sujeito ativo permanece mantendo em engano o sujeito passivo). Há de se observar que em decisão mais recente a 1ª Turma do STF entendeu que (entendimento confirmado em 2011, 2012 e 2013): 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º), quando praticado pelo próprio beneficiário do resultado do delito, é crime permanente. (...) consignou-se que o STF tem distinguindo as situações: a do terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente possa lograr o benefício — em que configurado crime instantâneo de efeitos permanentes — e a do beneficiário acusado pela fraude, que comete crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS. Precedentes citados: HC 75053/SP (DJU de 30.4.98); HC 79744/SP (DJU de 12.4.2002) e HC 86467/RS (DJU de 22.6.2007). HC 99112/AM, rel. Min. Marco Aurélio, 20.4.2010. (HC-99112) 
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #TRF4: PENAL. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. ART. 171, § 3º, DO CÓDIGO PENAL. CRIME PERMANENTE. TIPICIDADE. COMPROVADA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. NÃO VERIFICADO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMINIDADE. SUBSTITUIÇÃO POR PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. NÃO CABIMENTO. O estelionato praticado para a obtenção de benefício previdenciário de trato sucessivo, segundo assentado pelo Supremo Tribunal Federal, tem natureza binária, distinguindo-se o comportamento de quem comete uma falsidade para permitir a outrem a obtenção da vantagem indevida daquele que se beneficia diretamente do embuste. Na primeira hipótese, a conduta, a despeito de produzir efeitos permanentes em prol do beneficiário, perfectibiliza os elementos do tipo instantaneamente. Na segunda, em que a conduta é renovada mensalmente, tem-se entendido que o crime assume a natureza permanente. Restam preenchidos os elementos típicos do crime de estelionato quando verificada a obtenção de vantagem patrimonial indevida pelo agente que mantém a Administração Pública em erro. Diante da comprovação da potencial consciência da ilicitude por parte do réu, bem como pela comprovação do meio fraudulento utilizado par manter em erro a autarquia, resta afastada a alegação de culpa exclusiva da vítima. A substituição da pena privativa de liberdade por duas prestações pecuniárias importa em ofensa à segunda parte do § 2° do artigo 44 do Código Penal, uma vez que restaria fixada apenas uma restritiva de direitos, consistente em prestação pecuniária, porém de valor mais elevado. (TRF4, ACR 5011338-16.2010.404.7200, Oitava Turma, Relator p/ Acórdão Luiz Fernando Wowk Penteado, D.E. 10/05/2013)
*#OUSESABER: De acordo com o entendimento do STF, o terceiro que perpetra a fraude pratica crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma na ocasião do pagamento da primeira prestação do benefício indevido. Por outro lado, o agente beneficiário da fraude prática crime de natureza permanente, cuja execução se prolonga no tempo, renovando-se a cada parcela recebida. Nesse caso, a consumação ocorre apenas quando cessa o recebimento indevido das prestações (HC 104880).
CARACTERIZAÇÃO DA CONSUMAÇÃO
· Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem jurídico.
· Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano.
· Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado.
· Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade desses crimes, pois violariam o princípio da ofensividade. Ex.: Súmula 575, STJ.
· *Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo,como no abandono de incapaz (CP, art. 133);
· Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
· Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso permitido ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de tipos penais preventivos.
#NOVIDADE #SÚMULA #MP #MAGISTRATURA: Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
#OBS. DIZER O DIREITO – COMENTÁRIOS À SÚMULA 575-STJ: Para o STJ, o delito previsto no art. 310 do CP é crime de perigo ABSTRATO. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do delito, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança. O art. 310, mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante ao possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece-se um dever de não permitir, confiar ou entregar a direção de um automóvel a determinadas pessoas, indicadas no tipo penal, com ou sem habilitação, com problemas psíquicos ou físicos, ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a condução de um veículo nessas condições. STJ. 3a Seção. REsp. 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 563).
