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Moeda e Inflação na Economia

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24/03/2020 Disciplina Portal
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Fundamentos de Economia
Aula 7 - Abordagem Macroeconômica: moeda e
in�ação
INTRODUÇÃO
A todo o momento lemos nos jornais, ouvimos nos debates sobre e in�ação brasileira, vemos o “dragão in�acionário”
estampado nas revistas... Mas o que é in�ação?
Bom, como a in�ação é um fenômeno monetário, é importante esclarecer o que é moeda e quais suas funções.
Nesta aula, vamos de�nir moeda e suas funções dentro da economia. Com essas de�nições, poderemos compreender
os principais tipos de in�ação, ou seja, in�ação de demanda, in�ação de custos e in�ação inercial, e os impactos da
in�ação nos agregados macroeconômicos.
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OBJETIVOS
Ter contato com o conceito de moeda, sua evolução, tipos e funções.
De�nir in�ação, tipos de in�ação e consequências para a economia.
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ENTÃO VAMOS COMEÇAR PELA MOEDA!
Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para denominar tudo aquilo que geralmente é aceito como meio de trocas
de bens e serviços. Signi�ca dizer, portanto, que é condição necessária para que algo possa ser aceito.
Mas como chegamos à moeda que utilizamos hoje?
Vejamos como foi a evolução do sistema de trocas até o dia atual...
Ozornina / Shutterstock
     
Sistema de trocas e a evolução da moeda
Não se pode a�rmar com exatidão quando surgiu e qual foi a primeira moeda. Remontando aos primórdios da
civilização, imagina-se facilmente que o homem primitivo produzia tudo quanto bastava ao seu sustento. Suas
necessidades limitavam-se à garantia de sua sobrevivência.
As associações e o desenvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém, outras necessidades para cuja
satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu impotente. Sua auto su�ciência se reduzia na medida do crescimento de
suas necessidades.
Nesta cadeia de raciocínio, o próximo elo foi a introdução paulatina
da divisão e especialização do trabalho: cada indivíduo passou a produzir
um ou poucos produtos, consumindo uma parte deles e tentando
passar a outro o excedente em troca de outros bens que necessitava.
Estabeleceu-se, então, um sistema de trocas diretas, conhecido por escambo, de mercadorias por mercadorias,
mercadorias por serviços ou serviços por serviços.
DIFICULDADES DA ECONOMIA DE ESCAMBO
É fácil imaginar as di�culdades para um razoável funcionamento dessa economia de escambo:
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Fonte da Imagem:
Exige uma permanente coincidência de interesses (o indivíduo “A”
dispõe de arroz e quer trocar por carne; para se realizar essa troca, é
imprescindível que ele encontre um indivíduo “B” que tenha carne e
queira arroz!).
Fonte da Imagem:
Há a di�culdade de se estabelecer as relações ou preços de troca
(valores entre dois bens bastante diferentes).
Por tudo isso, esse sistema, que vigorou na mais remota antiguidade, era claramente ine�ciente. As mudanças
requeridas se realizaram lentamente.
Moeda mercadoria
Geralmente escolhia-se uma mercadoria que fosse
relativamente escassa e não facilmente perecível (nem
sempre possível). A história registra que, em diferentes
locais e épocas, foram usados como moeda: sal, peles,
fumo, gado, trigo, rum, carne seca, ferro, cobre, dentre
outros.
Moeda metálica
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Sem dúvida, de todas as mercadorias, a preferência maior
recaía sobre os metais, não só pela sua relativa escassez,
mas, também, pela sua durabilidade e fácil divisibilidade.
Muito embora o ferro, o cobre e o bronze tenham sido
bastante utilizados, houve uma predominância do uso dos
metais preciosos, notadamente a prata e o ouro.
Moeda papel
Com o tempo, e diante da crescente demanda por tais
certi�cados, as casas de custódia passaram a emitir
certi�cados cujo valor global em circulação excedia o valor
total dos metais preciosos ali depositados. A experiência
acumulada pelos custodiadores mostrava que nem todos
os depositantes resgatavam, ao mesmo tempo, seus
depósitos. Além do mais, enquanto alguns vinham para
reconverter seus certi�cados em ouro, outros vinham para
depositar. Assim, com um encaixe metálico menor, era
possível garantir a liquidez dos certi�cados, isto é, garantir
as reconversões que, em média, na semana ou no mês,
correspondia a apenas uma fração do total dos certi�cados
em circulação.
Papel moeda
Com o crescimento do volume e valor das transações, o
manejo de grandes quantidades de metais preciosos
tornou-se problemático pelas di�culdades de transporte e
os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o
aparecimento de casas de custódia desses metais em
diversos pontos. Essas casas passaram a receber em
depósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo
em troca um recibo ou certi�cado de valor correspondente.
Esse certi�cado recebeu a denominação de moeda papel e
era generalizadamente aceito nas transações. Sua
característica principal era possuir lastro integral (100%)
em ouro, isto é, a qualquer momento o possuidor do
certi�cado poderia ir à casa de custódia emissora e
reconvertê-lo em ouro ou prata. Daí sua crescente
aceitabilidade como meio de pagamento em substituição
aos próprios metais preciosos.
Ocorreu, assim, um novo marco histórico na evolução das formas de moeda: a passagem da moeda papel para os
certi�cados emitidos sem o correspondente lastro em ouro ou prata e que vieram a ser chamados de papel moeda.
Pouco a pouco o papel moeda passou a ter uso generalizado como meio de pagamento nas transações pelo simples
fato de que sua aceitação era geral, não se questionando sobre a possibilidade de convertê-lo ou não em ouro.
O esquema a seguir retrata como se desenvolveu o sistema de trocas e a devolução da moeda:
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ATENÇÃO
, Num processo evolutivo normal, e com o intuito de evitar riscos de emissões exageradas, o passo seguinte foi a proibição de
emissão de papel moeda pelos bancos privados (antigas casas de custódia), limitando-se o direito de sua emissão a uma
instituição o�cial que, pouco a pouco, se transformou nos atuais bancos centrais de cada país.
TIPOS DE MOEDA
Numa classi�cação didática, temos, hoje, as seguintes espécies ou formas de moeda:
     