STJ. 6a Turma. REsp 1.468.099-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/3/2015 (Info 559). Este entendimento foi materializado na Súmula 575 do STJ.[footnoteRef:2] [2: Mais comentários em: http://www.dizerodireito.com.br/2016/08/nova-sumula-575-do-stj-comentada.html
] 
*Não confundir com o art. 309 do CTB, que é crime de perigo concreto.
	DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR SEM PERMISSÃO PARA DIRIGIR
	PERMITIR A DIREÇÃO DE VEÍCULO A PESSOA NÃO AUTORIZADA, HABILITADA, CASSADA, SUSPENSA OU QUE NÃO ESTEJA EM CONDIÇÕES DE CONDUZI-LO.
	CRIME DE PERIGO CONCRETO (INFO 507 DO STJ)
	CRIME DE PERIGO ABSTRATO (INFO 563 DO STJ)
Em resumo, a classificação dos crimes do CTB:
#FOCANATABELA
	CRIMES DE DANO
	CRIMES DE PERIGO CONCRETO
	CRIMES DE PERIGO ABSTRATO
	- Homicídio culposo no trânsito (art. 302) e 
- Lesão corporal culposa no trânsito (art. 303)
	- Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de determinados lugares (art. 311) 
- RACHA (art. 308)
- DIRIGIR SEM PERMISSÃO (art. 309)
	- Embriaguez no volante (306) 
- Permitir ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada (310)
QUANTIDADE DE ATOS PARA A CONSUMAÇÃO
· Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não admite tentativa nem fracionamento.
· Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos. Admite tentativa e fracionamento.
EXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS (Classificação do Processo Penal)
· Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte. 
· Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
· Crime progressivo: corresponde à consideração de que um tipo abstratamente considerado contém, de forma implícita, outro, sendo que este deve, necessariamente, ser realizado para se alcançar o resultado. Ex.: homicídio – implicitamente está a lesão corporal.
· Crime progressivo x progressão criminosa: Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e para tanto, por meio de atos sucessivos, praticas gradativas e crescentes violações o bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o crime “maior”. Progressão criminosa: o agente deseja inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá mais de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do crime “menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de maior gravidade. 
· Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, 2 ou mais tipos penais em uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO), ou aquele que abrange um tipo simples acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO).
· Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica).
· Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de 2 ou mais figuras típicas.
*OUSESABER: O que se entende por crime ultracomplexo? Segundo Rogério Sanches, ocorre o crime ultra complexo "quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo como qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime complexo) praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma unidade jurídica ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido da fusão do constrangimento ilegal + furto) e do crime de porte ilegal de arma de fogo. Em outras palavras, percebemos um crime complexo (roubo) acrescido de outro (porte ilegal de arma de fogo), que serve como causa de aumento de pena do crime patrimonial". (CUNHA Rogério Sanches, Manual de Direito Penal: Parte Geral, 4. Ed. Salvador: juspodivm, 2016, pág. 167). Nesse caso, sendo todos os crimes praticados no mesmo contexto fático, o autor deverá responder apenas pelo roubo majorado pelo emprego de arma de fogo (em razão da aplicação do princípio da consunção), que, como vimos, pode ser chamado de crime ultra complexo.
· Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo agente. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de prostituição.
· Crime habitual e tentativa: a doutrina majoritária é pela impossibilidade de tentativa.
· Crime habitual e flagrante: a doutrina majoritária é pela possibilidade.
· Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou fraudulenta (Lei 7.492).
· Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo (prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos diversos.
· Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas destituída de personalidade jurídica.
· Crime condicionado: é aquele que tem punibilidade condicionada a um fato exterior e posterior à consumação. Ex: sonegação fiscal. [Constituição do crédito é condição objetiva de punibilidade].
CRIME x CONTRAVENÇÃO
· Crime: conduta para a qual é cominada pena de reclusão ou detenção e multa, sendo esta última alternativamente ou cumulativamente.
· Contravenção: conduta para a qual é cominada pena de prisão simples e/ou multa.
#SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: Art. 28 da Lei 11.343: o STF entendeu que a natureza jurídica do crime vai além da pena aplicada. Não é pelo fato de se aplicar pena diferente de detenção ou reclusão que haveria descaracterização do delito. (Preocupação com as condutas praticadas por menores).
*#CICLOS: Vamos revisar alguns aspectos do Decreto –lei nº 3.688/41 (que dispõe sobre as contravenções penais)?
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional (art. 2º);
ELEMENTO SUBJETIVO: Para a existência da contravenção, bastaa ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico (art. 3º);
REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA: prisão simples ou multa. Não admite rigor penitenciário, do que o regime só poderá ser semiaberto ou aberto. Não se admite regime fechado [1] (art. 6º);
LIMITE DAS PENAS: não pode ser superior a 5 (cinco) anos (art. 10) [2];
Admite-se suspensão condicional da pena (por tempo não inferir a 1 ano e nem superior a 3 anos) e livramento condicional (art. 11);
As medidas de segurança estabelecidas no CP são aplicadas em caso de contravenção penal (art. 13);
A ação penal será pública incondicionada (art. 17);
O porte de arma de fogo foi tacitamente revogado pela Lei nº 10.826/03, de maneira que o art. 19 (do DL 3.688/41) deverá ser aplicado apenas para os casos de arma branca (ex. canivete);
Atenção aos arts. 19 (porte de arma), 20 (anúncio de meio abortivo), 21 (vias de fato), 45 (simulação de funcionário público), 47 (exercício ilegal da profissão ou atividade), 60 (lembrar que contravenção penal de mendicância foi revogado), 66 (omissão de comunicação de crime), 67 (inumação ou exumação de cadáver) e 68 (recusa de dados sobre a própria identidade ou qualificação). 
*#OUSESABER: O exercício da função de flanelinha, sem registro, configura contravenção penal?
NÃO! O exercício da função de guardador ou lavador de carros, conhecida popularmente como flanelinha, não configura atividade econômica especializada apta a caracterizar a contravenção penal prevista pelo artigo 47 do Decreto-Lei 3.688/41 – exercer profissão ou atividade econômica sem preencher as condições exigidas por lei. Diante disso, segundo entendimento do STJ e do STF, é atípica a conduta de exercer a atividade de flanelinha sem o registro nos órgãos competentes, ainda que esta exigência esteja prevista em lei. Tal entendimento foi adotado pela Ministra Presidente do STJ, Laurita Vaz, para conceder liminar no HC nº 457849/RJ. O mérito do habeas corpus ainda será analisado pela Sexta Turma (http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Exerc%C3%ADcio-da-fun%C3%A7%C3%A3o-de-flanelinha-sem-registro-n%C3%A3o-configura-contraven%C3%A7%C3%A3o-penal). 
CRIME DE TENDÊNCIA x CRIME DE INTENÇÃO
Delitos de intenção (de tendência interna transcendente ou intensificada): requerem um agir com ânimo, finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior atividade, distintos da realização do tipo penal. Gera os delitos de resultado cortado (ex: extorsão mediante sequestro) e os mutilados de dois atos (ex: quadrilha).
a) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de delito formal) depende, para sua configuração, de comportamento advindo de terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão mediante sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da vítima.
b) Atrofiado ou Mutilado de 02 atos: o resultado naturalístico (também dispensável) depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na modalidade adquirir petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda com prejuízo a alguém (resultado naturalístico).
Delitos de tendência: os delitos de tendência são aqueles em que a “tendência afetiva” do autor delimita a ação típica. Assim, a tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Ex: toque do ginecologista na realização de uma consulta, que pode configurar mero agir profissional ou algum crime de natureza sexual, a depender da tendência (libidinosa ou não) do agente. No mesmo sentido é o crime de injúria, pois vai depender da real intenção do agente de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar. Aqui, a tendência do agente não transcende a conduta típica, como nos delitos de intenção. Este último possui como elementares intenções especiais (finalidade transcendente) expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159), o tipo objetivo consiste em "sequestrar alguém". Por sua vez, o tipo subjetivo possui o dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo, que é sequestrar alguém) e o elemento subjetivo especial (com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate). Essa intenção especial transcende (vai além) do tipo objetivo (sequestrar alguém).