Moeda manual
Vem a ser aquela emitida pela Casa da Moeda, representada pelas cédulas e moedas metálicas em circulação.
artmakerbit / Shutterstock
     
Moeda escritural ou bancária
Representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Vale lembrar que se trata das chamadas moedas
�duciárias (isto é, em que se tem fé ou se acredita), já que não possuem valor intrínseco, constituindo-se em moeda
simplesmente porque têm aceitação generalizada nas transações econômicas.
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A Aleksii / Shutterstock
FUNÇÕES DA MOEDA
Bom, já que agora sabemos um pouco sobre o sistema de trocas e dos tipos da moeda, vamos às suas funções:
Instrumento de troca
Tendo aceitação generalizada como meio de pagamento
nas transações, a moeda exerce sua função mais cristalina
e fundamental – que é servir como instrumento ou
intermediária de trocas entre os indivíduos para satisfação
de ambas as partes.
Padrão de referência de valor
Nesse caso, a moeda possibilitaque todos os fatores de
produção e os produtos (bens e serviços) possam ter seus
valores expressos em unidades monetárias, propiciando a
fácil avaliação e comparação de todos os recursos e
produtos disponíveis na Economia.
Reserva de valor
A moeda desempenha, também, a função de reserva de
valor no sentido de que o indivíduo pode manter sua
riqueza (ou parte dela) sob a forma de moeda, por um
período de tempo, sabendo que, amanhã ou depois, esse
ativo será aceito em qualquer transação por ter liquidez
absoluta. Trata-se, no entanto, de uma função que merece
duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo prefere manter sua
riqueza sob a forma de moeda, ele deixa de ganhar, pois a
moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao
contrário, em períodos in�acionários o indivíduo perde com
a desvalorização da moeda.
INFLAÇÃO
A in�ação é de�nida como sendo um aumento contínuo e generalizado do nível geral de preços, em outras palavras,
uma perda progressiva do poder de compra da moeda. Em uma economia com in�ação é necessário cada vez mais
moeda para se comprar a mesma quantidade de bens e serviços.
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o_du_van / Shutterstock
In�ação basicamente signi�ca alta de preços. Mas uma alta de preços que têm algumas características próprias.
Observe:
  Em geral, sobem os preços de todos os bens, serviços etc. uns mais, outros menos, mas todos sobem;
  É durável, o movimento de elevação dos preços não é um ponto no tempo, não é feito de avanços e recuos
estáticos, mas persistente (e às vezes, demorado);
  É progressiva ou acumulativa. A in�ação alimenta-se a si mesmo e pode aos poucos, aumentar a sua
velocidade de alta (ou até mesmo de baixa).
Mas o que faz aparecer esse fenômeno que chamamos de in�ação, melhor dizendo, quais são as suas causas, de
âmbito socioeconômico, com os seus respectivos efeitos, não só em toda a vida econômica, como também na vida
política, na vida social e até na vida individual de cada pessoa que forma a sociedade de um país?
As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos identi�car e classi�car como tipos básicos de in�ação.
In�ação de demanda
A in�ação de demanda é o tipo de in�ação causada por um excesso de procura, dada a
oferta disponível de bens e serviços na economia. Entre os fatores que fazem aparecer este
fenômeno, cabe destacar:
• o aumento da renda disponível das pessoas;
• expansão dos gastos públicos (sendo que o governo é um dos agentes que demandam
bens e serviços na economia, pressionando o nível da demanda agregada, que, dependendo
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de como o governo mexe com os seus gastos, ele pode até gerar um dé�cit público, e fazer
gerar um maior nível de demanda global do país);
• expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a moeda em
circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as expectativas dos agentes