*#EXTRA: Sabe-se que atualmente nomenclatura é “questão de sobrevivência” em concurso público. Assim, vejamos algumas classificações adicionais[footnoteRef:3] para não errar mais em prova: [3: Por Bruna Daronch (baseado no livro de Cleber Masson).] 
· Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”, são aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos. Como analisado na parte relativa ao lugar do crime, o art. 6.º do Código Penal acolheu a teoria mista ou da ubiquidade.
· Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de competência, o art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será competente para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a consumação. Há, contudo, exceções (ex: júri, juizado especial criminal – momento da ação/omissão).
· Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
· Crimes de mínimo potencial ofensivo são os que não comportam a pena privativa de liberdade. No Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 11.343/2006, ao qual são cominadas as penas de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
· Crimes de menor potencial ofensivo, por sua vez, são aqueles cuja pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa. São assim definidos pelo art. 61 da Lei 9.099/1995, e ingressam na competência do Juizado Especial Criminal, obedecendo ao rito sumaríssimo e admitindo a transação penal e a composição dos danos civis. O art. 98, I, da Constituição Federal faz menção às “infrações penais de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange todas as contravenções penais.
· Crimes de médio potencial ofensivo, de seu turno, são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa um ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada. Tais delitos admitem a suspensão condicional do processo, na forma delineada pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.
· Crimes de elevado potencial ofensivo são os que apresentam pena mínima superior a um ano, e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995.
· Crimes de máximo potencial ofensivo os que recebem tratamento diferenciado pela Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas, tortura e o terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não se submetem à prescrição, quais sejam, racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5.º, XLIV).
· Crime gratuito é o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma motivação. Não se confunde com o motivo fútil, definido como aquele de menor importância, desproporcional ao resultado provocado pelo crime.
#ATENÇÃO: Com efeito, a ausência de motivo conhecido não deve ser equiparada ao motivo fútil. Destarte, o desconhecimento acerca do móvel do agente não deve ser colocado no mesmo nível do motivo de somenos importância.Há, todavia, adeptos de posição contrária, os quais alegam que, se um motivo ínfimo justifica a elevação da pena, com maior razão deve ser punida mais gravemente a infração penal imotivada.
· Crime de ímpeto é o cometido sem premeditação, como decorrência de reação emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, cometido pelo agente sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (CP, art. 121, § 1.º). Esses crimes são, normalmente, passionais (movidos pela paixão).
· Crime exaurido é aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação, insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. Em outras palavras, é o crime que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (CP, art. 342), que se torna exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então condição de maior punibilidade, como ocorre na resistência (CP, art. 329), em que a não execução do ato dá ensejo à forma qualificada do crime.
· Crime de circulação é o praticado com o emprego de veículo automotor, a título de dolo ou de culpa, com a incidência do Código Penal ou do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997).
· Crime atentado é aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa. É o caso do crime de evasão mediante violência contra a pessoa (CP, art. 352: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa”).
· Crime de opinião ou de palavra é o cometido pelo excesso abusivo na manifestação do pensamento, seja pela forma escrita, seja pela forma verbal, tal como ocorre no desacato (CP, art. 331).
*#STF #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO: O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José da Costa Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894). #IMPORTANTE
· Crime multitudinário é aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz o que se entende por “multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por torcedores de um time de futebol. No Direito Canônico da Idade Média, exigiam-se ao menos 40 pessoas.
· Crime vago é aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Exemplo: tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput), no qual o sujeito passivo é a coletividade.
· Crime de mera suspeita, sem ação ou de mera suposição é aquele em que o agente não realiza conduta penalmente relevante. Ao contrário, ele é punido em razão da suspeita despertada pelo seu modo de agir. Essa modalidade, idealizada na Itália por Vicenzo Manzini, não encontrou amparo seguro na doutrina. No Brasil, pode ser apresentada como exemplo a contravenção penal tipificada pelo art. 25 do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais (posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Recurso extraordinário. Constitucional. Direito Penal. Contravenção penal. 2. Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto (artigo 25 do Decreto-Lei n. 3.688/1941). Réu condenado em definitivo por diversos crimes de furto. Alegação de que o tipo não teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Arguição de ofensa aos princípios da isonomia e da presunção de inocência. 3. Aplicação da sistemática da repercussão geral – tema 113, por maioria de votos em 24.10.2008, rel. Ministro Cezar Peluso. 4. Ocorrência da prescrição intercorrente da pretensão punitiva antes da redistribuição do processo a esta relatoria. Superação da prescrição para exame da recepção do tipo contravencional pela Constituição Federal antes do reconhecimento da extinção da punibilidade, por ser mais benéfico ao recorrente. 5. Possibilidade do exercício de fiscalização da constitucionalidade das leis em matéria penal. Infração penal de perigo abstrato à luz do princípio da proporcionalidade. 6. Reconhecimento de violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e da isonomia, previstos nos artigos artigos 1º, inciso III; e 5º, caput e inciso I, da Constituição Federal. Não recepção do artigo 25 do Decreto-Lei 3.688/41 pela Constituição Federal de 1988. 7. Recurso extraordinário conhecido e provido para absolver o recorrente nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. (RE 583523, Relator(a):  Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-208 DIVULG 21-10-2014 PUBLIC 22-10-2014)
· Crime inominado é aquele delineado pelo uruguaio Salvagno Campos, é o que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido em lei como infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o princípio da reserva legal veda a analogia in malam partem em âmbito criminal.
· Crime profissional é o crime habitual, quando cometido com finalidade lucrativa. Exemplo: rufianismo (CP, art. 230).
· Quase-crime é o nome doutrinário atribuído ao crime impossível (CP, art. 17) e à participação impunível (CP,art. 31). Na verdade, inexiste crime.
· Crime subsidiário é o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP, art. 250). Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de reserva”.
· Crime de expressão é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do autor. Exemplo: falso testemunho (CP, art. 342), no qual a conduta tipificada não se funda na veracidade ou na falsidade objetiva da informação, mas na desconformidade entre a informação e a convicção pessoal do seu autor.
· Crime de intenção ou de tendência interna transcendente é aquele em que o agente quer e persegue um resultado que não necessita ser alcançado para a consumação, como se dá na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159).
· Crime de tendência é aquele em que a tendência afetiva do autor delimita a ação típica, ou seja, a tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Exemplos: toque do ginecologista na realização do diagnóstico, que pode configurar mero agir profissional ou então algum crime de natureza sexual, dependendo da tendência (libidinosa ou não), bem como as palavras dirigidas contra alguém, que podem ou não caracterizar o crime de injúria em razão da intenção de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar.
· Crime de ação astuciosa é o praticado por meio de fraude, engodo, tal como no estelionato (CP, art. 171).
· Crime falho é a denominação doutrinária atribuída à tentativa perfeita ou acabada, ou seja, aquela em que o agente esgota os meios executórios que tinha à sua disposição e, mesmo assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: “A” desfere os seis tiros do revólvercontra “B”, que mesmo ferido consegue fugir e vem a ser eficazmente socorrido.
· Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto é aquele em que o agente acredita realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um indiferente penal. Exemplo: “A” vende um pó branco, acreditando tratar-se de cocaína. Na verdade, era talco. Trata-se de um “não crime”, que se divide em três espécies: a) crime putativopor erro de tipo; b) crime putativo por erro de proibição, também conhecido como “delito de alucinação”; e c) crime putativo.
· Crime remetido é o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime, que passa a integrá-lo, como no uso de documento falso (“fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302” – CP, art. 304).
· Crime obstáculo é aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
· Crime de impressão provoca estado de ânimo na vítima, podendo ser: crimes de inteligência: são praticados mediante o engano, como o estelionato (CP, art. 171); crimes de vontade: recaem na vontade do agente quanto à sua autodeterminação, como o sequestro (CP, art. 148); e crimes de sentimento: são os que incidem nas faculdades emocionais, tal como a injúria (art. 140).
· Crimes militares são aqueles tipificados no Código Penal Militar, podendo ser: crimes militares próprios (ou puramente militares) são os definidos exclusivamente pelo Código Penal Militar. Exemplo: deserção (CPM, art. 187) e crimes militares impróprios são os que encontram previsão legislativa tanto no Código Penal Militar como também no Código Penal comum, tais como furto, roubo, estupro e homicídio.