econômicos.
É importante destacar que o aumento excedente da demanda só causa in�ação, se a
economia do país estiver tendendo a chegar no pleno emprego da utilização dos recursos
(ou fatores) de produção disponíveis na economia do país.
In�ação de custos (ou de oferta)
Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver in�ação, mesmo sem a
presença de um excesso de demanda sobre a oferta. A in�ação de oferta aparece porque os
custos (despesas com a produção) sobem, melhor dizendo, há a chamada in�ação de
custos (ou de oferta). Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno in�acionário,
cabe destacar:
• a taxa de juros (ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda, gera um
aumento dos custos de produção, pois as empresas muitas vezes pegam dinheiro
emprestado em bancos);
• a desvalorização cambial (pois gera um aumento nos preços dos produtos importados que
servem de matéria-prima), os preços externos de determinados produtos (tais como o preço
internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a aumentos salariais) e aumento
de impostos.
A empresa, trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o preço de venda
do seu produto. Em a maior ou menor proporção a empresa, conseguirá repassar tais
elevações para o preço do seu produto, depende das condições que se tem em relação ao
seu poder de concentração de mercado, ou a maior ou menor concorrência que se tem
neste mesmo mercado.
In�ação de inercial
O último tipo de in�ação que pode ocorrer, independente de pressões de demanda e/ou de
custos, é a in�ação que está associada aos mecanismos de indexação da economia, melhor
dizendo, a chamada in�ação inercial. Ela é desenvolvida por meio da garantia que se tem de
reajustar preços, a partir da constatação da existência de in�ação, onde a in�ação de hoje
passa a ser o piso para a in�ação de amanhã, mesmo não se tendo pressões de demanda e
de custos, onde a in�ação pode não ceder.
DISTORÇÕES DO PROCESSO INFLACIONÁRIO
A principal consequência de um processo in�acionário são as disparidades de preços, porque os preços dos produtos
variam com taxas diferentes. Portanto, com a in�ação, os preços relativos mudam: os preços de alguns insumos
aumentam mais do que o de outros, as empresas tendem a variar a intensidade com que são usados.
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Por outro lado, estes tendem a gerar expectativas de que a in�ação tenderá a subir no futuro (gerando expectativas de
in�ação futura), onde procurarão resguardar as suas margens de lucro, aumentando os preços dos seus produtos.
E, ao mesmo tempo, um processo in�acionário provoca distorções sobre as �nanças públicas; pois este processo
acaba gerando uma defasagem entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto; assim, quanto maior a
in�ação, menor tende a ser a arrecadação do governo.
Veja um quadro que apresenta as importantes correntes econômicas sobre o tema in�ação.
Corrente Causas principais
da inflação
Políticas
Antiinflacionárias
Liberais ou
neoliberais
Desequilíbrio do
setor público (o
déficit a dívida
pública provocam
descontrole
monetário,
causando inflação
de demanda).
• Ajuste fiscal (para
reduzir o déficit a
dívida pública, via
reformas fiscais,
previdenciária,
privatização);
• Controle
monetário (juros e
moeda);
• Liberação do
comércio exterior
(abertura comercial
e valorização
cambial).
Inercialistas
Indexação
generalizada
(formal e
informal).
• Desequilíbrio do
setor público (o
déficit e a dívida
pública provocam
descontrole
monetário,
causando inflação
de demanda).
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Estruturalistas
Conflitos
distributivos
(pressões de
margens de lucro,
salariais e de
tarifas e preços
públicos
provocam inflação
de custos).
• Controle de
preços oligopólios;
• Controle cambial;
• Reformas
estruturais.
Glossário

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