*Nesse ponto, vale fazer breves comentários sobre a Lei nº 13.491/2017, que alterou o Código Penal Militar.
Vejamos o que mudou, mas, antes, é necessária uma revisão sobre o tema.
Comentários iniciais da Lei nº 13.491/2017, que altera o Código Penal Militar[footnoteRef:4]. [4: Comentários retirados no site: http://www.dizerodireito.com.br/2017/10/comentarios-lei-134912017-competencia.html ] 
Competências da Justiça Militar
Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim definidos em lei (art. 124 da CF/88).
A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969).
• No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares em tempo de paz.
• No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.
Assim, para verificar se o fato pode ser considerado crime militar, sendo, portanto, de competência da Justiça Militar, é preciso que ele se amolde em uma das hipóteses previstas nos arts. 9º e 10 do CPM.
A alteração promovida pela Lei nº 13.491/2017 foi no art. 9º.
ALTERAÇÃO 1: CRIMES MILITARES PODERÃO SER PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM
Alteração no inciso II do art. 9º
A primeira mudança ocorrida foi no inciso II do art. 9º. Veja:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados
O que significa essa mudança?
• Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
• Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.
Vejamos com um exemplo concreto a relevância dessa alteração.
João, sargento do Exército, contratou, sem licitação, empresa ligada à sua mulher para prestar manutenção na ambulância utilizada no Hospital militar.
Qual foi o crime praticado, em tese, por João?
O delito do art. 89 da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações):
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
De quem é a competência para julgar esta conduta?
• Antes da Lei nº 13.491/2017: Justiça Federal comum.
• Agora (depois da Lei nº 13.491/2017): Justiça Militar.
Por quê? João, militar da ativa, praticou uma conduta que não é prevista como crime no Código Penal Militar. A conduta de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, tipificada no art. 89 da Lei nº 8.666/93, não encontra figura correlata no Código Penal Militar. Assim, antes da Lei nº 13.491/2017, apesar de o crime ter sido praticado por militar (sargento do Exército), o caso não se enquadrava em nenhuma das hipóteses previstas no art. 9º do CPM. Isso porque o art. 9º, II, exigia que o crime estivesse expressamente previsto no Código Penal Militar.
E agora? Atualmente, com a mudança da Lei nº 13.491/2017, a conduta de João passou a ser crime militar e se enquadra no art. 9º, II, “e”, do CPM: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
Obs.: a doutrina afirmava que o art. 9º, II, do CPM era um crime militar ratione legis (em razão da lei – porque previsto no CPM) e ratione personae (em razão da pessoa – porque praticado por sujeito ativo militar em atividade). Isso agora mudou. O crime militar do art. 9º, II, do CPM deixou de ser ratione legis.
Portanto, muita atenção, pois tendo em vista essas duas principais classificações, deve-se atentar-se a qual classificação o enunciado está cobrando.[footnoteRef:5] [5: Contudo, não se preocupem, pois a maioria das questões podem ser resolvidas tranquilamente mesmo com a diferença de classificações. ] 
· Crimes funcionais são aqueles cujo tipo penal exige seja o autor funcionário público. Dividem-se em próprios e impróprios: Crimes funcionais próprios são aqueles em que a condição de funcionário público, no tocante ao sujeito ativo, é indispensável à tipicidade do fato. A ausência desta condição conduz à atipicidade absoluta, tal como ocorre na corrupção passiva e na prevaricação (CP, arts. 317 e 319, respectivamente); Crimes funcionais impróprios, ou mistos, se ausente a qualidade funcional, opera-se a desclassificação para outro delito. Exemplo: no peculato-furto (CP, art. 312, § 1.º), se desaparecer a condição de funcionário público no tocante ao autor, subsiste o crime de furto (CP, art. 155).
· Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Com efeito, o ordenamento penal brasileiro filiou-se, no campo do crime continuado, à teoria da ficção jurídica, razão pela qual os diversos delitos (parcelares) são considerados, para fins de aplicação da pena, como um único crime.
*#OUSESABER: O que são crimes parcelares? Crimes parcelares são os crimes da mesma espécie para efeito de reconhecimento da continuidade delitiva.
De acordo com o art. 71 do Código Penal: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. 
Tendo o Código Penal adotado, quanto ao crime continuado, a teoria da ficção jurídica, os diversos crimes parcelares serão considerados como mera continuação do primeiro, evitando-se a aplicação do sistema do cúmulo material.
Importante frisar, por fim, que os crimes parcelares, para efeito de reconhecimento da continuidade delitiva, deverão estar tipificados no mesmo dispositivo legal (consumados ou tentados, seja na forma simples, privilegiada ou qualificada), consoante posição consolidada no Superior Tribunal de Justiça, embora exista posição minoritária na doutrina e na jurisprudência em viés contrário.
· Crimes de hermenêutica são os que resultam unicamente da interpretação dos operadores do Direito, pois na situação concreta não existem provas, nemsequer indícios consistentes, da prática de um fato legalmente descrito como criminoso. Esta expressão – “crimes de hermenêutica” – foi idealizada por Rui Barbosa.
· Crimes de rua ou crimes de colarinho azul são os praticados pelas pessoas de classes sociais desfavorecidas, a exemplo dosfurtos executados por miseráveis, andarilhos e mendigos. Esses delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em locais supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por essa razão são frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério Público e Poder Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder Público, integram as cifras negras do Direito Penal.
· Crimes do colarinho branco (white collar crime) são cometidos por aqueles que gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente, como é o caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem de capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei 8.176/1991), entre tantos outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as “cifras douradas do Direito Penal”, indicativas da diferença apresentada entre a criminalidade real e a criminalidade conhecida e enfrentada pelo Estado. Raramente existem registros envolvendo delitos dessa natureza, inviabilizando a persecução penal e acarretando a impunidade das pessoas privilegiadas no âmbito econômico.
· Crime de catálogo diz respeito aos delitos compatíveis com a interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de produção de provas durante a instrução em juízo.
· Crime de acumulação ou crime de dano cumulativo: Esta classificação tem origem na Dinamarca (“kumulations delikte”), e parte da seguinte premissa: determinadas condutas são incapazes, isoladamente, de ofender o valor ou interesse protegido pela norma penal. Contudo, a repetição delas, cumulativamente consideradas, constitui crime, em face da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Exemplo: Embora o comportamento seja imoral e ilícito, quem joga lixo uma única vez e em quantidade pequena às margens de um riacho não comete o crime de poluição. Contudo, se esta conduta for reiterada, surgirá o delito tipificado no art. 54 da Lei 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais.
· Crimes de plástico[footnoteRef:6] são aquelas situações típicas das sociedades modernas, em que o direito penal aparece como (falsa) solução para todos os males, contribuindo fundamentalmente para a proliferação e ampliação do “cardápio” de tipos penais, com nenhuma ou pouca efetividade. Em situações determinadas, sobretudo quando há uma movimentação e pressão popular ou midiática, o Estado traz novas (?) soluções e alterações legislativas, seja para recrudescer o tratamento a alguns delitos, seja para criar efetivamente novos crimes no ordenamento jurídicos. Ex: Lei Carolina Dieckman (Lei 12.737/12). [6: Contrapõem-se aos crimes naturais, que são previstos no passado, sendo punidos hoje, e certamente, serão objetos de censura no futuro. Ex: homicídio. Mais informações em: http://blog.ebeji.com.br/o-que-sao-crimes-de-plastico/. ] 
· *Crime de conduta mista: O tipo penal descreve uma ação seguida de uma omissão, tal como no delito de apropriação de coisa achada descrito no artigo 169 do Código Penal, que se consuma somente quando o agente, após se apropriar de coisa alheia perdida, deixa de restitui-la ao legítimo dono.
	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
Não se aplica.
	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Anotações de aula
- Direito Penal - Parte Geral - Vol. 1 – Cleber Masson
- Informativos STF e STJ (Dizer o Direito)

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